RESUMO
A suposição implícita de que os governos socorrerão instituições financeiras em dificuldades pode gerar incentivos negativos para o desenvolvimento de um sistema financeiro sólido. Este artigo parte da premissa de que esses incentivos negativos, que criam uma situação de risco moral, são essencialmente um problema político e não um problema técnico sobre a geração correta de incentivos institucionais. No caso brasileiro, argumentamos que o atual governo de Fernando Henrique Cardoso só conseguiu reduzir significativamente seu problema de risco moral no setor financeiro distanciando sua relação política com dois importantes atores políticos: o setor financeiro privado e os governadores estaduais. A capacidade do governo de eliminar a suposição implícita de um eventual resgate do Banco Central sobre bancos comerciais públicos e privados só foi possível através de uma série de condições políticas, que incluem o fim da hiperinflação sob o Plano Real, que reduziu a dependência do governo desses dois importantes atores políticos.
PALAVRAS-CHAVE:
Autonomia do Banco Central; sistema financeiro; bancos; risco moral; economia política