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Tecnologias educativas para prevenção do HIV em negros: revisão de escopo

RESUMO

Objetivo:

Mapear as tecnologias educativas implementadas para prevenção do HIV em negros.

Método:

Revisão de escopo, realizada conforme as recomendações do The Joanna Briggs Institute, nas bases de dados Medline/PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Scopus, Cochrane e PsycINFO, utilizando-se do instrumento Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Resultados:

Encontraram-se 14 estudos publicados entre 1999 e 2020. Os principais impactos para saúde dos negros envolveram a redução das taxas de relações sexuais desprotegidas, o maior uso de preservativos, a diminuição de comportamentos de risco, a minimização do número de parceiros, a maior solicitação de testagens para HIV e o aumento do uso de Profilaxia Pré-exposição (PrEP).

Conclusão:

As tecnologias educativas mapeadas foram: workshops, cursos, mensagens, dramatização, vídeos, aplicativo, panfleto, campanhas de mídia e de rádio, grupos de Facebook, site, programas de computadores e softwares multimídia.

Palavras-chave:
HIV; Saúde das minorias; Negros; Tecnologia educacional; Educação em saúde.

ABSTRACT

Objective:

To map the educational technologies implemented for HIV prevention in black people.

Method:

Scope review, performed according to the recommendations of The Joanna Briggs Institute, in Medline/PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Scopus, Cochrane and PsycINFO databases, using the Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta- Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Results:

There were 14 studies published between 1999 and 2020. The main health impacts for black people involved a reduction in rates of unprotected sex, greater use of condoms, a decrease in risky behaviors, a minimization of the number of partners, a greater request for HIV testing and an increase in the use of Pre-exposure prophylaxis (PrEP).

Conclusion:

The educational technologies mapped were: workshops, courses, messages, dramatization, videos, application, pamphlet, media and radio campaigns, Facebook groups, website, computer programs and multimedia software.

Keywords:
HIV; Minority health; Blacks; Educational technology; Health education

RESUMEN

Objetivo:

Mapear las tecnologías educativas implementadas para la prevención del VIH en negros.

Método:

Revisión de alcance, realizada de acuerdo con las recomendaciones de The Joanna Briggs Institute, en las bases de datos Medline/PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Scopus, Cochrane y PsycINFO, utilizando Preferred Reporting Items for Systematic reviews y Meta-Analysis extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Resultados:

Se publicaron 14 estudios entre 1999 y 2020. Los principales impactos en la salud de los negros involucraron una reducción en las tasas de sexo sin protección, mayor uso de condones, una disminución en los comportamientos de riesgo, una minimización del número de parejas, una mayor solicitud de pruebas de VIH y un aumento en el uso de Pre-exposición profilaxis (PrEP).

Conclusión:

Las tecnologías educativas mapeadas fueron: talleres, cursos, mensajes, dramatización, videos, aplicación, folleto, campañas en medios y radio, grupos de Facebook, sitio web, programas informáticos y software multimedia.

Palabras clave:
VIH; Salud de las minorías; Negros; Tecnología educacional; Educación en salud

INTRODUÇÃO

A transmissibilidade do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é multifatorial e vai além do comportamento sexual. Está relacionada com fatores sociais, comportamentais e estruturais que influenciam na incidência de casos11. Souza EB, Silva RC, Chiachio NCF. Epidemiological profile of people living with HIV-AIDS: a challenge social. Res Soc Dev. 2021;10(16):e561101624159. doi: http://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.24159.
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A literatura indica que os negros são afetados de modo desigual pelo HIV, havendo maior prevalência e comportamentos de risco22. Jeremiah R, Taylor B, Castillo A, Garcia V. A qualitative community assessment of racial/ethnic sexual gender minority young adults: principles for Strategies to Motivate Action(s) for Realistic Tasks (SMART Thinking) addressing HIV/AIDS, viral hepatitis, mental health, and substance abuse. Am J Mens Health. 2020;14(5):1-10. doi: https://doi.org/10.1177/1557988320966230.
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.

A evidência de maior número de negros com HIV pode ser explicada pela diversidade de determinantes da saúde, a qual envolve desigualdades como nível socioecônomico, estado nutricional, condições de vida e moradia e obstáculos no acesso aos serviços de saúde33. Melo MC, Mesquita FC, Barros MBA, La-Rotta EIG, Donalisio MR. Survival of patients with AIDS and association with level of education level and race/skin color in South and Southeast Brazil: a cohort study, 1998-1999. Epidemiol Serv Saude. 2019;28(1):e2018047. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000100012.
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.

Nos Estados Unidos, os indivíduos que se identificam como negros ou afro-americanos apresentam risco elevado para infecção pelo HIV, em comparação com outras raças e etnias44. Centers for Disease Control and Prevention. Diagnoses of HIV infection in the United States and dependent areas, 2015 [Internet]. Atlanta, GA: CDC; 2016 [cited 2021 Dec 17]. Available from: Available from: https://stacks.cdc.gov/view/cdc/60911 .
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.

No Brasil, as iniquidades raciais e de gênero possuem impacto direto na discriminação dessa população. Estes vivenciam constantemente comportamento defensivo, devido ao fato de a inserção social ser demarcada por processos de desvalorização, invisibilidade de necessidades nas ações e nos programas de assistência, promoção da saúde e prevenção de doenças55. Werneck J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. 2016;25(3):535-49. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-129020162610.
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Desse modo, há necessidade de desenvolvimento de mais pesquisas que descrevam e avaliem as intervenções de prevenção ao HIV nessa população, a fim de identificar comportamentos-alvo ou fatores de risco que se sobressaiam para criar intervenções efetivas22. Jeremiah R, Taylor B, Castillo A, Garcia V. A qualitative community assessment of racial/ethnic sexual gender minority young adults: principles for Strategies to Motivate Action(s) for Realistic Tasks (SMART Thinking) addressing HIV/AIDS, viral hepatitis, mental health, and substance abuse. Am J Mens Health. 2020;14(5):1-10. doi: https://doi.org/10.1177/1557988320966230.
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No período de 2007 a 2021, evidenciou-se maior taxa de infecção pelo vírus HIV em negros, sendo 39,4% entre brancos e 51,7% em negros (pretos e pardos)66. Ministério da Saúde (BR), Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico de HIV/Aids[Internet]. Brasília, DF; Ministério da Saúde: 2021 [cited 2021 Dec 11]. Available from: Available from: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-epidemiologico-hivaids-2021 .
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/bo...
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Assim, ao entender a necessidade de cuidados para essa população, com base nos registros de precárias condições de saúde e acesso limitado aos serviços, é imprescindível potencializar a autonomia no processo do cuidar, sendo indispensável que os profissionais de saúde sejam capacitados e próximos da realidade dos indivíduos, ouvindo-os e permitindo que eles expressem dúvidas. Logo, o processo de educação se revela como o melhor percurso para suprir essas necessidades no conhecimento33. Melo MC, Mesquita FC, Barros MBA, La-Rotta EIG, Donalisio MR. Survival of patients with AIDS and association with level of education level and race/skin color in South and Southeast Brazil: a cohort study, 1998-1999. Epidemiol Serv Saude. 2019;28(1):e2018047. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000100012.
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,77. Fontes AF, Barbosa RR, Brito D. Where does patient autonomy live, in times of crisis in Portugal? Cien Saude Colet. 2020;25(Supl. 2):4197-200. doi: https://doi.org/10.1590/1413-812320202510.2.26782020.
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-99. Jordão BA, Espolador GM, Finochio Sabino AMNF, Tavares BB. Conhecimento da gestante sobre o HIV e a transmissão vertical em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. Rev Bras Pesqui Saúde. 2017 [cited 2021 Dec 18];18(2):26-34. Available from: Available from: https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/1508 .
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A fim de atingir o processo de educação em saúde, faz-se necessária a utilização de tecnologias que permitam tornar o processo de ensino compreensível e que favoreça a melhoria da assistência1010. Lima GCBB, Guimarães AMDN, Silva JRS, Otero LM, Gois CFL. Health education and methodological devices applied in the care of Diabetes Mellitus. Saúde Debate. 2019;43(120):150-8. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912011.
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. As tecnologias que podem ser utilizadas por profissionais durante o processo ensino-aprendizagem abrangem as tecnologias duras (instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos); tecnologias leves-duras (saberes estruturados como teorias, modelos de cuidado, processo de Enfermagem); e tecnologias leves (estabelecimento de relações como vínculo, gestão de serviços e acolhimento)1111. Merhy EE, Onocko R. Agir em saúde: um desafio para o público. 2. ed. São Paulo: Hucitec; 2002. .

As opções de tecnologias educativas permitem a propagação de informações imprescindíveis para promoção da saúde, prevenção de doenças, autocuidado e modalidades de tratamentos. Entre essas tecnologias, destacam-se os materiais educativos impressos (cartilhas, álbuns seriados, folhetos, panfletos, folders e livretos), os recursos audiovisuais (como vídeos, uso de rádio e telefone), ou ainda, os que se utilizam das relações pessoais, por meio do aconselhamento, acolhimento e diálogo1010. Lima GCBB, Guimarães AMDN, Silva JRS, Otero LM, Gois CFL. Health education and methodological devices applied in the care of Diabetes Mellitus. Saúde Debate. 2019;43(120):150-8. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912011.
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Desse modo, percebe-se a relevância do desenvolvimento e da aplicabilidade de tecnologias educativas para prevenção de HIV em negros, com vistas a proporcionar a estes mais autonomia, para que se tornem agentes transformadores da saúde.Assim, este estudo objetivou mapear as tecnologias educativas implementadas para prevenção do HIV em negros.

MÉTODO

Aspectos éticos

Esta pesquisa dispensa a avaliação do comitê de ética, pois não envolve seres humanos, conforme determinam as Resoluções Brasileiras 466/12 e 510/16.

Tipo de estudo

Trata-se de revisão de escopo, guiada pelas recomendações do Jonna Briggs Institute (JBI), organização internacional de pesquisa em saúde baseada em evidências, que tem como objetivo mapear os principais conceitos de determinada área e identificar lacunas de conhecimentos existentes na literatura (JBI)1212. Peters MDJ, Godfrey CM, McInerney P, Soares CB, Khalil H, Parker D. Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. Joanna Briggs Institute Reviewer's Manual [Internet]. Adelaide: JBI; 2017 [cited 2022 Jan 05]. Available from: Available from: https://reviewersmanual.joannabriggs.org/ .
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Procedimento metodológico

Para condução do estudo, elaborou-se a questão de pesquisa estruturada a partir do acrônimo PCC, em que o P se refere ao Problema (prevenção ao HIV), C ao Conceito (tecnologias educativas) e C ao Contexto (negros). Assim, por meio dessa estratégia, elencou-se a seguinte questão de pesquisa: quais tecnologias educativas/ implementadas para prevenção do HIV em negros?

Os critérios de inclusão utilizados abrangeram: artigos de pesquisa original disponibilizados na íntegra, sem restrição de idioma ou tempo de publicação, realizados com negros e voltados para prevenção do HIV. Excluíram-se estudos de revisão, cartas, editoriais, livros, resumos de anais de eventos, teses e dissertações.

O registro do protocolo foi realizado no Open Science Framework (OSF), com identificação do doi https://doi.org/10.17605/OSF.IO/YG73F.

Coleta e organização dos dados

A primeira etapa ocorreu entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, sendo realizada busca de maneira ampla, pelo portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), usando-se das seguintes bases de dados: Medline/PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Scopus, Cochrane e PsycINFO. Em cada base de dados, os descritores controlados foram delimitados por termos tipo Medical Subject Headings (MeSH) e definidas as palavras-chave. Inicialmente, exploraram-se: títulos, palavras-chave, descritores e resumos dos estudos e aproximação com o objeto da revisão. Na sequência, os estudos selecionados foram lidos na íntegra.

O levantamento do corpus literário a ser analisado ocorreu por meio da combinação dos seguintes descritores do Mesh: “Minority Health”; “African Continental Ancestry Group’’; “Teaching Materials’’; “Technology’’; “Educational Technology’’; “Information Technology”; “Health Promotion”; “Health education”; “HIV”.

Na segunda etapa, a partir dos descritores e das palavras-chave, combinaram-se variadas formas, com intuito de ampliar as buscas. Salienta-se que para a pesquisa sensibilizada se utilizou dos operadores booleanos AND, para ocorrência simultânea de assuntos, e OR, para ocorrência de respectivos sinônimos, conforme Quadro 1.

Quadro 1 -
Estratégias de busca de bases de dados referentes à pesquisa. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2022

Na terceira etapa, os estudos selecionados para leitura na íntegra tiveram as referências exploradas, no intuito de identificar documentos a serem inseridos na presente revisão de escopo, sendo inserido, desta forma, apenas um artigo.

Para qualidade e transparência da redação deste artigo, seguiram-se as diretrizes contidas no checklist do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)(13), conforme representado na Figura 1.

Figura 1 -
Fluxograma de distribuição do número de artigos encontrados, excluídos e selecionados por bases de dados, conforme o PRISMA-ScR(13) e recomendações do JBI(12). Fortaleza, Ceará, Brasil, 2022

Análise dos dados

O processo para selecionar os estudos e extrair as evidências dos artigos recuperados foi desenvolvido de modo duplo-independente, por meio da plataforma de seleção Rayyan. Esta seleção foi desenvolvida pela leitura de títulos e resumos, seguida da leitura dos artigos na íntegra e verificação da lista de referência de cada um dos incluídos. O mapeamento foi organizado em dois quadros sinóptico com as seguintes variáveis: autor e ano, país, base de dados, tipo de Estudo, nível de evidência, objetivo, tipo de tecnologia, resultados/conclusões, público-alvo, temáticas, local e fundamentação teórica.

A análise dos resultados ocorreu por meio da síntese dos estudos primários e realização de comparações acerca dos principais resultados que respondem à pergunta de revisão, sendo as evidências categorizadas de acordo com o tipo de tecnologia educativa encontrada nos estudos: Tecnologias leves para prevenção do HIV em negros e Tecnologias duras para prevenção do HIV em negros.

Os níveis de evidência foram determinados da seguinte maneira: I - evidências provenientes de revisão sistemática ou metanálise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados ou oriundos de diretrizes clínicas, baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos controlados e randomizados; II - evidências provenientes de estudos individuais controlados e randomizados; III - evidências de estudos experimentais sem randomização; IV - evidências provenientes de coorte ou caso-controle; V - evidências oriundas de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; VI -evidências originárias de estudo descritivo ou qualitativo; VII - evidências obtidas de opiniões de autoridades ou relatório de comitês de especialistas1414. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: A guide to best practice. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2011..

RESULTADOS

O Quadro 2 mostra os 14 estudos selecionados que compôs a amostra final da pesquisa. A data da publicação dos artigos variou entre os anos de 1999 e 2020, sendo a maior parte das publicações (71,4%) entre os anos de 2012 e 2019. Dos estudos encontrados, no que se refere ao tipo de estudo, observou-se que seis (42,8%) foram estudos qualitativos, enquadrados com nível de evidência 6; seis (42,8%) foram ensaios clínicos randomizados, correspondentes ao nível de evidência 2; e dois (14,2%), do tipo quase-experimental, classificado em nível de evidência 3. A maioria dos estudos (13/92,8%) foram publicados nos Estados Unidos e um (7,1%) na África.

Quadro 2 -
Sumarização dos artigos incluídos no estudo. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2022

No que se refere às estratégias educativas utilizadas nos estudos, identificou-se o desenvolvimento das seguintes tecnologias: workshops, cursos, mensagens, dramatização, vídeos, aplicativo, panfleto, campanhas de mídia, campanha de rádio, grupos de Facebook, site, programas de computadores e softwares multimídia. Observou-se, que a amostra final dos estudos se dirigiu a públicos em diferentes contextos, perpassando, em maioria, por adultos, bem como por jovens. As principais temáticas envolvidas versaram sobre o uso de preservativo e sobre comportamento sexual de risco. Ressalta-se, ainda, a fundamentação dos estudos por intermédio da utilização de teorias, conforme Quadro 3.

Quadro 3
Distribuição das variáveis e as respectivas características das tecnologias educativas. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2022

DISCUSSÃO

As evidências disponíveis mapeadas nesta revisão de escopo foram analisadas por meio de leituras reiterativas para elaboração das categorias, observando-se a regularidade das informações relevantes e complementaridade. Esse processo determinou a síntese do conhecimento em duas categorias: Tecnologias leves e Tecnologias duras para prevenção do HIV em negros.

Tecnologias leves-duras para prevenção do HIV em negros

A análise dos tipos de tecnologias utilizadas para prevenção do HIV em negros resultou em menor parte de aparições referentes às tecnologias do tipo leve-dura, totalizando três artigos1515. Marie SR, Mildred KF, Ronald CJ. An alternative HIV prevention approach for African American college students: a preliminary evaluation. J Natl Soc Allied Health. 2008 [cited 2022 Jan 05];5(6):79-85. Available from: Available from: https://www.proquest.com/scholarly-journals/alternative-hiv-prevention-approach-african/docview/214221647/se-2?accountid=201395 .
https://www.proquest.com/scholarly-journ...
-1717. Wilson TE, Gousse Y, Joseph MA, Browne RC, Camilien B, McFarlane D, Mitchell S, Brown H, Urraca N, Romeo D, Johnson S, Salifu M, Stewart M, Vavagiakis P, Fraser M. HIV prevention for black heterosexual men: the barbershop talk with brothers cluster randomized trial. Am J Public Health. 2019;109(8):1131-7. doi: https://doi.org/10.2105/AJPH.2019.305121.
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, mostrando-se pouco disseminada entre os estudos. Desses, dois1616. Kalichman SC, Weinhardt L, Benotsch E, Cherry C. Closing the digital divide in HIV/AIDS care: development of a theory-based intervention to increase Internet access. AIDS Care. 2002;14(4):523-37. doi: https://doi.org/10.1080/09540120220133044.
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-1717. Wilson TE, Gousse Y, Joseph MA, Browne RC, Camilien B, McFarlane D, Mitchell S, Brown H, Urraca N, Romeo D, Johnson S, Salifu M, Stewart M, Vavagiakis P, Fraser M. HIV prevention for black heterosexual men: the barbershop talk with brothers cluster randomized trial. Am J Public Health. 2019;109(8):1131-7. doi: https://doi.org/10.2105/AJPH.2019.305121.
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destinaram-se ao público adulto e um1515. Marie SR, Mildred KF, Ronald CJ. An alternative HIV prevention approach for African American college students: a preliminary evaluation. J Natl Soc Allied Health. 2008 [cited 2022 Jan 05];5(6):79-85. Available from: Available from: https://www.proquest.com/scholarly-journals/alternative-hiv-prevention-approach-african/docview/214221647/se-2?accountid=201395 .
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) a jovens.

Verificou-se, ainda, dentre as publicações analisadas que as tecnologias leves-druas relacionadas à prevenção do HIV entre os negros destinaram-se as seguintes temáticas: processo de ensino sobre informática e acesso à internet para realização de buscas quanto ao HIV1515. Marie SR, Mildred KF, Ronald CJ. An alternative HIV prevention approach for African American college students: a preliminary evaluation. J Natl Soc Allied Health. 2008 [cited 2022 Jan 05];5(6):79-85. Available from: Available from: https://www.proquest.com/scholarly-journals/alternative-hiv-prevention-approach-african/docview/214221647/se-2?accountid=201395 .
https://www.proquest.com/scholarly-journ...
-1616. Kalichman SC, Weinhardt L, Benotsch E, Cherry C. Closing the digital divide in HIV/AIDS care: development of a theory-based intervention to increase Internet access. AIDS Care. 2002;14(4):523-37. doi: https://doi.org/10.1080/09540120220133044.
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e uso do preservativo e comportamento sexual de risco1717. Wilson TE, Gousse Y, Joseph MA, Browne RC, Camilien B, McFarlane D, Mitchell S, Brown H, Urraca N, Romeo D, Johnson S, Salifu M, Stewart M, Vavagiakis P, Fraser M. HIV prevention for black heterosexual men: the barbershop talk with brothers cluster randomized trial. Am J Public Health. 2019;109(8):1131-7. doi: https://doi.org/10.2105/AJPH.2019.305121.
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Salienta-se que a utilização de tecnologias educativas do tipo leve-dura favorece o processo de promoção da saúde, por tornarem-se acessíveis para informação e sensibilização dessa população. Além disso, promove o questionamento, a reflexão e decisão dos participantes2929. Stragliotto DO, Girardon-Perlini NMO, Rosa BVC, Dalmolin A, Nietsche EA, Somavilla IM, et al. Implementação e avaliação de um vídeo educativo para famílias e pessoas com colostomia. Estima. 2017;15(4):191-9. doi: https://doi.org/10.5327/Z1806-3144201700040002.
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Dentre as tecnologias analisadas, identificaram-se os seguintes tipos: cursos, workshop e combinação de mensagens educacionais, atividades de dramatização e atividades de autoavaliação. Esses tipos de métodos oportunizam que a apresentação de conceitos e aprendizagem pré-adquiridos facilitem a participação e o envolvimento do público, o que facilita o processo de promoção da saúde, por se tornarem acessíveis para informação e sensibilização quanto à prevenção do HIV3030. Santos CM, Luna RCF, Silva BL, Klem NG, Alóchio KV. Workshop em suporte básico de vida no ensino fundamental: um relato de experiência. Estácio Saúde. 2018 [cited 2022 Jan 25];7(2):10-3. Available from: Available from: http://periodicos.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/article/viewFile/4507/47964932 .
http://periodicos.estacio.br/index.php/s...
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Dessa maneira, torna-se imprescindível a utilização de tecnologias educativas no contexto dos cuidados de enfermagem, visto que o enfermeiro possui como alicerce, na formação, o processo de educação em saúde. Assim, por intermédio de estratégias tecnológicas, ocorre a dinamicidade da informação, bem como promove melhora significativa na qualidade de vida das pessoas assistidas1010. Lima GCBB, Guimarães AMDN, Silva JRS, Otero LM, Gois CFL. Health education and methodological devices applied in the care of Diabetes Mellitus. Saúde Debate. 2019;43(120):150-8. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912011.
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Tecnologias duras para prevenção do HIV em negros

Nesta categoria, onze estudos utilizaram tecnologias duras, com a finalidade de prevenção do HIV em negros, sendo relatados o vídeo2525. Jones R, Lacroix LJ. Streaming weekly soap opera video episodes to smartphones in a randomized controlled trial to reduce HIV risk in young urban African American/black women. AIDS Behav. 2012;16(5):1341-58. doi: https://doi.org/10.1007/s10461-012-0170-9.
https://doi.org/10.1007/s10461-012-0170-...
,2828. Kalichman SC, Nachimson D. Self-efficacy and disclosure of HIV-positive serostatus to sex partners. Health Psychol. 1999;18(3):281-7. doi: https://doi.org/10.1037//0278-6133.18.3.281.
https://doi.org/10.1037//0278-6133.18.3....
, as mensagens/campanhas de mídia na televisão e texto1919. Mansergh G, Baack BN, Holman J, Mimiaga MJ, Landers S, Herbst JH. Brief report: quantitative assessment of brief messages about HIV pre-exposure prophylaxis among HIV-infected and HIV-uninfected black/African American and Hispanic/Latino MSM. J Acquir Immune Defic Syndr. 2019;80(1):31-5. doi: https://doi.org/10.1097/QAI.0000000000001869.
https://doi.org/10.1097/QAI.000000000000...
-2020. Makwambeni B, Salawu A. Accounting for youth audiences’ resistances to HIV and AIDS messages in the television drama Tsha Tsha in South Africa. SAHARA J. 2018;15(1):20-30. doi: https://doi.org/10.1080/17290376.2018.1444506.
https://doi.org/10.1080/17290376.2018.14...
, as campanhas de rádio2121. Cates JR, Francis DB, Ramirez C, Brown JD, Schoenbach VJ, Fortune T, et al. Reducing concurrent sexual partnerships among blacks in the rural southeastern united states: development of narrative messages for a radio campaign. J Health Commun. 2015;20(11):1264-74. doi: https://doi.org/0.1080/10810730.2015.1018643.
https://doi.org/0.1080/10810730.2015.101...
, as intervenções digitais2222. DiClemente RJ, Bradley E, Davis TL, Brown JL, Ukuku M, Sales JM, et al. Adoption and implementation of a computer-delivered HIV/STD risk-reduction intervention for African American adolescent females seeking services at county health departments: implementation optimization is urgently needed. J Acquir Immune Defic Syndr. 2013;63 Suppl 1(1):S66-71. doi: https://doi.org/10.1097/QAI.0b013e318292014f.
https://doi.org/10.1097/QAI.0b013e318292...
, o grupo fechado de Facebook2323. Young SD, Cumberland WG, Lee SJ, Jaganath D, Szekeres G, Coates T. Social networking technologies as an emerging tool for HIV prevention: a cluster randomized trial. Ann Intern Med. 2013;159(5):318-24. doi: https://doi.org/10.7326/0003-4819-159-5-201309030-00005.
https://doi.org/10.7326/0003-4819-159-5-...
, o site2424. Andrasik MP, Chapman CH, Clad R, Murray K, Foster J, Morris M, et al. Developing concurrency messages for the black community in Seattle, Washington. AIDS Educ Prev. 2012;24(6):527-48. doi: https://doi.org/10.1521/aeap.2012.24.6.527.
https://doi.org/10.1521/aeap.2012.24.6.5...
,2626. Hightow-Weidman LB, Pike E, Fowler B, Matthews DM, Kibe J, McCoy R, Adimora AA. HealthMpowerment.org: feasibility and acceptability of delivering an internet intervention to young Black men who have sex with men. AIDS Care. 2012;24(7):910-20. doi: https://doi.org/10.1080/09540121.2011.647677.
https://doi.org/10.1080/09540121.2011.64...
, o software multimídia2727. Klein CH, Card JJ. Preliminary efficacy of a computer-delivered HIV prevention intervention for African American teenage females. AIDS Educ Prev. 2011;23(6):564-76. doi: https://doi.org/10.1521/aeap.2011.23.6.564.
https://doi.org/10.1521/aeap.2011.23.6.5...
, o aplicativo1818. Chandler R, Hernandez N, Guillaume D, Grandoit S, Branch-Ellis D, Lightfoot M. A community-engaged approach to creating a mobile HIV prevention app for black women: focus group study to determine preferences via prototype demos. JMIR Mhealth Uhealth. 2020;8 (7):e18437. doi: https://doi.org/10.2196/18437.
https://doi.org/10.2196/18437...
e o panfleto2424. Andrasik MP, Chapman CH, Clad R, Murray K, Foster J, Morris M, et al. Developing concurrency messages for the black community in Seattle, Washington. AIDS Educ Prev. 2012;24(6):527-48. doi: https://doi.org/10.1521/aeap.2012.24.6.527.
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.

Dessa forma, percebe-se o empenho empregado em desenvolver e divulgar tecnologias educacionais eletrônicas, voltadas para prevenção do HIV em pessoas negras. Esse despertar para o uso de tecnologias da informação e comunicação torna-se imprescindível, uma vez que favorece a acessibilidade, a difusão de conhecimentos, a atratividade e o rápido acesso à informação3131. Silva AMA, Mascarenhas VHA, Araújo SNM, Machado RS, Santos AMR, Andrade EMLR. Mobile technologies in the Nursing area. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2570-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0513.
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.

A análise dos estudos permitiu apontar sobre o desenvolvimento de algumas tecnologias educacionais com delineamento metodológico do tipo ensaios randomizados, demonstrando, assim, o alto rigor metodológico empregado no desenvolvimento das tecnologias educacionais para negros. Estudos dessa natureza são imprescindíveis para os sistemas de saúde e a prática da enfermagem, mediante a capacidade de desvelar a causa e o efeito de diferentes intervenções3232. Nascimento BRS, Quental OB, Bezerra YCP, Feitosa ANA, Oliveira GS, Medeiros RLFM. Tecnologias da informação e comunicação: um conceito emergente na práxis de enfermeiros na atenção básica. Braz J Prod Eng. 2020 [cited 2022 Jan 25];6(6). Available from: Available from: https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/30493/20779 .
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.

Percebeu-se, ainda, que, em suma, as tecnologias foram guiadas por referenciais teóricos, o que facilita a utilização de ideias que proporcionem o alcance do objetivo educacional esperado3333. Agra MAC, Freitas TCS, Caetano JA, Alexandre ACS, Sá GGM, Galindo Neto NM. Nursing dissertations and theses on the mobile emergency care services: a bibliometric study. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e3500016. doi: http://doi.org/10.1590/0104-07072018003500016.
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. Ressalta-se que o embasamento por meio das teorias foi diversificado quanto à área do conhecimento. Isso se deve, provavelmente, ao quesito da interdisciplinaridade do cuidar em saúde que amplia os campos de fundamentação. Dessa maneira, fazem-se necessárias a participação e valorização da ciência da enfermagem, por intermédio do reconhecimento e da aplicação de teorias, no desenvolvimento de tecnologias educativas para negros.

No tocante ao uso das tecnologias, dois estudos2525. Jones R, Lacroix LJ. Streaming weekly soap opera video episodes to smartphones in a randomized controlled trial to reduce HIV risk in young urban African American/black women. AIDS Behav. 2012;16(5):1341-58. doi: https://doi.org/10.1007/s10461-012-0170-9.
https://doi.org/10.1007/s10461-012-0170-...
,2828. Kalichman SC, Nachimson D. Self-efficacy and disclosure of HIV-positive serostatus to sex partners. Health Psychol. 1999;18(3):281-7. doi: https://doi.org/10.1037//0278-6133.18.3.281.
https://doi.org/10.1037//0278-6133.18.3....
se utilizaram do vídeo como ferramenta de educação em saúde para população estudada, apresentando como temáticas: prevenção do HIV, processo de adoecimento e promoção ideal da saúde sexual.

Esse tipo de tecnologia dura pode ser aplicado em diferentes contextos da atenção, como primária, secundária e terciária. Caracteriza-se, ainda, por ser um método de ensino-aprendizagem sofisticado e lúdico, cuja disseminação da informação ocorre por meio da captação da atenção do público, bem como por despertar a curiosidade3434. Rodrigues Junior JC, Rebouças CBA, Castro RCMB, Oliveira PMP, Almeida PC, Pagliuca LMF. Development of an educational video for the promotion of eye health in school children. Texto Contexto Enferm . 2017;26(2):e06760015. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072017006760015.
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.

Destaca-se que mesmo o vídeo sendo uma tecnologia viável para o processo de educação em saúde, percebeu-se que poucos estudos desenvolveram esse tipo de tecnologia para negros. Portanto, urgem desenvolvimento e investimento por parte dos pesquisadores em proporcionar a construção e avaliação dos efeitos de vídeos educativos para prevenção de HIV em negros.

A partir da análise dos estudos, notou-se, também, o desenvolvimento de tecnologias, como aplicativo, vídeos, sites e Facebook, cujo acesso seria possível por meio da utilização de aparelhos móveis, tornando possível a divulgação, leitura e portabilidade. Esse aspecto torna viável e maximiza as oportunidades de interação e acesso às informações, tanto para o público-alvo (negros) como para profissionais da área da saúde3131. Silva AMA, Mascarenhas VHA, Araújo SNM, Machado RS, Santos AMR, Andrade EMLR. Mobile technologies in the Nursing area. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2570-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0513.
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.

Demais tecnologias encontradas nos estudos primários envolveram as mensagens divulgadas por meio de campanhas na televisão, no rádio e em programas computadorizados/multimídias. Esses tipos de tecnologias tornam-se relevantes para o contexto da educação em saúde, em que, a partir da interação entre o profissional da saúde e o público-alvo e demais envolvidos, pode haver a consolidação do processo ensino-aprendizagem, bem como o poder de escolha da tecnologia que mais se adeque à realidade social dos negros3232. Nascimento BRS, Quental OB, Bezerra YCP, Feitosa ANA, Oliveira GS, Medeiros RLFM. Tecnologias da informação e comunicação: um conceito emergente na práxis de enfermeiros na atenção básica. Braz J Prod Eng. 2020 [cited 2022 Jan 25];6(6). Available from: Available from: https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/30493/20779 .
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.

Outra tecnologia educacional encontrada para prevenção do HIV em negros foi o material impresso (panfleto). Esse tipo de tecnologia caracteriza-se pela facilidade de acesso, bem como permite que o indivíduo tenha corresponsabilidade e autonomia pela própria saúde3232. Nascimento BRS, Quental OB, Bezerra YCP, Feitosa ANA, Oliveira GS, Medeiros RLFM. Tecnologias da informação e comunicação: um conceito emergente na práxis de enfermeiros na atenção básica. Braz J Prod Eng. 2020 [cited 2022 Jan 25];6(6). Available from: Available from: https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/30493/20779 .
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.

Salienta-se que a partir da utilização de variadas tecnologias duras encontradas para prevenção do HIV em negros, não se deve reduzir o cuidado a apenas procedimentos de cunho assistencial, mas que, a partir destas, possa ocorrer estreitamento de relações, cuidado humanizado e efetivo na educação em saúde.

A despeito do exposto, este estudo apresenta como limitação o fato de a maioria dos estudos corresponder à realidade dos Estados Unidos, a qual apresenta particularidades no quesito Assistência à Saúde da população negra diferenciadas da realidade brasileira.

CONCLUSÃO

As evidências científicas elucidaram que dentre as tecnologias educativas construídas e utilizadas (workshops, cursos, mensagens, dramatização, vídeos, aplicativo, panfleto, campanhas de mídia, campanha de rádio, grupos de Facebook, site, programas de computadores e softwares multimídia) em intervenções junto à população negra, houve impactos positivos para os negros, cuja consolidação da autonomia destes foi demonstrada na maioria dos estudos.

Ademais, constatou-se que o uso das tecnologias educacionais foi primordial para redução das taxas de relações sexuais desprotegidas, maior uso de preservativos, minimização de comportamentos de risco, diminuição do número de parceiros, maior solicitação de testagens para HIV e aumento do uso da PrEP.

O estudo tem como contribuição gerar o mapeamento das informações acerca das tecnologias educacionais implementadas para prevenir o HIV em negros, tendo em vista que há maior prevalência e comportamento de risco para HIV nessa população. Dessa maneira, torna-se factível por meio deste estudo que haja a sintetização do que existe na literatura, bem como a identificação das necessidades não atendidas.

Contribuições poderão ser implementadas a nível nacional, para diferentes profissionais da área do saber, principalmente, colaborações e inovações para assistência de enfermagem. Porém, igualmente importante, pesquisas adicionais são necessárias para ampliar o conhecimento desta ampla área de interesse.

Agradecimentos:

Este trabalho foi financiado pelos seguintes órgãos de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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Editado por

Editor associado:

Cíntia Nasi

Editor-chefe:

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    18 Maio 2022
  • Aceito
    24 Ago 2022
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