RESUMO
Objetivo
Identificar os fatores associados à iniciação tabágica em adolescentes escolares.
Método
Estudo transversal realizado em 2014 com 864 adolescentes do ensino médio do sul do Brasil. Os dados foram coletados por meio de instrumento com questões sociodemográficas, da aplicação da Escala de Fagerström e do Inventário de Depressão de Beck, sendo analisados por estatística descritiva, testes Exato de Fisher, Qui-quadrado, Mann-Whitney, T e Regressão de Poisson.
Resultados
Cinquenta e quatro adolescentes iniciaram o comportamento tabágico, desses 35 continuam fumando, com elevada dependência de nicotina. Estiveram associados ao tabagismo: cor parda (p=0,020), famílias monoparentais (p=0,006), regular relação familiar (p=0,003) e familiares usuários de drogas (p=0,04). Apresentaram razão de prevalência significativamente maior: masculino (p=0,038), maior renda familiar (p>0,001), morar com um membro da família (p>0,001), relação familiar regular (p>0,001).
Conclusões
Os fatores identificados como associados à iniciação tabágica, demonstram que existe a necessidade de construir apoio para estratégias de educação em saúde a fim de mudar esta realidade.
Hábito de fumar; Saúde do adolescente; Comportamento do adolescente
RESUMEN
Objetivo
Identificar los factores asociados con el inicio del tabaquismo en adolescentes estudiantes.
Método
Estudio transversal en 2014 con 864 adolescentes de la escuela secundaria en el Sur de Brasil. Recoge instrumento con preguntas sociodemográficas, aplicando el test de Fagerström Inventario de Depresión de Beck, analizados por estadística descriptiva, prueba exacta de Fisher, Chi-cuadrado, Mann-Whitney, T y de regresión de Poisson.
Resultados
Cincuenta y cuatro comenzaron el hábito de fumar, entre ellos, 35 permanecen fumando, con una alta dependencia de la nicotina. Se asociaron con el hábito de fumar personas pardas (p = 0,020), los padres solteros (p = 0,006), relación regular de la familia (p = 0,003) y los usuarios de drogas de la familia (p = 0,04). Ellos tenían significativamente más alta razón de prevalencia: masculino (p = 0,038), mayor ingreso familiar (p> 0,001), que viven con un miembro de la familia (p> 0,001), relación familiar normal (p> 0,001).
Conclusiones
Se identificaron como factores asociados con el inicio del tabaquismo mostrando que hay una necesidad de incrementar el apoyo a las estrategias de educación sanitaria para cambiar esta realidad.
Hábito de fumar; Salud del adolescente; Conducta del adolescente
ABSTRACT
Objective
To identify factors associated with smoking initiation in adolescent secondary school students.
Method
This is a cross-sectional study conducted in 2014 with 864 adolescents at a secondary school in southern Brazil. Data were collected using an instrument with sociodemographic questions, application of the Fagerström Nicotine Dependence Scale, and Beck Depression Inventory, and analysed using descriptive statistics, Fisher’s Exact test, Chi-square test, Mann-Whitney’s test, and the Poisson Regression test.
Results
Fifty-four of the adolescents started smoking, of which 35 continued smoking and exhibited high nicotine dependence. Smoking was associated with brown skin (p = 0.020), single-parent household (p = 0.006), a fair family relationship (p = 0.003), and drug users in the family (p = 0.04). A significantly higher prevalence ratio was detected for boys (p = 0.038), higher family income (p> 0.001), living with one family member (p> 0.001), and a fair family relationship (p> 0.001).
Conclusions
We identified factors associated with smoking initiation, revealing the importance of supporting health education strategies to change this reality.
Smoking; Adolescent health; Adolescent behaviour
INTRODUÇÃO
A adolescência é um período socialmente marcado pela transição da fase infantil para adulta. Essa fase, reconhecida pelas modificações corporais e pela puberdade, é caracterizada por grandes mudanças de comportamento, reorganização no modo de pensar, formação de caráter e de personalidade dos jovens. Nesta fase, as influências externas, a cultura, os valores, responsabilidades e relacionamentos são importantes fatores causais de mudanças no processo de construção de identidade, as quais podem implicar em escolhas de vida e saúde do adolescente, como o uso de substâncias psicoativas(11. World Health Organization [Internet]. Genava: WHO; c2015- 2017 [cited 2016 Oct 10]. Adolescent development; [about 4 screens]. Available from: www.who.int/maternal_child_adolescent/topics/adolescence/development/en/.
www.who.int/maternal_child_adolescent/to...
).
Estudo aponta para uma prevalência de tabagismo de 9,3% entre adolescentes escolares(22. Mohammadpoorasl KKA, Esmaeelpour R, Aghazamani F, Rostami F. Tobacco use and substance abuse in students of Karaj universities. Int J Prev Med. 2016 [cited 2016 Oct 13];7:105. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5029117/.
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). A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar evidenciou que os alunos de escola pública (19,4%) referiram à experimentação com mais intensidade do que àqueles de escolas privadas (12,6%). Considerando somente os escolares que já experimentaram cigarros, o consumo atual chegou a 30,5% para o Brasil(33. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (BR), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE; 2016 [citado 2016 out 16]. Disponível em: https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/PENSE_Saude%20Escolar%202015.pdf.
https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.i...
).
Na adolescência de jovens tabagistas e expostos ao tabagismo passivo, já é possível observar prejuízo na saúde como alterações cardiovasculares, níveis pressóricos e função pulmonar, com maior prevalência de asma(44. Alomari MA, Al-Sheyab NA. Cigarette smoking lowers blood pressure in adolescents: the Irbid-TRY. Inhal Toxicol. 2016 [cited 2016 out 05];28(3):140-4. Available from: www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/08958378.2016.1145769.
www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/089...
-55. Zacharasiewicz A. Maternal smoking in pregnancy and its influence on childhood asthma. ERJ Open Res. 2016 [cited 2016 set 20];2(3):00042-2016. Available from: http://openres.ersjournals.com/content/erjor/2/3/00042-2016.full.pdf.
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). No Brasil, em 2011, o tabagismo foi responsável por 147.072 óbitos, 157.126 infartos do miocárdio, 75.663 acidentes vasculares cerebrais e 63.753 diagnósticos de câncer, provocando um custo de R$ 23,37 bilhões para o sistema de saúde(66. Pinto MT, Pichon-Riviere A, Bardach A. The burden of smoking-related diseases in Brazil: mortality, morbidity and costs. Cad Saúde Pública. 2015 jun [cited 2017 Feb 08]; 31(6):1283-97. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00192013.
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).
Estudo(77. Zeitoune RCG, Ferreira VS, Silveira HS, Domingos AM, Maia AC. O conhecimento de adolescentes sobre drogas lícitas e ilícitas: uma contribuição para a enfermagem comunitária. Esc Anna Nery. 2012;16(1):57-63.) apontou que um terço dos jovens tabagistas apresentam algum tipo de problema de saúde mental, sendo os mais prevalentes aqueles de domínio emocional (38,0%), de conduta (26,7%) e de relacionamento (25,8%). O próprio contexto familiar e convívio social podem ser um importante fator de risco para a iniciação do uso de drogas psicoativas, como a presença de desentendimentos, doenças, perdas na família, separação dos pais, insatisfação com a atitude de seus pais e conflitos(88. Loke AY, Mak Y-W. Family process and peer influence on substance use by adolescents. Int J Environ Res Public Health. 2013 [cited 2015 Feb 17];10(9):3868-85. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3799532/pdf/ijerph-10-03868.pdf.
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).
Apesar do atual poder de alcance da globalização, do avanço conquistado pela área da saúde por meio do desenvolvimento de novos estudos sobre o tema, da ampla informação disponível sobre os malefícios causados pelo tabaco e da legislação vigente, muitos jovens seguem ingressando no mundo do tabagismo(22. Mohammadpoorasl KKA, Esmaeelpour R, Aghazamani F, Rostami F. Tobacco use and substance abuse in students of Karaj universities. Int J Prev Med. 2016 [cited 2016 Oct 13];7:105. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5029117/.
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-33. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (BR), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE; 2016 [citado 2016 out 16]. Disponível em: https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/PENSE_Saude%20Escolar%202015.pdf.
https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.i...
).
Após o indivíduo se tornar dependente da nicotina, o processo de parar de fumar é longo e difícil. Para alguns, é uma verdadeira batalha a ser enfrentada e, por isso, ações que venham impedir a iniciação ao tabaco são extremamente importantes(99. Hoek J, Smith K. A qualitative analysis of low income smokers’ responses to tabacco excise tax increases. Int J Drug Policy [internet]. 2016 [cited Set 30];37:82-89. Available from: www.ijdp.org/article/S0955-3959(16)30275-4/pdf.
www.ijdp.org/article/S0955-3959(16)30275...
). Um estudo de revisão apontou que são escassas as ações desenvolvidas para impedir que a “iniciação do fumo” aconteça(1010. Moura MAS, Menezes MFB, Mariano RD, Silva VR, Sousa LP. Intervenções de enfermagem no controle do tabagismo: uma revisão integrativa. Rev Bras Cancerol. 2011;57(3):411-9.).
A relevância do tema tabagismo, a dificuldade encontrada no processo de cessação, a importância do seu controle e a lacuna na literatura acadêmica sobre a iniciação ao tabaco motivaram a realização deste estudo. Iniciação, para os autores, significa a fase que engloba a experimentação, momentos de decisões e o próprio consumo do tabaco. Com base nesta problemática, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: que fatores estão associados à iniciação tabágica em adolescentes escolares? Para responder a esta questão elaborou-se este estudo com o objetivo de identificar fatores associados à iniciação tabágica em adolescentes escolares. A relevância do estudo está em colaborar no aprimoramento de estratégias de assistência eficazes com o intuito de auxiliá-los a não se iniciarem no mundo do tabaco.
MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal proveniente de um recorte da dissertação “Fatores que contribuem para a iniciação tabágica em adolescentes de quatro escolas de Porto Alegre e região metropolitana”(11) realizado em quatro escolas de Ensino Médio (duas públicas e duas particulares) pertencentes a duas cidades da região sul do Brasil. A população foi composta pelos alunos do ensino médio matriculados nas escolas selecionadas, de ambos os sexos, e que aceitaram participar do estudo. Os critérios de inclusão contemplaram ter mais de 12 anos, uma vez que estudos mostram que a idade média de início do uso do tabaco está nesta faixa etária(1212. Barreto SM, Giatti L, Casado L, Moura L, Crespo C, Malta DC. Exposição ao tabagismo entre escolares no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(2):3027-34.), estar matriculado em uma das escolas selecionadas e cursando o ano letivo vigente. Excluíram-se os alunos que apresentassem algum problema neurológico que os impossibilitasse de responder às questões.
O tamanho amostral foi calculado com base em estudo(1212. Barreto SM, Giatti L, Casado L, Moura L, Crespo C, Malta DC. Exposição ao tabagismo entre escolares no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(2):3027-34.) que obteve uma prevalência de 14,4% de jovens tabagistas. Assim, considerando um intervalo de confiança de 95% e um erro aceitável de 5%, obteve-se um tamanho amostral de 190 adolescentes. No entanto, 1000 adolescentes foram convidados para participar, sendo estes o total de alunos matriculados no ensino médio das quatro escolas e 864, devolveram o instrumento de coleta preenchido, constituindo a amostra do presente estudo.
A coleta de dados ocorreu em 2014 e foi realizada por meio de um instrumento autoaplicável contendo questões sociodemográficas como idade, sexo, renda familiar, local de moradia do adolescente, status tabagico, entre outras elaboradas pelos autores; do Inventário de Depressão de Beck(1313. Paranhos ME, Argimon IIL, Werlang BSG. Propriedades psicométricas do Inventário de Depressão de Beck–II (BDI–II) em adolescentes. Aval Psicol. 2010;9(3):383-92.) e ainda aplicação da Escala de Fagerström(1414. Carmo JT, Pueyo AA. A adaptação ao português do Fageström Test for Nicotine Dependence (FTND) para avaliar a dependência e tolerância à nicotina em fumantes brasileiros. Rev Bras Med. 2002;59(1/2):73-80.) para os que se autodeterminaram “tabagistas”, ambas escalas validadas no Brasil. A escala de Fagerström avalia a dependência de nicotina utilizando questionário de seis perguntas com escore de zero e dez, no qual 0-2 pontos = muito baixa dependência, 3-4 pontos = baixa, 5 pontos = média, 6-7 pontos = elevada e 8-10 pontos = muito elevada. O Inventário de Depressão de Beck foi utilizado para avaliar a intensidade dos sintomas depressivos e é formado por 21 questões fechadas com quatro opções de resposta para cada pergunta; cada resposta tem uma pontuação de 0-3, indicando a gravidade dos sintomas. Escores inferiores a 10 representam ausência de depressão; de 10 a 18, depressão leve; de 19 a 29, depressão moderada; e escores acima de 30, depressão grave. Os instrumentos foram entregues aos alunos durante o horário de aula, com agendamento prévio com os professores.
Os adolescentes foram orientados sobre a natureza e relevância do estudo e o anonimato da sua participação na pesquisa. Após responder o instrumento, os mesmos foram recolhidos em envelope fechado. O tempo médio de preenchimento dos instrumentos por turma foi de vinte minutos.
Para a adequação do conteúdo e da linguagem do instrumento utilizado com os adolescentes foi realizado um teste-piloto com uma turma de 32 alunos selecionada a partir dos critérios de inclusão do estudo. O teste piloto não alterou o conteúdo do instrumento, assim a turma participante do teste fez parte da amostra.
Os dados coletados foram digitados e organizados em um banco de dados e analisados com auxílio do programa Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 18.0. Inicialmente foi feita a análise descritiva; as variáveis categóricas foram representadas por frequência absoluta e relativa. As variáveis quantitativas foram representadas por média, desvio padrão e quartis. Para as variáveis categóricas foram realizados teste Exato de Fisher ou teste de Qui-quadrado para verificar associações. A média da idade entre os grupos fumante e não fumante foi comparada pelo teste t; já a distribuição do escore de depressão de Beck entre os grupos foi comparada pelo teste de Mann-Whitney. A associação entre os fatores estudados e os grupos (adolescentes tabagistas e não tabagistas) foi estimada pela Razão de Prevalência (RP) modelada pela Regressão de Poisson.
A associação entre os fatores estudados e os grupos (adolescentes tabagistas e não tabagistas) foi estimada pela Razão de Prevalência (RP) modelada pela Regressão de Poisson com estimador robusto. A regressão foi utilizada para confirmar a relação entre as variáveis pesquisadas e os grupos. Inicialmente foi realizada uma modelagem univariável. As regressões com valor p menor que 0,10 foram selecionadas e iniciaram no modelo de regressão multivariável. De todas as variáveis do modelo não significativa, a com menor relação, ou seja, a com maior valor p foi retirada e o modelo foi executado novamente. O modelo multivariável final só inclui variáveis significativas. O nível de significância adotado para as análises foi de 0,05.
Para este estudo foi considerado tabagista aquele adolescente que fuma diariamente, esporadicamente ou que fumou regularmente há menos de seis meses, e não tabagista o jovem que apenas experimentou o cigarro, mas não se tornou fumante.
As escolas selecionadas foram visitadas com antecedência visando à autorização dos dirigentes para a realização desta pesquisa. Inicialmente as turmas foram visitadas com objetivo de explicar o propósito da pesquisa, fazer o convite para a participação e entregar os termos aos interessados. Os adolescentes assinaram o Termo de Assentimento e levaram para os responsáveis assinarem o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Os mesmos foram devolvidos às pesquisadoras antes da coleta de dados, formalizando a disposição em participar do estudo. O anonimato foi garantido, bem como a condição de que as informações fornecidas seriam utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa e arquivadas por um período de cinco anos, conforme a legislação. Houve um pequeno desconforto dos adolescentes ao responderem os instrumentos, o que pode ser considerado um risco mínimo.
As Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, previstas pela resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, foram respeitadas, e o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob nº 508.378 em 09 de janeiro de 2014.
RESULTADOS
Participaram do estudo 864 alunos, o equivalente a 86,4% da população de alunos das quatro escolas pesquisadas. As características da amostra são apresentadas na Tabela 1.
Dos participantes, 466(54,1%) eram meninas, 621 (71,9%) oriundos de escola pública, 613 (71%) moravam com os pais e irmãos e houve predomínio da cor branca, 669 (78%). Em relação ao uso de drogas, 54 (6,3%) apresentaram iniciação tabágica, sendo que desses 35 (64,8%) declararam que se mantém fumando diariamente.
Na Tabela 2 são apresentados os resultados das associações do fator tabagismo com as demais variáveis estudadas.
Na Tabela 3 são apresentados os resultados da análise de Regressão de Poisson no modelo uni e multivariável com a variável desfecho “adolescente tabagista”.
A análise multivariável evidenciou algumas associações significativas com o fator tabaco. A relação de cor, renda familiar mensal, com quem mora, relação familiar, idade e tabagismo foram fatores que apresentaram efeitos significativos quando analisados conjuntamente.
Os adolescentes pardos têm maior prevalência de tabagismo, já os brancos a menor (p=0,020). A análise de regressão mostrou que a prevalência de iniciação no tabagismo na população parda é 141% maior em relação à população branca (p=0,012).
Além disso, a variável “com quem mora” apresentou associação com a variável desfecho (p=0,006), pois os considerados não tabagistas moram com os pais e irmãos, e os tabagistas possuem uma proporção maior com a categoria morar “apenas com o pai ou com a mãe” e com a categoria “algum outro membro da família como avó ou tio”.
A análise de Regressão de Poisson evidenciou ainda que os adolescentes que residem apenas com o pai ou a mãe, ou aqueles que moram com familiares como avós, tios e outros têm prevalência de iniciação do tabagismo 143% e 77% maior, respectivamente, em relação àqueles que moram com os pais e irmãos (p<0,001).
O teste de associação mostrou que adolescentes tabagistas apresentaram relações familiares regulares (p=0,003), sendo que a prevalência de iniciação ao tabagismo para adolescentes que têm esse tipo de arranjo familiar chega a 229%, maior em relação àqueles que têm ótima relação familiar (p<0,001).
Os adolescentes tabagistas foram, em sua maioria, provenientes de famílias de dependentes de drogas lícitas e ilícitas, enquanto os não tabagistas são oriundos de famílias que não fazem uso de drogas (p=0,04). A análise de regressão evidenciou que famílias de dependentes químicos têm prevalência de adolescentes tabagistas 79% maior que aquelas sem histórico familiar de uso de drogas.
A mediana de idade encontrada nos grupos de adolescentes tabagistas e de não tabagistas foi de 17[16;17] e 15[15;16] respectivamente, diferentes estatisticamente, p<0,001, e a análise de regressão apontou para um aumento de 56% na prevalência de tabagismo a cada um ano de idade (p <0,001).
A mediana do escore na Escala de Fagerström foi 7[5;7], o que significa nível elevado de dependência à nicotina. A mediana de escore para o Inventário de Depressão de Beck no grupo de adolescentes fumantes foi 8[3,5;12], o que significa que o indivíduo não está potencialmente depressivo, e no grupo de adolescentes não fumantes foi 5[1;10], o que também significa que o indivíduo não está potencialmente depressivo, apesar de apresentar diferença significativa (p=0,007). A análise de regressão apontou para um aumento na prevalência de tabagismo 5% maior a cada ponto de aumento da pontuação para o Inventário de Depressão de Beck (p <0,001).
Na análise de associação, as variáveis sexo e tabagismo e, renda e tabagismo, não foram estatisticamente significativas, entretanto, a análise de regressão mostrou que a prevalência de iniciação ao tabagismo em homens é 49% maior em relação às mulheres (p=0,010), e que famílias com salário mensal maior de nove salários mínimos têm prevalência de adolescentes tabagistas 111% maior em relação às famílias com renda de 1 a 3 salários (p=0,004).
DISCUSSÃO
Foram observados diversos fatores que podem estar associados à iniciação do tabagismo na adolescência como, por exemplo, a cor. Esta evidência poderia estar relacionada à condição sociocultural de marginalização, exclusão e menores condições financeiras de negros e pardos. As questões de cor e envolvimento com o tabagismo são pouco discutidas na literatura, provavelmente porque em outros estudos esta diferença não tenha significância estatística(1515. Menezes AHR, Dalmas JC, Scarinci IC, Maciel SM, Cardelli AAM. Fatores associados ao uso regular de cigarros por adolescentes estudantes de escolas públicas de Londrina, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica. 2014 [citado 2014 dez 10];30(4):774-84. Disponível em: www.scielosp.org/pdf/csp/v30n4/0102-311X-csp-30-4-0774.pdf.
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).
Famílias com renda mensal maior de nove salários mínimos apresentaram prevalência de adolescentes tabagistas 111% maior em relação àquelas de até um salário mínimo. Os autores inferem que famílias de maior poder econômico provavelmente também disponibilizam maior poder de compra aos jovens que com mesada tem a possibilidade de fazerem suas escolhas e compras, sem a barreira financeira. Este fato, somado ao momento de focar a vivência na experimentação, autoafirmação e transgressão, muitas vezes os induz a experimentar o cigarro.
Neste estudo, a mediana de idade encontrada entre os adolescentes tabagistas foi de 17 anos, maior do que aqueles que não fumam, aumentando a chance do jovem se tornar tabagista em 56% a cada um ano de vida. Estudo também mostrou que a maior idade no adolescente está associada a maior risco de iniciação no tabagismo(1515. Menezes AHR, Dalmas JC, Scarinci IC, Maciel SM, Cardelli AAM. Fatores associados ao uso regular de cigarros por adolescentes estudantes de escolas públicas de Londrina, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica. 2014 [citado 2014 dez 10];30(4):774-84. Disponível em: www.scielosp.org/pdf/csp/v30n4/0102-311X-csp-30-4-0774.pdf.
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). Isso demonstra o quanto a vida adulta e o deslumbramento desta fase de novas escolhas podem estar relacionados às opções de vida do jovem.
Relações familiares regulares ou ruins podem estar associadas a adolescentes tabagistas, sendo que a prevalência de iniciação ao tabagismo para adolescentes que têm relações familiares consideradas regulares e ruins chega a ser 195% maior em relação àqueles que têm ótima relação familiar. Estudo realizado em Hong Kong(88. Loke AY, Mak Y-W. Family process and peer influence on substance use by adolescents. Int J Environ Res Public Health. 2013 [cited 2015 Feb 17];10(9):3868-85. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3799532/pdf/ijerph-10-03868.pdf.
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) observou o tipo de relacionamento familiar e evidenciou que adolescentes que têm pais autoritários ou relação de conflito são mais propensos a fumar e a beber, respectivamente, e jovens com relacionamentos mais permissivos com seus pais são menos propensos a beber.
A análise de regressão mostrou que adolescentes que moram apenas com o pai ou com a mãe, ou aqueles que moram com familiares como avós, tios e outros, apresentam prevalência de iniciação do tabagismo maior em relação àqueles que moram com os pais e irmãos. Estudo(88. Loke AY, Mak Y-W. Family process and peer influence on substance use by adolescents. Int J Environ Res Public Health. 2013 [cited 2015 Feb 17];10(9):3868-85. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3799532/pdf/ijerph-10-03868.pdf.
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) também encontrou resultados semelhantes, no qual adolescentes que vivem em famílias monoparentais estão mais propensos a se tornarem tabagistas, e este índice pode ser ainda maior se possuírem irmãos que fumam.
O mesmo estudo(88. Loke AY, Mak Y-W. Family process and peer influence on substance use by adolescents. Int J Environ Res Public Health. 2013 [cited 2015 Feb 17];10(9):3868-85. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3799532/pdf/ijerph-10-03868.pdf.
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) aponta para possíveis dificuldades que a família poderá enfrentar, como ausência de um dos pais, como dificuldade financeira ou sobrecarga de trabalho. Estes fatores foram identificados como possíveis causas de influência para o tabagismo, como forma de alívio dos estresses psicológicos. Isto reforça a importância de bons relacionamentos e amparo familiar como ferramenta de apoio do jovem, o que pode se tornar importante aliado na construção de estratégias específicas para essa população.
A presença de familiares usuários de drogas lícitas e ilícitas obteve significância estatística quando associado ao tabagismo na adolescência, atingindo prevalência 79% maior em relação a famílias que não possuem membros usuários de drogas. Observou-se que os adolescentes estudados relataram ter familiares que fumam dentro e fora de casa, além do uso de outras drogas. Estudo revelou que adolescentes que possuem pais ou amigos tabagistas têm maior chance de experimentar o tabaco quando comparados com aqueles que não têm(22. Mohammadpoorasl KKA, Esmaeelpour R, Aghazamani F, Rostami F. Tobacco use and substance abuse in students of Karaj universities. Int J Prev Med. 2016 [cited 2016 Oct 13];7:105. Available from: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5029117/.
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC502...
). Esses dados evidenciam a influência de líderes adorados pelos adolescentes para a iniciação do tabaco dentro do próprio lar. Logo, essa prática vivenciada dentro de casa faz com que o jovem cresça convivendo com este comportamento como natural o que pode o induzir ao uso.
Observa-se no presente estudo uma prevalência de iniciação ao tabagismo em homens 49% superior em relação às mulheres. Estudo realizado em outro estado da região sul do país também encontraram maior prevalência de meninos fumantes(1515. Menezes AHR, Dalmas JC, Scarinci IC, Maciel SM, Cardelli AAM. Fatores associados ao uso regular de cigarros por adolescentes estudantes de escolas públicas de Londrina, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica. 2014 [citado 2014 dez 10];30(4):774-84. Disponível em: www.scielosp.org/pdf/csp/v30n4/0102-311X-csp-30-4-0774.pdf.
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). Essa evidência retoma discussões sobre as questões de gênero, ainda muito impactantes na saúde de homens e mulheres quanto às escolhas referentes à sua saúde e já presente na adolescência. Estudo de meta-análise evidenciou que a exposição ao fumo ativo ou passivo está associado a risco aumentado para doenças alérgicas pulmonares e o tabagismo passivo associado a alergias alimentares em crianças e adolescentes(1616. Saulyte J, Regueira C, Montes-Martínez A, Khudyakov P, Takkouche B. Active or passive exposure to tobacco smoking and allergic rhinitis, allergic dermatitis, and food allergy in adults and children: a systematic review and meta-analysis. PLoSMed. 2014 [cited 2015 Jun 20];11(3). Available from: http://journals.plos.org/plosmedicine/article/file?id=10.1371/journal.pmed.1001611&type=printable.
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). Em relação ao sexo feminino, estudo realizado na Finlândia, revelou que o tabaco interfere na qualidade da produção de anticorpos nos processos de vacinas em adolescentes, como a vacina contra o Human Papiloma Vírus (HPV)(1717. Namujju PB, Pajunen E, Simen-Kapeu A, Hedman L, Merikukka M, Surcel HM, et al. Impact of smoking on the quantity and quality of antibodies induced by human papillomavirus type 16 and 18 AS04-adjuvanted virus-like-particle vaccine: a pilot study. BMC Res Notes. 2014 [cited 2015 Feb 20];7:445. Available from: http://www.biomedcentral.com/1756-0500/7/445.
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).
A mediana de oito, na escala do Inventário de Depressão de Beck, significa que os alunos não estavam potencialmente depressivos, entretanto, a análise de regressão apontou que isoladamente os sintomas depressivos podem causar aumento na prevalência de tabagismo de 5% a cada ponto no escore desta escala (p <0,001). Esses resultados evidenciam que o cigarro pode estar sendo visto como fuga das ansiedades vividas, problemas enfrentados no ambiente de convívio familiar, com os amigos e, até mesmo, no ambiente escolar.
Estudo evidencia que o estresse vivido no ambiente escolar está fortemente associado a sintomas depressivos(1818. Rao S, Aslam SK, Zaheer S, Shafique K. Anti-smoking initiatives and current smoking among 19,643 adolescents in South Asia: findings from the Global Youth Tobacco Survey. Harm Reduct J. 2014[cited 2015 Feb 20];11:8. Available from: http://harmreductionjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/1477-7517-11-8.
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), o que sugere a força da relação do sujeito com seus pares em busca de autoproteção. Estudos mostram que é forte a influência de amigos fumantes para a iniciação do jovem ao tabagismo(1515. Menezes AHR, Dalmas JC, Scarinci IC, Maciel SM, Cardelli AAM. Fatores associados ao uso regular de cigarros por adolescentes estudantes de escolas públicas de Londrina, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica. 2014 [citado 2014 dez 10];30(4):774-84. Disponível em: www.scielosp.org/pdf/csp/v30n4/0102-311X-csp-30-4-0774.pdf.
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). Estas evidências reforçam o poder do círculo de convivência deste jovem como a família e os amigos na hora de tomar suas decisões, o que indica assim um diagnóstico muito mais abrangente.
Um estudo realizado com adolescentes buscou evidenciar as distinções entre os experimentadores que evoluíram para tabagismo atual e aqueles que não o fizeram. Observou-se que os fatores de risco significativamente associados à transição da experimentação de cigarros para o tabagismo atual foram consumo de álcool, uso de drogas ilícitas e amigos fumantes(1919. Bonilha AG, Ruffino-Neto A, Sicchieri MP, Achcar JA, Rodrigues-Júnior AL, Baddini-Martinez J. Correlatos de experimentação e consumo atual de cigarros entre adolescentes. J Bras Pneumol. 2014;40(6):634-42.). A prática de uma religião, foi evidenciado em como fator protetor para o início do fumo(2020. Santos ARM, Oliveira LMF, Farias Júnior JC, Silva PPC, Silva EAPC, Freitas CMSM Associação entre prática religiosa e comportamentos de risco à saúde em adolescentes de Pernambuco, Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2015;20(3):284-96.). Estes achados instigam a reflexão de que uma boa estrutura psicológica, física, de autoestima, de personalidade e a prática da espiritualidade podem fazer a diferença na vida desse jovem nos momentos de difícil decisão e pressão social.
O surgimento de adolescente tabagista pode indicar uma rede que necessita de apoio, que é o que está gerando a escolha deste jovem para o mundo do tabaco, uma vez que ele na grande maioria das vezes se mostra ciente dos malefícios que está assumindo para si. Estudo identificou a Estratégia Saúde da Família como o serviço de saúde que está mais próximo da escola e do jovem e, nele, destaca-se a figura do enfermeiro(2121. Souza TT, Pimenta AM. Características das ações de educação em saúde para adolescentes. Rev Enferm Cent O Min. 2013;3(1):587-96.). Isto mostra o potencial de atuação deste profissional por meio da estratégia de educação em saúde dentro das comunidades para o apoio a não iniciação ao tabagismo, aproximando o jovem a uma qualidade de vida longe do tabaco, álcool e outras drogas por meio de apoio e vínculo construído entre profissional, adolescente e comunidade.
A prevalência encontrada de adolescentes ingressantes no tabagismo foi de 6,3%, número inferior ao encontrado em estudo realizado nas capitais brasileiras(1212. Barreto SM, Giatti L, Casado L, Moura L, Crespo C, Malta DC. Exposição ao tabagismo entre escolares no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(2):3027-34.), o que poderia sugerir a existência de prevalências diferentes entre as capitais e regiões do país. Esses resultados remetem à reflexão de que, apesar de se analisar o comportamento tabágico no mesmo momento de vida, a prevalência na adolescência em lugares diversos ocorre de forma diferente. Esse dado alerta para as influências do meio para o adolescente consumir ou não o tabaco, o que mostra a necessidade de melhor compreender as variáveis que envolvem individualmente cada adolescente ao ingressar no mundo do tabaco, uma vez que apontar fatores associados não é suficiente para a compreensão da dinâmica que envolve a iniciação ao tabaco na adolescência.
CONCLUSÃO
O estudo identificou diversos fatores que podem estar associados à iniciação tabágica em adolescentes escolares, dentre os quais se destacam cor, idade, relação familiar saudável, convívio social, sexo e renda.
Meninos de cor parda, com maior idade e de maior renda familiar se mostraram mais suscetíveis ao início do tabagismo, o que contrariam tendências anteriormente observadas em que pessoas de menor renda fumavam mais. O início da vida adulta foi observado como um momento de possibilidades, quanto maior a idade do jovem e condição financeira, maior o risco do mesmo se tornar tabagista. Aspectos da vida pessoal e social como as relações familiares regulares e ruins, a presença de familiares usuários de drogas lícitas e ilícitas, a constituição de famílias monoparentais ou o morar com outro familiar como tio, avô ou namorado, e ainda a presença de sintomas depressivos também tiveram influência significativa para a iniciação no tabagismo.
As dificuldades enfrentadas pelo adolescente na construção da sua identidade podem ser responsáveis por uma busca de alívio de tensões, estresse e angústias, tornando o cigarro a válvula de escape para seus problemas. Esses resultados apontam para a necessidade dos profissionais de saúde e da educação de compreenderem como esses fatores estão interferindo na vida do adolescente e de como ele percebe e lida com estas situações. Conhecer essa realidade possibilita melhor orientar e apoiar os jovens em seus enfrentamentos para evitar que a iniciação no mundo do tabaco aconteça.
A construção de vínculo e apoio por meio de estratégias de educação em saúde nas escolas e dentro da Estratégia Saúde da Família tem potencial para mudar essa realidade. O enfermeiro por meio do ensino, do desenvolvimento de pesquisa e da assistência ao adolescente tabagista pode contribuir com ações que objetivem a não iniciação as drogas, buscando oportunizar ao jovem uma qualidade de vida longe do tabaco, a partir da conscientização de si e de suas escolhas.
É importante salientar que o método de aferição da variável desfecho foi a informação fornecida pelo adolescente, situação essa que pode ter causado certos constrangimentos, minimização/ocultação de fatos ocorridos procurando evitar exposições e consequente subestimação dos resultados, o que caracteriza uma possível limitação do estudo.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
2017
Histórico
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Recebido
27 Out 2016 -
Aceito
14 Fev 2017