RESUMO
Objetivo: Avaliar a saúde bucal e fatores relacionados entre deficientes visuais em município do sudeste brasileiro.
Métodos: Foi realizado um estudo domiciliar, transversal e descritivo em uma amostra representativa de pessoas com deficiência visual em uma cidade de médio porte do Brasil. Realizou-se o exame clínico bucal (avaliando perda dentária, cárie, saúde periodontal, placa dentária, uso e necessidade de prótese) e aplicou-se um questionário semiestruturado, investigando as condições socioeconômicas (sexo, idade, estado civil, cor da pele e renda) e o uso de serviços odontológicos (motivo, tempo decorrido e tipo de serviço utilizado [privado/público] na última consulta odontológica). Foram realizadas análises descritivas e bivariadas para avaliar os fatores associados à saúde bucal.
Resultados: A idade média dos participantes foi de 65 anos (±15,05), com maioria de mulheres (70,9%). 53,1% dos entrevistados eram edêntulos, porém, 58,2% apresentaram percepção de saúde bucal boa. Os cegos usam menos os serviços públicos (p=0,038) e em menor frequência (p=0,014) que os sujeitos com baixa visão. Os menos escolarizados apresentam maiores perdas dentárias e menores problemas periodontais (p<0,05). Houve redução de placa dentária seis meses após ação educativa (30,7%; p=0,01), sobretudo entre os sujeitos com baixa visão (p=0,01).
Conclusão: Elevada perda dentária e higienização insatisfatória contrastaram com autopercepção dos agravos bucais. Acuidade visual e escolaridade relacionaram-se ao acesso e saúde bucal. Ações de promoção e equidade são necessários para superar desigualdades encontradas.
Termos de indexação Assistência odontológica para pessoas com deficiências; Inquéritos de saúde bucal; Saúde bucal; Fatores socioeconômicos; Pessoas com deficiência visual