O perfil nosológico brasileiro tem passado por profundas modificações. Algumas devem-se às grandes campanhas de imunização e a tendências demográficas e socioeconômicas. Outras são puramente nosológicas, tal como o surgimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Este estudo de demanda descreve como estas alterações refletiram-se nas 8.630 admissões de uma Enfermaria de Doenças Infecciosas em Niterói, Brasil, durante trinta anos. As endemias rurais brasileiras foram infreqüentes (3,45%). Os homens predominaram (62%) todo o tempo, em todas as faixas etárias e em todas as doenças. Crianças menores de quinze anos predominaram até 1983. Houve, no caso do tétano, importante elevação das faixas etárias acometidas. A mortalidade institucional caiu de 31% em 1965 para 10% em 1984, voltando a subir para 15% em 1994. Entretanto, se os pacientes com SIDA não forem computados, a mortalidade mantém-se em declínio até o final do período de estudo (8%). A progressiva desimportância das doenças imunopreveníveis esteve em paralelo com a crescente proeminência da SIDA. Em menos de uma década, a SIDA atingiu o quinto lugar entre as doenças mais freqüentes durante todos os trinta anos do período estudado. Ao contrário das doenças imunopreveníveis, as meningoencefalites e as pneumonias mantiveram-se estáveis. A SIDA, pela sua incidência exponencial, pelo seu caráter crônico, e pelas incontáveis infecções oportunistas que determina, impõe-se como um desafio para os próximos anos.