Resumo
Objetivo:
analisar os conhecimentos maternos sobre o desenvolvimento infantil e sua correspondência aos cuidados ofertados à criança no primeiro ano de vida.
Método:
estudo longitudinal, prospectivo, nas etapas da gestação e 12º/13º mês da criança. Foram aplicadas entrevistas a 121 mulheres de um município brasileiro, baseadas em 21 itens selecionados do Inventário de Conhecimento sobre o Desenvolvimento Infantil, relativos ao primeiro ano de vida. Utilizou-se o cálculo de taxas de acertos, regressão por Mínimos Quadrados Ordinários e erro padrão de White.
Resultados:
as participantes que acertaram mais aspectos possuem mais anos de estudo, mais idade e renda familiar elevada. Os acertos quando considerada a variável “ter ou não companheiro/a” apresentaram discreta oscilação. Quanto às temáticas, acertaram mais aspectos sobre saúde, segurança e marcos do desenvolvimento infantil. Mães primíparas apresentaram maior probabilidade de desmame, superproteção e da criança ter contato com aparelhos eletrônicos, e menor probabilidade de buscar informações sobre cuidados infantis.
Conclusão:
houve correspondência entre alguns conhecimentos maternos e a execução dos cuidados da criança. A conexão entre eles é relevante para indicar detalhadamente os desconhecimentos e as incertezas e aprimorar os saberes positivos, contribuindo para promover o desenvolvimento na primeira infância.
Descritores:
Desenvolvimento Infantil; Cuidado da Criança; Mães; Conhecimento; Relações Mãe-Filho; Enfermagem de Atenção Primária
Abstract
Objective:
to analyze maternal knowledge about infant development and its matching to the care offered to children during their first year of life.
Method:
a longitudinal and prospective study, in the stages of pregnancy and of the child’s 12th/13th month of life. Interviews were applied to 121 women in a Brazilian city, based on 21 items selected from the Knowledge of Infant Development Inventory, related to the first year of life. Calculation of rates of correct answers was used, as well as regression by Ordinary Least Squares and White’s standard error.
Results:
the participants who answered correctly more aspects have more years of study, are older and present high family incomes. When the “having a partner or not” variable was considered, the correct answers presented a discrete fluctuation. Regarding the themes, there were more correct answers to aspects about health, safety and infant development milestones. Primiparous mothers were more likely to wean, overprotect and have children using electronic devices, and less likely to seek information about child care.
Conclusion:
there was matching between some maternal knowledge and execution of child care. The connection between them is relevant to indicate in detail the unknowns and uncertainties and to improve positive knowledge, contributing to promoting early childhood development.
Descriptors:
Child Development; Child Care; Mothers; Knowledge; Mother-Child Relations; Primary Care Nursing
Resumen
Objetivo:
analizar el conocimiento materno sobre el desarrollo infantil y su correspondencia con el cuidado que se le brinda al niño en el primer año de vida.
Método:
estudio longitudinal, prospectivo, en las etapas de gestación y de los 12/13 meses del niño. Se les realizaron entrevistas a 121 mujeres de un municipio brasileño, basadas en 21 ítems seleccionados del Inventario de Conocimiento sobre Desarrollo Infantil, relacionados con el primer año de vida. Se utilizó el cálculo de las tasas de aciertos, la regresión de Mínimos Cuadrados Ordinarios y el error estándar de White.
Resultados:
las participantes que tuvieron una mayor cantidad de aciertos tienen más escolaridad, más edad e ingreso familiar alto. Los aciertos vinculados a la variable “tener pareja o no” mostraron una ligera oscilación. En cuanto a los temas, se registraron más aciertos en los ítems sobre salud, seguridad e hitos del desarrollo infantil. Las madres primíparas presentaron mayor probabilidad de destete, sobreprotección y de que el niño estuviera en contacto con dispositivos electrónicos, y menor probabilidad de buscar información sobre el cuidado infantil.
Conclusión:
hubo correspondencia entre algunos conocimientos maternos y los cuidados que le brindaron al niño. La conexión entre ellos es importante para indicar detalladamente las incógnitas y las dudas y mejorar el conocimiento positivo, que contribuye a promover el desarrollo infantil temprano.
Descriptores:
Desarrollo Infantil; Cuidado del Niño; Madres; Conocimiento; Relaciones Madre-Hijo; Enfermería de Atención Primaria
(1) Mães com maior renda e escolaridade têm maior conhecimento do desenvolvimento.
(2) Mães acertam mais sobre saúde, segurança e marcos do desenvolvimento infantil.
(3) Primíparas têm mais desmame, superproteção e crianças com aparelhos eletrônicos.
(4) Buscas via internet sugerem consumo ativo de informações, indicando vulnerabilidades.
(5) Relação entre conhecer e executar o cuidado detecta desfechos do cuidado infantil.
Introdução
Os primeiros anos de vida são fundamentais e abrangem variáveis importantes ao desenvolvimento humano, como o ambiente familiar e suas características, estímulos, práticas e interações11. Wang B, Luo X, Yue A, Tang L, Shi Y. Family environment in rural China and the link with early childhood development. Early Child Dev. Care. 2020;192(4):617-30. Doi: 10.1080/03004430.2020.1784890
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-22. Khatib MN, Gaidhane A, Ahmed M, Saxena D, Syed ZQ. Early childhood development programs in low middle-income countries for rearing healthy children: a systematic review. J Clin Diag Res. 2020;14(1):LE01-LE07. Doi: 10.7860/JCDR/2020/42134.13445
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. Evidências científicas sugerem a importância dos cuidadores parentais no cotidiano e necessidades de apoio a eles, para favorecer uma primeira infância saudável e desenvolvimento adequado33. Orth U. The family environment in early childhood has a long-term effect on self-esteem: a longitudinal study from birth to age 27 years. J Pers Soc Psychol. 2018;114(4):637-55. Doi: 10.1037/pspp0000143
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4. Shonkoff JP. Protecting brains, not simply stimulating minds. Science. 2011;333(6045):982-3. Doi: 10.1126/science.1206014
https://doi.org/10.1126/science.1206014...
-55. Jeong J, Franchett EE, Oliveira CVR, Rehmani K, Yousafzai AK. Parenting interventions to promote early child development in the first three years of life: a global systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2021;18(5):1-51. Doi: 10.1371/journal.pmed.1003602
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.
A ausência de cuidados atenciosos e afetivos na primeira infância pode prejudicar a aprendizagem e memória, afetando tanto a saúde física quanto socioemocional44. Shonkoff JP. Protecting brains, not simply stimulating minds. Science. 2011;333(6045):982-3. Doi: 10.1126/science.1206014
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-55. Jeong J, Franchett EE, Oliveira CVR, Rehmani K, Yousafzai AK. Parenting interventions to promote early child development in the first three years of life: a global systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2021;18(5):1-51. Doi: 10.1371/journal.pmed.1003602
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, aumentando as chances de desfechos desfavoráveis ao desenvolvimento infantil e dificultando o alcance das potencialidades da criança. Intervenções parentais para crianças menores de dois anos em países de baixa e média renda têm sido apontadas como valiosas, destacando-se que necessitam de investigações mais aprofundadas, integrando cuidados responsivos e fatores de risco ambientais66. Zhang L, Ssewanyana D, Martin MC, Lye S, Moran G, Abubakar A, et al. Supporting child development through parenting interventions in low to middle-income countries: an updated systematic review. Front Public Health. 2021;9(671988):1-20. Doi: 10.3389/fpubh.2021.671988
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.
Em geral, a mãe é reconhecida como a figura parental mais próxima para desempenhar o cuidado cotidiano da criança, embora os contextos parentais têm sido cada vez mais discutidos quanto à sobrecarga materna, status de parceria e gênero, tensões socioeconômicas relacionadas à oferta do cuidado infantil77. Nomaguchi K, Milkie MA. Parenthood and well-being: a decade in review. J Marriage Fam. 2020;82(1):198-223. Doi: 10.1111/jomf.12646
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. A percepção materna sobre os primeiros anos de vida é importante, sendo encontrado que seus conhecimentos focam mais os aspectos físicos88. Aldayel AS, Aldayel AA, Almutairi AM, Alhussain HA, Alwehaibi SA, Almutairi TA. Parental knowledge of children's developmental milestones in Riyadh, Saudi Arabia. Int J Pediatr. 2020;2020(8889912):1-8. Doi: 10.1155/2020/8889912
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No âmbito do desenvolvimento infantil, os conhecimentos maternos voltam-se aos aspectos motores, com lacunas quanto às habilidades cognitivas, socioemocionais e de interação parental com a criança99. Safadi RR, Ahmad M, Nassar OS, Alashhab SA, AbdelKader R, Amre HM. Jordanian mothers' knowledge of infants' childrearing and developmental milestones. Int Nurs Rev. 2016;63(1):50-9. Doi: 10.1111/inr.12185
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. Estudos baseados no Knowledge of Infant Development Inventory - KIDI, instrumento utilizado para mensurar conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, encontraram menores níveis de escolaridade associados à menor gama de conhecimentos1010. Vale-Dias ML, Nobre-Lima L. Parents knowledge about the development of children aged 2 to 6 years old. INFAD Rev Psicología. 2018;4(1):149-56. Doi: 10.17060/ijodaep.2018.n1.v4.1284
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e pontuações mais elevadas dos conhecimentos de mães mais velhas, com maior escolaridade e melhores rendas econômicas1111. Bornstein MH, Cote LR, Haynes OM, Hahn CS, Park Y. Parenting knowledge: experiential and sociodemographic factors in European American mothers of young children. Dev Psychol. 2010;46(6):1677-93. Doi: 10.1037/a0020677
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.
Na presente investigação, saber se aspectos do desenvolvimento saudável são inerentes aos conhecimentos maternos sobre os cuidados realizados com a criança em seu primeiro ano motivou a realização da pesquisa, pela relevância do cuidado e das interações parentais para um bom desenvolvimento nos primeiros anos de vida. À vista do exposto, acrescenta-se a relevância de identificar a correlação de variáveis socioeconômicas nesse processo. Assim, o objetivo foi analisar os conhecimentos maternos sobre o desenvolvimento infantil e sua correspondência aos cuidados ofertados à criança no primeiro ano de vida.
Método
Tipo do estudo
Estudo longitudinal, prospectivo, realizado em duas etapas, em um distrito de saúde de um município brasileiro do interior paulista.
Local de coleta dos dados
Em ambas as etapas, as entrevistas ocorreram de forma individualizada por meio de visita domiciliar (VD).
Período
O levantamento do número de gestantes ocorreu com o apoio da equipe de unidades com Estratégia Saúde da Família (ESF), de forma contínua, respeitando o limite temporal pré-determinado entre 01 de novembro de 2017 e 31 de dezembro de 2018. A finalidade foi selecionar as participantes que se encontravam no último trimestre da gestação, considerando a premissa que as crianças completassem 12º-13º mês de vida até 31 de janeiro de 2020, sendo encerradas as entrevistas no mesmo período.
Amostra
Foram identificadas 529 participantes no último trimestre de gestação. Ao todo, 110 não atenderam aos critérios de inclusão, 173 foram removidas pelos critérios de exclusão e 26 se recusaram a participar, resultando em 220 elegíveis para compor a amostra. Todavia, 43 participantes foram excluídas por critérios de descontinuidade e 56 participantes consideradas como perdas por não serem encontradas para a realização da VD.
Critérios de seleção
Os critérios de inclusão foram: i) gestantes no último trimestre de gestação, de risco habitual, acima de 18 anos de idade; ii) cadastradas e em seguimento em unidade com ESF, na área de abrangência do referido distrito de saúde. Os critérios de exclusão foram: i) gestação de risco, ii) privada de liberdade ou em internação, iii) não falar português. Quanto aos critérios de descontinuidade, estabeleceu-se: i) mudança da área de abrangência do referido distrito de saúde e ii) decisão materna por interromper a participação. Foram consideradas perdas aquelas não encontradas após três tentativas de realização da VD.
Participantes
As gestantes/mães foram as participantes centrais do estudo, com a coleta de dados com a mesma participante no último trimestre da gestação (gestante) e entre 12º e 13º mês após o nascimento da criança (mãe). Ao todo, foram 121 participantes.
Variáveis do estudo
Variável dependente: conhecimento materno. As variáveis independentes foram vinculadas ao cuidado ofertado à criança, para a identificação de possíveis correlações entre os conhecimentos maternos e a execução do cuidado, relativas à: ocorrência do desmame, idade da criança na ocorrência do desmame e na introdução de novos alimentos, interação/brincadeira da mãe com a criança durante os cuidados, interação positiva da criança com a mãe, busca por fontes de informações sobre desenvolvimento infantil, uso de aparelhos eletrônicos por crianças, costume de leitura à criança, estímulos à verbalização correta, comportamento materno superprotetor e tipo de cuidado para a criança. Variáveis relacionadas à caracterização: faixa etária materna, escolaridade, renda e estado civil.
Instrumentos
Foi utilizado o Inventário de Conhecimento sobre o Desenvolvimento Infantil (ICDI), versão traduzida e adaptada do KIDI1212. Ribas-Júnior RC, Moura MLS, Gomes AAN, Soares ID. Adaptação brasileira do Inventário de Conhecimento sobre o Desenvolvimento Infantil de David MacPhee. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento; 2000; Niterói, Brasil. Niterói: Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento; 2000. p. 183..
No ICDI constam 75 questões que abordam aspectos do nascimento aos 6 anos de idade. Na presente investigação, foram selecionadas 21 questões do ICDI, relacionadas ao primeiro ano de vida da criança. Em cada uma das 21 questões, as participantes tinham como opção de resposta “concordo”, “discordo” ou “não tenho certeza”, sendo essa última quando a participante referiu indecisão e/ou não saber optar pelas assertivas concordo ou discordo. A atribuição de acerto ou erro refere-se, apenas, para as opções “concordo” e “discordo”.
O ICDI organiza as suas questões em quatro domínios. O domínio Práticas Parentais abrangeu 7 questões neste estudo, com elementos do comportamento e ações dos cuidadores parentais, por exemplo “o bebê não deve ser carregado no colo quando é alimentado porque desta forma ele vai querer ter colo o tempo todo”, ou “falar com o bebê sobre coisas que ele está fazendo ajuda no seu desenvolvimento”. O domínio Normas e Marcos do Desenvolvimento Infantil está relacionado ao conhecimento parental sobre períodos prováveis de aquisição de habilidades pela criança e, nesta investigação, foi explorado por um único elemento “os bebês fazem algumas coisas somente para causar problemas para sua mãe ou seu pai, como chorar por muito tempo ou sujar as fraldas”, considerado pertinente para a faixa etária estudada. O domínio de Princípios contemplou 10 questões nesta investigação, voltadas às noções do processo de desenvolvimento e habilidades gerais da criança, por exemplo “bebês entendem apenas as palavras que eles podem falar”, ou “uma irmã ou irmão pequeno pode começar a fazer xixi na cama ou chupar o dedo quando um novo bebê chega na família”. O domínio de Saúde e Segurança foi abordado em 3 questões, envolvendo ingesta de alimentos sólidos por crianças menores de um ano, como pipocas, o uso de travesseiro no berço e a não oferta de alimentos sólidos quando a criança apresenta alterações na eliminação intestinal.
Coleta dos dados
Na etapa da gestação, foi realizada uma entrevista estruturada, com aplicação de um questionário sobre aspectos sociodemográficos, econômicos e obstétricos para caracterização das participantes, e tópicos sobre o desenvolvimento infantil, baseados em itens do ICDI.
Na segunda etapa, entre o 12º e 13º mês de vida da criança, foi aplicado um questionário quanto ao perfil do lactente, cuidado e desenvolvimento infantil, com questões relacionadas aos aspectos da primeira etapa. O intuito foi identificar se o cuidado desempenhado no primeiro ano de vida da criança apresenta correlação com os conhecimentos maternos na gestação. O tipo de cuidado escolhido (local/pessoa) para a criança também foi identificado entre o 12º e 13º mês. Ainda, foi acrescida questão sobre o costume materno de realizar leituras de livros à criança, tendo em vista a contribuição para as esferas cognitiva e de linguagem, e sobre as fontes de informação que as mães buscam como recursos para o aprofundamento na temática do desenvolvimento infantil.
Cada uma das etapas, realizadas por VD, teve uma duração média de 40 minutos.
Tratamento e análise dos dados
Na análise estatística descritiva, calculou-se a frequência relativa das variáveis investigadas. A variável “conhecimento materno” foi considerada dependente e as demais como independentes. Foi utilizado o cálculo de taxas de acertos sobre o desenvolvimento infantil e a regressão por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) e erro padrão robusto de White.
Aspectos éticos
Investigação autorizada pela Comissão de Avaliação de Projetos de Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde do referido município e aprovada em Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 70838817.2.0000.5393). Utilizou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias originais, que foram lidas e assinadas, sendo uma entregue à participante, explicando o objetivo da pesquisa, a garantia do anonimato e a autonomia de interrupção a qualquer etapa do estudo, sem prejuízos e danos.
Resultados
O perfil das participantes é composto por maior parcela entre 18 e 25 anos (43,8%) e entre 26 e 35 anos (40,5%). Quanto à cor autodeclarada, grande parte é composta por pardas/pretas (52,1%) e brancas (43,8%), com ensino médio completo (50,4%). A maioria reside com companheiro (80,2%). Em relação ao número de residentes no domicílio, a maioria (72,7%) reside com até três pessoas, e as demais participantes residem com até 14 pessoas.
Quanto à ocupação, grande parte trabalha fora de casa (48,8%) e outra parcela desempenha atividades no lar (29,7%). Algumas estavam desempregadas (19,9%), nenhuma declarou ser estudante e algumas preferiram não responder (1,6%). A renda familiar predominante é menor do que três salários mínimos (47,1%), seguida pela faixa de três a menos que cinco salários mínimos (28,9%). Do total de participantes, 18,2% recebem auxílio governamental.
Identificou-se que 38,0% estavam na primeira gestação, 25,6% na segunda, 18,2% na terceira e 18,2% na quarta ou mais gestação. Entre as participantes, 52 (43,0%) eram primíparas. Quanto ao número de filhos, houve uma variação de um a sete filhos vivos. A maioria dos nascimentos ocorreu por parto normal (61,2%), idade gestacional entre 37 e 41 semanas (87,6%) e peso ao nascer entre 2500 e 3999 g (90,9%).
A Tabela 1 apresenta os acertos das participantes nos domínios do desenvolvimento infantil.
Distribuição de acertos das gestantes em cada domínio do Inventário de Conhecimento sobre o Desenvolvimento Infantil. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018-2020
Considerando o conjunto das participantes e o compilado das 21 questões abordadas, a média de acertos é de 62,9%. Quanto ao número de questões, os acertos foram mais expressivos de 11 a 15 questões (61,2%) e menos de 16 a 21 questões (20,6%) e de 1 a 10 questões (18,2%).
A Tabela 2 apresenta percentuais de acertos sobre o desenvolvimento infantil.
Na renda, as maiores frequências de acertos circundam entre 6 e 10 questões do ICDI.
Quanto às questões do ICDI, estratificadas por domínios, as participantes apresentaram maior frequência de conhecimentos nos domínios Saúde/Segurança (72,4%) e Normas/Marcos do Desenvolvimento Infantil (85,9%).
Na análise dos resultados, também foram consideradas a média de acertos do compilado das 21 questões aplicadas e a dos domínios do ICDI, realizando em ambas o cruzamento das informações com as variáveis de interesse apontadas.
Na faixa etária, identificou-se que a média de acertos foi 63,0%. Gestantes entre 18 e 25 anos acertaram 60,6%, entre 26 e 35 anos acertaram 65,1% e aquelas com idade igual ou superior a 36 anos acertaram 63,4%, considerando o conjunto das 21 questões. Quando verificados os domínios do inventário, as taxas de acertos são maiores para Saúde/Segurança e Normas/Marcos do Desenvolvimento infantil, e entre 26 e 35 anos também acertaram com frequência o domínio de Práticas Parentais.
No que tange à escolaridade, verificou-se que quanto mais anos de estudos, maiores foram as taxas de acertos, embora o número de participantes em cada categoria seja diferente. O ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo e ensino médio apresentou acertos de 53,6%, 60,3% e 65,1%, respectivamente. As participantes com ensino superior acertaram 72,4%. O domínio de Normas/Marcos do Desenvolvimento Infantil apresentou maiores taxas de acertos em todos os níveis de escolaridade, com taxas crescentes conforme mais anos de estudos. O segundo domínio com maior taxa de acertos para participantes com ensino fundamental é o de Saúde/Segurança (completo 80,0% e incompleto 73,3%), enquanto para aquelas com ensino médio e ensino superior, o das Práticas Parentais foi 71,2% e 81,4%, respectivamente.
Notou-se discreta variação nas taxas de acertos ao comparar presença de companheiro/a (62,9%) e sem companheiro/a (62,7%), sendo o pai ou não da criança. As maiores frequências de acertos estavam nos domínios Saúde/Segurança (72,5%) e Normas/Marcos do Desenvolvimento Infantil (84,5%) para as participantes que possuem um companheiro. Na ausência de companheiro/a, também houve mais acertos no domínio Saúde/Segurança (72,2%) e Normas/Marcos do desenvolvimento infantil (91,7%), inclusive com discreto aumento nas taxas de acertos para o domínio Normas/Marcos, quando comparado às que possuem alguma forma de relacionamento.
O perfil da renda das participantes variou do recebimento inferior a um salário mínimo, com auxílio do Bolsa Família, a renda familiar mensal de até 15 salários mínimos. O número de participantes por categoria foi diverso e a média de acertos não discrepante entre elas. No conjunto das participantes em relação à renda, a taxa de acertos não foi inferior a metade das questões, porém nota-se que aquelas com rendas mais altas tendem a acertar mais questões.
À vista do exposto, nota-se que o conhecimento materno sobre o desenvolvimento infantil para as questões propostas pelo ICDI está, frequentemente, voltado aos aspectos da saúde e marcos do desenvolvimento infantil, inclusive quando associado com outras variáveis de interesse, como idade, escolaridade, renda e presença de um/a companheiro/a.
Desta forma, as participantes demonstram reconhecer que não é adequado ofertar alimentos sólidos, como amendoim ou pipocas para crianças de nove meses, apontam que colocar um travesseiro macio no berço não é uma forma boa e segura de ajudar o bebê a dormir melhor, ou que não é preciso parar de alimentar uma criança menor de um ano com comida sólida quando a mesma apresenta diarreia, aspectos estes que englobam o domínio Saúde/Segurança. Ainda, as participantes pontuam que os bebês não apresentam determinados comportamentos, como chorar por muito tempo com o intuito de ocasionar problemas aos cuidadores parentais.
Em contrapartida, as participantes demonstraram desconhecimento nos domínios de Princípios do desenvolvimento e Práticas Parentais. Houve desconhecimento ou dúvidas dos princípios envolvendo as crianças entenderem não apenas as palavras que conseguem falar, ou não aprendem tudo do seu idioma copiando o que ouvem dos adultos; a individualidade do bebê não estar formada aos seis meses de idade; e ao fato de algumas crianças não gostarem de ficar no colo. Nas Práticas Parentais, as incertezas e desconhecimentos circundam aspectos relacionados à mãe não se envolver realmente com seu bebê até que ele comece a sorrir e olhar para ela; confortar a criança, segurando-a e conversando com ela enquanto chora não é um ato que irá “estragar” a criança; ou que ao disciplinar a criança em um dia por comportamento inadequado, deve-se orientá-la novamente caso o repita, não sendo algo que depende do humor materno no dia em questão.
No momento do 12º-13º mês de vida das crianças, as participantes responderam sobre práticas e tipos de cuidado (local/pessoa) ofertados à criança, apresentados na Tabela 3.
Distribuição do percentual das variáveis do cuidado da criança entre 12º e 13º mês de vida, segundo faixa etária das mães de um distrito de saúde de um município brasileiro. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018-2020
Quanto à interação, as participantes referem, em sua maioria, conversar e interagir com os filhos, além de estimular a verbalização correta de nomes de objetos pela criança.
Os elementos do cuidado infantil obtidos pelas respostas das mães no 12º-13º mês de vida da criança apresentaram interligação com os domínios do ICDI, sugerindo uma correspondência com os domínios propostos pelo inventário. Assim, a interação positiva e o estímulo à verbalização correta, pontos relevantes na primeira infância, foram apresentados como ações de cuidado pelas participantes e sugerem coerência com o domínio de Normas/Marcos do Desenvolvimento Infantil, que apresentou maior taxa de acertos na gestação, embora tivesse uma única questão neste domínio.
O desmame ocorreu para 41,3% das crianças, com maior frequência nos primeiros seis meses de vida, introduzindo outros alimentos antes dessa idade. A introdução de outros alimentos na rotina alimentar da criança está ligada ao domínio Saúde/Segurança, que apresentou maior taxa de acerto quando as participantes responderam na gestação.
A interação materna com a criança, comportamento superprotetor e busca por informações sobre o desenvolvimento infantil podem estar interligados ao domínio de Práticas Parentais. Na gestação, as participantes apresentaram desconhecimentos e incertezas no domínio das Práticas Parentais, com taxas de acertos menores em comparação com outros domínios propostos pelo ICDI. Na etapa do 12º-13º mês de vida, houve expressivas respostas nos cuidados de interagir com a criança e ter comportamento superprotetor, além de buscarem informações sobre o desenvolvimento infantil com maior frequência em plataformas online.
Os costumes maternos de leitura para e com a criança, oferta de aparelhos eletrônicos e tipo de cuidado da criança (local/pessoa) podem vincular-se ao domínio de Princípios sobre o desenvolvimento infantil. Na perspectiva do cuidado escolhido, a maioria (47,1%) optou por não trabalhar fora para ficar com a criança, seguido das que deixam as crianças em casa sob os cuidados de outros parentes ou mãe crecheira (19,0%). A terceira opção de cuidado mais escolhida é o uso de creches públicas (18,2%), seguida da utilização de outras formas de cuidado (6,6%), como levar a criança junto para o trabalho. Como última opção está o uso de creches privadas (6,6%).
Para analisar a correspondência entre os conhecimentos maternos sobre o desenvolvimento infantil e os cuidados ofertados à criança no primeiro ano de vida, foi realizada a regressão por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), com utilização do erro padrão robusto de White, adotando-se o nível de significância de 5% (p-valor ≤ 0,05). A Tabela 4 demonstra os resultados da análise realizada.
Na análise de MQO, foi considerado o efeito marginal sob a variável. No caso de participantes que não possuem ensino superior e que são multíparas, aumenta a idade da criança na perspectiva da introdução de outros alimentos em 1,318 meses em relação a quem não completou o ensino fundamental e não é primípara. Já para aquelas que completaram o ensino superior, ser primípara diminui a idade de introdução de outros alimentos em 1,249 meses.
No desmame, aquelas que completaram o ensino médio e o ensino superior, o fato de ser primípara aumenta a probabilidade do desmame em 8,5% e 54,8%, respectivamente, em relação àquelas que não completaram o ensino fundamental.
Participantes com ensino superior completo apresentam a probabilidade de a criança ter contato com aparelhos eletrônicos em 6,0%. Isso posto diante da análise do efeito marginal em relação a quem não completou o ensino fundamental e às primíparas.
Quanto ao tipo de cuidado, crianças em creches privadas apresentam probabilidade aumentada em 15,0% para o contato com aparelhos eletrônicos, em relação àquelas cujas mães não trabalham fora.
Quanto à superproteção, crianças que estão em creche privada apresentam probabilidade reduzida em 35,9% da mãe ser superprotetora, em relação às crianças cujas mães não trabalham fora. Mães com ensino médio completo apresentam probabilidade reduzida de comportamento superprotetor em 20,4%, em relação àquelas que não completaram o ensino fundamental. Já as mães que possuem ensino superior completo e que são primíparas, tendem a aumentar a probabilidade de ser superprotetora em 92,2%, em relação às mães que não trabalham e que são multíparas.
O fato da mãe não ter companheiro diminui a probabilidade de a mesma ler livros para a criança em 19,7%, em relação as mães que possuem companheiro/a. As crianças que estão em creche privada possuem maior probabilidade de a mãe ler livros para elas em 38,5%, em relação às crianças cujas mães não trabalham.
Quanto à busca de informações, não ter companheiro/a aumenta a probabilidade de a mãe buscar informações sobre cuidados em 63,0%, em relação àquelas que têm companheiro/a. Em contrapartida, se a mãe tem ensino médio completo e é primípara diminui a probabilidade da busca de informações sobre cuidados em 63,0%, em relação às mães que não completaram o ensino fundamental e que são multíparas.
No ensino superior, o fato de ser primípara diminui a probabilidade da busca de informações sobre cuidados em 8,0%, em relação a quem não completou o ensino fundamental e é multípara. Ter o ensino superior e ser multípara aumentam a probabilidade da busca de informações sobre cuidados em 41,1%, em relação a quem não completou o ensino fundamental.
Quanto ao ICDI, 1% a mais na taxa de acerto aumenta a probabilidade de a mãe buscar informações sobre cuidados em 68,6%.
Discussão
Na presente investigação, considerando os elementos do ICDI por taxas de acertos, as participantes acertam mais aspectos quando possuem mais anos de estudo, mais idade e renda familiar elevada. Quando analisadas a presença ou não companheiro/a como rede de apoio, as taxas de acertos sobre o desenvolvimento infantil apresentam discreta oscilação. Quanto às temáticas, houve mais acertos quanto aos aspectos sobre saúde, segurança e marcos do desenvolvimento infantil. Entre as mães primíparas, houve maior probabilidade de desmame, superproteção e de a criança ter contato com aparelhos eletrônicos, e menor probabilidade para buscar informações sobre cuidados infantis.
Estudos baseados no instrumento ICDI identificaram a influência de variáveis para os conhecimentos maternos sobre desenvolvimento infantil, centrados em mães mais velhas e com maior escolaridade, renda e status ocupacional1111. Bornstein MH, Cote LR, Haynes OM, Hahn CS, Park Y. Parenting knowledge: experiential and sociodemographic factors in European American mothers of young children. Dev Psychol. 2010;46(6):1677-93. Doi: 10.1037/a0020677
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,1414. Sullivan JA, Zvara BJ, Keim SA, Andridge R, Anderson SE. Knowledge of infant development and parent well-being: cross-sectional analysis of toddlers. J Dev Behav Ped. 2021;42(6):442-9. Doi: 10.1097/DBP.0000000000000918
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, semelhante aos resultados da presente investigação, visto que as participantes tendem a errar menos quanto maior o nível de escolaridade e a faixa etária.
A correlação entre escolaridade materna e taxas de acertos no ICDI1515. Alvarenga P, Soares ZF, Sales PKC, Anjos-Filho NC. Escolaridade materna e indicadores desenvolvimentais na criança: mediação do conhecimento materno sobre o desenvolvimento infantil. Psico. 2020;51(1):1-14. Doi: 10.15448/1980-8623.2020.1.31622
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sugere que mais anos de estudo constituem um indicador para maior capacidade de entendimento sobre desenvolvimento infantil. Estudos destacam que quanto mais escolarizadas são as mães, maior é a tendência de buscar informações sobre habilidades parentais1616. Karuppannan A, Ramamoorthy T, Rammamoorthi A, Ravichandran L. Mother's knowledge on child's developmental milestones and parenting skills in Kanchipuram District, Tamilnadu: a descriptive cross sectional study. Int J Health Sci Res [Internet]. 2020 [cited 2022 Jan 11];10(2):242-7. Available from: https://www.ijhsr.org/IJHSR_Vol.10_Issue.2_Feb2020/37.pdf
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, e que mães maduras exploram as informações sobre parentalidade com mais seriedade do que mães mais jovens, estão mais propensas a ter amigos com bebês, possibilitando aprender com eles1717. Bornstein MH, Yu J, Putnick DL. Mothers' parenting knowledge and its sources in five societies: specificity in and across Argentina, Belgium, Italy, South Korea, and the United States. Int J Behav Dev. 2020;44(2):135-45. Doi: 10.1177/0165025419861440
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. Também foi estudado que mulheres que alcançam mais educação formal tendem a ter filhos com mais oportunidades inserindo-os na educação infantil, como uma transmissão de vantagens educacionais através das gerações1818. Crosnoe R, Johnston C, Cavanagh S. Maternal education and early childhood education across affluent English-speaking countries. Int J Behav Dev. 2021;45(3):226-37. Doi: 10.1177/0165025421995915
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.
Em relação aos domínios do ICDI, outras investigações1919. Cruz EJS, Cavalcante LLC, Pedroso JS. Mothers, grandmothers and caregivers of institutionalized children: knowledge about development in childhood. Psicol Argumento. 2018;36(94):527-45. Doi: 10.7213/psicolargum.36.94.AO06
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-2020. Brito LCDS, Borges JWP, Pacheco HSA, Conceição HND, Sousa WEA, Moreira RD, et al. Knowledge of caregivers and factors associated with neuropsychomotor development in children. Rev Bras Enferm. 2022;75(3):e20210402. Doi: 10.1590/0034-7167-2021-0402
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apontam que a figura materna teve mais acertos no domínio Saúde/Segurança, corroborando com os achados da presente investigação, e o domínio Normas/Marcos do desenvolvimento infantil foi apontado com maior frequência de erros. Em outro estudo, o domínio com mais acertos foi Normas/Marcos do Desenvolvimento Infantil, seguido pelo de Princípios, com correlação positiva entre acertos e escolaridade materna1515. Alvarenga P, Soares ZF, Sales PKC, Anjos-Filho NC. Escolaridade materna e indicadores desenvolvimentais na criança: mediação do conhecimento materno sobre o desenvolvimento infantil. Psico. 2020;51(1):1-14. Doi: 10.15448/1980-8623.2020.1.31622
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. Estudo2121. Alqurashi FO, Awary BH, Khan BF, Aiarhain SA, Alkhaleel AI, Albahrani BA, et al. Assessing knowledge of Saudi mothers with regard to parenting and child developmental milestones. J Fam Com Med. 2021;28(3):202-9. Doi: 10.4103/jfcm.jfcm_186_21
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) sobre etapas do desenvolvimento identificou conhecimentos limitados relativos ao domínio das Práticas Parentais, seguido pelo domínio dos Princípios do Desenvolvimento.
A confiança no próprio conhecimento materno é discutida2222. Sousa JR, Silva ER, Cunha KC, Chermont AG, Shiramizu VKM, Caldas IFR. Maternal knowledge about child development in the rural context. Rev Eletr Acervo Saúde. 2021;13(2):1-10. Doi: 10.25248/reas.e5814.2021
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, indagando se a aquisição de conhecimentos está ligada aos saberes informais, oriundos das experiências parentais ou da oferta na educação formal.
Em relação à busca por conhecimentos sobre desenvolvimento infantil, na presente pesquisa, as fontes de informação mais exploradas foram via Internet. Estudo enfatiza que as fontes se referem a quem as mães recorrem para obter informações, sendo apontado que, primeiramente e mais frequentemente, procuram a família e amigos, complementando com conselhos de redes sociais pessoais e fontes formais dos profissionais e programas de saúde1717. Bornstein MH, Yu J, Putnick DL. Mothers' parenting knowledge and its sources in five societies: specificity in and across Argentina, Belgium, Italy, South Korea, and the United States. Int J Behav Dev. 2020;44(2):135-45. Doi: 10.1177/0165025419861440
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.
Estudo apontou que o conhecimento parental apresenta associação significante nas dimensões cognitiva, motora, socioemocional e de linguagem da criança na perspectiva de alcances do desenvolvimento2323. Zhong J, He Y, Gao J, Wang T, Luo R. Parenting knowledge, parental investments, and early childhood development in rural households in western China. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(8):1-11. Doi: 10.3390/ijerph17082792
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. Contextos familiares com rendas mais elevadas buscam mais informações e apresentam melhores níveis de estimulação das crianças, como brincar, contar histórias e ler livros conjuntamente2424. Cuartas J, Jeong J, Rey-Guerra C, McCoy DC, Yoshikawa H. Maternal, paternal, and other caregivers' stimulation in low-and-middle-income countries. PloS One. 2020;15(7):1-15. Doi: 10.1371/journal.pone.0236107
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. Estudo de revisão2525. Norholt H. Revisiting the roots of attachment: a review of the biological and psychological effects of maternal skin-to-skin contact and carrying of full-term infants. Infant Behav Dev. 2020;60(10):101441. Doi: 10.1016/j.infbeh.2020.101441
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reforça que interações positivas entre mães e bebês a termo demonstraram efeitos benéficos, incluindo organização do sono, regulação da temperatura e frequência cardíaca, melhoria de choro e cólicas, desenvolvimento socioemocional, oportunidades da fala e qualidade do apego. No primeiro ano de vida, crianças que convivem com mães com habilidade comunicativa atingem maiores escores de verbalização aos 36 meses de idade2626. Prime H, Wade M, Gonzalez A. The link between maternal and child verbal abilities: an indirect effect through maternal responsiveness. Dev Science. 2020;23(3):e12907. Doi: 10.1111/desc.12907
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.
Crianças expostas à expressividade emocional positiva em casa apresentam níveis mais elevados de competência socioemocional do que crianças cujos cuidadores parentais evitam focar na experiência emocional2727. Ornaghi V, Pepe A, Agliati A, Grazzani I. The contribution of emotion knowledge, language ability, and maternal emotion socialization style to explaining toddlers' emotion regulation. Soc Dev. 2019;28(3):581-8. Doi: 10.1111/sode.12351
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. Outro aspecto é o estilo de socialização das emoções maternas relacionado à variação na empatia da criança2828. Ornaghi V, Conte E, Grazzani I. Empathy in toddlers: the role of emotion regulation, language ability, and maternal emotion socialization style. Front Psychol. 2020;11:586862. Doi: 10.3389/fpsyg.2020.586862
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.
Na presente investigação, chamou a atenção mães primíparas que apresentaram aumento da probabilidade do desmame e diminuição da idade da criança na introdução de outros alimentos, de se mostrarem superprotetoras, disponibilizar aparelhos eletrônicos às crianças e diminuição da probabilidade de buscar informações sobre cuidados infantis. Outro fato refere-se às crianças em creches privadas, com probabilidade aumentada de uso de aparelhos eletrônicos em comparação àquelas cujas mães não trabalham fora, probabilidade reduzida de superproteção e maior probabilidade de contato com livros infantis. Já o fato de a mãe não ter companheiro/a diminui a probabilidade de ler livros para a criança e aumenta a probabilidade de buscar informações, em relação àquelas que tem companheiro/a. As buscas via Internet sugerem consumo ativo de informações e despontam preocupações com vulnerabilidades acerca de conteúdo falsos que amplificam desconhecimentos e incertezas, constituindo desafios assistenciais para a qualidade e veracidade das informações consultadas. Tais resultados são relevantes para o aprimoramento da prática clínica na atenção à saúde e desenvolvimento infantil, levando em conta que, cada vez mais, é fundamental os adultos entenderem que o desenvolvimento do cérebro é moldado na primeira infância e que a parentalidade requer incremento de conhecimentos1717. Bornstein MH, Yu J, Putnick DL. Mothers' parenting knowledge and its sources in five societies: specificity in and across Argentina, Belgium, Italy, South Korea, and the United States. Int J Behav Dev. 2020;44(2):135-45. Doi: 10.1177/0165025419861440
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.
A relevância dos conhecimentos parentais implica identificar mais detalhes sobre seus contextos e situações de vulnerabilidade, se estão emocionalmente mais esgotados, distraídos e menos atentos, ou coerentes e sensíveis aos filhos55. Jeong J, Franchett EE, Oliveira CVR, Rehmani K, Yousafzai AK. Parenting interventions to promote early child development in the first three years of life: a global systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2021;18(5):1-51. Doi: 10.1371/journal.pmed.1003602
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. Tais nuances podem ser abordadas em programas domiciliares por estratégias elaboradas por profissionais de saúde, para respostas satisfatórias, especialmente em áreas mais pobres2929. Grantham-McGregor S, Adya A, Attanasio O, Augsburg B, Behrman J, Caeyers B, et al. Group sessions or home visits for early childhood development in India: a cluster RCT. Pediatrics. 2020;146(6):e2020002725. Doi: 10.1542/peds.2020-002725
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-3030. Andrew A, Attanasio O, Augsburg B, Day M, Grantham-McGregor S, Meghir C, et al. Effects of a scalable home-visiting intervention on child development in slums of urban India: evidence from a randomised controlled trial. J Child Psychol Psychiatry. 2020;61(6):644-52. Doi: 10.1111/jcpp.13171
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.
A interface entre pobreza e desenvolvimento infantil é de extrema relevância. Estudo encontrou que uma em cada dez crianças pertencentes a famílias de baixa renda tem privação relacionada à vida (falta de itens para viver) e à criança (por exemplo, falta de livros infantis)3131. Yamaoka Y, Isumi A, Doi S, Ochi M, Fujiwara T. Differential effects of multiple dimensions of poverty on child behavioral problems: results from the A-CHILD study. Int J Environ Res Public Health. 2021;18:11821. Doi: 10.3390/ijerph182211821
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, mostrando conexão com a privação ao desenvolvimento pleno. Circunstâncias vulneráveis ao desenvolvimento infantil, incluindo pobreza, baixa escolaridade materna e maus-tratos às crianças, constituem grandes desafios diante das disparidades socioeconômicas em vários países3232. World Health Organization. Improving early childhood development: WHO guideline. Geneva: World Health Organization; 2020. 80 p.. A prevalência de suspeita de atraso no desenvolvimento e das desigualdades na primeira infância em países de baixa e média renda requer um movimento profícuo para atender os objetivos do desenvolvimento sustentável, exigindo oportunidades de aprendizagem inclusivas, equitativas e de qualidade para todos3333. Gil JD, Ewerling F, Ferreira LZ, Barros AJ. Early childhood suspected developmental delay in 63 low- and middle-income countries: large within- and between-country inequalities documented using national health surveys. J Glob Health. 2020;10(1):010427. Doi: 10.7189/jogh.10.010427
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.
Intervenções parentais já avaliadas apresentam fidelidade à atenção primária à saúde, com impactos positivos nos resultados de saúde mental, emocional e comportamental para cuidadores parentais e crianças55. Jeong J, Franchett EE, Oliveira CVR, Rehmani K, Yousafzai AK. Parenting interventions to promote early child development in the first three years of life: a global systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2021;18(5):1-51. Doi: 10.1371/journal.pmed.1003602
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,3232. World Health Organization. Improving early childhood development: WHO guideline. Geneva: World Health Organization; 2020. 80 p.. As intervenções nesse campo apontam para a importância da preparação da parentalidade desde a gestação e a promoção do desenvolvimento infantil com investimentos na capacitação dos profissionais de saúde3434. Solís-Cordero K, Couto LA, Duarte LS, Borges ALV, Fujimori E. Pregnancy planning does not interfere with child development in children aged from 11 to 23 months old. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2021;29:e3506. Doi: 10.1590/1518-8345.5356.3506
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Quanto às limitações do presente estudo, aponta-se a identificação de conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil centrados na figura materna e no primeiro ano de vida da criança, sugerindo a ampliação para diferentes cuidadores parentais e em diferentes momentos da primeira infância em estudos futuros.
Conclusão
Houve correspondência entre alguns conhecimentos maternos e a execução dos cuidados da criança no primeiro ano de vida. A conexão entre eles é relevante para indicar detalhadamente os desconhecimentos e as incertezas e aprimorar os saberes positivos, contribuindo para promover o desenvolvimento na primeira infância.
A aproximação entre os conhecimentos e experiências parentais e os cuidados efetivamente realizados é de extrema importância para monitorar lacunas de entendimento e reconhecer demandas do processo de desenvolvimento de habilidades para e da criança, assim como os aspectos de saúde e segurança na infância.
Destaca-se a necessidade de incremento da atuação dos profissionais da saúde e da educação infantil para suporte parental, pautado em evidências científicas e em ações que minimizem os desconhecimentos e as incertezas sobre o desenvolvimento integral na primeira infância, para suprimir notícias falsas e reduzir prejuízos e danos às crianças e famílias.
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Artigo extraído da dissertação de mestrado “Saberes maternos sobre o desenvolvimento infantil e cuidados básicos da criança pequena”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Editado por
Editora Associada
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
21 Out 2022 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
-
Recebido
11 Jan 2022 -
Aceito
05 Jun 2022