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Niilismo e gnosticismo: sobre a fidelidade à terra em Nietzsche* * Este artigo foi possível graças ao apoio do CNPq/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Foram importantes para a elaboração das questões aqui tratadas as discussões com Jelson Oliveira, a partir de seu artigo sobre o niilismo e o gnosticismo em Nietzsche (2022) e de sua palestra “Nietzsche e o gnosticismo”, proferida na UFPel em 19 de abril de 2023. Agradeço a Jelson por sua disposição serena para o diálogo.

Nihilism and Gnosticism: on fidelity to the earth in Nietzsche

Nihilismo y gnosticismo: sobre la fidelidad a la tierra en Nietzsche

Resumo

Discuto, neste artigo, se a fidelidade à terra é uma estratégia efetiva de enfrentamento do niilismo na obra de Nietzsche, tal como é defendida por Jelson Oliveira. Se o dualismo está na base da moral do Zoroastrismo iraniano, o Zaratustra de Nietzsche busca superar essa moral dualista por meio de uma afirmação irrestrita da vida mundana. Entretanto, ao confrontar a proposta afirmativa de Jelson, mostraremos que as diversas correntes do gnosticismo têm por base o dualismo ontológico e antropológico, mas não conduzem necessariamente a uma postura niilista, negadora da vida. O dualismo gnóstico pode levar a uma fruição do mundo, por não se ater às regras morais e sociais. O parentesco ‘gnóstico’ próprio do pensamento de Nietzsche, como se expressa em Assim falou Zaratustra, consiste na tensão dinâmica entre os polos opostos da afirmação e da negação. Defendo que a solução de Nietzsche não é satisfatória, pois o niilismo não é apenas um subproduto do dualismo, mas uma condição ligada à finitude do ser humano.

Palavras-chave:
Niilismo; Gnosticismo; Fidelidade à terra; Dualismo

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