RESUMO
Objetivo: identificar ocorrência de surto compatível com escorbuto e fatores de exposição associados aos sinais/sintomas típicos de hipovitaminose, em penitenciária masculina, Ceará, Brasil, 2019-2020.
Métodos: estudo de caso-controle populacional; foram utilizados registros clínicos e entrevistas com casos compatíveis - sinais/sintomas iniciados no período - e com controles; realizou-se análise multivariável.
Resultados: 62 casos; idade média de 40,6 anos (DP = 10,8); principais sinais/sintomas foram edema e dor em membros inferiores (100,0%), dificuldade para deambular (91,9%), hematoma/equimose em membros inferiores (90,3%), febre (88,7%); identificou-se, como fator de exposição, média de idade > 40 anos (ORa = 1,10; IC95% 1,05;1,17; p-valor = 0,001); e como fatores protetores, trabalho (ORa = 0,11; IC95% 0,03;0,36; p-valor < 0,001) e participação em aulas (ORa = 0,21; IC95% 0,08;0,59; p-valor = 0,003) dentro da penitenciária.
Conclusão: surto da penitenciária compatível com escorbuto pelos sinais/sintomas característicos, associados aos fatores identificados; recomendou-se oferta regular de dieta rica em vitamina C para todos os internos e acompanhamento clínico dos casos.
Palavras-chave:
Escorbuto; Hipovitaminose; Penitenciária; Epidemiologia de Campo; Surtos de Doenças; Estudos de Casos e Controles
Contribuições do estudo
Principais resultados Ocorreu surto de doença compatível com escorbuto em internos de penitenciária masculina; sinais/sintomas mais frequentes foram edema e dor em membros inferiores, dificuldade para deambular e hematoma/equimose; o fator associado foi a idade > 40 anos.
Implicações para os serviços Os resultados podem contribuir para a identificação e descrição de surtos de escorbuto em outros contextos e territórios. Os estudos epidemiológicos de eventos como este favorecem a prática da epidemiologia de campo nos serviços de saúde.
Perspectivas Espera-se que a prevenção de hipovitaminoses, como o escorbuto, seja pautada em políticas públicas voltadas à população privada de liberdade; e que sejam aprimoradas as capacidades dos serviços de saúde na detecção e resposta aos casos da doença.