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Transmissão oral da doença de Chagas: importância do biodema do Trypanosoma cruzi na infecção experimental intragástrica

A ocorrência de microepidemias de infecção pelo Trypanosoma cruzi atribuidas à ingestão de alimentos contaminados com excreta de vetores ou de reservatórios vertebrados, em áreas rurais chamou a atenção para este tipo não vetorial de transmissão da doença de Chagas. Considerando que cepas de diferentes biodemas se distribuem diferentemente nos ciclos silvestre e domiciliar de transmissão, a ocorrência de microepidemias predominantes em áreas próximas aos ecótopos silvestres pode estar relacionada com a cepa do parasito, tendo-se em conta a predominância do Biodema Tipo III, Z1 nestas áreas. No presente estudo foi investigada a infectividade de cepas do T. cruzi de diferentes biodemas quando inoculadas por via digestiva. Foi feita inoculação por via intragástrica (VIG) em camundongos Suíços com a cepa Peruana (Biodema Tipo I, Z2b) ou com a Colombiana (Biodema Tipo III, Z1, T. cruzi I). Para controle da infecção, camundongos foram também inoculados por via intraperitoneal (VIP). A cepa Colombiana mostrou alta infectividade e patogenicidade tanto por VIP como por VIG. A cepa Peruana apresentou alta infectividade e patogenicidade pela VIP e mostrou baixa infectividade pela VIG. A mais elevada infectividade pela VIG, da cepa Colombiana, cujo biodema Tipo III, Z1 é o mais freqüentemente encontrado nos hospedeiros silvestres, está de acordo com a ocorrência dos episódios epidêmicos registrados na literatura.


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