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A pesquisa translacional e a enfermagem

EDITORIAL

A pesquisa translacional e a enfermagem

Evelin Capellari Cárnio

Editor Associado da Revista Latino-Americana de Enfermagem e Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail carnioec@eerp.usp.br


A pesquisa translacional apresenta-se em um contexto de transformação dos achados científicos, provenientes dos laboratórios de pesquisa básica, clínica ou estudos epidemiológicos, fornecendo novas ferramentas clínicas, processos ou aplicações(1). A pesquisa translacional tem como objetivo melhorar o cuidado para com o paciente e promover a saúde pública. Para alcançar tal objetivo, a intenção é construir uma ponte que faça a ligação entre a bancada dos laboratórios de pesquisa e a beira do leito. Nesse sentido, ela envolve grande número de pesquisadores de diferentes áreas, concentrando esforços para que, por meio de suas colaborações, possam ser melhoradas a qualidade de vida e a longevidade das populações.

A enfermagem estuda como os pacientes respondem às patologias ou se adaptam às mudanças, usando os dados e observações oriundas da prática clínica e do desenvolvimento de suas pesquisas. Sendo assim, os cientistas da enfermagem devem identificar estratégias efetivas para acelerar a pesquisa translacional e desenvolver estudos com a colaboração de pesquisadores básicos e clínicos.

A pesquisa translacional envolve estágios bidirecionais e dinâmicos, com complexas alças de retroalimentação, e, coloquialmente, chamados de os 3 bes (bench, bedside and back again), sendo então agrupados em três estágios. O primeiro é onde surgem as ideias originais para serem transladadas para a prática clínica. É aquela pesquisa de bancada, em condições controladas de laboratório, em geral envolvendo estudos in vitro ou com modelo animal. Essas pesquisas são geralmente desenvolvidas no Brasil por profissionais da área da biologia, farmácia, biomedicina, mas poucos enfermeiros.

A segunda etapa testa a efetividade clínica do novo achado ou ferramenta científica, através de testes de comparação, buscando identificar o tratamento certo para o paciente em questão, geralmente desenvolvido por profissionais envolvidos com a pesquisa e a prática clínica.

Na etapa três deve ocorrer a conexão entre a pesquisa clínica e a prática do exercício clínico, disseminando a forma de como o novo achado pode levar ao avanço no cuidado ou, ainda, levar à construção de novas políticas de saúde, baseadas em conhecimentos científicos, gerados nas duas fases anteriores.

Lembramos que essas três fases se suportam e se retroalimentam, necessitando a manutenção de seu foco na remoção das barreiras que dificultam as colaborações multidisciplinares.

Referências

  • 1. PerzynskiAT. Multidisciplinary approaches to biomedical research. JAMA. 2010;304(20):2243-4.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Dez 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
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