Erro de caminho |
Este dia será inesquecível para mim. Incluo-o entre os mais ásperos e temerosos de minha vida. O primeiro aborrecimento que tivemos foi que, depois de partir, erramos o caminho. Uma ponte carcomida desabou sob o peso dos nossos burros e nos deteve por uma hora. [...] Víamos na planície belos canaviais com cercas impenetráveis, da altura de um homem, formadas de espécies de Bromeliáceas. (POHL, 1976POHL, J. E. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976., p. 64) |
Rio de Janeiro - março |
Viajar nestes matos e campos desolados, inóspitos e monótonos não é tão atraente, que se possa dar de ombros a um tal extravio [erro no caminho]. Entretanto, nada havia que fazer; tínhamos de nos conformar com o inevitável, com resignação e bom humor. (POHL, 1976POHL, J. E. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976., p. 171) |
Goiás - abril |
[tendo que retornar porque os animais escaparam], Bastante tristes e cabisbaixos entramos na cidade que tínhamos deixado dias antes, cheios de esperança e confiantes em demasia. Apesar dos sarcasmos dirigidos aos estrangeiros que queriam descobrir as terras do país, sem ao menos saber conduzir sua caravana, não fomos menos bem recebidos pelo vice-presidente e reintegrados em nossos aposentos. (CASTELNAU, 2000CASTELNAU, F. Expedição às regiões centrais da América do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000., p. 145) |
Goiás - abril |
Falta de alimentos |
Sem nenhum alimento, porque as provisões tinham ficado com os animais de carga, fomos obrigados a estender-nos junto do fogo, com o estômago vazio, e a esperar pacientemente a chegada de nossa tropa. O nosso estado era verdadeiramente lastimável e quase intolerável. (POHL, 1976POHL, J. E. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976., p. 313) |
Minas Gerais - julho |
Não avançamos mais, porque tínhamos sido avisados ao partir de que não acharíamos uma gota d’água nas três léguas seguintes; o que na tarde desse dia verificamos ser verdade, vendo a estrada alongar-se por uma planície arenosa e seca, de pequenas árvores e quase sem moitas. [...] Nenhum de nós tinha um bocado de alimentos para comer, mas tínhamos todos uma grande vasilha de chá forte, que em parte compensou a falta de alimento mais substancial. (GARDNER, 1942GARDNER, G. Viagens no Brasil: principalmente nas províncias do norte nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942., p. 341) |
Minas Gerais - junho |
O rio mantinha quase a mesma largura e apresentava fraca correnteza. Durante todo o dia observamos os mesmos grés que nos dias anteriores. [...] Sofremos muita fome o dia todo; os caçadores só conseguiram matar um mutum, que foi repartido por toda a equipagem aos pedacinhos, depois de retirada a pele, que de direito pertencia às nossas coleções. (CASTELNAU, 2000CASTELNAU, F. Expedição às regiões centrais da América do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000., p. 203) |
Tocantins - agosto |
Insetos |
Não me lembrei então que toda a praia lodosa e coberta de mangues, principalmente na embocadura dos rios, é sempre cheia de mosquitos. Mas a lembrança logo me acudiu, quando acordei, por volta da meia-noite, com as mãos e as faces ardendo e inchadas com as picadas dos terríveis insetos. (GARDNER, 1942GARDNER, G. Viagens no Brasil: principalmente nas províncias do norte nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942., p. 88) |
Alagoas - fevereiro |
De tarde fui banhar-me em um riozinho que corre a pouca distância da casa e, vendo uma planta em flor entre umas moitas das margens, ali entrei para colhê-la; mas verifiquei, ao sair, que tinha pago caro pela flor, porque minha camisa e calças, bem como as minhas mãos e pés, estavam pretos de carrapatinhos. (GARDNER, 1942GARDNER, G. Viagens no Brasil: principalmente nas províncias do norte nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942., p. 316) |
Tocantins - maio |
Insetos |
Durante toda nossa permanência no Rio o tempo se manteve invariavelmente bom e a temperatura era das mais agradáveis, lembrando a do mês de junho nos arredores de Paris. [...] São numerosos os insetos nocivos; desde a chegada, importunaram-nos os mosquitos; as pulgas abundam em quase todas as casas e não tardou que tivéssemos de travar relações com as baratas; que são insetos mais incômodos nos países quentes. (CASTELNAU, 2000CASTELNAU, F. Expedição às regiões centrais da América do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000., p. 26) |
Mato Grosso - novembro |
No dia 19, pela manhã, quando eu quis me levantar, verifiquei que as minhas roupas e botas tinham sido inteiramente devoradas por uma horda de cupins que invadira a tenda; a muito custo poder-se-ia achar um pedaço de polegada quadrada que não estivesse inteiramente roído. (CASTELNAU, 2000CASTELNAU, F. Expedição às regiões centrais da América do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000., p. 304) |
Rio de Janeiro - julho |
Falta de repouso |
Essa ocupação [secar as plantas recolhidas] e as chuvas que retornavam de tempo em tempo me prenderam ao rancho por vários dias. Constantemente tinha eu de defender o espaço entrincheirado de minhas caixas e baús contra os viajantes que chegavam, de suportar suas pilhérias sobre os fins de minha viagem e, além disso, auxiliado de minha gente, de manter afastado de minha bagagem os cães, porcos, patos e galinhas que buscavam alimento ou abrigo sob o mesmo teto. (POHL, 1946, p. 59) |
Rio de Janeiro - março |
Então tivemos de subir mais outra serra, que nos ofereceu compensadora vista sobre a Vila do Fanado, em parte apertada entre serras. [...] Eu tivera inveja dos viajantes que aqui encontrei, pelo seu costume, não permitido ao naturalista, de descansar durante a parte mais quente do dia e viajar de manhã e à tarde. (POHL, 1946, p. 360) |
Minas Gerais - outubro |