Resumo
O pensamento filosófico em geral, e a corrente fenomenológica em particular, tem refletido muito pouco sobre a gestação e a maternidade, e só em tempos recentes essa questão começou a ser abordada, principalmente por impulso da filosofia feminista. O intuito desta pesquisa é abordar este campo da experiência humana a partir de uma perspectiva fenomenológica e destacar alguns de seus apontamentos definidores. Esta indagação tem como foco principal as percepções e sentimentos que emergem durante a gestação escolhida consciente e voluntariamente. Após uma breve introdução, a primeira seção analisa o ‘Leib’ da gestação e as peculiaridades das vivências do corpo que ele possibilita, entre as quais se destacam a sensação de alienação e a perviedade da visceralidade, juntamente com a modificação do esquema corporal para integrar o feto nele. A apreensão da temporalidade, típica deste período, marcada por uma atitude de espera ativa, é então abordada. A pesquisa analisa também as modalidades de encontro com a alteridade trazidas pela gravidez, onde a dimensão háptica tem grande destaque. O estudo encerra com diversas considerações éticas relacionadas ao vínculo de cuidado, hospitalidade e diálogo estabelecido entre a gestante e o feto. Por fim, na seção dedicada às conclusões, sintetizam-se os principais achados desta pesquisa, destacando-se a importância dessa abordagem filosófica e sendo, pois, colocadas as bases para futuras pesquisas voltadas à fenomenologia da gravidez.
Palavras-chave:
Alteridade; Corpo; Ética; Fenomenologia; Gravidez