Resumo
O presente trabalho objetiva analisar, do ponto de vista do feminismo decolonial, a luta das mulheres quilombolas pelo reconhecimento de seus territórios ancestrais. O feminismo decolonial se manifesta no contexto da América Latina, dando visibilidade às suas representações subalternas, às mulheres latino-americanas, afrodescendentes, mestiças e indígenas, e neste cenário se enquadram também as mulheres quilombolas. No Brasil, as teorias e práticas decoloniais se desenham em discussões teóricas realizadas por teóricas mais clássicas, como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro e contemporâneas, como Carla Akotirene, com a finalidade de abordar temas que mais se aproximam da realidade das mulheres brasileiras. Os fenômenos que dão suporte às teorias são vislumbrados pelas lutas cotidianas das mulheres negras, sobretudo as quilombolas, por direito ao reconhecimento de seus territórios - denegado pelo Estado e que potencializa as diversas violências, incluindo as de gênero. Estas práticas são protagonizadas por lideranças quilombolas no contexto privado e público e correspondem à noção de empoderamento feminino vinculado ao contexto coletivo. Para a análise da aplicação das teorias e dos fenômenos, foi utilizado o método dedutivo e como procedimentos metodológicos, a revisão bibliográfica e a análise de dados e documentos disponíveis. Conclui-se que o feminismo decolonial deve cada vez mais observar mais os fenômenos do que as teorias e que as resistências femininas no e pelo território quilombola passam por lutas pelo reconhecimento das identidades de gênero no intuito de mitigar as violências sobrepostas.
Palavras-chave:
Feminismo decolonial; Mulheres quilombolas; Território; Resistência