Acessibilidade / Reportar erro

Doença de Chagas na Amazônia brasileira: III - um estudo seccional

Dois inquéritos sorológicos para a infecção chagásica foram realizados, respectivamente em 1991 e 1993, em amostras por conglomerado familiar na população da cidade de Barcelos, utilizando-se a reação de imunofluorescência indireta para anticorpos anti-T. cruzi. No primeiro inquérito de 628 amostras de sangue de residentes em 142 domicílios, 12,7% foram positivas para anticorpos anti-T. cruzi; no segundo inquérito de 658 amostras de sangue de residentes em 171 domicílios, 13,7% foram positivas, confirmando os resultados anteriores. De 170 indivíduos com sorologia positiva para infecção chagásica 112 (66%) compareceram para entrevista e para exame clínico e eletrocardiográfico. Destes 82 (73,2%) submeteram-se ao xenodiagnóstico. Dos 112 entrevistados, 52 (46,4%) reconheceram o triatomíneo como "piolho da piaçava", 48 (42,8%) disseram existir em seus locais de trabalho, geralmente em piaçavais na área rural e 19(16,9%) disseram já terem sido picados pelo inseto. Dos 82 xenodiagnósticos aplicados, 2 (2,4%) foram positivos para T. cruzi. Apenas 9 (8%) dos 112 ECG realizados tinham alterações compatíveis com a doença de Chagas. As evidências demonstram que a infecção chagásica na área tem características profissionais, é transmitida pelo contato com triatomíneos silvestres e que a cepa de T. cruzi circulante é de baixa virulência e patogenicidade, possivelmente por ser silvestre e ainda não adaptada ao homem.


Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revimtsp@usp.br