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Composição corporal de pacientes renais crônicos em hemodiálise: antropometria e análise vetorial por bioimpedância 1 1 Apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), processo nº 1081360.

Resumos

OBJETIVO:

comparar a composição corporal de pacientes em hemodiálise com sujeitos saudáveis, por diferentes métodos de avaliação.

MÉTODOS:

estudo transversal realizado com sujeitos do sexo masculino com avaliações antropométricas, bioimpedância elétrica e análise vetorial.

RESULTADOS:

a prega cutânea tricipital e a circunferência de braço foram maiores (p<0,001) nos sujeitos saudáveis. As variáveis da bioimpedância, também, tiveram valores maiores e significativos nesse grupo. O intervalo de confiança da análise vetorial dos pacientes e sujeitos saudáveis mostrou diferença significativa (p<0,0001). Os intervalos de tolerância para hidratação revelaram que 55,20% dos pacientes estavam desidratados; 10,30% com edema aparente e 34,50% com hidratação normal. A bioimpedância e a análise vetorial determinaram que 52% dos pacientes tinham redução e 14% aumento da massa celular.

CONCLUSÕES:

as diferenças na composição corporal entre pacientes e sujeitos saudáveis foram demonstradas por meio da bioimpedância e análise vetorial, mas, não pelas medidas da circunferência e da área muscular de braço.

Antropometria; Impedância Elétrica; Diálise Renal


OBJECTIVE:

to compare the body composition of patients undergoing hemodialysis with that of healthy individuals using different methods.

METHOD:

cross-sectional study assessing male individuals using anthropometric markers, electrical bioimpedance and vector analysis.

RESULTS:

the healthy individuals presented larger triceps skinfold and arm circumference (p<0.001). The bioimpedance variables also presented significant higher values in this group. Significant difference was found in the confidence interval of the vector analysis performed for both the patients and healthy individuals (p<0.0001). The tolerance intervals showed that 55.20% of the patients were dehydrated, 10.30% presented visible edema, and 34.50% were within normal levels of hydration. Bioimpedance and vector analysis revealed that 52% of the patients presented decreased cell mass while 14.00% presented increased cell mass.

CONCLUSIONS:

the differences in the body composition of patients and healthy individuals were revealed through bioimpedance and vector analysis but not through their measures of arm circumference and arm muscle area.

Anthropometry; Electric Impedance; Renal Dialysis


OBJETIVO:

comparar la composición corporal de pacientes en hemodiálisis con sujetos sanos, por diferentes métodos de evaluación.

MÉTODOS:

estudio transversal realizado con sujetos del sexo masculino con evaluaciones antropométricas, impedancia bioeléctrica y análisis vectorial.

RESULTADOS:

el pliegue cutáneo tricipital y la circunferencia de brazo fueron mayores (p<0,001) en los sujetos sanos. Las variables de la impedancia bioeléctrica también mostraron valores mayores y significativos en este grupo. El intervalo de confianza del análisis vectorial de los pacientes y sujetos sanos mostró diferencia significativa (p<0,0001). Los intervalos de tolerancia para hidratación revelaron que el 55,20% de los pacientes estaba deshidratado; 10,30% con edema aparente y 34,50% hidratación normal. La impedancia bioeléctrica y el análisis vectorial determinaron que el 52% de los pacientes sufría de reducción y el 14,00% aumento de la masa celular.

CONCLUSIONES:

las diferencias en la composición corporal entre pacientes y sujetos sanos fueron demostradas a través de la impedancia bioeléctrica y análisis vectorial, pero no por las medidas de la circunferencia y del área muscular de brazo.

Antropometría; Impedancia Eléctrica; Dialisis Renal


Introdução

Nas últimas décadas, cresceu o número de estudos sobre a composição corporal de pacientes renais crônicos submetidos à Hemodiálise (HD), devido às mudanças no metabolismo do tecido adiposo e muscular e, consequentemente, alterações hídricas que são fatores de risco para morbidade e mortalidade desses pacientes( 11. Beddhu S, Pappas LM, Ramkumar N, Samore M. Effects of body size and body composition on survival in hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2003;14(9):2366-72. - 22. Wizemann V, Wabel P, Chamney P, Zaluska W, Moissl U, Rode C, et al. The mortality risk of overhydration in haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant. 2009;24(5):1574-79. ).

Os métodos comumente utilizados para avaliação dos compartimentos corporais são as medidas das dobras cutâneas, Bioimpedância (BIA) e Análise Vetorial (BIVA) por serem simples, rápidas, menos onerosas e reprodutíveis( 33. López-Gómez J. Evolución y aplicaciones de la bioimpedancia en el manejo de la enfermedad renal crónica. Nefrologia. 2011;31(6):630-4. ). O uso da dobra cutânea tricipital associado à circunferência do braço tem sido utilizado para determinar a circunferência e área muscular do braço, que são parâmetros importantes na avaliação do estado nutricional de pacientes em HD( 44. Frisancho AR. Triceps skin fold and upper arm muscle size norms for assessment of nutrition status. Am J Clin Nutrition. Oct 1974;27(10):1052-8. ). Quanto à bioimpedância, é um método baseado em equações de regressão para estimar água corporal total, massa magra, massa gorda e massa celular e alguns estudos têm demonstrado a superestimação dos resultados, quando esse método é empregado em pacientes em hemodiálise( 33. López-Gómez J. Evolución y aplicaciones de la bioimpedancia en el manejo de la enfermedad renal crónica. Nefrologia. 2011;31(6):630-4. , 55. Guldrís SC. Aplicaciones futuras de la bioimpedancia vectorial (BIVA) en nefrología. Nefrología. 2011;31(6):635-43. ).

Já a BIVA se baseia no comprimento do vetor impedância e no seu ângulo de fase, medido em 50Hz, mas é um método que pode ser afetado pelo erro de medida da impedância e pela variabilidade fisiológica dos sujeitos. As variáveis de medida da BIVA são a resistência (R) e a reactância (Xc), que são as mesmas da BIA, porém, são normalizadas pela altura e plotadas como vetores no plano RXc. O comprimento do vetor estabelece o nível de hidratação do sujeito, de modo que quanto maior o vetor menor a quantidade de água e maior a resistência (R), enquanto o maior ângulo de fase está associado com melhor estado nutricional( 66. Eickemberg M, Oliveira CCd, Roriz AKC, Sampaio LR. Bioimpedância elétrica e sua aplicação em avaliação nutricional. Rev Nutrição. 2011;24:873-82. ). Essa técnica permite analisar a hidratação do paciente e distinguir os tecidos corporais com maior conteúdo de água (músculos) e os que apresentam baixo teor de água (tecido adiposo, pulmão e ossos)( 33. López-Gómez J. Evolución y aplicaciones de la bioimpedancia en el manejo de la enfermedad renal crónica. Nefrologia. 2011;31(6):630-4. ). Já a reactância (Xc) determina a capacidade das membranas celulares para armazenar energia, pois agem como condensadores elétricos quando uma corrente elétrica passa por meio delas. Essas agem como condutores e o conteúdo celular age como material dielétrico, armazenando a carga, quando a corrente passa entre os compartimentos intra e extracelular( 33. López-Gómez J. Evolución y aplicaciones de la bioimpedancia en el manejo de la enfermedad renal crónica. Nefrologia. 2011;31(6):630-4. ).

Ainda sobre a BIVA, estudos têm demonstrado vantagens na monitorização e planejamento de terapia de pacientes em HD com balanço hídrico inadequado, sem a necessidade de suposições sobre a composição corporal( 77. Piccoli A, Rossi B, Pillon L, Bucciante G. Body fluid overload and bioelectrical impedance analysis in renal patients. Min Electrol Metabolism. 1996;22(1-3):76. ). Esse método consegue detectar, confiavelmente, as mudanças que ocorrem na hidratação e na massa celular, além de indicar sobrevivência nessa população( 88. Agostini P, Calvert R, Subramanian H, Naidu B. Is incentive spirometry effective following thoracic surgery? Interactive Cardiovasc Thoracic Surg, 2008 Apr;7(2):297-300.

9. Piccoli A, Rossi B, Pillon L, Bucciante G. A new method for monitoring body fluid variation by bioimpedance analysis: the RXc graph. Kidney. Int 1994;46(2):534-9.
- 1010. Piccoli A. Identification of operational clues to dry weight prescription in hemodialysis using bioimpedance vector analysis. Kidney Int. 1998;53(4):1036-43. ). Outros estudos indicam que a BIVA tem excelente correlação com os parâmetros laboratoriais: albumina, balanço nitrogenado proteico (nPNA) e adequação da diálise (Kt/V)( 1111. Mushnick R, Fein PA, Mittman N, Goel N, Chattopadhyay J, Avram MM. Relationship of bioelectrical impedance parameters to nutrition and survival in peritoneal dialysis patients. Kidney. Int 2003;64:S53-S6. ).

Diante da importância dos métodos antropométricos e da bioimpedância na avaliação da composição corporal de diferentes populações, hipotetizou-se, neste estudo, que as variáveis da composição corporal de sujeitos com doença renal crônica, em hemodiálise, são distintas das de sujeitos saudáveis, quando medidas pelas dobras cutâneas, resistência, capacitância e ângulo de fase. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi comparar a composição corporal de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), em hemodiálise, com sujeitos saudáveis, por diferentes métodos de avaliação, utilizados comumente em pesquisas clínicas.

Procedimentos Metodológicos

É um estudo analítico transversal e foi realizado em 47 pacientes com DRC, do sexo masculino, de um serviço de hemodiálise da cidade de Goiânia, Goiás. Após a aplicação dos critérios de inclusão: idade superior a 18 anos, tempo de terapia superior a três meses, hipertensão e diabetes mellitus controlada; e exclusão: doença pulmonar crônica, doença cardíaca grave e déficit cognitivo, foram incluídos 29 pacientes no estudo. Para compor o Grupo Controle (GC) foi realizada uma randomização estratificada de 40 sujeitos da mesma faixa etária e com idade superior a 18 anos, sem diferenças significativas entre o peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC), sem doença pulmonar crônica ou cardíaca grave. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, sob número 294/11. No total, 29 pacientes e os 40 sujeitos saudáveis do sexo masculino assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), escrito conforme a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de saúde.

Uma ficha de identificação foi preenchida com informações relacionadas à idade, Tempo de Hemodiálise (THD), estado marital, escolaridade, renda, causa da doença e história de tabagismo. Para a coleta dos dados antropométricos foram utilizados uma balança da marca Filizola, com capacidade de até 150kg, e um estadiômetro portátil da marca SANNY. A Circunferência de Braço (CB) foi mensurada com uma fita métrica inextensível e a Prega Cutânea Tricipital (PCT) com adipômetro modelo Lange. Para analisar a composição corporal foi utilizado o aparelho monofrequencial de bioimpedância (50kHz) (Quantum II da RJL systems, CA, EUA), com sistema de eletrodos tetrapolar e com acurácia da resistência e de reactância entre 0 - 1000ohms.

Todos os procedimentos foram realizados concomitantemente aos exames laboratoriais de rotina. O hematócrito, hemoglobina e Kt/V foram utilizados para caracterização clínica da amostra. A circunferência do braço foi realizada no ponto médio entre o acrômio e o olécrano. Para calcular a Circunferência Muscular do Braço (CMB) e Área Muscular do Braço (AMB) foi utilizada a fórmula: CMB (mm)=CB - π(PCT) e AMB=[CB - π(PCT)]²/4π. A PCT foi pinçada a uma pressão de 10g/mm² de área de superfície de contato( 1212. Gibson RS. Principles of nutritional assessment. USA: Oxford University Press; 2005. ). O IMC foi calculado pela razão entre o peso e o quadrado da altura, após HD, e classificado de acordo com a OMS( 1313. World Health Organization. Obesity: Previning and managing the global epidemmic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva; 1998. ). Todas as medidas foram realizadas depois da sessão intermediária semanal de HD e sempre no membro superior, oposto ao da fístula arteriovenosa. A média das três medidas foi utilizada para análise.

A bioimpedância foi realizada no paciente posicionado em decúbito dorsal em uma superfície não condutora e com os membros afastados, aproximadamente, 30º. Os pacientes e os sujeitos saudáveis foram orientados a não realizar exercício oito horas antes e não consumir álcool nas 12 horas que antecederam o exame, não passar nenhuma espécie de loção no corpo; também foram orientados a informar caso houvessem apresentado pico febril. A BIA foi realizada entre 20-30min após a sessão intermediária de HD da semana. Os eletrodos foram posicionados no lado oposto ao acesso vascular, na região dorsal da mão (um entre a cabeça da ulna e o rádio, e o outro na falange proximal do terceiro dedo) e no pé (um eletrodo entre os maléolos medial e lateral e outro na região do terceiro metatarso). Nesses locais a pele foi limpa com álcool. Foram realizadas três medidas de R e Xc de todos pacientes e sujeitos saudáveis, incluídos no estudo. A medida de maior valor foi utilizada para calcular diretamente o ângulo de fase (AF) (Xc/R x 180º/π).

As estimativas de Água Corporal Total (ACT), Massa Gorda (MG), Massa Livre de Gordura (MLG) e Ângulo de Fase (AF) foram obtidas por meio do software produzido pela RLJ systems, Quantum II (CA, EUA). A estimativa de Massa Celular Corporal (MCC) foi obtida com a fórmula: [(ACT-AE)/0.732]( 1414. Buchholz AC, McGillivray CF, Pencharz PB. Differences in resting metabolic rate between paraplegic and able-bodied subjects are explained by differences in body composition. Am J Clin Nutrition. 2003;77(2):371-8. ). Os componentes da BIA, R e Xc, foram analisados por meio de impedância vetorial (BIVA) obtidos dos sujeitos do GC e do GP, tendo-se plotado os componentes normalizados pela altura (R/H e Xc/H). Essas medidas foram ponteadas em forma de elipse no plano RXc tanto para os intervalos de confiança quanto para tolerância( 99. Piccoli A, Rossi B, Pillon L, Bucciante G. A new method for monitoring body fluid variation by bioimpedance analysis: the RXc graph. Kidney. Int 1994;46(2):534-9. ).

Quanto aos procedimentos estatísticos, os dados foram expressos como média, desvio-padrão e frequência. As variáveis independentes foram: idade e tempo de HD, enquanto as dependentes foram: IMC, CB, CMB, AMB, PCT, R, Xc, AF, MCC, MLG e ACT. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Shapiro-Wilk. O teste t para amostras independentes foi utilizado para comparar as variáveis antropométricas e da BIA entre o Grupo de Paciente (GP) e grupo-controle (GC). As associações do AF e da MCC com as variáveis antropométricas e de composição corporal do GP foram verificadas pelo coeficiente de correlação de Pearson. O coeficiente de correlação, também, foi encontrado entre R/H e Xc/H. Os vetores foram analisados pelos testes T² de Hotelling e análise univariada (teste F). O nível de significância considerado foi p<0,05. Os dados foram analisados no software SPSS (Statistical Package Science Social) e software BIVA 2002.

Resultados

Os dados do perfil dos sujeitos deste estudo indicaram que no GP 55% eram ex-tabagistas, 69% com renda inferior a cinco salários, 62% estudaram até a 1ª fase do ensino fundamental, 72% eram casados e 52% com idade inferior a 60 anos. No GC, 53% eram ex-tabagistas, 65% com renda < que cinco salários-mínimos, 45% apresentavam a 1ª fase do ensino fundamental completa, 46% eram casados e 58% com idade menor que 60 anos. Para a idade, peso e altura os grupos não apresentaram diferença significativa (Tabela 1).

Tabela 1
Características demográficas e clínicas do grupo de pacientes e grupo-controle

O IMC no GP indicou 62% dentro dos valores previstos, 31% pré-obesidade e 6,4% obesidade grau I, enquanto no GC 83% estavam eutróficos e 13% na faixa de pré-obesidade. A média do IMC no GC foi maior que no GP, mas não houve diferença significativa. Os parâmetros clínicos para indicação de anemia e adequação da HD estão na Tabela 1. Os Intervalos de Confiança (IC) do hematócrito, hemoglobina e adequação de diálise foram entre: 23,50-42,40%, 7,80-14,50mg/dL, 0,83-3,00 (Tabela 1), respectivamente.

Na avaliação antropométrica, a prega cutânea tricipital (GP: IC entre 9,42-22,9mm; GC: IC entre 13,38-37,94mm) e circunferência do braço (CB) (GP: IC entre 25,31-32,65cm; GC: IC entre 28,74-36,94cm) apresentaram diferenças significativas entre os grupos (Tabela 2). As medidas que refletem massa muscular, CMB e AMB, foram superiores no GC, mas não demonstraram diferenças significativas. Para as variáveis da BIA, resistência, reactância e ângulo de fase, os sujeitos saudáveis tiveram valores maiores e significativos quando comparados aos pacientes. O GC apresentou valores médios de massa celular corporal, massa livre de gordura e água corporal total superiores ao GP em 11,60, 11,52 e 15,22%, respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2
Características antropométricas e de composição corporal dos pacientes e grupo-controle

A análise vetorial da impedância realizada pelo software BIVA 2002 indicou alterações na composição corporal dos pacientes de acordo com a classificação de Piccoli (1994)( 99. Piccoli A, Rossi B, Pillon L, Bucciante G. A new method for monitoring body fluid variation by bioimpedance analysis: the RXc graph. Kidney. Int 1994;46(2):534-9. ). A Figura 1A apresenta o intervalo de confiança entre os vetores R/H e Xc/H do GP (elipse preta) e GC (elipse pontilhada). Os testes de Hotelling (T²=36,1) e teste F (F=17,8) mostraram diferença significativa (p=0,0001) entre os dois grupos. A Figura 1B apresenta os intervalos de tolerância (50%, 75% e 95%) do GC, que foi considerado como população de referência para o GP. Quanto à hidratação, os intervalos de tolerância revelaram que 55,20% dos pacientes estavam fora da elipse superior, com o eixo maior no sentido da desidratação; 10,30% estavam no quadrante inferior que é indicativo de edema aparente e 34,50% apresentaram hidratação normal, estando situados dentro da elipse de 75 e 95%. A análise vetorial da BIA determinou que 52% dos pacientes tinham redução e 14% aumento da massa celular.

Figura 1
(A) Intervalo de confiança para bioimpedância vetorial: grupo de pacientes (elipse pontilhada) e grupo de controle (elipse preta). Diferença significativa entre os grupos p<0,001. (B) Intervalo de tolerância para percentis de 50%, 75% e 95% do GP

As análises de correlação indicaram associação negativa e significativa entre o AF-idade (r=-0,70, p<0,001) e significativa e positiva entre AF-Xc (r=0,80, p<0,001). Quando a MCC foi correlacionada com IMC (r=0,63, p<0,001), com CB (r=0,74, p<0,001), com CMB (r=0,52, p<0,001) e com AMB (r=0,53, p<0,001), as associações foram positivas e significativas (Tabela 3).

Tabela 3
Correlação entre o Ângulo de Fase e Massa celular corporal e marcadores antropométricos e de composição corporal

Discussão

No presente estudo, as medidas antropométricas e as variáveis da BIA e BIVA foram significativamente diferentes entre os pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise e os sujeitos saudáveis. A BIVA foi um método ímpar na avaliação do estado de hidratação e massa celular e mostrou grande variabilidade dos vetores para o GP. Ainda, nos pacientes DRC/HD, as variáveis antropométricas estavam associadas significativamente com a massa celular corporal, enquanto não foi observada associação do ângulo de fase (AF) com as mesmas (Tabela 3).

De acordo com a National Kidney Foundation (NKF)( 1515. National Kidney Foundation. Kidney Disease Outcomes Quality Initiative. Clinical Practice Guidelines for Chronic Kidney Disease: Evaluation, Classification, and Stratification. Am J Kidney Dis. 2002;30(Suppl 1):1-226. ), as medidas antropométricas para o paciente submetido à HD produzem estimativas semiquantitativas dos componentes corporais, oferecem informações sobre o estado nutricional do paciente e, também, sugerem que suas medidas possam ser comparadas com o estudo National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES II) ou com sujeitos saudáveis. Os resultados deste estudo mostraram diferenças significativas para prega cutânea tricipital e circunferência de braço, mas não para circunferência muscular de braço e área muscular de braço. Isso indica que os dois grupos apresentam quantidade de tecido muscular semelhante; no entanto, a medida da PCT, que está relacionada ao tecido adiposo, foi maior no GC. Ainda, é importante destacar que os valores da PCT no GP permaneceram dentro do esperado para as suas respectivas idades. Os valores médios encontrados para o GP foram semelhantes aos descritos na literatura( 1616. Kubrusly M, Oliveira CMC, Santos DCO, Mota RS, Pereira ML. Análise comparativa entre a albumina pré- e pós-dialise como indicadores do risco nutricional e de morbimortalidade em hemodiálise. J Bras Nefrol. 2012;34:27-35. ), apesar de somente um estudo( 1717. Oliveira C, Kubrusly M, Mota RS, Silva CAB, Choukroun G, Oliveira VN. The phase angle and mass body cell as markers of nutritional status in hemodialysis patients. J Renal Nutr. 2010;20(5):314-20. ) apresentar seus resultados estratificados por gênero, o que favoreceu melhor análise comparativa.

A BIA tem como princípio que os tecidos corporais oferecem diferentes oposições à passagem de corrente elétrica( 66. Eickemberg M, Oliveira CCd, Roriz AKC, Sampaio LR. Bioimpedância elétrica e sua aplicação em avaliação nutricional. Rev Nutrição. 2011;24:873-82. ). As componentes, resistência (R) e reactância (Xc), que a compõem, são comumente relacionadas com o conteúdo de água corporal e a capacidade da célula de armazenar energia, respectivamente. Clinicamente, R determina o estado de hidratação e Xc o estado nutricional( 33. López-Gómez J. Evolución y aplicaciones de la bioimpedancia en el manejo de la enfermedad renal crónica. Nefrologia. 2011;31(6):630-4. ). Em alguns trabalhos com paciente DRC/HD, os valores de R e Xc estiveram entre 434,5-691 ohms e 31-55 ohms, respectivamente( 1111. Mushnick R, Fein PA, Mittman N, Goel N, Chattopadhyay J, Avram MM. Relationship of bioelectrical impedance parameters to nutrition and survival in peritoneal dialysis patients. Kidney. Int 2003;64:S53-S6. , 1717. Oliveira C, Kubrusly M, Mota RS, Silva CAB, Choukroun G, Oliveira VN. The phase angle and mass body cell as markers of nutritional status in hemodialysis patients. J Renal Nutr. 2010;20(5):314-20. ), e foram semelhantes aos encontrados no do presente estudo. Por outro lado, resultados superiores (R acima de 700 ohms) foram encontrados em avaliação realizada com 58 pacientes brasileiros( 1616. Kubrusly M, Oliveira CMC, Santos DCO, Mota RS, Pereira ML. Análise comparativa entre a albumina pré- e pós-dialise como indicadores do risco nutricional e de morbimortalidade em hemodiálise. J Bras Nefrol. 2012;34:27-35. ).

O ângulo de fase é um parâmetro que pode ser obtido diretamente da BIA e não depende de equações de regressão para ser estimado, eliminando, assim, possíveis fontes de erro( 1818. Barbosa-Silva MCG, Barros AJD, Post CLA, Waitzberg DL, Heymsfield SB. Can bioelectrical impedance analysis identify malnutrition in preoperative nutrition assessment?. Nutrition. 2003;19(5):422-6. ). É considerado uma ferramenta útil no prognóstico de pacientes renais( 1919. Maggiore Q, Nigrelli S, Ciccarelli C, Grimaldi C, Rossi GA, Michelassi C. Nutritional and prognostic correlates of bioimpedance indexes in hemodialysis patients. Kidney Int. 1996;50(6):2103-8. ) e seus valores de referência, de acordo com a faixa etária, já foram descritos na literatura( 2020. Barbosa-Silva MCG, Barros AJD, Wang J, Heymsfield SB, Pierson RN Jr. Bioelectrical impedance analysis: population reference values for phase angle by age and sex. Am J Clin Nutr. 2005;82(1):49-52. ). No presente estudo, 55,2% dos sujeitos do GP indicaram AF abaixo do previsto, enquanto 85% do GC estiveram dentro do previsto. O AF está diretamente relacionado às membranas celulares, que são representadas pela reactância. Os AFs considerados abaixo do previsto são consistentes com reduzida reactância, morte celular e ruptura de membranas celulares seletivas, o que pode sugerir prejuízos no estado nutricional( 1717. Oliveira C, Kubrusly M, Mota RS, Silva CAB, Choukroun G, Oliveira VN. The phase angle and mass body cell as markers of nutritional status in hemodialysis patients. J Renal Nutr. 2010;20(5):314-20. ). Uma forte e significativa correlação entre idade e AF foi confirmada e concordante com outros estudos, mas, uma correlação significativa com IMC não foi possível ser comprovada. Sujeitos com maior IMC apresentam quantidades superiores de células (células musculares e adiposas) e seus resultados refletem maiores AFs. Além disso, a medida do AF também pode ser considerada um índice funcional e de saúde geral, principalmente com o avanço da idade( 2020. Barbosa-Silva MCG, Barros AJD, Wang J, Heymsfield SB, Pierson RN Jr. Bioelectrical impedance analysis: population reference values for phase angle by age and sex. Am J Clin Nutr. 2005;82(1):49-52. ).

Os dois grupos em estudo apresentaram características demográficas semelhantes para caracterizar, confiavelmente, as diferenças encontradas na composição corporal de pacientes em HD. A água corporal total, mensurada pela BIA, indicou o GC com maior volume de água quando comparado com o GP, resultado esse que precisa ser destacado, visto que o exame foi realizado na sessão intermediária da semana e após a terapia que, geralmente, dura de 3 a 4 horas e tem como objetivo eliminar todo o líquido e a ureia em excesso, dentre outras substâncias, que foram adquiridas entre as diálises. A MCC foi menor no GP, o que pode constatar menor reserva de tecido muscular, fato que pode ser comprovado pela correlação positiva com CB, CMB, AMB e IMC. A MCC tem importância clínica porque facilita a adequação do peso "seco" e auxilia na identificação de sujeitos com risco de desnutrição. Como é um parâmetro indicativo da concentração de proteína total e água intracelular e, ainda, considerado compartimento metabolicamente ativo, alterações nesse compartimento podem levar à redução de tecido muscular e desidratação, além de ocasionar alterações cardiovasculares e respiratórias que, a médio e longo prazo, podem contribuir para a mortalidade desses indivíduos( 2121. Dumler F, Kilates C. Use of bioelectrical impedance techniques for monitoring nutritional status in patients on maintenance dialysis. J Renal Nutr. 2000;10(3):116. ). A maior vantagem do uso da MCC é que não inclui a água extracelular para estimação, que está aumentada na DRC e, frequentemente, causa superestimação do estado nutricional (pode levar à detecção de uma falsa hidratação)( 2121. Dumler F, Kilates C. Use of bioelectrical impedance techniques for monitoring nutritional status in patients on maintenance dialysis. J Renal Nutr. 2000;10(3):116. ). Esses resultados podem contribuir clinicamente para o planejamento alimentar, tanto na intervenção quanto no acompanhamento, visando melhor estado nutricional desses pacientes.

A análise vetorial demonstrou que o vetor do GP foi mais longo e declinado que o GC, além das diferenças significativas no estado de hidratação e da massa celular (Figura 1). A BIVA é uma ferramenta valiosa para uso clínico, por causa da segurança, fácil uso, baixo custo e acurácia( 55. Guldrís SC. Aplicaciones futuras de la bioimpedancia vectorial (BIVA) en nefrología. Nefrología. 2011;31(6):635-43. ) e pode auxiliar na detecção e seguimento das mudanças na composição corporal de pacientes em HD. O acompanhamento do estado de hidratação desses pacientes pode contribuir no controle da PA, na severidade da hipertrofia ventricular esquerda e da função renal residual, que são fatores de risco para mortalidade( 2222. Machek P, Jirka T, Moissl U, Chamney P, Wabel P. Guided optimization of fluid status in haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant. 2010; 25(2):538-44. - 2323. Cheng LT, Chen W, Tang W, Wang T. Residual renal function and volume control in peritoneal dialysis patients. Nephron Clin Practice. 2006;104(1):c47-c54. ).

Estudo( 99. Piccoli A, Rossi B, Pillon L, Bucciante G. A new method for monitoring body fluid variation by bioimpedance analysis: the RXc graph. Kidney. Int 1994;46(2):534-9. ) verificou boa sensibilidade e especificidade para o limiar de edema aparente dos pacientes em hemodiálise, na porção inferior da elipse de tolerância de 75%. No presente estudo, foram encontrados cinco pacientes dentro dessa elipse, com edema. Muitos fatores podem justificar a retenção de líquidos como, por exemplo, o aumento na ingesta líquida pelo paciente, o que limita a retirada do sobrepeso durante uma única sessão de HD, mesmo as medidas sendo feitas após o tratamento.

Quando os dados foram plotados no gráfico RXc, percebeu-se grande variação na maioria dos pacientes, permanecendo fora dos limites das elipses. Como a BIA não foi realizada antes da sessão de HD, não foi possível analisar o comportamento desses vetores. Alguns fatores como adequação da diálise, cálculo do "peso seco" e o período da própria HD podem influenciar o balanço hídrico e promover mudanças na hidratação, como foi visto neste estudo( 1010. Piccoli A. Identification of operational clues to dry weight prescription in hemodialysis using bioimpedance vector analysis. Kidney Int. 1998;53(4):1036-43. ).

Conclusões

No presente estudo, foi possível constatar diferenças na composição corporal entre pacientes e sujeitos saudáveis, com características antropométricas semelhantes (idade, peso, altura e IMC). A antropometria (CMB e PCT) não conseguiu estabelecer diferença nas medidas de tecido muscular entre os dois grupos, ao contrário da BIA e BIVA que foram seguras em demonstrá-las. Os resultados obtidos por meio da análise vetorial sugerem que esse método pode detectar alterações na composição corporal de pacientes em HD e contribuir para o acompanhamento desses pacientes na prática clínica. Embora os parâmetros da bioimpedância não sejam os melhores marcadores para avaliação da composição corporal, é um método confiável, prático e de baixo custo que auxilia na detecção e avaliação de mudanças na hidratação e massa celular corporal de pacientes renais crônicos submetidos à HD.

Limitações do estudo

Pode-se considerar como uma limitação do estudo o fato de se ter realizado a BIA somente depois da sessão de hemodiálise. A BIA realizada antes da sessão de hemodiálise poderia superestimar o estado de hidratação, o que não condiz com o real quadro clínico dos pacientes. Desse modo, se essa análise fosse realizada antes e após hemodiálise e com seguimento semanal ou mensal, contribuiria para melhor avaliação clínica do estado de hidratação e de nutrição. Além disso, acredita-se que análise vetorial pré e pós-BIA ajudaria na condução clínica e na eficácia do tratamento hemodialítico, visto que alguns estudos mostram o seu uso no cálculo do "peso seco". Outro fator limitante que deve ser destacado é a baixa adesão à pesquisa e ao seguimento dos pacientes em estudos longitudinais.

Os resultados obtidos neste estudo não podem ser generalizados, no entanto, são relevantes, visto que foram realizados de modo estratificado e são passíveis de serem utilizados em estudos de metanálise para se determinar os níveis de evidências cientificas e graus de recomendação da BIA, na avaliação clínica dos pacientes com doença renal crônica, em hemodiálise.

Ressalta-se, contudo, a necessidade de mais estudos controlados com maior número de indivíduos, incluindo estudos específicos para o sexo feminino em virtude das diferenças histológicas e fisiológicas das fibras musculares. Outros fatores que deveriam ser abordados e controlados nos estudos de composição corporal são as alterações climáticas e a sazonalidade da alimentação.

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    Apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), processo nº 1081360.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2013

Histórico

  • Recebido
    13 Dez 2012
  • Aceito
    21 Ago 2013
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