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Análise quantitativa das lesões cardíacas na cardiomiopatia chagásica crônica canina

As lesões observadas na cardiopatia chagásica crônica frequentemente produzem alterações eletrocardiográficas e afetam a função cardíaca. Através de uma análise morfométrica computadorizada nós quantificamos as áreas ocupadas por músculo cardíaco, tecido conjuntivo fibroso e tecido adiposo no átrio direito de cães experimentalmente infectados pelo Trypanosoma cruzi. Todos os cães infectados apresentaram miocardite crônica fibrosante com graus variáveis de redução de músculo cardíaco, fibrose e substituição por tecido adiposo. No miocárdio atrial dos cães infectados pelas cepas Be78 e Be62 foram observados 34 e 50% de músculo cardíaco, 28 e 32% de fibrose e, 38 e 18% de tecido adiposo, respectivamente. A fibrose observada era tanto difusa quanto focal e, principalmente intrafascicular interrompendo total ou parcialmente o percurso dos feixes musculares. Tais alterações histológicas provavelmente contribuiram para o surgimento dos distúrbios eletrocardiográficos verificados em 10 dos 11 cães estudados e que são comuns na cardiopatia chagásica crônica humana. De todos os achados microscópicos encontrados, a fibrose foi a mais importante por produzir rearranjos na fibras colágenas em relação aos miocardiócitos, modificando a fisionomia anatômica e o comportamento mecânico do miocárdio. Tais anormalidades estruturais podem contribuir para o surgimento à disfunção cardíaca, arritmias e à insuficiência cardíaca congestiva como verificado em dois cães analisados. A cepa Be78 produziu uma destruição de músculo cardíaco atrial estatisticamente superior à induzida pela cepa Be62.


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