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Desigualdades raciais na vacinação infantil e nos obstáculos à vacinação no Brasil entre nascidos vivos em 2017 e 2018: análise de uma coorte retrospectiva dos dois primeiros anos de vida

RESUMO

Objetivo

Descrever a completude vacinal em tempo oportuno nos primeiros 24 meses de vida no Brasil e os obstáculos para vacinação, testando-se associações com raça/cor da pele materna.

Métodos

Fez-se coleta de informações sobre os nascidos em 2017 e 2018, constantes no Inquérito Nacional de Cobertura Vacinal. Foram calculados prevalência e intervalos de confiança de 95% de obstáculos à vacinação e completude vacinal em tempo oportuno aos 5 meses, primeiro e segundo ano, segundo raça/cor da pele materna. Empregou-se regressão logística para análise de associações.

Resultados

Analisaram-se dados de 37.801 crianças. Do total, 7,2% (IC95% 6,3;8,2) dos responsáveis enfrentaram dificuldades para levar seus filhos para vacinação e 23,4% (IC95% 21,7;25,1) das crianças não foram vacinadas, mesmo sendo levadas. Essas proporções foram 75% (IC95% 1,25;2,45) e 97% (IC95% 1,57;2,48) mais elevadas, respectivamente, entre pretas; e 49,9% (IC95% 47,8;51,9) e 61,1% (IC95% 59,2;63,0) das crianças tiveram atraso em alguma vacina até os 5 meses e o primeiro ano, respectivamente. Tais valores foram maiores entre pardas/pretas.

Conclusão

Há desigualdades raciais nos obstáculos enfrentados e na vacinação no Brasil.

Palavras-chave
Cobertura Vacinal; Criança; Iniquidades em Saúde; Inquéritos Epidemiológicos; Brasil

Contribuições do estudo

Principais resultados

Observaram-se marcantes desigualdades raciais nos obstáculos à vacinação de crianças menores de 24 meses no Brasil e à vacinação em tempo oportuno aos 5 meses e no primeiro ano de vida.

Implicações para os serviços

As desigualdades raciais na ocorrência de falhas nos serviços de saúde para vacinação, nas restrições objetivas das famílias para levar a criança ao posto de vacinação e na incompletude vacinal em tempo oportuno precisam ser enfrentadas pelo SUS.

Perspectivas

Políticas públicas equânimes para enfrentamento às barreiras à vacinação e qualificação dos serviços de saúde precisam ser implementadas. Estudos devem aprofundar a compreensão dos determinantes estruturais que levam às disparidades raciais.

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