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Como morreu Althusser? Ensaio sobre marxismo e Serviço Social

How did Althusser die? An essay on marxism and social work

Resumo

Este artigo objetiva revisitar o processo de crítica às ideias do marxista francês Louis Althusser no âmbito da história do Serviço Social brasileiro, centrando-se na construção da história dos fundamentos teórico-metodológicos da profissão. O recorte metodológico foram as literaturas das décadas de 1980 e 1990 que se tornaram mais influentes nas décadas seguintes na formação teórico-metodológica profissional, das quais coincidem com o período central de crítica das ideias althusserianas no Serviço Social e afirmação do que posteriormente se consolidou como discurso oficial acerca do seu pensamento. Os principais resultados apontam para uma aproximação enviesada das ideias de Althusser e para uma ausência de crítica direta e sistemática ao seu pensamento no âmbito do Serviço So cial brasileiro.

Palavras-chave:
Serviço Social; Althusser; Marxismo; Fundamentos teórico-metodológicos

Abstract

This article aims to revisit the process of critiquing the ideas of the French Marxist Louis Althusser in the context of the history of Brazilian Social Work, focusing on the construction of the history of the theoretical-methodological foundations of the profession. The methodological framework was based on the literature of the 1980s and 1990s, which became more influential in the subsequent decades in the professional theoretical-methodological formation. This period coincides with the central phase of criticism of Althusserian ideas in Social Work and the affirmation of what later became the official discourse regarding his thinking. The main results indicate a biased approach to Althusser's ideas and an absence of direct and systematic criticism of his thinking within the scope of Brazilian Social Work.

Keywords:
Social Work; Althusser; Marxism; Theoretical-methodological foundations

Introdução

O essencial da educação para Lukács (2015, pLUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2015.. 131) “consiste em influenciar os homens no sentido de reagirem às novas alternativas de vida do modo socialmente intencionado”. Da educação no sentido amplo, como acima entendida, à educação enquanto ensino institucionalizado, tal como ocorre no Serviço Social desde pelo menos 1936, não há uma ruptura. O essencial da educação permanece. Sendo assim, ao formar quadros profissionais mediante o ensino acadêmico, a educação em Serviço Social resulta necessariamente na construção de uma disposição apropriada, inicialmente ao discente e, posteriormente, ao pesquisador e/ou profissional. Ou seja, uma disposição prévia que prepara não somente para a prática profissional e aos problemas da realidade com que deve se defrontar na condição de profissional. Que diz respeito, igualmente, àquele momento em que os “acontecimentos e às situações novas e imprevistas” (Lukács, 2015, pLUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2015.. 130) são encontrados no processo da pesquisa e aos “fatos” que são (re)descobertos, (re)analisados e refletidos neste processo. Em outras palavras, estes acontecimentos e situações novas pode tratar-se de novos fatos, novas reflexões e/ou novas interpretações, tanto no âmbito da prática profissional quanto na pesquisa acadêmica. O importante de conservar aqui é que mesmo essas novidades devem ser interpretadas à luz destas predisposições aprendidas no processo formativo.

Mesmo que estejamos habituados a olhar de outro modo, a educação em Serviço Social nos propicia, ao invés da história da profissão, uma história ou várias histórias, por vezes baseada nos mesmos fatos históricos, porém interpretadas e apresentadas de maneiras diferentes. Isso não significa que não haja uma história hegemônica, reconhecida como verdadeira ou ao menos mais apropriada. A preocupação que tenho neste texto diz respeito a uma história do que se consolidou como os fundamentos teórico-metodológicos do Serviço Social e é assim transmitida no processo educativo da formação acadêmica e profissional. Mais precisamente, ao modo como esta história foi construída e se consolidou entre nós. Com isso quero dizer, portanto, que não é qualquer história dos fundamentos teórico-metodológicos do Serviço Social que nos chega, mas uma determinada história. Apesar da pretensão de totalização, esta história é contada permitindo e omitindo, evidenciando ao mesmo tempo que escondendo, tal como é próprio da própria operação da pesquisa histórica (Certeau, 2023CERTEAU, M. A história, ciência e ficção. In: História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2023.).

No presente artigo pretendo tratar de um personagem que se encontra hoje já em fase de esqueletização na história dos fundamentos teórico-metodológicos da profissão no Brasil: o marxista francês Louis Althusser. Seria errôneo dizer que ele e suas ideias foram esquecidas, afinal permanecem vivas nas nossas lembranças, nos manuais e pelas obras que se tornaram referência obrigatória em Serviço Social, sobretudo aquelas sobre teoria ou história profissional. Mas trata-se de uma lembrança que era preferível esquecer, uma mancha ou, na melhor das hipóteses, uma imaturidade dos nossos fundamentos. Quem pensa, no Serviço Social, em Althusser com um autor que mereça hoje algum crédito? Por que então escrever sobre um autor que a história profissional já se incumbiu de ferrar com as marcas de “deturpador”, “positivista”, “determinista”, exatamente para que não esqueçamos de que se trata de um erro por imaturidade teórica do nosso passado?

A pergunta “Como morreu Althusser?”, parece, assim, uma perda de tempo. Afinal, por que tratar de alguém que já está morto? Não basta saber que suas ideias morreram na década de 80 e foram completamente enterradas na década seguinte? Não é suficiente qu e na sua lápide esteja escrito: representante do marxismo sem Marx, do neopositivismo ou representante do marxismo oficial? Mas a verdade é que a única coisa que justifica aquela pergunta é se ousarmos levantar a hipótese de que a sua resposta se tornou banal em decorrência da educação recebida, da qual ensinou-nos a tomar como dada a sua morte. Entre nós, tal educação ensinou que através de alguns autores a história se “mostra” e não enquanto uma história que é “contada” (Certeau, 2023, pCERTEAU, M. A história, ciência e ficção. In: História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2023.. 52). Essa narrativa histórica foi e é efetiva, produzindo “crentes” e “praticantes” (Certeau, 2023, pCERTEAU, M. A história, ciência e ficção. In: História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2023.. 53), e reflexos condicionados (Lukács, 2015LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2015.) ao nível do saber e da pesquisa. Citá-la, antes de constituir uma operação esclarecida de pesquisa, constitui um meio de legitimação, de fornecer credibilidade ao que vem antes ou depois. Se alguém busca hoje legitimidade acadêmica no interior do Serviço Social certamente não encontrará nas ideias de Althusser, a não ser que seja para pisar ainda mais na grossa camada de terra que foi colocada sobre o seu túmulo, reforçando a sua morte.

Inserida no campo de discussão mais amplo da relação entre marxismo e Serviço Social, nesta pesquisa busquei identificar na história do Serviço Social brasileiro como Althusser passou de um interlocutor central entre a intelectualidade profissional para um renegado. Ou seja, ao invés de aceitar a sua insuficiência como dada, me questiono acerca de como esta avaliação e crítica se deu entre nós. Como, portanto, Althusser se tornou somente um momento da história do Serviço Social, momento que parece não merecer qualquer interesse próprio a não ser o de ter possibilitado dar à luz aos verdadeiros marxismos de Lukács e Gramsci.

Para investigar esta hipótese, percorri as produções com maior repercussão profissional elaboradas nas décadas de 1980 e 1990 em Serviço Social, dedicadas ao debate teórico-metodológico. A pesquisa, portanto, foi delimitada tanto no tempo quanto na literatura desse período. Não pretendi, assim, realizar um inventário das produções em Serviço Social sobre Althusser, que se basearam ou mesmo aliaram-se às suas ideias, nem mesmo uma revisão exaustiva de todos os modos com que elas foram tratadas. Procurou-se tão somente investigar as produções de maior impacto posterior dentro dos fundamentos teórico-metodológicos da profissão.

Althusser e os fundamentos teórico-metodológicos do Serviço Social

Primeiramente, deve-se reconhecer que é especialmente entre a segunda metade da década de 1960 e a primeira metade da década seguinte que Althusser alcança o lugar mais alto no interior do marxismo, tornando-se referência internacional (Hobsbawm, 2011HOBSBAWM, E. Como mudar o mundo: Marx e o marxismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.). Este lugar lhe é reservado também na América Latina a partir da década de 1960 (Hobsbawm, 2011HOBSBAWM, E. Como mudar o mundo: Marx e o marxismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.) onde o estruturalismo marxista francês alcança o lugar de “ideologia hegemônica para toda uma geração que buscou sua própria realização política através do caminho do voluntarismo mais extremado” (Portantiero, 1983, pPORTANTIERO, J. C. O marxismo latino-americano. In: HOBSBAWM, E. (org.). História do marxismo: o marxismo hoje (primeira parte). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.. 353).

No interior da onda estruturalista francesa que também chega até nós, no cenário brasileiro as ideias de Althusser são introduzidas tanto pela via das organizações políticas, em especial da Ação Popular, mas principalmente por meio de alguns intelectuais de esquerda, situados centralmente na cidade do Rio de Janeiro, dos quais tinham predominantemente uma formação filosófica, com preocupações voltadas à epistemologia. Nesse contexto, a revista Tempo Brasileiro ocupa um lugar privilegiado na divulgação das ideias althusserianas e dos debates travados em seu entorno. Os principais representantes das ideias de Althusser no Brasil, ou ao menos que tiveram interesse em divulgar o seu pensamento, eram Carlos Henrique Escobar, João Quartim de Moraes, Eginardo Pires, Cabral Bezerra Filho, Alberto Coelho de Souza e Marco Aurélio Luz (Saes, 1998SAES, D. Impacto da teoria althusseriana da História na vida intelectual brasileiro. In: MORAES, J. Q. História do marxismo no Brasil: teorias. interpretações. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1998.; Motta, 2017MOTTA, L. E. A recepção de Althusser no Brasil: o grupo da Revista Tempo Brasileiro. Revista Novos Rumos, n. 54, v. 1. 2017.), formando um grupo que Saes (1998)SAES, D. Impacto da teoria althusseriana da História na vida intelectual brasileiro. In: MORAES, J. Q. História do marxismo no Brasil: teorias. interpretações. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1998. chamou de “Tempo Brasileiro”1 1 O mais profícuo em termos de produções sobre o pensamento de Althusser, dentre estes, era Escobar, publicando inclusive livros sobre as suas ideias. .

Acerca dessa divulgação das ideias de Althusser, cabe salientar que as suas obras chegaram ao Brasil já no final de 1966, como é o caso de Pour Marx e Lire le Capital, que haviam sido publicadas no ano anterior, sendo lançada uma edição brasileira da primeira já em 1967 pela editora Zahar do Rio de Janeiro (Motta, 2017MOTTA, L. E. A recepção de Althusser no Brasil: o grupo da Revista Tempo Brasileiro. Revista Novos Rumos, n. 54, v. 1. 2017.; Escobar, 2011ESCOBAR, C. H. Quem tem medo de Louis Althusser. Achegas.net Revista de Ciência Política, n. 44. 2011. Disponível em: http://www.achegas.net/numero/44/carlos_escobar_44.pdf. Acesso em 29 nov. 2023.
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).

É nesse contexto internacional, regional e nacional que as ideias de Althusser são introduzidas no Serviço Social. Mas antes de buscar alguma resposta para como estas ideias foram mortas, é prudente dar um passo atrás e se certificar de que elas realmente morreram. É verdade que alguns ainda atualmente consideram que Althusser tem algo de relevante a dizer, principalmente sobre o Estado e seus aparelhos ideológicos2 2 Para citar alguns trabalhos recentes, de maneira aleatória, mas publicados em periódicos conceituados na área e com objetos diversos, conferir Bastos (2014), Ferreira e Aguinsky (2013), Sierra e Veloso (2015) e Santos (2022). . Quando nos voltamos, no entanto, para os fundamentos teórico-metodológicos da profissão e para sua história em um sentido mais amplo, sua morte há muito tempo foi decretada, tendo sido incorporada nas produções acadêmicas como parte integrante do processo evolutivo da profissão no campo teórico3 3 Neste caso os exemplos são abundantes: Tavares (2013), Castro (2013), Ferrarez (2018), Moura (2019), Batistoni (2019), Silva (2020) e Silva et al. (2022), para ficar somente em alguns trabalhos mais recentes. .

Olhar para o nosso século em busca de respostas não se mostra apropriado se quisermos entender como esta compreensão da história tornou-se oficial. É preciso voltar para o final do século XX. Especialmente à Netto, em especial sua Ditadura e Serviço Social, de Iamamoto, sobretudo em Serviço Social na Contemporaneidade e, especialmente, ao trabalho de Quiroga, Uma invasão às ocultas, todos de finais da década de 80. Com estas obras se fortalece e posteriormente se consolida alguns pilares para compreensão da história da relação entre marxismo e Serviço Social:

1. Existiriam dois momentos de apropriação do marxismo na profissão: um primeiro “enviesado”, com presença de intérpretes não confiáveis de Marx e a quase ausência das obras do próprio Marx; com influências positivistas e neopositivistas, tendo em Althusser um dos interlocutores centrais; e outra, que superaria criticamente esta aproximação inicial, mediante uma aproximação diretamente a obra de Marx e a interlocução com um marxismo mais fiel ao seu pensamento;

2. Não haveria, assim, uma linearidade na aproximação ao marxismo, mas uma história de que possui rupturas (ou busca por rupturas), sem perder, no entanto, seu caráter progressivo mediante a superação de apropriações anteriores.4 4 Além dos trabalhos que cito a seguir, sobre estas duas bases sobre a história teórico-metodológica profissional, ver Yazbek (2009), Iamamoto (2006, 2010, 2018), Lara (2009), Souza (2010), para citar somente alguns.

Olhando para o debate em torno de Althusser no Serviço Social brasileiro, no âmbito teórico-metodológico, a incorporação mais relevante das suas ideias neste período talvez seja a realizada pela proposta da Escola de Belo Horizonte (Iamamoto, 2018IAMAMOTO, M. Marxismo e Serviço social: uma aproximação. Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 18, n. 2, p. 204–226, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/libertas/article/view/18603/9729. Acesso em: 29 nov. 2023.
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), ademais do seu caráter inaugural no Serviço Social brasileiro de modo mais sistemático e evidenciado. Esta incorporação, no entanto, é marcada pela busca de uma instrumentalização da teoria para política, em específico a construção de estratégias e táticas a serem transportadas para a prática profissional, em um contexto de busca por uma ruptura com o Serviço Social tradicional. Tal incorporação ocorreu pela influência de Leila Lima Santos, pós-graduada em Sociologia do Trabalho na Universidade de Paris, tendo cursado seminários de Althusser, bem como a partir da influência do movimento de reconceituação nos países de língua hispânica, sobretudo das universidades chilenas (Batistoni, 2019BATISTONI, M. O projeto da Escola de Serviço Social de Belo Horizonte – 1960-1975: uma reconstrução histórica. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 136, p. 538-558, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLRKdpcgV5TTY6Ff7y/?format=pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.
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). Verifica-se, assim, uma apropriação particular das obras e do pensamento althusseriano. Marta Harnecker teve papel central enquanto intérprete de Althusser ao Serviço Social e para a Escola de Belo Horizonte segundo Batistoni (2019)BATISTONI, M. O projeto da Escola de Serviço Social de Belo Horizonte – 1960-1975: uma reconstrução histórica. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 136, p. 538-558, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLRKdpcgV5TTY6Ff7y/?format=pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.
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5 5 “As ideias althusserianas se afirmaram por essa via pelo recurso a teses de sua discípula Marta Harnecker” (Batistoni, 2019, p. 552). Reflexo da importância assumida a nível de América Latina, em especial o seu manual intitulado Os conceitos elementares do materialismo histórico (Portantiero, 1983). . Isso é significativo na medida em que em A relação ‘teoria-prática’ no trabalho social: método BH a referência que aparece exposta na bibliografia é a de Harnecker e não de Althusser.

Tivemos, então, um althusserismo sem Althusser no Serviço Social? Essa é uma das problemáticas centrais na investigação sobre a presença das ideias de Althusser no Serviço Social brasileiro.

Netto (2005)NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2005. defende que uma das marcas da perspectiva de intenção de ruptura em seus momentos iniciais, sobretudo enquanto predominavam as elaborações do grupo de Belo-Horizonte, seria o “epistemologismo”, proveniente em especial da apropriação da obra de Althusser (Netto, 2005NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2005.). A questão que parece pertinente de ser indagada diz respeito à qualidade dessa apropriação, considerando que até aquele momento não imperava um rigor teórico como prática hegemônica no interior da produção profissional, como atesta a própria apropriação da fenomenologia e do marxismo neste momento (Cf. Netto, 2005NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2005.) — constatação também de Carvalho (1986)CARVALHO, A. M. P. O projeto da formação profissional do assistente social na conjuntura brasileira. Cadernos ABESS, vol. 1, 1986.. Este é um aspecto importante do problema, do qual é próprio das debilidades teórico-metodológicas do debate profissional na época em relação ao pensamento marxista e marxiano. Em que medida estas debilidades dizem também respeito aos meios de apropriação das ideias de Althusser e a qualidade mesma da sua leitura é um problema que ainda permanece sem a devida atenção.

Um sintoma deste problema e que nos leva ainda a um outro pode ser exemplificado na obra Metodologia e ideologia do trabalho social, de Vicente de Paula Faleiros (1997)FALEIROS, V. P. Metodologia e ideologia do trabalho social. São Paulo: Cortez, 1997.. Também o autor deixa suas impressões acerca do pensamento althusseriano e auxilia na construção do imaginário acadêmico-profissional sobre ele e, consequentemente, acerca do seu lugar na história profissional. No tratamento da ciência e do conhecimento científico por Faleiros vê-se uma exposição profundamente eclética, mobilizando uma série de referências que vão desde Marx, Goldmann, Sartre, Hegel, Althusser até Canguilhem, Bachelard, Feyerabend, Kuhn, passando por autores como Robert Havemann e Geymonat Ludovico (que discute a filosofia da ciência a partir do neopositivismo e do marxismo). No entanto, dado que Faleiros não dedica um tratamento sistemático à concepção desses autores, em específico a particularidade das suas ideias e as possibilidades de articulação, a obra, no tratamento do tema, aparece como uma mescla de autores. A posição a respeito de Althusser, por exemplo, é pouco apresentada e, considerando o destino de Althusser no Serviço Social e a importância de Faleiros no debate profissional, isso tem impactos significativos. O pensamento althusseriano, quando apreendido diretamente, é apropriado em meio a um conjunto indistinto de perspectivas teóricas, marxistas ou não, prescindindo de uma exposição aprofundada e que enuncia suas particularidades teóricas. Ou seja, mesmo quando há uma apropriação aparentemente direta de Althusser, a qualidade da apresentação das suas ideias e a sua articulação aos problemas profissionais está longe de ser exemplar.

A partir do debate sobre metodologia no âmbito do Serviço Social em finais da década de 80, conforme verifica-se no texto Ensino de metodologia nos cursos de Serviço Social (ABESS, 1989ABESS. O ensino de metodologia nos cursos de Serviço Social. In: ABESS. A metodologia no Serviço Social. Cadernos ABESS, 1989.), se hoje é comum os discursos que estão fora marxismo oficial serem lançados no universo comum da pós-modernidade, este tipo de exercício reflexivo limitado já é parte da história intelectual do Serviço Social, mas ao invés da pós-modernidade, o positivismo era a bola da vez, sendo que neste grande universo cabia desde a “vertente empiricista norte-americana” até o marxismo vulgar e o tão criticado Althusser. Acresce-se a isso a ideia de que estas vertentes são funcionais à sociedade burguesa, por um lado, e à parca tradição intelectual do Serviço Social até aquele momento, de outro, e tem-se como resultado o próprio esquecimento deste universo (com tudo aquilo que ele abarca nesta concepção) na vala comum do conservadorismo na história do Serviço Social. Esse exercício discurso, tido como uma “análise crítica”, foi em grande medida o tom que se consolidou no debate em torno do pensamento de Althusser no Serviço Social.

Observe-se, por exemplo, Uma invasão às ocultas, de Quiroga (1989)QUIROGA, C. Uma invasão às ocultas: reduções positivistas no marxismo e suas manifestações no ensino da metodologia no serviço social. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 1989., quanto às pretensões desta pesquisa e o seu efetivo resultado. Segundo a autora, as reduções positivistas no marxismo são provenientes sobretudo de Bernstein e Plekhanov. Sobre as “manifestações no ensino da metodologia no Serviço Social”, apesar de Politzer, Harnecker e Althusser serem apontados como os intermediadores no processo formativo dos docentes que ministram a disciplina de metodologia no Serviço Social, as principais referências utilizadas são autores como Gramsci, Karel Kosik ou Bachelard, ou seja, nenhum Bernstein ou Plekhanov ou outro nome do “marxismo positivista”, como Althusser.

Quanto aos autores citados anteriormente, sobretudo Althusser, não há uma linha explicativa mais sistemática do caráter positivista do seu pensamento, apenas a acusação proveniente da sua divisão da obra marxiana e do “epistemologismo” decorrente. Em relação, enfim, ao ensino, o objetivo inicial da pesquisa é esquecido, dado que a própria noção de positivismo some das análises das entrevistas — base documental privilegiada pela autora. A autora critica muito mais o não dito pelos docentes acerca do marxismo do que propriamente o caráter positivista das suas exposições. O título Uma invasão às ocultas: reduções positivistas no marxismo e suas manifestações no ensino da metodologia no Serviço Social está longe de representar o conteúdo do trabalho de Quiroga.

No entanto, os efeitos desse trabalho na história do marxismo no Serviço Social, em especial acerca do debate teórico-metodológico, são inegáveis. Suas teses principais são reproduzidas posteriormente em trabalhos que se tornaram, por sua vez, referência em Serviço Social (Cf. Santos, 2000SANTOS, J. S. Neoconservadorismo pós-moderno e Serviço Social brasileiro. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.; Montaño, 2007MONTAÑO, C. A natureza do Serviço Social: Um ensaio sobre a gênese, a “especificidade” e a sua reprodução. São Paulo: Cortez, 2007.), fortalecendo, assim, a assimilação das ideias de Althusser ao positivismo sem que tenha havido qualquer análise mais acurada do seu pensamento. Ou seja, o artifício da inserção das ideias de Althusser neste difuso campo do positivismo constitui ainda atualmente uma das marcas da história profissional, sem que esta ligação tenha sido demonstrada no interior da literatura profissional.

Nesse aspecto, me volto principalmente ao modo como a crítica, quando existente, ao pensamento de Althusser é construída. O mesmo exercício reflexivo, se bem que com a preocupação em delimitar o essencial entre o marxismo que defende e o de Althusser, verifica-se em Ditadura e Serviço Social de Netto. Segundo ele, “diluindo as dimensões ontológicas originais da fonte marxiana”, Althusser, defende Netto (2005, pNETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2005.. 283), “indica a hipoteca (neo)positivista que pesa sobre esse epistemologismo”. Note-se como Netto constrói a defesa da sua própria posição não somente pela crítica, mas pela exclusão mediante a assimilação ao campo do neopositivismo. O resultado é o de que qualquer reflexão não pautada na interpretação lukacsiana do pensamento de Marx é lançada na vala comum do neopositivismo. Visão que já encontramos em outros escritos de Netto do período — ver Netto (1986)NETTO, J. P. Teoria, método e história na formação profissional. Cadernos ABESS, v. 1, 1986. — a partir da sua concepção de duas matrizes fundamentais do conhecimento social, uma positivista e outra marxista, em que esta última é, por sua vez, dividida indiretamente entre um marxismo legítimo (no que diz respeito à fidelidade às ideias marxianas) e um outro ilegítimo, em que, evidentemente, Althusser encontra-se nesta última opção.

Por fim, em O debate contemporâneo da reconceituação do Serviço Social, Iamamoto apresenta, como é de praxe no Serviço Social, o desenvolvimento do marxismo na profissão enquanto um processo evolutivo. Referindo-se aos condutos teóricos da aproximação do Serviço Social à tradição marxista, defende que

Ela não foi orientada para as fontes clássicas e contemporâneas, abordadas com uma explícita preocupação teórico-crítica. Deu-se predominantemente por manuais de divulgação do “marxismo oficial”. Aliou-se a isso a contribuição de autores “descobertos” pela militância política, como Lênin, Trotsky, Mao, Guevara — cujas produções foram seletivamente apropriadas, numa óptica utilitária, em função de exigências prático-imediatas, prescindindo-se de qualquer avaliação crítica. A esse universo teórico eclético, soma-se, ainda, pela via predominantemente acadêmica, rudimentos do estruturalismo marxista de Althusser, em especial suas análises dos “aparelhos ideológicos do Estado” e seu debate sobre a “prática teórica” (Iamamoto, 2000, pIAMAMOTO, M. O debate contemporâneo da reconceituação do Serviço Social: ampliação e aprofundamento do marxismo. In: O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2000.. 211, grifo nosso).

Para em seguida defender que, na superação da herança do movimento de reconceituação, os dois grandes âmbitos de ruptura se deram “na crítica marxista do próprio marxismo e dos fundamentos do conservadorismo assim como no redimensionamento das interpretações históricas da profissão” (Iamamoto, 2000, pIAMAMOTO, M. O debate contemporâneo da reconceituação do Serviço Social: ampliação e aprofundamento do marxismo. In: O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2000.. 218, grifo nosso). Chama a atenção, em primeiro lugar, o fato de que, conforme colocado pela autora, não houve uma busca por uma apropriação teórico-crítica desses autores, incluindo Althusser. Ademais, no caso desse último, sua apropriação foi feita somente de modo parcial, a partir de “rudimentos” do seu pensamento. Ou seja, retorna-se ao problema do modo e da qualidade da apropriação das ideias de Althusser no Serviço Social. Em segundo lugar, é necessário se questionar: quando e onde houve, na literatura do Serviço Social brasileiro, a crítica ao marxismo de Althusser, mas também de Lênin, Trotsky, Mao e Guevara? A realidade ainda atual é a de que não temos um balanço no âmbito do Serviço Social brasileiro acerca de Lênin, Trotsky, Mao, Guevara e do estruturalismo marxista de Althusser. O debate se limitou aos termos da própria apropriação do marxismo destes autores no âmbito profissional, ou seja, permaneceu limitado, quando muito, aos interlocutores do próprio Serviço Social, não alcançando o que deveriam ser suas fontes originais. Isso levanta uma hipótese que extrapola a questão acerca da morte de Althusser mediante a ampliação para outros “marxismos” esquecidos.

Ao contrário de como tem sido contada a história do marxismo no Serviço Social, quando olhamos para a história mais ampla marxismo a partir de certos referenciais (Hobsbawm, 2011HOBSBAWM, E. Como mudar o mundo: Marx e o marxismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.; Anderson, 1989ANDERSON, P. Considerações sobre o marxismo ocidental. São Paulo: Brasiliense, 1989.; Kallscheuer, 1983KALLSCHEUER, O. Marxismo e teorias do conhecimento. In: HOBSBAWM, Eric (org.). História do marxismo: o marxismo hoje (segunda parte). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.), não se verifica uma evidente evolução teórico-metodológica6 6 O mesmo não pode ser dito em relação à discussão econômica ou política, como é exemplo o caso latino-americano (Portantiero, 1983). . Trata-se de uma tese, que se existe, está longe de ser consensual. Ao contrário, verifica-se um desenrolar irregular, com disputas explícitas e implícitas, mas também desconhecimentos mútuos, com avanços e desavanços na sistematicidade de determinados debates, com a emergência e o esquecimento (para depois serem novamente achados) de certos problemas.

As hipóteses que levantei possuem algum lastro, mesmo que tímido, entre nós. Recentemente, Santos (2022, pSANTOS, A. O Serviço Social brasileiro e seu caminho para o marxismo. In: SEMINÁRIO NACIONAL: SERVIÇO SOCIAL, TRABALHO E POLÍTICAS SOCIAIS, 4., 2022, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2022.. 8) argumentou que a apropriação de autores como Althusser, Poulantzas e Gramsci se deu predominantemente pela apreensão pontual de conceitos, sem extração das consequências implícitas nas respectivas formas de pensamento de maneira mais completa.7 7 Para o autor, indo além, a aproximação ao pensamento marxiano e marxista “continua sendo diretamente influenciado por um certo ‘modismo’, nos quais os teóricos mais clássicos emergem ou desaparecem” (Santos, 2022, p. 7). Posição evidentemente questionável e que deve ser investigada, mas que é provocativa na medida em que propicia o seguinte questionamento: o Serviço Social tem feito uma apropriação aprofundada e sistemática dos referenciais teóricos marxistas, em específico aqueles voltados à discussão teórico-metodológica, incluindo o seu debate interno? Ou ainda: tem realizado um efetivo balanço destes teóricos e suas contribuições e limites ao Serviço Social? No caso de Althusser e Poulantzas, como verifica-se, isso nunca ocorreu. Interpretação parecida é a do próprio Faleiros (1997, pFALEIROS, V. P. Metodologia e ideologia do trabalho social. São Paulo: Cortez, 1997.. 28), para quem a aproximação a Mao Tsé-Tung, Lenin e Althusser no Serviço Social se deu devido a serem autores, naquele momento, “da moda”.8 8 Encontramos inclusive a inferência por parte do autor de que algumas das principais referências em Serviço Social, Iamamoto, não conhecia suficientemente Althusser (Cf. Faleiros, 2014).

Não viso, levantando estes problemas, qualquer negação de que tenha havido um forte debate na intelectualidade brasileira, sobretudo nos finais da década de 1960 e até o início da década de 1980 — período de forte incidência de Althusser e Gramsci no Brasil (Motta, 2011MOTTA, L. E. Sobre “Quem tem medo de Louis Althusser?” de Carlos Henrique Escobar. Rio de Janeiro: Achegas, v. 44, 2011.) —, com acento crítico à produção teórica althusseriana9 9 Quanto a isso, conferir Motta (2011, p. 105-6). . Ocorre que, no entanto, o Serviço Social brasileiro não se insere neste debate, ao menos no que concerne às questões teórico-metodológicas, o que poderia resultar uma proposição a partir dele da crítica à influência althusseriana no Serviço Social. É notável, sobre este fato, que no miolo do debate brasileiro estavam intelectuais conhecidos no interior do Serviço Social. Segundo Motta (2021), oMOTTA, L. E. A favor de Althusser: revolução e ruptura na teoria marxista. São Paulo: Contracorrente, 2021. combate ao pensamento de Althusser no Brasil se deu sobretudo por parte de intelectuais lukacsianos, notadamente Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder, e aqueles ligados ao eixo Cebrap-USP, como Fernando Henrique Cardoso e José Arthur Giannotti. No caso do Serviço Social, o que chegou limitou-se basicamente ao contido em O estruturalismo e a miséria da razão, de Coutinho, e em A miséria da teoria, de Edward Thompson. Mas o verdadeiro enfoque se deu muito mais em torno de um althusserianismo sem Althusser, quando muito debatido a partir de fontes de segunda ou terceira mão.

A morte de Althusser foi decretada prescindindo, além do debate direto com o próprio autor, de uma imersão no debate marxista internacional — e do lugar que nele ocupou Althusser, sobretudo desde a década de 1960 —, do conjunto do debate marxista brasileiro, bem como matou-o antes mesmo de estar efetivamente morto corporalmente (em 1990), tomando as obras da década de 1960, Ler o Capital e Por Marx, como todo o pensamento de Althusser, ignorando suas obras posteriores sobre a filosofia marxista.

O ponto central é o de que, ao que parece, do mesmo modo como a aproximação a Althusser se deu ao fato de estar em voga no interior da intelectualidade brasileira, o seu rechaço se deu pelo mesmo caminho. Prescinde de uma história do marxismo no Brasil. Reduz a discussão em torno do pensamento de Althusser ao idealismo de um puro debate de ideias no terreno neutro de convivência dos intelectuais brasileiros. O resultado disso não poderia ser outro que a visão de uma história evolutiva na relação entre marxismo e Serviço Social. Deixa-se de reconhecer o lugar (central em alguns momentos, ao menos na França) de Althusser na história do marxismo internacional (produzindo inclusive uma herança própria), em troca de uma demonização que impede qualquer avaliação lúcida das suas ideias. Desconsidera-se o contexto político e intelectual em que algumas das obras críticas a Althusser anteriormente citadas foram produzidas, em especial o de uma predominância do pensamento althusseriano no interior do marxismo em algumas áreas, que resulta em uma postura crítica que aponta muito mais aos deméritos das suas ideias do que seus méritos.

Com estas considerações, fortalece-se a hipótese também identificada por Santos (2022)SANTOS, A. O Serviço Social brasileiro e seu caminho para o marxismo. In: SEMINÁRIO NACIONAL: SERVIÇO SOCIAL, TRABALHO E POLÍTICAS SOCIAIS, 4., 2022, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2022. e Faleiros (1997)FALEIROS, V. P. Metodologia e ideologia do trabalho social. São Paulo: Cortez, 1997. de uma significativa influência de movimentos externos ao Serviço Social brasileiro nos seus rumos teórico-metodológicos. Do mesmo modo que a aproximação às ideias de Althusser não se deu por acaso ou por um brilhantismo individual, também a sua derrocada não pode ser compreendida sem um processo global, datado de meados da década de 1970, de esgotamento da influência althusseriana (Saes, 1998SAES, D. Impacto da teoria althusseriana da História na vida intelectual brasileiro. In: MORAES, J. Q. História do marxismo no Brasil: teorias. interpretações. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1998.). Que não se fez, é verdade, de modo completo (Cf. Saes, 1998, pSAES, D. Impacto da teoria althusseriana da História na vida intelectual brasileiro. In: MORAES, J. Q. História do marxismo no Brasil: teorias. interpretações. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1998.. 12), mas que evidentemente resultou em uma perda significativa de legitimidade. Ademais, é preciso não esquecer que esta busca por novas bases teóricas que não a do pensamento estruturalista althusseriano, segundo Portantiero (1983)PORTANTIERO, J. C. O marxismo latino-americano. In: HOBSBAWM, E. (org.). História do marxismo: o marxismo hoje (primeira parte). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983., se deu na América Latina posteriormente ao tempo europeu e por razões sobretudo de ordem política. O que se verifica, no caso do Serviço Social brasileiro — com a exceção, talvez única, de Batistoni (2021)BATISTONI, M. Aproximações à tradição marxista no projeto da Escola de Serviço Social de Belo Horizonte: problematizações necessárias. In: IAMAMOTO, M. V.; SANTOS, C. M. A História pelo avesso: a reconceituação do Serviço Social na América Latina e interlocuções internacionais. São Paulo: Cortez, 2021., por meio da sua investigação da Escola de Belo Horizonte —, é que não houve até o presente momento um interesse sequer pela história do pensamento de Althusser, seja no contexto internacional, seja no da América Latina ou Brasil.

Considerações finais

Espero com esta pesquisa ter contribuído para repensar o mito da autoconsciência de muitos pesquisadores, que pensam tomar suas referências teóricas, preferências de autores, tipos de exposição etc., como um ato de liberdade e de livre esclarecimento. Para isso, esta pesquisa coloca a questão ao leitor: na sua livre escolha, como Althusser tornou-se uma não opção? Tratou-se, assim, antes de tudo, de uma pesquisa sobre as nossas condições de conhecimento, em específico das operações de pesquisa histórica, que frequentemente são ignoradas em Serviço Social.

Especificamente sobre Althusser, esta ignorância com relação à sua morte pode produzir um efeito benéfico à teoria althusseriana: o seu aparecimento ou permanência subterrânea. Um sintoma disso é a presença cada vez mais frequente de Mascaro como referência no debate sobre direito e Estado no Serviço Social, sem questionamentos quanto ao fato de escrever em uma cadeira feita de um cadáver que é Althusser. Para além do Serviço Social e ademais da presença atualmente mais marcante de Althusser nos Estados Unidos (Boito Jr., 2013), o debate em torno de Althusser ainda permanece vivo em alguns intelectuais brasileiros, como Motta em seu recente livro A favor de Althusser (2021), Mascaro e Morfino com Althusser e o Materialismo Aleatório (2020), Jair Pinheiro (2016) e aPINHEIRO, J. (org.). Ler Althusser. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2016. organização de Ler Althusser, a coletânea de artigos organizada por Márcio Naves (2010)NAVES, M. B. (org.) Presença de Althusser. São Paulo: UNICAMP/IFCH, 2010., intitulada Presença de Althusser, além de diversos artigos publicados por diferentes autores, com destaque para proeminência de publicações nos periódicos Tempo Social, Crítica Marxista e Cadernos Cemarx.

Notas:

Agradecimentos

Não se aplica.

  • 1
    O mais profícuo em termos de produções sobre o pensamento de Althusser, dentre estes, era Escobar, publicando inclusive livros sobre as suas ideias.
  • 2
    Para citar alguns trabalhos recentes, de maneira aleatória, mas publicados em periódicos conceituados na área e com objetos diversos, conferir Bastos (2014)BASTOS, R. Marcuse e o homem unidimensional: pensamento único atravessando o Estado e as instituições. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 17, n. 1, p. 111–119, jan./jun. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/fNqWrCZz3Vc6cDrDb5vscKc/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/rk/a/fNqWrCZz3Vc...
    , Ferreira e Aguinsky (2013)FERREIRA, G.; AGUINSKY, B. Movimentos sociais de sexualidade e gênero: análise do acesso às políticas públicas. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 223–232, jul./dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/SVpFs5LZPqBdDMxYy5zqzdf/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/rk/a/SVpFs5LZPqB...
    , Sierra e Veloso (2015)SIERRA, M.; VELOSO, R. Família no Estado Democrático de Direito: o material e o simbólico na reprodução da ordem (neo)liberal. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 375–386, ago./dez. 2015. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3215/321543546013.pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.redalyc.org/pdf/3215/3215435...
    e Santos (2022)SANTOS, A. O Serviço Social brasileiro e seu caminho para o marxismo. In: SEMINÁRIO NACIONAL: SERVIÇO SOCIAL, TRABALHO E POLÍTICAS SOCIAIS, 4., 2022, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2022..
  • 3
    Neste caso os exemplos são abundantes: Tavares (2013)TAVARES, M. A. Marx, marxismos e Serviço Social. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 9–11, jan./jun. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/86y65drPWpDSxHJxVJsgSMK/?format=pdf⟨=pt. Acesso em 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/rk/a/86y65drPWpD...
    , Castro (2013)CASTRO, R. Os 40 anos sem Lukács e o debate contemporâneo nas ciências humanas. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 114, p. 207–239, abr./jun. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/XCkyfrrbhywgNBfWygDDJDN/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/sssoc/a/XCkyfrrb...
    , Ferrarez (2018)FERRAREZ, C. O projeto de formação profissional do serviço social frente ao processo de mercantilização da educação superior. Serviço Social em Debate, v. 1, n. 1, 2018. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/serv-soc-debate/article/view/3362/1914. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://revista.uemg.br/index.php/serv-s...
    , Moura (2019)MOURA, H C. Configurações do conservadorismo no Serviço Social brasileiro. Serviço Social em Debate, v. 2, n. 2, p. 104–12. 2019. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/serv-soc-debate/article/view/4276/3431. Acesso em 29 nov. 2023.
    https://revista.uemg.br/index.php/serv-s...
    , Batistoni (2019)BATISTONI, M. O projeto da Escola de Serviço Social de Belo Horizonte – 1960-1975: uma reconstrução histórica. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 136, p. 538-558, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLRKdpcgV5TTY6Ff7y/?format=pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLR...
    , Silva (2020)SILVA, S. S. Fundamentos éticos e projetos profissionais do Serviço Social brasileiro e italiano. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 138, p. 283–301, maio/ago. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/DjM65VBLQdcVQQHZntCQBzq/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/sssoc/a/DjM65VBL...
    e Silva et al. (2022)SILVA, L. et al. Serviço Social na América Latina: história, projetos e direção ético-política. Temporalis, v. 22, n. 44, p. 7–17, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/temporalis/article/view/39830. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://periodicos.ufes.br/temporalis/ar...
    , para ficar somente em alguns trabalhos mais recentes.
  • 4
    Além dos trabalhos que cito a seguir, sobre estas duas bases sobre a história teórico-metodológica profissional, ver Yazbek (2009)YAZBEK, M. C. Fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço Social. In: CFESS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009., Iamamoto (2006IAMAMOTO, M. As dimensões ético-políticas e teórico-metodológicas no Serviço Social contemporâneo. In: MOTA, Ana et al. (org.). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: OPS/OMS/Ministério da Saúde, 2006., 2010IAMAMOTO, M. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2010., 2018IAMAMOTO, M. Marxismo e Serviço social: uma aproximação. Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 18, n. 2, p. 204–226, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/libertas/article/view/18603/9729. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://periodicos.ufjf.br/index.php/lib...
    ), Lara (2009)LARA, R. A incidência da teoria social crítica no serviço social. Serviço Social e Realidade, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 43-59. 2009. Disponível em: https://ojs.franca.unesp.br/index.php/SSR/article/view/116. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://ojs.franca.unesp.br/index.php/SS...
    , Souza (2010), para citar somente alguns.
  • 5
    “As ideias althusserianas se afirmaram por essa via pelo recurso a teses de sua discípula Marta Harnecker” (Batistoni, 2019, pBATISTONI, M. O projeto da Escola de Serviço Social de Belo Horizonte – 1960-1975: uma reconstrução histórica. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 136, p. 538-558, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLRKdpcgV5TTY6Ff7y/?format=pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.
    https://www.scielo.br/j/sssoc/a/PCVBqNLR...
    . 552). Reflexo da importância assumida a nível de América Latina, em especial o seu manual intitulado Os conceitos elementares do materialismo histórico (Portantiero, 1983PORTANTIERO, J. C. O marxismo latino-americano. In: HOBSBAWM, E. (org.). História do marxismo: o marxismo hoje (primeira parte). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.).
  • 6
    O mesmo não pode ser dito em relação à discussão econômica ou política, como é exemplo o caso latino-americano (Portantiero, 1983PORTANTIERO, J. C. O marxismo latino-americano. In: HOBSBAWM, E. (org.). História do marxismo: o marxismo hoje (primeira parte). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.).
  • 7
    Para o autor, indo além, a aproximação ao pensamento marxiano e marxista “continua sendo diretamente influenciado por um certo ‘modismo’, nos quais os teóricos mais clássicos emergem ou desaparecem” (Santos, 2022, pSANTOS, A. O Serviço Social brasileiro e seu caminho para o marxismo. In: SEMINÁRIO NACIONAL: SERVIÇO SOCIAL, TRABALHO E POLÍTICAS SOCIAIS, 4., 2022, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2022.. 7). Posição evidentemente questionável e que deve ser investigada, mas que é provocativa na medida em que propicia o seguinte questionamento: o Serviço Social tem feito uma apropriação aprofundada e sistemática dos referenciais teóricos marxistas, em específico aqueles voltados à discussão teórico-metodológica, incluindo o seu debate interno? Ou ainda: tem realizado um efetivo balanço destes teóricos e suas contribuições e limites ao Serviço Social? No caso de Althusser e Poulantzas, como verifica-se, isso nunca ocorreu.
  • 8
    Encontramos inclusive a inferência por parte do autor de que algumas das principais referências em Serviço Social, Iamamoto, não conhecia suficientemente Althusser (Cf. Faleiros, 2014FALEIROS, V. P. Globalização, correlação de forças e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2014.).
  • 9
    Quanto a isso, conferir Motta (2011, pMOTTA, L. E. Sobre “Quem tem medo de Louis Althusser?” de Carlos Henrique Escobar. Rio de Janeiro: Achegas, v. 44, 2011.. 105-6).
  • Agência financiadoraNão se aplica.
  • Aprovação por Comitê de Ética e consentimento para participaçãoNão se aplica.
  • Consentimento para publicaçãoO autor consente a publicação do presente manuscrito.

Referências

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Editores Responsáveis

Michelly Laurita Wiese – Editora-chefe
Cristiane Luíza Sabino de Souza – Comissão Editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    15 Dez 2023
  • Aceito
    28 Mar 2024
  • Revisado
    12 Maio 2024
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