Afastamentos laborais por depressão

Feitosa, Carla Danielle Araújo; Fernandes, Márcia Astrês

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Revista Latino-Americana de Enfermagem

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Sumário

Artigo Original • Rev. Latino-Am. Enfermagem 28 • 2020 • https://doi.org/10.1590/1518-8345.3634.3274 copiar

Afastamentos laborais por depressão^* * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Afastamentos por depressão: um estudo com trabalhadores do Piauí”, apresentada à Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Objetivo:

analisar a ocorrência de afastamentos das atividades laborais motivados pela depressão.

Método:

estudo censitário, descritivo-analítico, com coleta retrospectiva. População composta por 2267 trabalhadores afastados por depressão com dados procedentes do Sistema Único de Informações de Benefícios. As variáveis independentes foram: sexo, faixa etária, renda, município, procedência, quantidade de afastamentos e tipo de benefício. Para a análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva e foram aplicados os testes qui-quadrado e exato de Fisher. As variáveis que apresentaram valor de p≤0,20 foram submetidas à regressão logística.

Resultados:

houve a predominância do sexo feminino, idade ≥50 anos, da capital, com renda de um a dois salários mínimos, procedência urbana e único afastamento. Os afastamentos únicos ocorreram, principalmente, por episódio depressivo leve e o benefício concedido para a expressiva maioria foi o auxílio-doença previdenciário. Entre os que se afastaram mais de uma vez, a principal causa foi o transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve e, quanto ao benefício, foi o auxílio-doença previdenciário. Houve associação estatística entre o tempo total e os afastamentos ao trabalho. Na regressão logística, verificou-se que o tempo ≥60 dias foi 3,1 vezes maior no transtorno depressivo recorrente.

Conclusão:

verificou-se um quantitativo expressivo de ocorrência de afastamentos devido à depressão no qual se observou, especialmente, que o tempo de afastamento manteve-se longo.

Descritores:
Saúde do Trabalhador; Saúde Mental; Previdência Social; Licença Médica; Absenteísmo; Depressão

Variáveis	N	%
Sexo
Masculino	825	36,4
Feminino	1442	63,6
Faixa etária (anos)
20 a 29	111	4,9
30 a 39	533	23,5
40 a 49	622	27,4
50 ou mais	1001	44,2
Município
Teresina	1085	47,9
Demais municípios do interior do Piauí	1031	45,5
Outros Estados	151	6,7
Renda (salário mínimo)^* * Valor do salário mínimo no Brasil, 2015 = R$ 788,00 reais por mês ou US$ 203,62 dólares americanos mensais
1 a 2	1747	77,1
2 a 3	234	10,3
3 a 4	108	4,8
4 a 5	72	3,2
5 a 6	42	1,9
Mais de 6	64	2,8
Procedência
Urbana	1834	80,9
Rural	433	19,1
Houve mais de um afastamento
Sim	434	19,1
Não	1833	80,9
Quantitativo dos afastamentos
Um	1833	80,9
Dois	364	16,1
Três	53	2,3
Quatro	14	0,6
Cinco	3	0,1

Variáveis	<60 dias		≥60 dias		p-valor^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Variáveis	N	%	N	%	p-valor^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Sexo
Masculino	149	18,1	676	81,9	0,124
Feminino	299	20,7	1143	79,3
Faixa etária (anos)
<40	208	28,7	516	71,3	<0,001
≥40	240	15,6	1303	84,4
Renda (salário mínimo)^† † Categorizada pelo Sistema Único de Informações de Benefícios: salário mínimo no Brasil, 2015 = R$ 788,00 reais por mês ou US$ 203,62 dólares americanos mensais
1 a 2	318	18,2	1429	81,8	0,017
2 a 3	62	26,5	172	73,5
3 a 4	23	21,3	85	78,7
4 a 5	16	22,2	56	77,8
5 a 6	12	28,6	30	71,4
Mais de 6	17	26,6	47	73,4
Procedência
Urbana	400	21,8	1434	78,2	<0,01
Rural	48	11,1	385	88,9

Variável	<60 dias	≥60 dias	p-valor
Variável	N(%)	N(%)	p-valor
Episódio depressivo leve
Sim	173(35,5)	315(64,5)	<0,001^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	275(15,5)	1504(84,5)
Episódio depressivo moderado
Sim	75(21,9)	268(78,1)	0,161^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	373(19,4)	1551(80,6)
Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos
Sim	30(13,0)	201(87,0)	0,006^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	418(20,5)	1618(79,5)
Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos
Sim	16(10,9)	131(89,1)	0,005^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	432(20,4)	1688(79,6)
Outros episódios depressivos
Sim	2(50,0)	2(50,0)	0,128^† † Teste exato de Fisher
Não	446(19,7)	1817(80,3)
Episódio depressivo não especificado
Sim	6(17,1)	29(82,9)	0,695^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	442(19,8)	1790(80,2)
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve
Sim	52(12,8)	354(87,2)	<0,001^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	396(21,3)	1465(78,7)
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado
Sim	42(23,1)	140(76,9)	0,242^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	406(19,5)	1679(80,5)
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos
Sim	31(15,3)	171(84,7)	0,099^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	417(20,2)	1648(79,8)
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos
Sim	14(7,8)	165(92,2)	<0,001^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	434(20,8)	1654(79,2)
Transtorno depressivo recorrente atualmente em remissão
Sim	5(38,5)	8(61,5)	0,089^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	443(19,7)	1811(80,3)
Outros transtornos depressivos recorrentes
Sim	0(0,0)	17(100,0)	0,999^† † Teste exato de Fisher
Não	448(19,9)	1802(80,1)
Transtorno depressivo recorrente não especificado
Sim	2(10,0)	18(90,0)	0,271^† † Teste exato de Fisher
Não	446(19,8)	1801(80,2)

Variável	<60 dias		≥60 dias		p-valor
Variável	N	%	N	%	p-valor
Auxílio-doença previdenciário
Sim	395	19,8	1597	80,2	0,828^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	53	19,3	222	80,7
Auxílio-doença Acidentário
Sim	37	32,2	78	67,8	0,001^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	411	19,8	1741	80,9
Aposentadoria por invalidez acidentária
Sim	0	0,0	2	100,0	0,999^† † Teste exato de Fisher
Não	448	19,8	1817	80,2
Aposentadoria por invalidez previdenciária
Sim	16	10,1	142	89,9	0,002^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Não	432	20,5	1677	79,5

Variáveis	≥60 dias
Variáveis	OR^* * OR = odds ratio ajustado; (ajustado)	p-valor	IC95%^† † IC95% = Intervalo de Confiança de 95%;
Faixa etária (anos)
<40	0,5	<0,001	0,4 – 0,6
≥40	1
Renda (salário mínimo)
1 a 2	1,6	0,094	0,9 – 2,9
2 a 3	1,0	0,991	0,6 – 1,9
3 a 4	1,3	0,430	0,6 – 2,7
4 a 5	1,3	0,556	0,6 – 2,8
5 a 6	0,9	0,821	0,4 – 2,2
Mais de 6	1
Procedência
Urbana	0,4	<0,001	0,3 – 0,6
Rural	1
Episódio depressivo leve
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	0,3	<0,001	2,4 – 3,8
Não	1
Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	1,7	0,007	1,2 – 2,5
Não	1
Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	2,1	0,006	1,2 – 3,5
Não	1
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	1,8	<0,001	1,3 – 2,5
Não	1
Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	3,1	<0,001	1,7 – 5,3
Não	1
Auxílio-doença acidentário
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	0,49	0,001	0,3 – 0,7
Não	1
Aposentadoria por invalidez previdenciária
Sim^‡ ‡ Categoria de referência. O p-valor foi obtido pela regressão logística	2,3	0,002	1,3 – 3,8
Não	1

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[1] Autor correspondente: Carla Danielle Araújo Feitosa E-mail: carlafeitosa7@gmail.com https://orcid.org/0000-0001-7347-6972

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Resultados:

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Afastamentos laborais por depressão^* * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Afastamentos por depressão: um estudo com trabalhadores do Piauí”, apresentada à Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.