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Acidentes por serpentes não-peçonhentas e acidentes por serpentes peçonhentas sem envenenamento em hospital universitário brasileiro: análise de 91 casos

Um levantamento retrospectivo de 473 casos de acidentes ofídicos admitidos em um hospital-escola brasileiro de 1984 a 1990 revelou 91 casos sem envenenamento e/ou causados por serpentes não-peçonhentas. Em 17 casos a serpente foi identificada e um paciente foi mordido por um réptil que se assemelha às serpentes (Amphisbaena mertensii). Em 43 casos o diagnóstico foi clínico (sinal das presas na ausência de sinais de envenenamento). Os demais 30 casos foram de pacientes que se queixavam de terem sido mordidos mas que não apresentavam nem sinal de envenenamnto nem marca de presa. A maioria dos acidentes ocorreu no sexo masculino (66;73%), no grupo etário de 10-19 anos (26;29%), nos membros inferiores (51/ 74; 69%), entre 6 e 14 horas (49; 61%) e no mês de abril (17; 19%). Um paciente mordido por Philodryas olfersii desenvolveu dor intensa, edema e eritema locais, com tempo de coagulação normal. O paciente mordido por Drymarcon corais foi tratado como acidente botrópico e desenvolveu reação anafilática após ter recebido soro antibotrópico. Um paciente mordido por Sibynimorphus mikanii apresentou tempo de coagulação prolongado, e também foi tratado com soro antibotrópico. Capacidade de distinguir serpentes peçonhentas de não-peçonhentas por parte dos médicos é necessária para que as vítimas de acidentes ofídicos sejam tratadas corretamente, evitando tanto que pacientes se angustiem desnecessáriamente quanto o uso de soro antiveneno não indicado, que pode, eventualmente, levar a graves efeitos indesejáveis.


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