Objetivo: desenvolver um modelo de informação sobre o gerenciamento da dor em pessoas idosas hospitalizadas.
Método: estudo observacional retrospectivo de Big Data, guiado pelo Applied Healthcare Data Science Roadmap . A amostra incluiu todos os Registros Eletrônicos de Saúde relacionados ao gerenciamento da dor em pessoas idosas com 75 anos ou mais, considerados vulneráveis na instituição, internados em unidades clínicas e cirúrgicas. Para análise foram utilizados pacotes de ciência de dados em Python ®
Resultados: encontrou-se 9.635 internações referentes a 4.753 pacientes, com média de 81 anos, sendo 54% do sexo feminino. Os principais motivos de hospitalização foram doenças do aparelho circulatório (n = 1.593, 28,6%), neoplasias (n = 893, 16%) e doenças do aparelho geniturinário (n = 508, 9,1%). Identificou-se 60 atributos relacionados à dor, organizados nos grupos: dor atual; instrumentos e características de avaliação; diagnóstico de enfermagem; etiologia do diagnóstico de enfermagem; intervenções para alívio; consultorias com especialidades; e reavaliação da dor. Os grupos foram classificados em quatro grandes painéis que constituíram o modelo de informação
Conclusão: o modelo de informação desenvolvido apresentou um panorama da realidade assistencial do gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis, subsidiando a tomada de decisão para a gestão da dor nesta população
Descritores: Manejo da Dor; Saúde do Idoso; Cuidado de Enfermagem ao Idoso Hospitalizado; Registros Eletrônicos de Saúde; Informática em Enfermagem; Mineração de Dados
Objective: to develop an information model on pain management in hospitalized aged people.
Method: a Big Data retrospective and observational study guided by the Applied Healthcare Data Science Roadmap. The sample included all Electronic Health Records related to pain management in older adults aged at least 75 years old considered vulnerable in the institution and admitted to clinical and surgical units. Data science packages were used in Python ® for data analysis.
Results: a total of 9,635 hospitalizations were found for 4,753 patients, with a mean age of 81 years old and 54% belonging to the female gender. The main reasons for hospitalization were diseases of the circulatory system (n=1,593; 28.6%), neoplasms (n=893; 16%) and diseases of the genitourinary system (n=508; 9.1%). A total of 60 attributes related to pain were identified and organized into groups: current pain, assessment instruments and characteristics, Nursing diagnosis, etiology of the Nursing diagnosis, interventions for relief, consultations to specialties and pain reassessment. The groups were classified into four large panels that constituted the information model.
Conclusion: the information model developed presented an overview of the healthcare reality of pain management in vulnerable aged people, supporting decision-making for pain management in this population segment.
Descriptors: Pain Management; Health of the Elderly; Nurses Improving Care for Health System Elders; Electronic Health Records; Nursing Informatics; Data Mining
Objetivo: desarrollar un modelo de información sobre el manejo del dolor en adultos mayores hospitalizados.
Método: estudio observacional retrospectivo de Big Data guiado por el Applied Healthcare Data Science Roadmap . La muestra incluyó todos los Registros Médicos Electrónicos relacionados con el manejo del dolor en adultos mayores de 75 años o más, considerados vulnerables en la institución, ingresados en unidades clínicas y quirúrgicas. Para el análisis se utilizaron paquetes de ciencia de datos en Python ® .
Resultados: se encontraron 9.635 hospitalizaciones para 4.753 pacientes, con edad promedio de 81 años, de los cuales 54% eran del sexo femenino. Los principales motivos de hospitalización fueron enfermedades del sistema circulatorio (n=1.593, 28,6%), neoplasias (n=893, 16%) y enfermedades del sistema genitourinario (n=508, 9,1%). Se identificaron 60 atributos relacionados con el dolor, organizados en los siguientes grupos: dolor actual, instrumentos y características de evaluación, diagnóstico de enfermería, etiología del diagnóstico de enfermería, intervenciones para el alivio, consultoría de especialidades y reevaluación del dolor. Los grupos se clasificaron en cuatro grandes paneles que conformaron el modelo de información.
Conclusión: el modelo de información desarrollado presentó una visión general de la realidad asistencial del manejo del dolor en adultos mayores vulnerables, que contribuye a la toma de decisiones para el manejo del dolor en esta población.
Descriptores: Manejo del Dolor; Salud del Anciano; Enfermería para la Mejora de la Atención Sanitaria Geriátrica; Registros Electrónicos de Salud; Informática Aplicada a la Enfermería; Minería de Datos
Destaques:
(1) Classificou-se os atributos em: avaliação, intervenções e reavaliação da dor.
(2) Observa-se maior importância dada à avaliação e às intervenções farmacológicas da dor.
(3) Houve uma variabilidade maior nos cuidados para dor prescritos por enfermeiros.
(4) Identificou-se a ausência de instrumentos multidimensionais para avaliação da dor.
(5) Cuidados para dor foram prescritos de forma recorrente em idosos com risco de quedas.
Introdução
Tende-se a esperar que a dor aumente com a idade, seja devido ao acúmulo de lesões musculoesqueléticas, desgaste físico com o envelhecimento ou pela presença de multimorbidades ( 2022 - 2020 ) . Entretanto, a dor na pessoa idosa é complexa, pois é associada a fatores psicossociais em conjunto às alterações da modulação deste sinal, que ainda não são bem esclarecidos ( 2022 ) . A avaliação clínica habitual pode não englobar essas particularidades da pessoa idosa, especialmente no contexto hospitalar ( 2019 ) .
Diferentes estratégias foram desenvolvidas por programas hospitalares para suprir as necessidades integrais da pessoa idosa hospitalizada, principalmente a prevenção de declínio funcional ( 2022 ) . A idade é um fator determinante no desenvolvimento de incapacidades durante a hospitalização, visto que pacientes a partir dos 75 anos apresentam maior probabilidades de perder a capacidade de executar atividades de vida diária durante a hospitalização ( 2003 ) . Com uma avaliação geriátrica abrangente, pessoas idosas têm melhores chances de sobreviver à hospitalização sem sofrer deterioração cognitiva ou funcional ( 2022 ) .
Partindo deste prisma, pesquisadores de um hospital universitário de grande porte, localizado no sul do Brasil, desenvolveram um protocolo de cuidado a pessoas idosas hospitalizadas ( 2019 ) . Considerando o envelhecimento populacional e a operacionalidade do serviço hospitalar, há um foco direcionado a pessoas idosas mais velhas e que estão mais vulneráveis ao risco de sofrerem deterioração funcional durante a hospitalização ( 2003 ) . O protocolo institucional ( 2019 ) , portanto, considera todas as pessoas a partir de 75 anos como vulneráveis.
Nesse contexto, a dor é um sinal também relacionado à redução da capacidade funcional e da piora da qualidade de vida ( 2022 - 2020 , 2003 ) , constituindo-se um aspecto importante a ser considerado na elaboração do plano de cuidados à pessoa idosa hospitalizada.
Para o registro do plano de cuidados, as instituições hospitalares aplicam de forma cada vez mais usual os sistemas de informação eletrônicos, que acabam servindo como uma fonte de informações promissora. Registros secundários coletados na prática assistencial, ou Registros Eletrônicos de Saúde (RES), contêm um grande volume de informações oriundas dos serviços de saúde e produzidas continuamente por diferentes profissionais ( 2021 ) . Assim, uma das potencialidades do uso de RES é a análise de informações de saúde vinculadas às ferramentas da ciência de dados, como análises de Big Data ( 2021 - 2020 ) .
Em suma, o termo Big Data refere-se às características dos banco de dados utilizado, como grande volume de dados, acúmulo rápido de novas informações e variedade de dados, devido aos formatos diferenciados ( 2020 ) . Os métodos de análise de Big Data referem-se a técnicas e métodos de análise de uma grande quantidade de RES. Esses dados são muito diversos e difíceis de visualizar através de softwares ou ferramentas tradicionais em pesquisa, demandando uso de conhecimentos e ferramentas específicos para processá-los ( 2021 - 2020 ) .
Logo, as análises de Big Data podem ser utilizadas por enfermeiros para aprimorar processos de trabalho sensíveis ao cuidado de enfermagem, tanto no cenário assistencial, quanto na gestão em saúde ( 2021 - 2021 ) . Tais abordagens analíticas permitem o desenvolvimento da “enfermagem de precisão”, visando oferecer um cuidado personalizado, adequado às particularidades de cada indivíduo, caminhando em direção a modelos de saúde preditivos ( 2021 , 2020 ) . Uma das estratégias utilizadas em instituições de saúde norte-americanas para adequar a organização de RES, aproveitando a potencialidade do uso desses registros, é a elaboração de Modelos de Informação (MI) ( 2017 ) .
Os MI elucidam, de forma visual, conceitos e atributos presentes nos RES, permitindo que as informações sejam visualizadas e acessadas de forma mais eficiente, tornando os dados mais compreensíveis e facilitando a utilização das informações coletadas para decisões clínicas e gerenciais ( 2021 , 2017 ) . Além disso, também oferecem suporte para construção de ontologias ( 2017 - 2019 ) , que são um modelo formal de conceitos, propriedades, relações e funções entre informações de um banco de dados. Um MI de alto nível, com conceitos e relações bem definidos, permite a interoperabilidade de dados clínicos entre diferentes sistemas de informação e instituições de saúde ( 2021 , 2017 ) .
Diferentes MI relacionados à dor e a outros temas sensíveis à prática de enfermagem já foram produzidos, principalmente com dados secundários de hospitais estadunidenses ( 2017 ) . No contexto brasileiro, foi desenvolvido um MI do gerenciamento da dor utilizando dados de RES de pacientes adultos ( 2021 ) , que contou com mais de 50 mil pacientes. Entretanto, a ampla faixa etária abrangida no estudo - dos 18 aos 107 anos - dificulta a identificação de necessidades de cuidado e particularidades relacionadas à dor em populações específicas, como a população de pessoas idosas.
Tendo em vista que a dor é um sinal que tende a estar mais presente na população acima dos 70 anos ( 2020 ) e é impactante sobre a capacidade funcional ( 2022 - 2020 ) , identificou-se a necessidade de aprimorar o conhecimento relacionado ao gerenciamento da dor em pessoas idosas. A construção de um MI do gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis, a partir dos 75 anos, oferece diversos benefícios potenciais que vão ao encontro da qualificação e segurança do paciente; assim como do aprimoramento do cuidado de enfermagem à pessoa idosa hospitalizada.
Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo desenvolver um modelo de informação sobre o gerenciamento da dor em pessoas idosas hospitalizadas, buscando responder à questão norteadora: “Como o gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis pode ser observado em RES?”.
Método
Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, com utilização de dados secundários, utilizando o processo de data-driven para análise dos RES. Data-driven é um processo organizacional no qual se faz uso do mapeamento da informação para direcionar o planejamento e o processo de tomada de decisões ( 2017 ) .
Local do estudo
O estudo foi realizado a partir de registros eletrônicos em saúde provenientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que é geral e público, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o que o caracteriza como hospital universitário ( 2023a ) . No que tange à gestão hospitalar e à assistência em saúde, o HCPA é apoiado pelo uso da tecnologia da informação, principalmente, representada pelo Aplicativo para Gestão Hospitalar denominado AGHUse. Esse sistema facilita o gerenciamento e o registro das atividades assistenciais e administrativas em saúde e foi desenvolvido pela própria instituição, sendo atualmente compartilhado com outras seis instituições públicas no país ( 2023b ) .
No HCPA, o envelhecimento é entendido como um indicador que determina necessidades específicas de assistência baseado em um Protocolo Assistencial ao Idoso Hospitalizado ( 2019 ) . Todas as pessoas idosas, a partir de 60 anos, são avaliadas quanto ao risco de vulnerabilidade pelo enfermeiro por meio da escala de avaliação PRISMA-7 ( 2008 ) . A partir dos 75 anos, todas as pessoas idosas são consideradas vulneráveis, ou seja, estão mais suscetíveis a riscos de perda de funcionalidade mental e funcional decorrente da hospitalização e são avaliados de forma multiprofissional ( 2019 ) .
Apesar do instrumento PRISMA-7 ( 2008 ) ter sido desenvolvido voltado para idosos com 85 anos ou mais, o HCPA utiliza-o de forma adaptada para rastreamento de pessoas idosas que venham a necessitar de acompanhamento multiprofissional de forma periódica, considerando que é um instrumento de aplicação rápida e de fácil compreensão para as equipes assistenciais que realizam o rastreamento.
As pessoas idosas, a partir de 75 anos, são acompanhadas pela equipe multiprofissional, enquanto as pessoas idosas mais jovens são acompanhadas de acordo com a identificação de maior vulnerabilidade, conforme o instrumento PRISMA-7. Trata-se de uma escolha gerencial, feita pela instituição, como uma forma de otimizar os acompanhamentos na linha de cuidado à pessoa idosa hospitalizada, visto que há uma crescente pela demanda dos serviços da instituição por pessoas cada vez mais velhas, como foi observado no ano de 2023 com aumento de 40% no número de internações de pessoas com 75 anos ou mais em comparação com o ano anterior ( 2024 ) .
Quanto ao Processo de Enfermagem na instituição, este é informatizado e tem como referencial teórico de enfermagem as Necessidades Humanas Básicas ( 2016 ) , além disso, o sistema eletrônico contempla todas as etapas do processo de enfermagem. Na etapa de diagnóstico de enfermagem (DE) é utilizada a terminologia da NANDA-Internacional (NANDA-I) ( 2021 ) , com adaptações para a estrutura do sistema eletrônico e para a realidade institucional. Dentro das adaptações feitas, notam-se os itens expressos na terminologia da NANDA-I, como: fatores relacionados, características definidoras, fatores de risco e populações em risco, que estão compilados no sistema eletrônico com o termo “etiologia”.
Já as intervenções de enfermagem estão associadas aos diagnósticos de enfermagem e são baseadas na terminologia da Classificação das Intervenções de Enfermagem - Nursing Interventions Classification (NIC) ( 2020 ) e na literatura relacionada à prática clínica. Por sua vez, no AGHUse as intervenções de enfermagem são referidas pelo termo “cuidados”.
Período
Os dados do estudo são referentes ao período entre julho de 2014 e junho de 2019, ao passo que o desenvolvimento do MI do gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis se deu no período entre fevereiro de 2022 e março de 2023.
População e amostra
A população do estudo foi composta por todos os RES estruturados, originários dos prontuários eletrônicos, com dados clínicos e sociodemográficos de pacientes adultos internados em unidades clínicas e cirúrgicas do HCPA. A população representa os RES coletados em projeto de pesquisa anterior com pacientes adultos ( 2021 ) . A amostra compreendeu o recorte de registros referente às pessoas idosas a partir de 75 anos; contabilizando mais de três milhões de observações em RES pertencentes a 7.453 pacientes.
Coleta de dados
Para elaboração deste estudo, utilizou-se dados clínicos e sociodemográficos estruturados, registrados em prontuário eletrônico, relacionados ao gerenciamento da dor em pessoas idosas com 75 anos ou mais e considerados pela instituição como mais vulneráveis.
E, ainda, este estudo utilizou-se de queries para seleção dos RES no banco de dados do hospital. As queries foram construídas pelos analistas de tecnologia da informação da instituição hospitalar na qual a pesquisa se desenvolveu, e foram compartilhadas com os pesquisadores envolvidos através de tabelas em Excel. O banco de dados bruto em Excel , referente ao projeto de pesquisa maior, foi transformado em CSV ( Comma-Separated Values ) com o objetivo de permitir a utilização de técnicas de manuseio de Big Data , considerando o volume de dados.
Os critérios para construção das queries foram: todos os registros eletrônicos estruturados de pacientes adultos (acima de 18 anos), internados em unidades clínicas e cirúrgicas. A partir desse banco de dados delineou-se um recorte para o aprofundamento da investigação da dor na população idosa com 75 anos ou mais, o que compõe o presente estudo.
O manuseio dos RES foi guiado pelo roteiro de ciência de dados denominado Applied Healthcare Data Science Roadmap ( 2020 ) . Esta metodologia engloba seis etapas: (1) Entender a questão de pesquisa; (2) Análise exploratória dos dados; (3) Preparação dos dados; (4) Modelagem Analítica; (5) Avaliação ou validação; (6) Implementação ou desdobramento. Em vista disso, este estudo engloba as quatro primeiras etapas do roteiro.
Além do mais, nesta metodologia, as variáveis são obtidas por meio da exploração do banco de dados retrospectivo em um ambiente de programação, o que permite o rastreio de todos os pacientes. Dessa forma, avaliamos os pacientes com 75 anos ou mais encontrados no banco de dados.
Neste estudo são considerados apenas os dados estruturados, ou seja, que são organizados no formato de tabelas. As tabelas que compuseram o banco de dados de pessoas idosas com 75 anos ou mais e o volume de informações obtidas pode ser observado na Tabela 1 .
Cada coluna das tabelas representa uma variável a ser explorada, enquanto cada linha representa uma observação das variáveis presentes nas tabelas. O número de pacientes com 75 anos ou mais varia de tabela para tabela, considerando que algumas intervenções – por exemplo, solicitação de consultoria a especialidades – não foram solicitadas para todos os pacientes. Dessa forma, para construção do MI, os autores consideraram as observações totais de cuidados prescritos para dor, e não o número de observações por paciente.
A representação da coleta de dados na base do AGHUse, as tabelas e as variáveis utilizadas no banco de dados dos pacientes com 75 anos ou mais estão representados na Figura 1 .
- Representação da coleta e preparação do banco de dados que compuseram os registros eletrônicos de saúde das pessoas idosas vulneráveis
Tratamento e análise dos dados
No tratamento e análise foram realizadas as etapas de análise exploratória; bem como a preparação e a modelagem dos dados relacionados à dor em pacientes com 75 anos ou mais. A análise exploratória refere-se à observação ampla dos dados disponíveis e rastreamento de pacientes com 75 anos ou mais. Na preparação dos dados são realizadas as adequações do banco de dados para rastreamento dos atributos relacionados ao gerenciamento da dor; na modelagem analítica é realizada a categorização dos atributos encontrados.
Análise exploratória dos dados
Foi organizado um Integrated Development Environment (IDE) para manuseio do banco de dados no Jupyter notebook em linguagem de programação Python ® e utilizado pacotes da biblioteca Pandas para análise de dados ( 2018 ) .
No IDE foram explorados os conteúdos de cada variável presente nas tabelas que compuseram o banco de dados, a fim de identificar as informações relacionadas ao gerenciamento da dor em pessoas idosas. Cada paciente único possuía um identificador numérico, aqui denominado de “identificador único do paciente”, que foi utilizado como identificador-chave ( 2018 ) , com o propósito de cruzar as diferentes tabelas e garantir que os dados fossem referentes aos pacientes com 75 anos ou mais.
Preparação dos dados
No pré-processamento foram realizadas as adequações necessárias no banco de dados pela exclusão de dados que possibilitassem a identificação do paciente ou de profissionais envolvidos no cuidado, assim como a exclusão de dados incoerentes (por exemplo: erros de digitação, como o uso de caracteres ao invés de números).
Para determinar a idade dos pacientes, foi considerado o dado estruturado de data de nascimento associado à data da primeira internação; uma vez que um único paciente pode ter apresentado mais de uma internação no período estudado. Pacientes sem data de nascimento e/ou sem data de internação foram excluídos.
Além disso, para minerar os dados relacionados à dor que estavam disponíveis no banco de dados, foram buscados os termos “analgesia”, “doloros*”, “dor” e “antálgic*” em todas as tabelas, exceto nos registros de medicações prescritas. Neste caso, as medicações relacionadas à dor foram mineradas por códigos de identificação da instituição, que permitiu identificá-los entre analgésicos opioides e não opioides. As informações mineradas foram contabilizadas por número de observações e foi realizado o cálculo de distribuição dos dados. Também foram utilizados como fontes de dados para desenvolvimento do MI os dados de anotações de enfermagem (sinais vitais e níveis de dor); diagnósticos e prescrições de enfermagem; assistência médica não farmacológica; diagnósticos médicos; medicamentos prescritos; procedimentos médicos; além de dados sociodemográficos.
Todavia, registros com menos de 50 observações foram considerados insuficientes e desconsiderados para elaboração do MI, conforme estudo prévio ( 2021 ) . Os atributos relacionados ao gerenciamento da dor em pessoas idosas foram agrupados e categorizados.
Modelagem analítica
Após a preparação do banco de dados, as informações obtidas relacionadas ao gerenciamento da dor na população de estudo foram categorizadas. A categorização foi baseada em um MI de gerenciamento da dor ( 2018 ) norte-americano validado entre 10 instituições hospitalares, e leva em consideração as características culturais institucionais do local de estudo e o processo de enfermagem adotado na instituição.
A partir da categorização, os conceitos e os atributos foram desenhados, com uma estrutura visual de relações entre os resultados obtidos, utilizando o software LucidChart . A estrutura visual desenvolvida trata-se do MI do gerenciamento da dor em pessoas idosas a partir de 75 anos. Esta modelagem observacional permite a compreensão abrangente dos processos e dos atributos presentes nos RES e que retratam as práticas de cuidado realizadas na instituição.
Aspectos éticos
Para manutenção do sigilo e da segurança da informação, o número de prontuário eletrônico de todos os pacientes foi de-identificado pela instituição hospitalar, sendo fornecida às pesquisadoras uma identificação numérica única por paciente nas tabelas. O projeto de pesquisa foi cadastrado na Plataforma Brasil, encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e aprovado sob registro nº 2018.0669.
Resultados
Para o desenvolvimento do MI sobre o gerenciamento da dor, foram utilizadas metodologias específicas para a manipulação de Big Data . Ainda assim, durante a análise exploratória foram necessários a limpeza e o tratamento dos dados para extrair somente as informações pertinentes ao objetivo do estudo.
Identificou-se 4.753 pacientes, referentes a 9.635 internações no período estudado. A média de idade dos pacientes internados foi de 81 anos, sendo o mais velho de 107 anos. Quando estratificados por faixas etárias, 46,6% deles estavam entre os 75 e 79 anos; 30,1% entre os 80 e 84 anos; 16,7% entre 85 e 89 anos; e 6,6% com 90 anos ou mais. Dentre os 4.753 pacientes, 2.579 (54,2%) eram do sexo feminino, 4.413 (92,8%) de pessoas brancas. Outros grupos raciais foram encontrados em menores proporções: 250 pessoas pretas (5,2%), 82 pardas (1,7%) e oito amarelas (0,15%).
Quanto ao nível de instrução, a maioria dos pacientes possuía educação básica incompleta (n = 2.215, 46,7%), seguido pela educação básica completa (n = 854, 17,9%), ensino médio completo (n = 600, 12,7%), ensino superior completo (n = 396, 8,3%), nenhuma instrução formal (n = 216, 4,5%), ensino médio incompleto (n = 100, 2,1%) e ensino superior incompleto (n = 36, 0,7%). Houve ausência desse registro em 336 (7,1%) casos.
Ademais, o motivo da internação em registro estruturado foi encontrado em 5.562 internações referentes a 1.457 pacientes. Desse total de internações, as causas foram agrupadas em grandes grupos do Código Internacional das Doenças - CID10, para permitir melhor visualização. As principais causas registradas foram as doenças do aparelho circulatório (n = 1.593, 28,6%), neoplasias (n = 893, 16%), doenças do aparelho geniturinário (n = 508, 9,1%), doenças do aparelho digestivo (n = 504, 9%) e as doenças do aparelho respiratório (n = 446, 8%).
Quando minerados os valores para identificação dos atributos relacionados à dor, foram identificados 44.093 cuidados de enfermagem prescritos para dor, distribuídos entre cinco principais diagnósticos de enfermagem (DE) com cuidados prescritos para dor, sendo eles: Dor Aguda (73,7%), Dor Crônica (9,5%), Risco de Quedas (8,9%), Conforto Prejudicado (4,8%) e Mobilidade Física Prejudicada (1,7%), além de outros diagnósticos de enfermagem que também possuíam cuidados prescritos para dor, em percentual menor (1,4%).
Acrescenta-se que as principais etiologias relacionadas à dor elencadas para os DE foram: trauma relacionado a procedimento invasivo e/ou lesão cirúrgica (57,3%); evolução da doença (20%); mobilidade prejudicada (7,6%); alteração vascular (4,4%); agentes lesivos biológicos, químicos, físicos e psicológicos (7,6%); sintomas da doença ou dor (4,2%); mobilidade física prejudicada (3,6%). Destaca-se que o valor “dor” esteve presente tanto como DE quanto como etiologia de um determinado diagnóstico, por exemplo, mobilidade física prejudicada. Porém, foram considerados para mineração dos dados os atributos prescritos nos cuidados de enfermagem, a fim de avaliar quais DE possuíam cuidados para dor prescritos com maior frequência à população de pessoas idosas com 75 anos ou mais.
Quando estratificadas por DE, as etiologias mostraram distribuições bastantes distintas entre eles. O DE Dor Aguda apresentou como principais etiologias o trauma relacionado ao procedimento invasivo e/ou lesão cirúrgica, evolução da doença e alteração vascular. Já o DE Dor Crônica apresentou como principais etiologias a evolução da doença e o processo inflamatório. Enfim, o DE Risco de Quedas, quando teve prescritos cuidados para dor, apresentou como principal etiologia a mobilidade prejudicada.
Com efeito, foram identificados 60 atributos relacionados à dor em pessoas idosas vulneráveis, em diferentes tabelas do banco de dados, e os principais atributos em número de observações estão descritos na Figura 2 . Os atributos identificados foram organizados em sete grupos: (1) dor atual; (2) instrumentos e características de avaliação da dor; (3) título dos Diagnósticos de Enfermagem; (4) etiologia dos Diagnósticos de Enfermagem; (5) intervenções para alívio da dor; (6) consultorias a especialidades; (7) reavaliação da dor. A organização em grupos serviu de suporte para construção das definições conceituais dos grupos de atributos, aprimorando a compreensão semântica do MI desenvolvido.
Principais atributos encontrados quanto ao gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis nos registros eletrônicos em saúde
Estes sete diferentes grupos de atributos foram agrupados e organizados em painéis de classificação: (1) Painel de Avaliação; (2) Painel de Intervenções; (3) Painel de Diagnósticos de Enfermagem e seus componentes; (4) Painel de Reavaliação.
Assim sendo, a classificação dos atributos utilizou como base um MI de gerenciamento da dor validado ( 2018 ) , acrescentando em sua construção aspectos relacionados à cultura institucional e ao fluxograma de organização do sistema de informação hospitalar. Portanto, a partir dos RES organizou-se os componentes relacionados ao gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis. Para compreensão semântica do MI desenvolvido, a definição conceitual da classificação e dos grupos de atributos está descrita na Figura 3 .
Por fim, baseado nos dados de RES relacionados à dor que foram minerados na amostra do estudo, e após a classificação e organização destes atributos, foi desenvolvido um MI do gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis em um hospital universitário do sul do país. O MI desenvolvido é representado em uma estrutura visual na Figura 4 .
Definição descritiva dos grupos de atributos e da classificação (painéis) utilizados no desenvolvimento do Modelo de Informação
Discussão
A partir dos RES estruturados das pessoas idosas acima de 75 anos, foi desenvolvido o primeiro MI sobre o manejo da dor nesse grupo populacional. Apesar do banco de dados se restringir apenas a dados estruturados, a mineração com técnicas de ciência de dados permitiu obter informações amplas e com um volume significativo da amostra em estudo.
Outros MI quanto ao gerenciamento da dor já foram desenvolvidos anteriormente com grandes bancos de dados nos Estados Unidos ( 2017 ) , e também no Brasil ( 2021 ) , porém não especificamente para pessoas idosas. O MI sobre o gerenciamento da dor norte-americano ( 2017 ) , com dados de diversas instituições de saúde, foi validado pela avaliação de especialistas ( 2018 ) , melhorando sua aplicabilidade clínica e oferecendo perspectivas para interoperabilidade entre sistemas de saúde. No entanto, o MI desenvolvido no presente estudo foi desenvolvido com os dados de uma única instituição hospitalar, o que reduz a sua capacidade de generalização.
A estratificação de idade entre pacientes idosos e idosos vulneráveis – com 75 anos ou mais - é uma ferramenta de operacionalização do acompanhamento da pessoa idosa hospitalizada na instituição ( 2019 ) . Entretanto, é controverso na literatura quanto à relevância da idade na prevalência da dor ( 2018 ) . A idade não foi observada como um fator significativamente diferente entre idosos com e sem dor no corpo ( 2021 ) , em dor no joelho ( 2020 - 2023 ) . Contudo, a idade é fator significante na intensidade da dor em pacientes com dor lombar ( 2023 ) , pós artroplastia total de quadril ( 2022 ) e em sinais de alterações da percepção dolorosa após acidente vascular encefálico ( 2022 ) .
Tais cenários evidenciam a complexidade da dor na pessoa idosa, justificando o desenvolvimento de MI que avaliem os cuidados relacionados ao gerenciamento da dor em grupos específicos. O MI desenvolvido neste estudo permitiu classificar os atributos minerados para a dor em avaliação, intervenções e reavaliação da dor. Esses quatro grandes painéis de classificação do gerenciamento da dor na instituição foram originários dos sete grupos de atributos relacionados à dor, baseados no MI estadunidense validado ( 2017 ) .
Salienta-se ainda que observa-se nos RES o uso de instrumentos unidimensionais na avaliação da dor ( 2019 ) , que permitem apenas a avaliação da intensidade, como as escalas analógica visual, numérica verbal e categórica verbal. Em geral, escalas unidimensionais são bons instrumentos na avaliação da dor e facilmente utilizáveis na prática clínica ( 2018 - 2018 ) , porém em pessoas idosas essas ferramentas podem não ser suficientes devido a incapacidades cognitivas, dificuldades de comunicação da experiência dolorosa e fatores comportamentais ( 2018 , 2019 ) .
Vale ressaltar que instrumentos de avaliação multidimensional da dor permitem melhor conhecimento sobre os aspectos psicológicos, sociais e econômicos que impactam a experiência dolorosa e também oferecem suporte a uma anamnese mais robusta da pessoa idosa ( 2019 ) . Existem cinco instrumentos multidimensionais de avaliação da dor validados no Brasil ( 2016 - 2006 ) , sendo alguns deles adaptados para pessoas idosas com capacidade limitada de comunicação ou para pacientes não comunicativos ( 2016 - 2012 ) , além de instrumentos específicos para pessoas idosas com demência ( 2016 ) . Nenhum destes instrumentos é utilizado na instituição, o que consiste em uma fragilidade no cuidado integral à saúde da pessoa idosa.
Observou-se nos RES uma variabilidade maior nos cuidados relacionados à dor prescritos por enfermeiros, englobando aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais implicados no gerenciamento da dor. Apesar disso, o volume de observações indica uma maior importância dada à avaliação e às intervenções farmacológicas para dor, similar ao que é encontrado em outro estudo brasileiro ( 2020 ) . MI oferecem um suporte nesse sentido, permitindo que se compreendam as relações e as complexidades do fluxo de informação de temas de interesse para a prática de enfermagem ( 2021 , 2017 ) .
Na construção do MI, decidiu-se pela inclusão dos DE e seus componentes como um dos grupos representados devido ao grande número de registros estruturados, que representam a valorização institucional quanto à aplicação do processo de enfermagem. Foram incluídos no MI desenvolvido a presença de três DE com cuidados prescritos para dor, além daqueles que são específicos (DE Dor Aguda e DE Dor Crônica), sendo eles: Risco de Quedas, Conforto Prejudicado e Mobilidade Física Prejudicada.
Esses três DE remetem ao prejuízo à funcionalidade motora e à mobilidade física, eventos comuns na pessoa idosa, principalmente nos hospitalizados ( 2021 - 2021 ) . É importante destacar que enfermeiros diagnosticam problemas de saúde e condições de risco sobre uma resposta humana que pode ou não estar associada a outras condições médicas ( 2021 ) . Assim sendo, o prejuízo da mobilidade que leva o enfermeiro a elencar os DE Risco de Quedas, Conforto Prejudicado ou Mobilidade Física Prejudicada identificam este sinal como uma necessidade de cuidado naquele momento. Uma vez que a respostas humanas são dinâmicas, os DE também o são, refletindo uma necessidade no momento que foi avaliado, podendo ter iniciado com essa demanda antes ou durante a hospitalização.
Visto que para a elaboração de nosso MI do gerenciamento da dor mineramos valores presentes nos cuidados prescritos, os dados encontrados nesta análise sugerem que sinais e sintomas de dor podem estar associados com um risco maior de ocorrência de quedas com a pessoa idosa vulnerável, considerando a recorrência de cuidados para dor prescritos no DE Risco de Quedas – o terceiro DE com maior volume de cuidados prescritos para dor. Esta característica não está presente no MI sobre gerenciamento da dor brasileiro desenvolvido com pacientes adultos ( 2021 ) .
Além disso, diferentes estudos ( 2021 - 2021 ) apontam que o risco de quedas não foi encontrado como uma variável associada à dor, independente da intensidade dela; ou como um fator protetor contra a ocorrência de quedas ( 2020 ) . Em contrapartida, um estudo realizado com adultos de meia idade e com pessoas idosas identificou a presença de sinais de dor como fator que aumenta risco para quedas ( 2020 ) , assim como o estudo ( 2021 ) realizado em pessoas idosas com 70 anos ou mais. Devido à característica descritiva do MI desenvolvido, não é possível afirmar se há uma associação entre a dor e o risco para quedas, porém, análises mais detalhadas dessa relação consistem em uma lacuna a ser melhor explorada.
Há fortes indícios de que uma menor rede de apoio à pessoa idosa esteja relacionada tanto ao risco de quedas, quanto ao pior manejo da dor ( 2022 ) , além de ser um fator relacionado à capacidade funcional nessa população ( 2020 ) . Isso, por si só, justifica protocolos de triagem e acompanhamento destes pacientes que devem ser avaliados de forma multidimensional, visando à organização da rede de apoio no planejamento de sua alta.
O presente estudo apresentou limitações em seu desenho que precisam ser consideradas ao se avaliar os resultados apresentados. O MI desenvolvido contou apenas com dados estruturados dos prontuários eletrônicos dos pacientes para sua construção, não sendo incluídos documentos considerados importantes, como evolução e anamnese, além de exame físico de enfermagem, por se tratarem de registros em textos livres.
Por tratar-se de um estudo com utilização de registros secundários, também está sujeito a viés de informação, como erro de registros ou ausência de dados, como a data de internação dos pacientes, utilizada para determinar posteriormente a idade da amostra. Para mitigar esta limitação, a variável foi tratada de forma a considerar como data de internação dos pacientes a primeira ocorrência de prescrição de enfermagem ou a prescrição médica registrada.
Outra limitação importante foi o mapeamento por meio da análise exploratória e construção dos comandos de programação apenas por um pesquisador, que está sujeito a erros na extração de informações do banco de dados. Além disso, os atributos sobre o gerenciamento da dor em pessoas idosas vulneráveis foram mapeados em uma única instituição e em prontuários de pacientes internados em unidades clínicas e cirúrgicas.
Quanto aos aspectos gerenciais e de pesquisa em saúde, os MI são parte inicial da construção de modelos semânticos que baseiam projetos de interfaceamento de sistemas de informação em saúde. Tanto o MI desenvolvido neste estudo quanto o MI de gerenciamento da dor em adultos desenvolvido no Brasil ( 2021 ) foram construídos a partir de dados de uma única instituição. Em propostas futuras, podem servir de suporte para a interoperabilidade de dados entre mais de uma instituição, colaborando para a construção de uma assistência orientada por dados e com potencial de generalização muito maior.
Conclusão
Em síntese, o MI permitiu obter um panorama da realidade assistencial do gerenciamento da dor em pessoas idosas hospitalizadas com 75 anos ou mais. Logo, o desenvolvimento do MI permitiu organizar os registros relacionados ao gerenciamento da dor, classificando-os em grandes grupos que refletem os cuidados prestados à pessoa idosa, assim como os recursos institucionais utilizados no gerenciamento da dor nesta população.
Observa-se uma maturidade institucional quanto à aplicação do processo de enfermagem de forma estruturada, além da presença de diferentes tipos de intervenções de enfermagem que englobam aspectos biológicos, psicológicos e psicossociais do cuidado de enfermagem.
Quanto às lacunas assistenciais observadas, identifica-se a ausência nos registros de instrumentos multidimensionais para gerenciamento da dor, o que dificulta a identificação deste sinal em pessoas idosas com prejuízo funcional ou déficit para compreender e comunicar a dor por meio de escalas numéricas.
O estudo permitiu observar que o prejuízo da mobilidade física aparece como um fator prevalente nos registros de cuidados para dor prescritos para pessoas idosas vulneráveis. Deduz-se que a presença de dor aliada ao prejuízo da mobilidade na pessoa idosa possa aumentar o risco de episódios de quedas. Entretanto, estudos com delineamentos mais robustos que permitam avaliar esta associação precisariam ser conduzidos.
Por fim, salienta-se que o MI desenvolvido não foi validado. Em um cenário prospectivo, a validação e a implementação do MI podem servir como suporte para a interoperabilidade semântica entre sistemas de informação ou no desenvolvimento de modelos preditivos sobre o manejo da dor, especialmente sobre a população idosa, além da otimização dos sistemas de informação hospitalares.
Agradecimentos
Agradecemos a Leon Sólon, pela consultoria e suporte quanto ao processamento e mineração de dados em Python, assim como por seu olhar apurado na ótica de um cientista de dados no desenvolvimento do projeto de pesquisa.
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Todos os autores aprovaram a versão final do texto.
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A publicação deste artigo na Série Temática “Saúde digital: contribuições da enfermagem” se insere na atividade 2.2 do Termo de Referência 2 do Plano de Trabalho do Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil. Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 426779/2018-5, Brasil. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código de Financiamento 001, Brasil.
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Como citar este artigo
Cruz ACB, Lucena AF, Nomura ATG, Almeida MA. Information Model on pain management for elder adults aged 75 years or older. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2024;32:e4305 [cited ano mês dia]. Available from: URL . https://doi.org/10.1590/1518-8345.7111.4305
Editado por
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Editora Associada:Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
25 Out 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
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Recebido
06 Out 2023 -
Aceito
29 Abr 2024