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Padrões clínicos e sazonalidade das hospitalizações causadas pelo vírus respiratório sincicial em São Paulo, Brasil

Os vírus respiratórios são reconhecidos como os mais frequentes patógenos do trato respiratório inferior para lactentes e crianças de idade reduzida em países desenvolvidos, mas o conhecimento sobre este fato é menor nos países em desenvolvimento.Os autores realizaram um estudo prospectivo para avaliar a ocorrência, os padrões clínicos e a sazonalidade das infecções virais entre as crianças hospitalizadas com doença do trato respiratório inferior (grupo A). A presença de vírus respiratórios na nasofaringe das crianças foi avaliada à admissão em uma enfermaria de pediatria. A cultura celular e a imunofluorescência foram utilizadas para identificação viral. Exames complementares incluiram culturas de sangue e líquido pleural para detecção de bactérias. Dados clínicos e exames radiológicos foram anotados na admissão e durante o período de internação. Para avaliar adequadamente os resultados foi constituído um grupo sem doença respiratória para comparação. Com início em fevereiro de 1995, durante um período de 18 meses, 414 crianças foram incluídas - 239 no grupo A e 175 no grupo B. No grupo A, 111 crianças (46,4%) tinham vírus enquanto somente 5 (2,9%) apresentavam vírus no grupo B. O Vírus Respiratório Sincicial foi detectado em 100 crianças do grupo A (41,8%), o Adenovírus em 11 (4,6%), o vírus Influenza em 2 (0,8%), e o Parainfluenza em uma criança (0,4%). No grupo A as bactérias foram encontradas em 14 casos (5,8%). O Vírus Respiratório Sincicial estava associado a outro vírus ou bactéria em seis casos. Ocorreram dois surtos de Vírus Respiratório Sincicial, com pico em maio e junho. Todas as crianças acometidas por este vírus tinham idade inferior a 3 anos, na sua maior parte menos de um ano de idade. O acometimento bronquial episódico e difuso e/ou a condensação alveolar focal, foram os padrões clínicos mais frequentemente associados aos casos de infecção pelo Vírus Respiratório Sincicial. Todas as crianças do grupo A sobreviveram. Em conclusão, foi observado que o Vírus Respiratório Sincicial foi o patógeno mais frequentemente encontrado em crianças hospitalizadas por doença respiratória grave. As crianças afetadas eram predominantemente lactentes do sexo masculino com bronquiolite e pneumonias focais. De modo similar ao que ocorre em outras regiões subtropicais os surtos do vírus têm pico no outono, extendem-se ao inverno, e se acompanham de um aumento nas internações hospitalares por doença respiratória.


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