Acessibilidade / Reportar erro

Isolados de Paracoccidioides brasiliensis obtidos de pacientes com doença crônica e aguda exibem diferenças morfológicas após passagem animal

Os mecanismos de virulência em Paracoccidioides brasiliensis não estão totalmente esclarecidos. Há um consenso que subcultivos sucessivos de P. brasiliensis acarretam a perda de sua patogenicidade que pode ser revertida pelo reisolamento do agente após passagem animal. As propriedades morfológicas e bioquímicas que são recuperadas ou demonstradas após passagem animal podem fornecer novas informações quanto a fatores relacionados à patogenicidade e virulência de P. brasiliensis. Nós avaliamos características morfológicas: porcentagem de células brotantes, número de brotamentos por célula e determinação do diâmetro de 100 células-mãe em 30 isolados de P. brasiliensis, antes e após passagem animal. Os isolados foram obtidos de pacientes com diferentes formas clínicas de paracoccidioidomicose (PCM): forma aguda (grupo A n=15) e forma crônica (grupo C n=15). A mensuração do tamanho das células foi feita em microscópio óptico Olympus CBB acoplado com régua micrométrica. Nós medimos o maior eixo transversal e longitudinal de 100 células viáveis de cada preparação. A porcentagem de células brotantes bem como o número de brotamentos por célula não foram influenciados pela passagem animal independente da origem da amostra (grupo agudo ou crônico). Os valores dos tamanhos dos isolados de P. brasiliensis dos grupos A e C medidos antes e após passagem animal exibiram o mesmo comportamento. Após passagem animal, houve diferenças estatisticamente significativas entre o tamanho das células de P. brasiliensis isolados a partir de testículos inoculados com amostras dos grupos A e C. O diâmetro máximo das células mãe dos isolados do grupo A exibiram tamanho de 42.1<FONT FACE="Symbol">m</font>m, em contraste com 32.9<FONT FACE="Symbol">m</font>m exibidos pelas células mãe do grupo C (p<0.05). O diâmetro de 1500 células do grupo A exibiram tamanho médio de 16.0<FONT FACE="Symbol">m</font>m (SD ± 4.0), valor significativamente maior que 14.1<FONT FACE="Symbol">m</font>m (SD ± 3.3) exibidos pelas 1500 células do grupo C (p<0.05). Nossos resultados confirmam o polimorfismo exibido por P. brasiliensis em amostras biológicas e reforça a necessidade de mais investigações com o objetivo de elucidar o papel que parâmetros morfológicos do fungo possam assumir na história natural da doença.


Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revimtsp@usp.br