Acessibilidade / Reportar erro

Desastres no Rio Grande do Sul: registro da atuação da Escola de Enfermagem da UFRGS

Os desastres climáticos estão aumentando a nível mundial, sendo emergente a necessidade de adoção de medidas focadas na saúde planetária e no bem-estar daqueles que coabitam o nosso ecossistema, sob o risco de vivenciarmos novas catástrofes humanitárias como, ou mais graves, àquelas que já experienciamos.

Os extremos de temperaturas, terremotos e o grande volume de chuvas em um pequeno espaço de tempo estão cada vez mais frequentes e impactando na saúde da população a curto e a longo prazo. Neste cenário adverso, o prejuízo das estruturas de cidades, comércio e serviços básicos, empregos e atividades essenciais, assim como a logística de assistência à saúde11. Vaca Aramayo NM, Morón Pereyra MA, Urbina Ramírez M, Sánchez Omonte BO. Percepciones sobre riesgo, vulnerabilidad y estrategias de resiliencia ante un evento climático extremo en la Cuenca Taquiña. Acta Nova [Internet]. 2019 [cited 2024 Jul 10];9(3):450-75. Available from: http://www.scielo.org.bo/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1683-07892019000300008&lng=es&tlng=es
http://www.scielo.org.bo/scielo.php?scri...
,22. World Health Organization (WHO). Review of health in Nationally Determined Contributions and long-term strategies [Internet]. Geneva: WHO; 2023 [cited 2024 Jul 6]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240074729
https://www.who.int/publications/i/item/...
, somados aos problemas oriundos do adoecimento do meio ambiente33. World Health Organization (WHO). Health promotion glossary of terms 2021 [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2024 Jul 6]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240038349
https://www.who.int/publications/i/item/...
, requerem que pensemos, de forma urgente, em estratégias que possam prever impactos oriundos de calamidades pujantes.

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), desastre é qualquer incidente que pode causar danos relacionados à saúde, perdas de vidas com abalo de estruturas de cidades e perdas irreparáveis em sua população. Requer resposta imediata de recursos humanos, preparação, planejamento e recuperação de diferentes órgãos, incluindo o sistema de assistência à saúde33. World Health Organization (WHO). Health promotion glossary of terms 2021 [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2024 Jul 6]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240038349
https://www.who.int/publications/i/item/...
.

No cenário nacional, já vivenciamos diversos desastres naturais, tanto de origem meteorológica (ciclones e extremos de temperaturas), geológica (deslizamentos), climatológica (estiagem e incêndios florestais), quanto hidrológica (alagamentos e enchentes)44. Freitas CM; Silva IVM; Xavier DR; Lima e Silva, Barcellos C. Desastres naturais e seus custos nos estabelecimentos de saúde no Brasil no período de 2000 a 2015. Cad. Saúde Pública Internet . 2020 [cited 2024 Jul 6];36(7). Available from: https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/7204/15797
https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/ind...
. Neste contexto, é notório que a assistência em saúde nas situações de desastres inesperados seja algo desafiador. As dificuldades envolvem situações relacionadas desde a montagem de estruturas compatíveis às demandas, organização, gestão, comunicação à disponibilidade de recursos humanos, improvisação de soluções para urgências, conhecimento da equipe e experiência prévia dos profissionais para enfrentar tais situações55. Segev R. Learning from critical care nurses’ wartime experiences and their long‐term impacts. Nurs Crit Care. 2022; 28(2):253-60. https://doi.org/10.1111/nicc.12819
https://doi.org/10.1111/nicc.12819...
. Outro problema crucial é a manutenção da continuidade dos serviços, mediante adversidades, junto ao sentimento de ansiedade, medo, tristeza, dificuldades de manutenção da resiliência emocional e exaustão dos profissionais de saúde à medida que os dias e a assistência pós-desastre vão se estendendo66. Rostami M, Babajani-Vafsi S, Ziapour A, Abbasian K, Mohammadimehr M, Zareiyan A. Experiences of operating room nurses in disaster preparedness of a great disaster in Iran: a qualitative study. BMC Emerg Med. 2023;23(1). https://doi.org/10.1186/s12873-023-00903-w
https://doi.org/10.1186/s12873-023-00903...
.

Os enfermeiros constituem o maior grupo de prestadores de cuidados de saúde e são reconhecidos pelas demais profissões como referência de profissional gestor ao coordenar uma equipe de saúde, além de ser visto como o navegador da assistência do paciente. Durante a formação do Enfermeiro, o gerenciamento é uma temática transversal ao longo do curso, contemplando gestão do cuidado direto, promoção, prevenção, reabilitação e manutenção da assistência, além do gerenciamento de recursos e processos necessários ao cuidado. A profissão, desde a sua origem, traz a vertente de organização, prevenção e cuidado com as orientações e padrões definidos, conforme legado de Florence Nightingale (77. Costa R, Padilha MI, Amante LN, Costa E, Bock LF. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto Contexto Enferm. 2009;18(4):661-9. https://doi.org/10.1590/s0104-07072009000400007
https://doi.org/10.1590/s0104-0707200900...
.

No enfrentamento a desastres naturais, a Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem mostrado o protagonismo de seus docentes e discentes em diferentes possibilidades de atuação, com habilidade técnica e competência profissional, com trabalho em equipe de modo colaborativo, ético e inovador. Nisto cita-se a epidemia de H1N1, em 2009, sendo o primeiro aprendizado de análise da situação em meio a uma crise, onde ampliamos a atuação além dos muros da Universidade.

Nesta oportunidade, a Escola de Enfermagem da UFRGS, no seu papel perante a sociedade, passou a ser agente de orientação de práticas de biossegurança, onde os docentes passaram a implementar práticas, inclusive entre familiares e amigos. Mudança de hábitos sobre como apresentar-se aos demais, a definição de distâncias salubres para conversas, além da orientação sobre evitar o compartilhamento do chimarrão, modificando a roda para que cada um tivesse a sua cuia, foram alguns dos aprendizados. Além disso, foi uma das primeiras vezes que identificamos que as nossas instituições de saúde não tinham estrutura para atendimento repentino de aumento de demandas da população, havendo necessidade de organizar e implementar hospitais de campanha. Na época, estruturas de triagem em frente ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), instituição vinculada academicamente à UFRGS, davam suporte com recursos materiais e humanos.

Um novo aprendizado ocorreu em uma noite do verão de 2013, onde nunca se imaginou que a felicidade de tantos jovens, que saíram de suas casas para comemorar a vida, traria tantas dores e choros na manhã seguinte para o município de Santa Maria e para o Estado do Rio Grande do Sul (RS). O ser humano compreende que a vida é um ciclo onde iniciamos pelo nascer com o primeiro choro, passos, palavras, namoros, diferentes conquistas, e que, com o avanço da idade, é aceitável termos o término da mesma, alguns um pouco mais cedo, outros na terceira idade, mas todos com experiências vividas, e não como aqueles jovens que estavam na Boate Kiss. Nesta tragédia, muitas transferências foram realizadas para o HCPA, onde docentes da Escola de Enfermagem da UFRGS e Enfermeiros participaram, junto a equipes multidisciplinares, na mudança de processo de atendimento às vítimas com utilização da Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO) em larga escala. Neste aprendizado, docentes e discentes auxiliaram no planejamento e montagem de estruturas de cuidado intensivo.

Quando já havíamos esquecido a epidemia da H1N1, ao término do ano de 2019, surgiram as primeiras notícias sobre uma nova patologia emergente, a COVID-19, sem precedentes quanto à transmissão e devastação de populações, levando ao colapso dos sistemas de saúde. Naquele momento, docentes e Enfermeiros, novamente, se mobilizaram na linha de frente, montando hospitais de campanha, centros de terapia intensiva, elaborando protocolos de posicionamento do paciente e organizando equipes de apoio. Mais uma vez, houve a sinergia entre Enfermeiros, docentes e discentes da Escola de Enfermagem da UFRGS. Outra contribuição de forma contundente dos nossos docentes e discentes em pontos de apoio foi, principalmente, na vacinação em grande escala. A COVID-19 nos fez repensar as práticas em relação a planos de respostas para gerenciamento de crises, e para falta de recursos humanos e materiais. Foram dois longos anos de muito aprendizado, com cicatrizes físicas e emocionais.

A Enfermagem como protagonista na pandemia da COVID-19, com seu poder de resiliência, de coordenação e de força de trabalho, tornou viável muitas ações em prol da saúde humana, mitigando perdas, que poderiam ser, por vezes, irreparáveis.

Ao término de mais uma crise, pensamos que, pelas experiências passadas, estaríamos preparados para quaisquer situações, quando em maio de 2024 mais um desastre acomete o Rio Grande do Sul (RS), com rápido e devastador avanço de rios e lagos devido a chuvas intensas, trouxeram dúvidas se o nosso Estado estaria preparado para o atendimento de mais uma situação de calamidade pública.

Desde julho de 2023, o Estado do RS tem sofrido, mais intensamente, com intercorrências ambientais relacionadas a ciclones e a chuvas intensas em curto espaço temporal. Devido às características e às consequências dessas ocorrências pode-se dizer que o RS está vivenciando um período de desastres de forma muito frequente. Entretanto, na manhã de 1º de maio de 2024, em meio a alertas e notícias da rápida subida das águas de rios e lagos, com pessoas pedindo socorro e sendo resgatados sobre os telhados, o sentimento dos docentes da Escola de Enfermagem da UFRGS era de que a população gaúcha necessitava de acolhimento e assistência à saúde de forma urgente.

A enchente causou 161 mortes, afetou mais de 2,3 milhões de pessoas no nosso Estado e também impactou o sistema de saúde. Segundo o levantamento da Fundação Oswaldo Cruz88. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Observatório de Clima e Saúde. Desastre climático e impacto na saúde e ambiente: nota técnica [Internet]. 2024 [cited 2024 Jul 19]. Available from: https://climaesaude.icict.fiocruz.br/sites/climaesaude.icict.fiocruz.br/files/Inundacoes_no_Rio_Grande_do_Sul_e_a_saude.pdf
https://climaesaude.icict.fiocruz.br/sit...
, mais de 3 mil estabelecimentos de saúde foram potencialmente atingidos de alguma forma. Cabe ressaltar que centenas de Enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem foram afetados pelas chuvas, o que levou ao comprometimento da assistência em muitas instituições de saúde. Foram abertos em torno de 1.000 abrigos temporários para recebimento de aproximadamente 20 mil pessoas atingidas e em situação de vulnerabilidade social e de saúde; no entanto, muitos locais com estruturas incipientes e pouca organização. A maioria dos abrigos foram organizados ao longo dos primeiros 30 dias do início da calamidade climática com estruturas improvisadas para atendimento de saúde, perfazendo uma cobertura de 75% dos locais atingidos99. Governo do Estado do Rio Grande do Sul (BR). Secretaria de Desenvolvimento Social. Censo dos Abrigos Emergenciais RS [Internet]. 2024 [cited 2024 Jul 6]. Available from: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiNWQ3MDFlNGQtMDJiZS00NDU2LWFjMTYtNTBiNjhkODlkNTY0IiwidCI6IjE1ZGNkOTA5LThkYzAtNDBlOS1hMWU1LWNlY2IwNTNjZGQxYSJ9
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiN...
.

Os docentes da Escola de Enfermagem da UFRGS tiveram imediata empatia pela situação e se ofereceram para escuta, acolhimento e organização de ações com o apoio de discentes e de Enfermeiros, os quais prontamente atenderam ao chamado de forma voluntária mediante a situação de caos. Os primeiros atendimentos tinham múltiplas iniciativas, mas com orientações desencontradas em meio ao caos da urgência e sem a estrutura das instituições de saúde que estamos familiarizados. Um cenário desolador nestes espaços em que pessoas e animais chegavam dos resgates molhados, apáticos e hipotérmicos, e, muitas vezes, com lesões importantes.

Rapidamente, docentes da Escola de Enfermagem da UFRGS se organizaram para que pudessem fazer o acolhimento da população da forma mais organizada possível, com liderança e organização. Especialistas em urgência e emergência, obstetrícia, saúde mental, clínica, cirúrgica, cuidados críticos, gerenciamento, saúde coletiva e pediatria uniram-se em um objetivo comum, junto a demais profissionais, para que cada um, dentro de sua expertise, pudesse assistir àquela população advinda de diferentes pontos das cidades, engajando um número expressivo de discentes de graduação e de pós-graduação, e colegas da área da saúde.

Tínhamos a nossa responsabilidade como lideranças, atuando em espaços esportivos que viraram abrigos, na organização de pedidos de doações de roupas, cobertores, colchões, comida, sempre com o pensamento no atendimento das necessidades humanas básicas, conforme aprendemos em disciplinas curriculares. Dentre as atividades que a Enfermagem integrou, havia avaliação das pessoas recebidas nos abrigos com verificação das funções e necessidades fisiológicas (nutrição, hidratação, temperatura, consciência), realização do histórico de saúde, atenção às lesões de pele e às informações sobre exposição a águas contaminadas, atendimento a comorbidades e doenças crônicas, acolhimento em saúde mental, além de reuniões com representantes das secretarias estadual e municipal de saúde. Enfermeiros e docentes, ambientados em instituições de saúde de renome, se viram em meio a estruturas que precisavam ser montadas com mesas, cadeiras, macas, locais para prontuários e guarda de materiais médico-hospitalares, equipamentos de proteção individual, logística das imunizações, organização de escalas de trabalho, além de tudo que implica em montar uma estrutura de forma urgente e improvisada, mas que fosse voltada às necessidades sociais e de saúde da população vitimada.

Neste contexto, ascende a necessidade emergente de análise de perspectivas e de elaboração de estratégias de resiliência voltadas para a formação e preparo de Enfermeiros para a pronta resposta de saúde em situações de catástrofes climáticas. Nossos discentes de diferentes etapas do curso de graduação, bem como pós-graduandos, foram atores indispensáveis na mobilização para o enfrentamento das enchentes, atuando nas ações de cuidado individual e coletivo.

Fomos essenciais nos atendimentos da epidemia de H1N1, no atendimento e apoio às vítimas do incêndio na Boate Kiss, durante a pandemia da COVID-19, e no acolhimento e assistência de desastres climáticos que estamos vivenciando nos últimos dois anos. Estas vivências nos permitem aprendizados e fortalecem nossa atuação profissional. No entanto, é imperativo aumentar a nossa capacidade de resposta em desastres enquanto profissão, implementando uma estrutura curricular no ensino de graduação que abarque a formação do Enfermeiro para exercer ações de gestão para situações de calamidades.

Nos Estados Unidos, após o evento de 11 de setembro de 2001, houve um aumento no investimento e incremento de plano de preparação para desastres, incluindo organizações, órgãos reguladores e formação do profissional Enfermeiro1010. Tussing TE, Chesnick H, Jackson A. Disaster preparedness: keeping nursing staff and students at the ready. Nurs Clin North Am. 2022;57(4):599-611. https://doi.org/10.1016/j.cnur.2022.06.008
https://doi.org/10.1016/j.cnur.2022.06.0...
. Além dos Estados Unidos, continentes como Europa, Ásia, Oriente Médio e algumas ilhas do Pacífico fizeram alterações em seus planos de ensino da graduação em Enfermagem com a inclusão da temática de preparação para desastres. Desde 2006, a OMS orienta que a formação do Enfermeiro precisa contemplar o preparo e resposta a emergências climáticas ou de conflitos/guerras. Ratificando as orientações da OMS, o Conselho Internacional de Enfermeiros, em 2019, publicou orientações para integrar a respostas a desastres nos currículos da formação da Enfermagem, definindo áreas a serem abordadas: prevenção, preparação, resposta e reabilitação. Dentro destas áreas, o Enfermeiro deve ser capacitado para desempenhar oito competências para atendimento a desastres: preparação e planejamento, comunicação, gestão de incidentes, segurança e proteção, avaliação, intervenção, recuperação, e princípios legais e éticos na abordagem multiprofissional1111. Al-Maaitah R, Conlan L, Gebbie K, Hutton A, Langan JC, Loke AY, et al. International Council of Nurses Core Competencies in Disaster Nursing VERSION 2.0 [Internet]. International Council of Nurses (ICN); 2019 [cited 2024 Jul 6]. Available from: https://www.icn.ch/sites/default/files/inline-files/ICN_Disaster-Comp-Report_WEB.pdf
https://www.icn.ch/sites/default/files/i...
.

A educação para gerenciamento, liderança, mobilização de recursos, análise de riscos e princípios epidemiológicos são fundamentais. Entendemos, como docentes, que precisamos refletir sobre um currículo inovador e compatível com as demandas sociais hodiernas, que comporte a preparação de futuros Enfermeiros para situações de desastres, assim como elaborar cursos de pós-graduação visando o atendimento em tais situações.

O Enfermeiro deve estar capacitado a prestar orientações e assistência nas situações de calamidade para as áreas de pediatria, obstetrícia, saúde mental, cuidados críticos e urgências toxicológicas, além das competências aqui referendadas, e estar apto a realizar simulações e desenvolver bundles para desastres, com implementação de estratégias para redução das consequências pós-evento, prevenindo, assim, epidemias emergentes resultantes da situação. Diante do que vivemos, como docentes entendemos que é emergente revisarmos a formação dos Enfermeiros no Brasil, sob pena de, nos próximos desastres, termos informações desencontradas nas condutas organizacionais relacionadas ao atendimento de saúde com consequentes perdas irreparáveis.

Nosso mais sincero agradecimento à toda a Enfermagem (docentes, discentes e profissionais da Enfermagem) que, de modo solidário, ético e comprometido, protagonizou ações de cuidado à população gaúcha.

REFERENCES

Editado por

Editor-chefe:

João Lucas Campos de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Out 2024
  • Data do Fascículo
    2024
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br