Soros de 299 pescadores de 18 a 80 anos de idade, residentes nos municípios de Iguape e Cananéia, região sul do Estado de São Paulo, foram estudados com o objetivo de identificar uma possível associação entre a prevalência de anticorpos específicos para a hepatite B e a exposição a mosquitos hematófagos, avaliada indiretamente pela prevalência de anticorpos de arbovírus. Esse grupo profissional apresentou, em pesquisas anteriores nessa área extensamente coberta por mata, a mais alta prevalência de anticorpos de arbovírus (54,1%). Utilizou-se teste imunoenzimático para detecção de anti-HBc e HBs Ag. Em 31,4% dos soros estavam presentes anticorpos anti-HBc, proporção significativamente mais alta que as detectadas em adultos sadios examinados no Estado de São Paulo (7,2% a 15,0%). HBs Ag foi observado em 4% dos soros examinados. As prevalências de anticorpos de arbovírus e hepatite B aumentaram significante-mente com a idade (p < 0,05), ocorrendo concordância na distribuição das freqüências segundo idade entre os soros positivos para hepatite B e para arbovírus. Os resultados sugerem uma forma semelhante de transmissão desses agentes apoiando a hipótese da transmissão de hepatite B por mosquitos antropofílicos.