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Avaliação terapêutica de diferentes esquemas posológicos do praziquantel na esquistossomo-se mansônica, baseada na técnica do oograma quantitativo

Uma pesquisa clínica compreendendo 80 pacientes de ambos os sexos, de 15 a 55 anos de idade, portadores de esquistossomose mansônica crônica, formas intestinal ou hepatintestinal, foi efetivada para avaliar a eficácia do praziquantel em diferentes esquemas posológicos. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em quatro grupos, com igual número de casos, sendo tratados com uma das seguintes dosagens: 60 mg/kg em um dia, 60 mg/kg diários por dois dias, 60 mg/kg diários por três dias e 30 mg/kg diários por seis dias. A avaliação da cura parasitológica baseou-se na técnica do oograma quantitativo mediante biópsias da mucosa retal, realizadas antes, bem como um, dois, quatro e seis meses após o tratamento. Concomitantemente, efetuaram se exames de fezes segundo os métodos qualitativo de Hoffman, Pons & Janer e quantitativo de Kato-Katz. A melhor tolerabilidade foi verificada com 30 mg/kg diários durante seis dias, enquanto a maior incidência de efeitos colaterais, em especial tontura e náusea, ocorreu com 60 mg/kg diários durante três dias. Nenhuma reação adversa grave foi observada com o medicamento. Alcançaram se os seguintes índices de cura: 25% com 60 mg/kg em um dia; 60% com 60 mg/kg diários por dois dias; 89,5% com 60 mg/kg diários por três dias e 90% com 30 mg/kg diários por seis dias. Paralelamente houve uma queda de, respectivamente, 64%, 73%, 87% e84% no número mediano de ovos viáveis de S. mansoni por grama de tecido. Assim, constatou se uma correlação direta entre dose e efeito. Os correspondentes índices de cura, segundo os exames de fezes, foram 39%, 80%, 100% e 95% com o método de Hoffman, Pons & Janer e com o de Kato-Katz 89%, 100%, 100% e 100%. A discrepância encontrada nos resultados entre os três métodos parasitológicos decorre da desigualdade na precisão dos mesmos. Quando o número de ovos viáveis por grama de tecido caiu abaixo de 5000, a diferença no percentual de achados falso-negativos entre Hoffmann, Pons & Janer (28%) e Kato-Katz (80%) tornou-se significativa. Quando esse número baixou para menos de 2000, a percentagem de resultados falso-negativos encontrada com Hoffman, Pons & Janer (49%) também passou a ser significativa em relação ao oograma. Em conclusão, ficou provado que o praziquantel é altamente eficaz na infecção pelo S. mansoni. Administrado na dose total de 180 mg/kg, dividida em três ou seis dias, o praziquantel proporcionou 90% de cura. Provavelmente, poderia atingir 100% se a dose total fosse aumentada para 240 mg/kg. Ademais, confirmou-se que o oograma quantitativo consiste no método mais fidedigno para avaliar a eficácia terapêutica de novas drogas na esquistossomose mansônica.


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