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Peçonhas de cobras corais: modo de ação e fisiopatologia do envenenamento experimental

As cobras corais são os representantes da família Elapidae nas Américas. Classificam-se em dois gêneros Micruroides e Micrurus. O gênero Micrurus compreende a quase totalidade das espécies de cobra coral e todas as que causam acidentes no homem. Podem-se fazer as seguintes generalizações quanto aos efeitos produzidos por suas peçonhas e a algumas propriedades destas. As peçonhas das cobras corais são neurotóxicas, causando perda da força muscular e morte por paralisia respiratória. Não provocam edema local e necrose assim como não produzem coagulação sanguínea ou hemorragias. A atividade proteolítica das peçonhas de cobras corais é pequena ou nula. Exercem atividade fosfolipase A2. Não induzem efeitos nefrotóxicos. Os componentes tóxicos da peçonha das Elapidae são as neurotoxinas pré-sinápticas, as neurotoxinas pós-sinápticas, as cardiotoxinas e fosfolipases A2 com atividade mionecrótica ou semelhante à das cardiotoxinas. O modo de ação das peçonhas de Micrurus frontalis, M. lemniscatus, M. corallinus e M. fulvius foi investigado em preparações neuromus-culares isoladas e é aqui exposto. Mostra-se que enquanto as peçonhas de M. frontalis e M-lemniscatus devem conter apenas toxinas que atuam através de ligação com os receptores co-linérgicos da placa terminal (neurotoxinas pós-sinápticas), a de M. corallinus atua também na junção neuromuscular inibindo a liberação de acetilcolina pelos impulsos nervosos e a de M. fulvius induz despolarização da membrana das fibras musculares. Relatam se também os efeitos produzidos pelas peçonhas de M. corallinus e M. fulvius in vivo em cães e os provocados pela peçonha de M. frontalis em cães e macacos.


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