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Manutenção de vínculos em homens em luto por um ente querido

Objetivo:

examinar a manutenção de vínculos interna e externa em homens vivenciando o luto por um ser querido.

Método:

estudo correlacional, descritivo e de corte transversal. Amostra de conveniência de 170 homens em luto. As variáveis foram: mediadores do luto, manutenção de vínculos e dados sociodemográficos. Utilizou-se um questionário online composto por mediadores de luto, escala de manutenção de vínculos e dados sociodemográficos. Empregou-se estatística descritiva, análise de variância e coeficiente de Spearman. Nível de significância p<0,05.

Resultados:

os participantes tinham uma média de idade de 36,61 anos (DP=13,40) e 80,00% tinham ensino superior. A média de manutenção interna dos vínculos foi de 24,85 (DP=7,93) e a de manutenção externa foi de 7,68 (DP=2,33). Foram estabelecidas diferenças significativas para a manutenção dos vínculos internos e externos entre os parentes do falecido (p<0,001), nenhuma com a causa da morte ou o tempo decorrido desde a morte. Não foram encontradas correlações significativas entre a manutenção dos vínculos internos e externos e os mediadores do luto.

Conclusão:

os homens em luto expressaram a manutenção interna dos vínculos com frequência e a manutenção externa dos vínculos ocasionalmente, com diferenças a respeito de quem era a pessoa falecida. A enfermagem poderia criar estratégias específicas para fortalecer o enfrentamento do luto nesse grupo.

Descritores:
Adaptação Psicológica; Causas de Morte; Homens; Luto; Morte; Pesar


Objetivo:

examinar la continuidad de vínculos interna y externa en hombres que experiencian duelo por un ser querido.

Método:

estudio correlacional, descriptivo y transversal. Muestra a conveniencia de 170 hombres dolientes. Las variables fueron mediadores del duelo, continuidad de vínculos y datos sociodemográficos. Se utilizó un cuestionario en línea compuesto por mediadores de duelo, escala de continuidad de vínculos y datos sociodemográficos. Se empleó estadística descriptiva, análisis de varianza y coeficiente de Spearman. El nivel de significancia correspondió a p<0,05.

Resultados:

la media de edad de los participantes fue de 36,61 años (DE=13,40), y el 80,00% tenía educación superior. Los valores medios de continuidad de vínculos interna y externa fueron 24,85 (DE=7,93) y 7,68 (DE=2,33), respectivamente. Se establecieron diferencias significativas referentes a la continuidad de vínculos interna y externa entre parentesco de la persona fallecida (p<0,001), y ninguna con la causa de muerte o con el tiempo transcurrido desde el fallecimiento. No se precisaron correlaciones significativas entre continuidad de vínculos interna/externa y mediadores del duelo.

Conclusión:

los hombres dolientes expresan la continuidad de vínculos interna de manera frecuente y la externa en ocasiones, con diferencias respecto a quién era la persona fallecida. La Enfermería podría diseñar estrategias específicas que fortalezcan el afrontamiento del duelo en este grupo.

Descriptores:
Adaptación Psicológica; Causas de Muerte; Hombres; Pesar; Muerte; Aflicción


Objective:

to examine internalized and externalized continuing bonds in men grieving a loved one.

Method:

a correlational, descriptive and cross-sectional study. Convenience sample comprised by 170 mourning men. The variables were mediators of mourning, continuing bonds and sociodemographic data. The instrument used was an online questionnaire comprised by mediators of mourning, a continuing bonds scale and sociodemographic data. Descriptive statistics, analysis of variance and Spearman’s coefficient were used. The significance level adopted was p<0.05.

Results:

the participants’ mean age was 36.61 years old (SD=13.40), and 80.00% had Higher Education. The mean values corresponding to internalized and externalized continuing bonds were 24.85 (SD=7.93) and 7.68 (SD=2.33), respectively. Significant differences were established referring to internalized and externalized continuing bonds in terms of kinship with the deceased person (p<0.001), and none with the cause of death or with the time elapsed since the event. No significant correlations were defined between internalized/externalized continuing bonds and mediators of mourning.

Conclusion:

grieving men express internalized and externalized continuing bonds frequently and occasionally, respectively, with differences according to who the deceased person was. The Nursing discipline might devise specific strategies that strengthen coping with grief in this population group.

Descriptors:
Psychological Adaptation; Cause of Death; Men; Grief; Death; Bereavement


Destaques:

(1) A manutenção de vínculos era comum com o ente querido falecido.

(2) A expressão de manutenção de vínculos interna foi frequente após a morte.

(3) Diante da perda, a expressão de manutenção de vínculo externa foi ocasional.

(4) Houve diferenças de parentesco na manutenção de vínculo interna e externa.

(5) Não houve associações entre a manutenção de vínculos e os mediadores do luto.

Introdução

A morte de um ente querido é um evento profundamente desafiador para cada pessoa, testando recursos pessoais, interpessoais e ambientais. Esse desafio é mediado pelo luto como uma resposta única e individual caracterizada por elementos de significados socioculturais distintos. Consequentemente, duas ou mais pessoas podem não ter a mesma experiência em relação a seus pensamentos, comportamentos ou sentimentos(11. Tidwell B, Larson E, Bentley J. Attachment security and continuing bonds: the mediating role of meaning-made in bereavement. J Loss Trauma. 2021;26(2):116-33. https://doi.org/10.1080/15325024.2020.1753389
https://doi.org/10.1080/15325024.2020.17...
).

No que diz respeito aos homens, eles têm se destacado sob a construção social da masculinidade, que dita um conjunto de crenças e expectativas sobre como devem se comportar na sociedade. A masculinidade tradicional é uma ideologia que sustenta que os homens são regidos por normas, criando estereótipos que os definem como seres dominantes, fisicamente fortes, violentos, homofóbicos, entre outros, situando-os em um status social precário(22. Stanaland A, Gaither S, Gassman-Pines A. When is masculinity “fragile”? An Expectancy-Discrepancy-Threat Model of Masculine Identity. Pers Soc Psychol Rev. 2023;0(0):1-19. https://doi.org/10.1177/10888683221141176
https://doi.org/10.1177/1088868322114117...
).

Entretanto, percebeu-se uma transformação que inclui mudanças nos traços de masculinidade, em que os homens assumem papéis de cuidadores de si mesmos e dos outros. Além disso, qualidades como empatia, comunicação, cuidado e cooperação estão ganhando valor social para esse grupo. Assim, haveria diferentes tipos de homens configurados de acordo com a elaboração de sua identidade, o que poderia influenciar a maneira como eles lidam com o luto(33. Valsecchi G, Iacoviello V, Berent J, Borinca I, Falomir-Pichastor JM. Men’s Gender Norms and Gender-Hierarchy-Legitimizing Ideologies: The Effect of Priming Traditional Masculinity Versus a Feminization of Men’s Norms. Gender Issues. 2023. https://doi.org/10.1007/s12147-022-09308-8
https://doi.org/10.1007/s12147-022-09308...
).

Diante do exposto, a gama de masculinidades é ampla, portanto, neste estudo, todas as pessoas que se identificam como homens foram consideradas. No entanto, ao se observar um fenômeno como o luto, não se deve discriminar por sexo ou gênero, mas sim pelos recursos de enfrentamento que cada pessoa possui, de modo a avaliar se eles facilitam (ou complicam) o processo de ajuste e adaptação à perda(44. D’Alton S, Ridings L, Williams C, Phillips S. The bereavement experiences of children following sibling death: an integrative review. J Pediatr Nurs. 2022;66:e82-e99. https://doi.org/10.1016/j.pedn.2022.05.006
https://doi.org/10.1016/j.pedn.2022.05.0...
).

O luto é, portanto, um processo de adaptação a uma nova realidade que surge da perda real ou percebida de um ente querido importante. É uma resposta humana natural e autolimitada com uma série de manifestações físicas, cognitivas, comportamentais ou relacionadas a lesões que afetam a saúde do enlutado. É uma experiência intersubjetiva intensa e específica, determinada por vários fatores conhecidos como mediadores do luto(55. García-Hernández AM, Rodríguez-Álvaro M, Brito-Brito R, Fernández-Gutiérrez D, Martínez-Alberto C, Marrero-González C. Duelo Adaptativo, No Adaptativo y Continuidad de Vínculos. Rev ENE Enferm [Internet]. 2021 [cited 2023 Feb 28];15(1):1-26. Available from: http://ene-enfermeria.org/ojs/index.php/ENE/article/view/1242
http://ene-enfermeria.org/ojs/index.php/...
).

Os mediadores de luto facilitam a interpretação do motivo pelo qual as pessoas seguem caminhos diferentes na vivência do luto, de acordo com suas histórias e significados. Eles descrevem como era o ente querido falecido e o que está afetando o enlutado. Esses mediadores se dividem da seguinte maneira: Quem era a pessoa que morreu? Qual era a natureza do vínculo com ela? Como a pessoa morreu? Fatores como antecedentes históricos, variáveis de personalidade, variáveis sociais e a presença de tensões devem ser considerados. Cada mediador tem vários componentes; no entanto, nesta pesquisa, incluímos o relacionamento com o falecido, a causa da morte e o tempo decorrido desde a morte(66. Worden JW. Grief counselling and grief therapy: a handbook for the mental health practitioner. 5. ed. NewYork: Springer Publishing Company; 2018.).

Além disso, a manutenção de vínculos (MV) é um aspecto normal do processo de luto que enfatiza o relacionamento contínuo com o ente querido falecido na ausência de presença física. Ele se manifestaria como um envolvimento persistente com lembranças e imagens do falecido, não apenas com ideias ou sentimentos. Elas geram conforto, embora dependam de sua essência para isso. A MV é considerada não linear, pois apresenta diferentes formas de expressão, sendo distinguidas a interna e a externa(77. Klass D. Culture, consolation, and continuing bonds in bereavement. New York: Routledge; 2022.).

A MV interna constitui-se de representações mentais que tornam a pessoa falecida uma base segura que facilita o reconhecimento da morte. A MV externa consiste em percepções errôneas sobre a realidade da morte, ocasionando uma rejeição que levaria a um conflito negativo. A contribuição da MV interna e externa no processo de luto é difícil de determinar; no entanto, os antecedentes sociais, culturais, políticos e religiosos devem ser considerados para contextualizar a conexão(88. Rubin SS, Manevich A, Doron II. TheTwo-Track Model of Dementia Grief (TTM-DG): The theoretical and clinical significance of the continuing bond in sickness and in death. Death Stud. 2021;45(10):755-71. https://doi.org/10.1080/07481187.2019.1688014
https://doi.org/10.1080/07481187.2019.16...
).

A literatura precedente tem estudado o processo de luto como MV interna e externa com diversas populações e em diversos contextos. Para ilustrar, depois de analisar a MV em homens e mulheres que perderam um ente querido, observou-se que a MV interna é mediadora entre os parentes do falecido e a MV externa em relação à causa da morte, ambos com ajuste do luto como resultado(99. Field NP, Filanosky C. Continuing Bonds, Risk Factors for Complicated Grief, and Adjustment to Bereavement. Death Stud. 2009;34(1):1-29. https://doi.org/10.1080/07481180903372269
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).

No caso de pais que perderam um filho, a MV interna manteve correlações negativas significativas com a causa da morte, enquanto a MV externa mostrou correlações positivas com esse mediador do luto(1010. Scholtes D, Browne M. Internalized and Externalized Continuing Bonds in Bereaved Parents: Their Relationship with Grief Intensity and Personal Growth. Death Stud. 2015;39(2):75-83. https://doi.org/10.1080/07481187.2014.890680
https://doi.org/10.1080/07481187.2014.89...
). Em adultos, é possível prever se a MV é adaptativa ou desadaptativa. Além disso, independentemente do fato de a MV ser interna ou externa, o tempo decorrido desde a morte aumentaria os sintomas do luto(1111. Sirrine EH, Salloum A, Boothroyd R. Predictors of continuing bonds among bereaved adolescents. Omega. 2018;76(3):237-55. https://doi.org/10.1177/0030222817727632
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).

Os resultados anteriores exemplificam a relevância de associar a MV a outras variáveis para melhor compreendê-la, a fim de orientar novas propostas de cuidados para a população. Considerando a contribuição majoritária das mulheres, argumentou-se que as teorias tradicionais sobre o luto se baseiam em estilos de enfrentamento femininos. Diversas pesquisas têm recomendado o desenvolvimento de estudos com maior participação de homens ou que incluam apenas homens(1111. Sirrine EH, Salloum A, Boothroyd R. Predictors of continuing bonds among bereaved adolescents. Omega. 2018;76(3):237-55. https://doi.org/10.1177/0030222817727632
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12. Karydi E. Childhood bereavement: the role of the surviving parent and the continuing bonds with the deceased. Death Stud. 2018;42(7):415-25. https://doi.org/10.1080/07481187.2017.1363829
https://doi.org/10.1080/07481187.2017.13...
-1213. Rodríguez-Álvaro M. Epidemiología enfermera del duelo en Canarias. Rev Cuidar. 2020;0;27-48. https://doi.org/10.25145/j.cuidar.2020.00.03
https://doi.org/10.25145/j.cuidar.2020.0...
).

Isso, somado ao fato de que o processo de luto como MV não foi pesquisado recentemente considerando de modo específico aos homens, valida o desenvolvimento deste projeto que busca entender as experiências masculinas sobre esse assunto. Por isso, o objetivo do presente trabalho é analisar a manutenção dos vínculos internos e externos em homens que vivenciam o luto por um ente querido. Por outro lado, busca-se responder às seguintes hipóteses:

  • H1:

    Há diferenças entre os mediadores do luto na manutenção dos vínculos internos e externos em homens que estão vivenciando o luto.

  • H2:

    Há relações entre a manutenção dos vínculos internos e externos e os mediadores do luto em homens que estão vivenciando o luto.

Método

O texto seguiu as diretrizes para comunicação de estudos observacionais do Strengthening the Reporting of Observational studies in Epidemiology (STROBE)(1314. STROBE [Homepage]. Bern: Strengthening the Reporting of Observational studies in Epidemiology; c2023 [cited 2023 Feb 28]. Available from: https://www.strobe-statement.org/
https://www.strobe-statement.org/...
).

Design

Foi realizada uma pesquisa não-experimental, correlacional, descritiva e transversal sobre o luto como MV em homens(1415. LoBiondo-Wood G, Haber J. Nursing Research. Methods and Critical Appraisal for Evidence-Based Practice. 10. ed. St. Louis, MO: Elsevier; 2022.).

Local

O estudo foi desenvolvido na Costa Rica em modo virtual. A Costa Rica é um país localizado na América Central. Seu território tem uma extensão de 51.100 km2 dividido em 7 províncias, sendo San José sua capital. A população total é estimada em 5.213.362 habitantes, dos quais 2.624.989 são homens(1516. Instituto Nacional de Estadística y Censos [Homepage]. San José: Sistema de Estadística Nacional; c2022 [cited 2023 Feb 28]. Available from: https://www.inec.cr/
https://www.inec.cr/...
).

Período

A coleta de dados foi realizada no ano de 2022.

População

A população do estudo consistiu em todos os homens em luto na Costa Rica.

Critérios de seleção

Os critérios de inclusão foram: ser do sexo masculino, ter pelo menos 18 anos de idade, ser costarriquenho, residir na Costa Rica e ter sofrido a perda de um ente querido, independentemente do tempo decorrido. Os critérios de exclusão foram limitados ao recebimento de terapia de saúde mental, psicológica ou de enfermagem psiquiátrica para o tratamento do luto. Vale ressaltar que as informações daqueles que não preencheram totalmente o instrumento de coleta não foram incluídas.

Definição da amostra

Realizou-se uma amostragem por conveniência que garantiu uma escolha aprimorada dos participantes, orientada pelas características da pesquisa. Com uma análise a priori no G.Power 3.1.9.2 com um tamanho de efeito de 0,5, um alfa de 0,05 e um poder de 0,95, o tamanho foi calculado em 115 e superestimado em 30%, o que representou 34 indivíduos a mais, determinando uma amostra de 149 participantes. Finalmente, 170 enlutados do sexo masculino (n=170) participaram desta pesquisa.

Variáveis do estudo

Foram elegidas variáveis como: mediadores do luto (grau de parentesco com o falecido, causa da morte, tempo decorrido desde a morte); MV (interna e externa); e dados sociodemográficos (idade, residência, nível de escolaridade, situação empregatícia).

Instrumentos utilizados para coletar a informação

Os dados foram coletados com um questionário online autoadministrado desenvolvido na plataforma LimeSurvey, que é uma ferramenta profissional para coleta de dados online. Ele foi dividido em três partes:

  1. Os mediadores do luto identificaram o parentesco com o falecido, a causa da morte e o tempo decorrido desde a morte.

  2. Escala de Manutenção de vínculos (ECoVin; Continuing Bonds Scale)(99. Field NP, Filanosky C. Continuing Bonds, Risk Factors for Complicated Grief, and Adjustment to Bereavement. Death Stud. 2009;34(1):1-29. https://doi.org/10.1080/07481180903372269
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    ). Avalia o relacionamento com um ente querido após sua morte. Adaptada e validada em espanhol com um excelente nível de consistência interna (α=0,914)(1617. García-Hernández AM, Brito-Brito PR, Rodríguez-Álvaro M, Gutiérrez-Fernández DA, Marrero-González CM, Martínez Alberto CE, et al. Adaptación al español y validación de la Escala de Continuidad de Vínculos (ECV) con el ser querido fallecido. Cultura Cuidados. 2021;25(60):265-89. https://doi.org/10.14198/cuid.2021.60.19
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    ). Inclui 16 itens, como: “Pensa na pessoa falecida como um modelo a ser seguido” ou “Mesmo que tenha sido apenas por um momento, chegou a confundir outras pessoas com a pessoa falecida”, usando uma escala Likert com 4 respostas possíveis, com uma pontuação de 1 a 4, em que 1 é “nem um pouco” e 4 é “constantemente”. Pontuações mais altas indicam maior vínculo com o ente querido falecido, com um mínimo de 16 e um máximo de 64. A escala contém duas subescalas que medem a MV interna (10 itens), com uma pontuação de 10 a 40, e a MV externa (6 itens), com uma pontuação de 6 a 24. Para este estudo, foi registrado um alfa de Cronbach de 0,898 para toda a escala, para as subescalas de MV interna e externa, α=0,916 e α=0,717, respectivamente.

  3. Os dados sociodemográficos distinguiram idade, residência, nível educacional e situação empregatícia.

Coleta de dados

Para o recrutamento, foi criado um convite que incluía uma motivação para participar do estudo, o link para o questionário e um código QR com detalhes de contato, além de um infográfico com informações básicas sobre a pesquisa. Os materiais foram enviados a pessoas responsáveis por instituições ou organizações para divulgação aberta em grupos de apoio a homens, grupos de apoio ao luto, interação pública em mídias sociais ou outras plataformas de mensagens. Nenhuma informação de contato ou informação pessoal dos participantes foi acessada.

Processamento e análise de dados

Realizou-se o download e rastreamento de dados para criar um banco de dados pesquisável no Microsoft Excel 16.69.1, que foi exportado para o Statistical Package for the Social Sciences 25 (IBM SPSS 25) para executar análises estatísticas por dois dos pesquisadores e assim aumentar a precisão. Para estabelecer as características da amostra foi utilizada a estatística descritiva, quantificando as distribuições de frequência, as medidas de tendência central e as medidas de variabilidade. A estatística inferencial foi empregada para determinar as diferenças entre os grupos por meio do teste de análise de variância (ANOVA) e para associações de variáveis por meio do coeficiente de Spearman. O nível de significância foi de p<0,05. A confiabilidade do ECoVin foi analisada com o alfa de Cronbach. Não foram relatados valores faltantes.

Aspectos éticos

A privacidade e a confidencialidade de todos os participantes foram garantidas. Cada participante teve acesso ao consentimento informado para aceitar ou recusar sua colaboração. O desenvolvimento do estudo foi baseado em princípios éticos e boas práticas de pesquisa para garantir o respeito aos direitos humanos. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética Científica da Universidade da Costa Rica (CEC-259-2022).

Resultados

A amostra de homens enlutados (n=170) apresentou uma média de idade de 36,61 anos (DP=13,40). Deles, 80,00% (n=136) tinham nível superior de escolaridade, 17,60% relataram possuir ensino médio (n=30) e 2,40% ensino fundamental (n=4). Não foram registrados casos com nível inferior. A maioria (74,10%) relatou ter um emprego (n=126), 18,20% estavam desempregados (n=31) e o restante estava envolvido em outras atividades (n=13). As demais características podem ser encontradas na Tabela 1.

Tabela 1 -
Distribuição de dados sociodemográficos e mediadores do luto em homens em luto (n=170). Costa Rica, 2022

Os resultados relacionados à MV tiveram uma média de 32,52 (DP=9,15), para a MV interna uma média de 24,85 (DP=7,93) e para a MV externa uma média de 7,68 (DP=2,33). A investigação comparativa por mediadores de luto identificou diferenças significativas entre o parentesco com o falecido na MV interna e externa (Tabela 2).

Tabela 2 -
Comparação entre a manutenção interna e externa dos vínculos considerando o parentesco com o falecido em homens em luto por um ente querido (n=170). Costa Rica, 2022

Observando os outros mediadores do luto, não foram encontradas diferenças significativas com relação à causa da morte (Tabela 3) e ao tempo decorrido desde a morte (Tabela 4) na MV interna e externa.

Tabela 3 -
Comparação entre a manutenção interna e externa do vínculo considerando a causa da morte em homens em luto por um ente querido (n=170). Costa Rica, 2022

Tabela 4 -
Comparação entre a manutenção interna e externa do vínculo considerando o tempo decorrido desde a morte em homens em luto por um ente querido (n=170). Costa Rica, 2022

Ao examinar as associações entre a MV interna e externa e os mediadores do luto, não foram identificadas relações significativas. Em uma análise adicional entre a MV e os mediadores do luto, também não foram observadas correlações significativas (Tabela 5).

Tabela 5 -
Correlação entre a manutenção dos vínculos e os mediadores do luto em homens em luto por um ente querido (n=170). Costa Rica, 2022

Discussão

Os resultados sobre a MV em homens em luto fornecem evidências para responder ao objetivo e às hipóteses declaradas. Isso permitiria demonstrar que os vínculos internos com o falecido são expressos com frequência, e os vínculos externos, ocasionalmente. Além disso, há diferenças na MV interna e externa quando se compara o parentesco com o falecido, mas não ao comparar a causa da morte e o tempo decorrido desde a morte. Além do mais, parece que não há correlações significativas entre a MV e os mediadores do luto. Portanto, a H1 seria parcialmente aceita, ao passo que a H2 seria rejeitada.

Em relação ao gerenciamento do luto nos homens, ele tem sido qualificado pelo uso da intelectualização como um mecanismo de defesa em relação aos seus afetos, culpa pela incapacidade de proteger a pessoa que morreu, raiva pelo que aconteceu ou ocupação em atividades. Sem definir se esses são padrões apropriados, parece que os homens concentram suas experiências de perda na solidão e na solução de problemas. No entanto, não se devem ponderar as atitudes dos homens em relação ao luto sem levar em consideração o contexto e as circunstâncias que envolvem o evento, especialmente porque a maioria dos enlutados integra a perda à nova realidade sem o ente querido em um curto período de tempo sem agravamento(1718. Rodríguez-Álvaro M, Brito-Brito PR, García-Hernández AM. Duelo inadaptado en personas frágiles y dependientes de Canarias. RqR Enferm Comun [Internet]. 2022 [cited 2023 Feb 28];10(1):13-23. Available from: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/8330550.pdf
https://dialnet.unirioja.es/descarga/art...
).

Essas percepções contrastam com o valor da expressão emocional e da busca de apoio afetivo para lidar com o luto, que tradicionalmente têm sido associadas a papéis femininos. No entanto, seria apropriado evitar enquadramentos rígidos de masculinidade e focar no efeito de diferentes estilos de enfrentamento diante do luto. Isso permitiria conjeturar que não há uma trajetória única no ajuste do luto, como demonstram os resultados que refletem a pluralidade das biografias dos participantes e suas masculinidades(1819. Neimeyer R. New techniques of grief therapy. Bereavement and beyond. New York: Routledge; 2022.).

Para os homens enlutados que participaram, o grau de expressão da MV revelaria a importância de permanecer habitualmente ligado ao ente querido. A MV interna seria expressa com frequência e a MV externa, ocasionalmente. Isso é consistente com outras descobertas que interpretaram as conexões com a pessoa após a morte como ocorrendo com frequência ou às vezes. Argumentou-se que esses laços são inerentes e mantidos ao longo do tempo como homenagens ou rituais que influenciam a vida do enlutado. É um fenômeno amplo que estaria ligado à adaptação ou desadaptação do luto. As expressões seriam dinâmicas, mostrando a saudade física do falecido ou a evocação mental de sua presença no momento da perda e ao longo do tempo(1920. Wada K, Buote LC, Kawamoto S. Perceptions of ideal grief and continuing bonds: Undergraduate student survey on persistent complex bereavement disorder. Death Stud. 2022;46(5):1111-22. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1795747
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).

Deduziu-se que a MV interna é uma representação internalizada da pessoa falecida com a qual o vínculo é mantido por meio de pensamentos, sentindo a presença ou acreditando que ela tem uma influência positiva, enquanto a MV externa se distingue em atividades que ocorrem no início do luto, como delírios ou alucinações. Foi afirmado que a MV interna prevê resultados positivos e a MV externa resultados negativos na resolução do luto; no entanto, o papel da MV depende da capacidade de aceitar a morte e construir um significado. Nesse caso específico, não se pode ignorar que o que é revelado pelos participantes tem uma infinidade de simbolismos existenciais que dificultariam uma única interpretação(2021. Lipp NS, O’Brien KM. Bereaved College Students: Social Support, Coping Style, Continuing Bonds, and Social Media Use as Predictors of Complicated Grief and Posttraumatic Growth. Omega. 2022;85(1):178-203. https://doi.org/10.1177/0030222820941952
https://doi.org/10.1177/0030222820941952...
).

As diferenças na MV interna e externa entre os parentes do falecido são consistentes com outras descobertas. Nesse sentido, o valor do parentesco para o enlutado influenciaria deliberadamente os tipos e graus de MV. De acordo com a MV interna, o falecido se tornaria um modelo de confiança, enquanto na MV externa, ele ainda estaria presente no mundo. Ambos os casos aumentam os sintomas do luto, mas foi inferido que a qualidade do relacionamento pode variar a intensidade da MV quando o enlutado encontra conforto no luto. Supõe-se que, nesse conjunto de homens, a representação do vínculo mantido com a pessoa falecida se sobreporia a outras situações que envolvem a morte(2122. Black J, Belicki K, Emberley-Ralph J, McCann A. Internalized versus externalized continuing bonds: Relations to grief, trauma, attachment, openness to experience, and posttraumatic growth. Death Stud. 2022;46(2):399-414. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1737274
https://doi.org/10.1080/07481187.2020.17...
).

Em termos de tempo decorrido desde a morte, há acordo nos relatórios em que não há diferença, o que pode ser atribuído aos traços de personalidade dos participantes e ao ambiente em que vivem. No entanto, explica-se que o tempo decorrido pode ser um elemento-chave na compreensão da MV, pois é comum que os enlutados experimentem frequências variáveis de pensamentos e sentimentos de nostalgia. De fato, seria normal e saudável supor que o luto às vezes se prolongaria no tempo e seria sensato argumentar que sua duração não precisaria ser definida(2223. Albuquerque S, Narciso I, Pereira M. Portuguese Version of the Continuing Bonds Scale–16 in a Sample of Bereaved Parents. J Loss Trauma. 2020;25(3):245-63. https://doi.org/10.1080/15325024.2019.1668133
https://doi.org/10.1080/15325024.2019.16...
).

Houve discordância no que diz respeito à causa da morte, onde outras pesquisas relataram diferenças significativas para a MV interna e externa. De fato, dependendo da causa da morte, havia uma previsão sobre o tipo de MV que seria experimentado, por exemplo, quando a morte foi inesperada ou violenta, ela foi associada à MV externa, utilizando-se menos da MV interna, se comparado com a morte natural. Assim, o cenário da morte interrompe a ordem natural da vida e influencia as manifestações do luto. Os resultados reforçam a necessidade de mais estudos sobre as diferenças na MV interna e externa entre os mediadores do luto(2223. Albuquerque S, Narciso I, Pereira M. Portuguese Version of the Continuing Bonds Scale–16 in a Sample of Bereaved Parents. J Loss Trauma. 2020;25(3):245-63. https://doi.org/10.1080/15325024.2019.1668133
https://doi.org/10.1080/15325024.2019.16...
-2324. Jones EE, Crawley R, Brierley-Jones L, Kenny C. Continuing bonds following stillbirth: protective and risk factors associated with parental bereavement adaptation. J Reprod Infant Psychol. 2023;41(1):93109. https://doi.org/10.1080/02646838.2021.1972951
https://doi.org/10.1080/02646838.2021.19...
).

Em contraste com as associações declaradas entre a MV e os mediadores do luto, a pesquisa relatou correlações significativas entre a MV, a causa da morte e o tempo desde a perda, o que apoiaria a adaptação ou desadaptação do luto. Argumentou-se que, quando a causa da morte gera desconfiança ou insegurança, os vínculos externos que causam dificuldades são expressos. Da mesma forma, a persistência ao longo do tempo de alguns vínculos internos e externos seria sinônimo de desadaptação(2425. Sekowski M. Concrete and symbolic continuing bonds with a deceased person: the psychometric properties of the continuing bonds scale in bereaved surviving family members. J Soc Pers Relat. 2021;38(5):1655-70. https://doi.org/10.1177/02654075211001574
https://doi.org/10.1177/0265407521100157...
).

Foi proposto que, quando o enlutado é incapaz de diferenciar as ideias em sua mente da realidade externa, ele mostra angústia que promoveria a desadaptação, ao passo que o enlutado que é capaz de interpretar e entender os simbolismos em sua mente poderia alcançar a adaptação.

É surpreendente que, nesse grupo de homens, esses mediadores do luto não influenciem a elaboração do processo de luto, o que apoia a ideia de que a MV é um fenômeno tão complexo que se comporta de forma diferida durante o luto(2425. Sekowski M. Concrete and symbolic continuing bonds with a deceased person: the psychometric properties of the continuing bonds scale in bereaved surviving family members. J Soc Pers Relat. 2021;38(5):1655-70. https://doi.org/10.1177/02654075211001574
https://doi.org/10.1177/0265407521100157...
-2526. Hopf D, Eckstein M, Ditzen B, Aguilar-Raab C. Still with me? Assesing the persisting relationship to a deceased loved-one – Validation of the “Continuing Bonds Scale” in a german population. Omega. 2022;0(0):1-26. https://doi.org/10.1177/00302228221076622
https://doi.org/10.1177/0030222822107662...
).

Entretanto, semelhanças na relação relatada entre MV e parentesco com o falecido foram encontradas em outros estudos em que não foram estabelecidas relações significativas. Em síntese, a morte é um evento estressante que é acompanhado por reações fisiológicas e psicológicas determinadas por particularidades elementares, como relacionamentos anteriores e posteriores. Embora tenha sido demonstrado que a qualidade do vínculo com o falecido é um fator de proteção no luto e que a proximidade do relacionamento e as formas de apego estão associadas à MV, os homens podem perceber, processar e comunicar sua concepção da experiência de forma diferente. Os resultados orientariam a necessidade de integrar as diferenças culturais para entender melhor essa população(2526. Hopf D, Eckstein M, Ditzen B, Aguilar-Raab C. Still with me? Assesing the persisting relationship to a deceased loved-one – Validation of the “Continuing Bonds Scale” in a german population. Omega. 2022;0(0):1-26. https://doi.org/10.1177/00302228221076622
https://doi.org/10.1177/0030222822107662...
-2627. Goodall R, Krysinska K, Andriessen K. Continuing Bonds after Loss by Suicide: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(5):2963. https://doi.org/10.3390/ijerph19052963
https://doi.org/10.3390/ijerph19052963...
).

Em conclusão, pode-se argumentar que os achados refletem a complexidade do processo de luto como MV em homens. Por ser um fenômeno tão íntimo, cada população teria suas próprias características peculiares que a definem e a diferenciam das outras. Acredita-se que a generalização não é consistente com as necessidades reais; pelo contrário, a especificidade favorece a profundidade, a proximidade e a sensibilidade ao luto dos homens envolvidos.

A análise do processo de luto como uma MV (interna e externa) em homens destaca-se com um ponto forte importante do estudo, pois é uma das pesquisas mais recentes nessa área e contribuiria com novos conhecimentos para a compreensão do assunto. Além disso, destaca-se o uso do ECoVin como um dos primeiros instrumentos de medição de MV validado e adaptado para o espanhol. Também a contribuição de pesquisadores de enfermagem com experiência no assunto.

Ainda assim, o estudo não está isento de limitações que devem ser relatadas. O desenho transversal não estabelece causalidade e não é propício para a natureza evolutiva do luto, o esquema de recrutamento pode ser vulnerável ao viés de autosseleção e a configuração autoadministrada do instrumento de coleta pode limitar a precisão das medidas. Como os dados coletados se concentram no luto de homens, sua comparabilidade pode ser limitada, pois existem poucos estudos com essa especificidade.

Algumas recomendações de pesquisa exigem estudos longitudinais que meçam mais mediadores e variáveis para entender o papel da MV no processo de luto dos homens. Da mesma forma, estudos que revelem as narrativas dos homens sobre os significados que eles atribuem ao processo de luto como MV.

De acordo com a prática, recomenda-se o desenvolvimento de estratégias de promoção e prevenção baseadas em evidências especificamente para homens em luto, em que marcadores como masculinidades, culturas, espiritualidades e todos aqueles que convergem no enfrentamento e na adaptação ao luto sejam valorizados para dar significado à MV.

Conclusão

A MV é um diálogo aberto complexo de natureza intersubjetiva e interdependente que a torna única e especial para cada pessoa enlutada imersa em um contexto com características socioculturais diferenciadas. Nesse grupo de homens em luto, em que a intensidade na expressão da MV interna ocorreu com frequência, sendo que a MV externa ocorreu ocasionalmente, vislumbra-se um relacionamento com o ente querido marcado por diferenças carregadas de simbolismo, em relação a quem era a pessoa falecida.

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  • Como citar este artigo

    Martínez-Esquivel D, Muñoz-Rojas D, García-Hernández AM. Continuing bonds in men grieving a loved one. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2023;31:e4011 [cited ano mês dia]. Available from: URL . https://doi.org/10.1590/1518-8345.6753.4011
  • Todos os autores aprovaram a versão final do texto.

Editado por

Editora Associada:

Sueli Aparecida Frari Galera

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2023
  • Aceito
    12 Jul 2023
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