Dois grupos de pacientes em tratamento hemodialítico foram avaliados quanto às respostas de anticorpos contra as proteínas não estrutural c100/3 (anti-c100/3) e estrutural core (anti-HCV core) do vírus da hepatite C (HCV). Quarenta e seis pacientes (Grupo 1) nunca apresentaram alterações dos níveis de alanina aminotransferase (ALT) durante o tratamento hemodialítico, ao passo que 52 pacientes (Grupo 2) têm ou já tiveram elevações desta enzima hepática. Em pacientes sem alterações bioquímicas evidentes (Grupo 1) foram encontradas prevalências de 32.6% e 41.3% para anti-c100/3 e anti-HCV core, respectivamente. No Grupo 2, estas prevalências foram de 71,15% e 86,5%. Um teste composto de peptídeos estruturais e não estruturais imobilizados separadamente e dispostos em bandas paralelas em fitas de nailon, foi usado como teste confirmatório. A infecção pelo HBV, avaliada pela presença de anticorpos anti-HBc foi observada em 39.8% dos pacientes; 6 eram portadores crônicos de HBsAg e 13 possuiam anti-HBs adquiridos naturalmente. O tempo de tratamento hemodialítico teve correlação com a positividade para anti-HCV. A prevalência de 96,7% (Grupo 2) foi encontrada em pacientes que tiveram mais de 5 anos de tratamento. Nossos resultados sugerem que o anti-HCV core é um marcador mais preciso para detectar a infecção pelo HCV do que o anti-c100/3. Apesar dos riscos associados com a duração do tratamento e transfusões sanguíneas, uma significante disseminação não transfusional do HCV parece ocorrer dentro da unidade. A identificação de pacientes infectantes por métodos sensíveis como a detecção do genoma viral deverá auxiliar no controle da transmissão do HCV na unidade em estudo.