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Acidentes por serpentes Crotalus durisssus ssp em crianças em Campinas, São Paulo, Brasil

De janeiro de 1984 a março de 1999, 31 crianças com menos de 15 anos de idade (1 a 14 anos, mediana = 8 anos) foram admitidas após terem sido picadas por Crotalus durissus ssp. Uma criança não apresentou manifestações clínicas de envenenamento, enquanto 3 foram classificadas como acidente leve, 9 como moderado e 18 como grave. A maioria das crianças apresentou envolvimento neuromuscular, tais como ptose palpebral (27/31), mialgia (23/31) e fraqueza (20/31). Alterações laboratoriais sugerindo rabdomiólise também foram observadas, como aumento das enzimas séricas CK (28/29) e LDH (25/25) e mioglobinúria (14/15). As principais manifestações locais observadas foram edema discreto (20/31) e eritema (19/31). Alterações da coagulação, antes da administração da soroterapia antiveneno (SAV), foram observadas em 20 das 25 crianças que receberam a SAV exclusivamente em nosso hospital (sangue incoagulável em 17/25). Reações precoces à SAV foram observadas em 20 destes 25 casos, em todos os pacientes não pré-tratados (N = 9) e em 11 dentre os 16 pré-tratados com antagonistas H1 e H2 da histamina e hidrocortisona. Não foram constatadas diferenças estatísticas significativas comparando-se a freqüência de reações precoces à SAV entre os grupos que receberam ou não o pré-tratamento (teste exato de Fisher, p = 0,12). Pacientes atendidos com menos ou mais de 6 horas após o acidente apresentaram o mesmo risco quanto a evolução para casos graves (teste exato de Fisher, p = 1), não se observando complicações graves no 1º grupo (< 6 h), enquanto 3/6 admitidos mais de 6 horas após a picada evoluíram com insuficiência renal aguda. Pacientes picados na perna apresentaram um maior risco de desenvolver acidentes graves (teste exato de Fisher, p = 0,04). Houve uma associação significativa entre os níveis séricos das enzimas CK e LDH total e gravidade (teste U de Mann-Whitney, CK, p < 0,001; LDH, p < 0,001). Nenhum óbito foi registrado.


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