Resumo:
A agricultura vista como um agronegócio continua a ser a noção dominante entre os agrônomos que trabalham como extensionistas rurais. Guiados por essa visão, transferir conhecimentos técnico-científicos para manipular o ambiente natural, a fim de maximizar o desempenho das comunidades de plantas cultivadas, é sua principal contribuição. No entanto, supõe-se que confrontar dita visão com a de outros sujeitos, neste caso membros de comunidades indígena-camponesas, lhes permite questionar, reflexivamente, os próprios preconceitos. Nesse contexto, a pesquisa visou indagar como essa visão dominante entre os agrônomos formados no paradigma técnico-científico muda ao entrar compreensivamente em contato com o conhecimento tradicional. Os resultados derivam da análise de entrevistas com extensionistas rurais que prestam serviços a comunidades indígenas no departamento de Caldas, Colômbia. Conclui-se que os agrônomos consultados com mais facilidade hoje entendem que, no contexto local, a agricultura, mais do que um negócio, é uma atividade produtora de vida. Que os elementos da natureza, em vez de objetos manipuláveis e apropriáveis, são sujeitos com os quais se interage e coexistem em torno da reprodução da vida. Que, na prática tradicional, o conhecimento científico adotado é amalgamado com o conhecimento tradicional e místico-sagrado, originando práticas interculturais de conservação.
Palavras-chave:
extensão rural; conhecimento tradicional; conhecimento científico; diálogo intercultural; agricultura do cuidado