A atenção às doenças crônicas não transmissíveis, tais como as cardiovasculares, o diabetes mellitus, o câncer, a doença pulmonar obstrutiva crônica, é um desafio para os sistemas de saúde em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. A essas doenças, em 2008, foram atribuídos 63% da mortalidade mundial e 45,9% do quantitativo global de doenças. Em países de baixa e média renda, os valores de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis chega a 80%( 11. World Health Organization. Global status report on noncommunicable diseases. Geneva: WHO; 2010. ).
Ao reconhecer a oportunidade de melhoria desses indicadores, a Organização Mundial da Saúde lançou o projeto Cuidados Inovadores para Condições Crônicas e propôs um plano de gerenciamento das condições crônicas aos sistemas de saúde, visando a resolução de problemas de saúde, em contraposição ao tratamento apenas dos sintomas quando eles aparecem( 22. Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores para as condições crônicas: componentes estruturais de ação: Relatório Mundial. Brasília; 2013. ).
Essa constatação tem por base as investigações que mostram que a maioria das pessoas acometidas por tais agravos não recebe atenção adequada. Do total de atendimentos, aproximadamente metade desses são diagnosticados e recebem cuidados médicos. Por essa razão, a Organização Pan-Americana de Saúde( 33. Organización Panamericana de la Salud. Cuidados innovadores para las condiciones crónicas: Organización y prestación de atención de alta calidad a las enfermedades crónicas no transmisibles en las Américas. Washington, DC: OPS; 2013. ) elaborou um documento no qual apresenta o Modelo de Cuidado Crônico. Nesse modelo, a atenção primária em saúde tem papel central, mas deve ser complementada pelos centros de atenção especializados e intensivos, tais como clínicas de atenção especializada, hospitais e centros de reabilitação.
Para o sucesso e qualificação do cuidado, baseado no Modelo de Cuidado Crônico, o foco do cuidado deve estar centrado no paciente e sua família; na elaboração de políticas multissetoriais para o manejo das doenças crônicas, entre elas o acesso universal às melhores práticas; na criação de um sistema de informação clínica para monitoramento e avaliação das estratégias de melhoria de qualidade; na operacionalização de apoio sistemático para o automanejo do paciente; na orientação da atenção, tendo por base a prevenção da doença e a promoção da saúde, com a participação comunitária; na criação de redes de cuidados liderados pela atenção primária à saúde; na reorientação dos serviços de saúde, mediante a criação de cultura de cuidados crônicos, incluindo atenção proativa, baseada em evidências, e conformação de equipes de saúde multidisciplinares, garantindo a educação permanente para o manejo das doenças crônicas.
Por outro lado, se queremos, de fato, enfrentar os desafios, esses problemas devem constituir objeto de investigação no campo das doenças crônicas, em diferentes contextos como clínico, hospitalar, domiciliar, comunitário e de políticas públicas. Tais problemas de pesquisa comportam uma diversidade de métodos como aqueles de revisões integrativas e sistemáticas; os ensaios clínicos; os avaliativos e metodológicos e os epidemiológicos, fenomenológicos e etnográficos. Como participantes desses estudos, podem ser selecionados os próprios pacientes e seus familiares, os cuidadores informais, os gestores dos serviços de saúde e os profissionais de saúde. Inúmeros instrumentos de pesquisa podem ser utilizados, como testes de laboratório, questionários e escalas de mensuração, entrevistas em profundidade e observação. Isso porquê esse tema especial de pesquisa se move do nível celular ao comunitário, do individual ao familiar, do público ao privado, do particular ao geral, do clínico ao epidemiológico, do diagnóstico à sobrevivência ou à morte.
Não existe, portanto, uma fórmula única para o desenvolvimento de um sistema de saúde eficiente e eficaz para o controle das doenças crônicas. Outros projetos, protocolos e recomendações podem ser formulados e em todas essas situações a pesquisa tem papel essencial, pois, a partir dela, fortes evidências contribuirão para a tomada de decisão das melhores práticas para o controle das doenças crônicas.
References
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1World Health Organization. Global status report on noncommunicable diseases. Geneva: WHO; 2010.
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2Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores para as condições crônicas: componentes estruturais de ação: Relatório Mundial. Brasília; 2013.
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3Organización Panamericana de la Salud. Cuidados innovadores para las condiciones crónicas: Organización y prestación de atención de alta calidad a las enfermedades crónicas no transmisibles en las Américas. Washington, DC: OPS; 2013.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Sept-Oct 2013