Open-access Teleconsulta de enfermagem na atenção primária à saúde: scoping review *

Resumo

Objetivo:  mapear as habilidades dos enfermeiros para a teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde.

Método:  trata-se de uma revisão de escopo guiada pelas recomendações do Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual, realizada em sete bases de dados e repositórios de teses e dissertações. A seleção dos estudos foi realizada no Rayyan por dois revisores independentes e às cegas. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva.

Resultados:  selecionou-se 23 estudos, os quais mostraram que as habilidades necessárias para a teleconsulta de enfermagem na atenção primária foram: comunicação, clínica, tecnológica e ética. A falta de infraestrutura digital foi apontada como uma das principais barreiras para a implementação da teleconsulta. A falta de acesso a tecnologias da informação e comunicação e/ou à internet, a gravidade do quadro clínico e a não adesão do paciente à consulta remota também foram identificadas.

Conclusão:   a teleconsulta de enfermagem na atenção primária é uma forma emergente de prestar assistência à saúde. No entanto, para sua implementação é necessária a capacitação dos enfermeiros quanto às seguintes habilidades: comunicação, clínica, tecnológica, ética e aquelas relacionadas à infraestrutura do ambiente da teleconsulta.

Descritores: Consulta Remota; Telenfermagem; Atenção Primária à Saúde; Cuidados de Enfermagem; Enfermagem; Enfermagem de Atenção Primária

Abstract

Objective:   to map nurses’ skills for nursing teleconsultation in Primary Health Care.

Method:  this is a scoping review guided by the recommendations of the Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual, carried out in seven databases and repositories of theses and dissertations. The selection of studies was carried out in Rayyan by two independent, blind reviewers. Data analysis was carried out descriptively.

Results:  23 studies were selected, which showed that the skills necessary for nursing teleconsultation in primary care were: communication, clinical, technological and ethical. The lack of digital infrastructure was identified as one of the main barriers to the implementation of teleconsultation. The lack of access to information and communications technology and/or the internet, the severity of the clinical condition and the patient’s non-adherence to the remote consultation were also identified.

Conclusion:  nursing teleconsultation in primary care is an emerging way of providing health care. However, for its implementation it is necessary to train nurses in the following skills: communication, clinical, technological, ethical and those related to the infrastructure of the teleconsultation environment.

Descriptors: Remote Consultation; Telenursing; Primary Health Care; Nursing Care; Nursing; Primary Care Nursing

Resumen

Objetivo:  mapear las habilidades de los enfermeros para la teleconsulta de enfermería en la Atención Primaria de Salud.

Método:  esta es una revisión de alcance guiada por las recomendaciones del Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual, realizada en siete bases de datos y repositorios de tesis y disertaciones. La selección de los estudios fue realizada en Rayyan por dos revisores ciegos e independientes. El análisis de los datos se realizó de forma descriptiva.

Resultados:  se seleccionaron 23 estudios, que demostraron que las habilidades necesarias para la teleconsulta de enfermería en atención primaria fueron: comunicación, clínica, tecnológica y ética. La falta de infraestructura digital fue identificada como una de las principales barreras para la implementación de la teleconsulta. También se identificaron la falta de acceso a las tecnologías de la información y las comunicaciones y/o a internet, la gravedad del cuadro clínico y la no adherencia a la consulta remota por parte del paciente.

Conclusión:  la teleconsulta de enfermería en atención primaria es una forma emergente de brindar atención de salud. Sin embargo, para su implementación es necesario capacitar a los enfermeros en las siguientes habilidades: comunicación, clínica, tecnológica, ética y aquellas relacionadas con la infraestructura del ambiente de la teleconsulta.

Descriptores: Consulta Remota; Teleenfermería; Atención Primaria de Salud; Atención de Enfermería; Enfermería; Enfermería de Atención Primaria

Destaques:  (1) A teleconsulta de enfermagem é uma forma emergente de prestar assistência à saúde. (2) A teleconsulta economiza tempo e recursos, alcançando altos níveis de resolução. (3) Para sua implementação, é necessário treinamento para capacitar os enfermeiros. (4) São necessárias competências profissionais para a realização da teleconsulta. (5) A teleconsulta é considerada uma oferta complementar à consulta presencial.


Introdução

A teleconsulta pode ser definida como uma consulta remota que contempla interações entre um profissional de saúde e um paciente com o objetivo de fornecer aconselhamento diagnóstico ou terapêutico por meio eletrônico1.

Esta modalidade assistencial encontra-se em expansão em muitos países, tendo como principais fatores intervenientes a preocupação com a redução dos custos com cuidados de saúde e fatores epidemiológicos atuais, como o envelhecimento populacional, o aumento de doenças crônicas e os agravos infectocontagiosos2.

Verifica-se que a utilização da teleconsulta para auxiliar na prestação de cuidados clínicos de enfermagem à distância tem aumentado significativamente nos últimos anos, com grande potencial de aplicação em contextos de emergência de saúde pública. O contexto de pandemia da coronavirus disease 2019 (COVID-19) contribuiu para uma mudança no modelo tradicional de atendimento, os enfermeiros tiveram de renunciar o rotineiro cuidado presencial e investir em soluções tecnológicas para realizar o acompanhamento clínico não presencial dos pacientes3.

O uso da telessaúde nos Estados Unidos aumentou aproximadamente 50% dos atendimentos de saúde durante a pandemia, e a proporção deve chegar próximo de 20% após a pandemia, o que corresponde a um aumento em relação às estimativas anteriores de 14% entre 2014 e 20204. A American Telemedicine Association projeta que mais da metade de todos os serviços de saúde serão prestados virtualmente até 2030, tendo em vista que os pacientes que se adaptaram a essa modalidade de cuidado esperam continuar sendo atendidos por meio dela5.

Uma medida importante no cenário brasileiro, no campo da telenfermagem, foi a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), que autorizou a realização da teleconsulta de enfermagem durante pandemia desencadeada pelo novo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2)6. Posteriormente, baseado na repercussão do uso das tecnologias para a realização da assistência de enfermagem, o referido Conselho decidiu normatizar a prática da telenfermagem no Brasil, por meio de uma nova Resolução COFEN nº 696/2022, estabelecendo regras para a atuação em saúde digital no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como na saúde suplementar e privada7.

A regulamentação da telenfermagem é considerada um marco histórico para a profissão, tendo em vista que contribui com a consolidação dessa prática assistencial fora do cenário de emergência pública e assegura sua aplicabilidade de modo ético e legal8. Dessa forma, a Resolução garante ao enfermeiro a realização da teleconsulta de forma segura e possibilita sua atuação em vários cenários.

No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), a teleconsulta de enfermagem sustenta os atributos de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação, pois amplia o acesso dos usuários aos serviços de saúde, promovendo um atendimento viável, e que pode ser de qualidade, seguro e eficaz. Além disso, mostra-se aplicável em diversas linhas de cuidado4),(9. Durante a pandemia, os enfermeiros da APS mostraram competências para a realização do cuidado clínico de forma remota, sendo capazes de avaliar o estado geral de saúde, reconhecer sinais de agravamento e ofertar escuta ativa via teleatendimento, além de reconhecer e aplicar os protocolos e diretrizes clínicas9.

Contudo, tais tecnologias não deveriam operar apenas como um serviço adicional da rede de atenção ou somente em períodos pandêmicos. Os benefícios das ferramentas de telessaúde para o sistema apontam para a importância de que estas sejam adotadas de forma mais abrangente no SUS e, em especial, de forma integrada à APS10. Diante disso, é necessário identificar como tem se dado a realização da teleconsulta de enfermagem na APS, a fim de identificar as principais habilidades para a sua realização, bem como as vantagens e limitações dessa modalidade de cuidado, visando facilitar a sua efetiva implementação.

Frente ao exposto, o presente estudo tem como objetivo mapear as habilidades dos enfermeiros para a teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Espera-se que este estudo forneça subsídios para ampliar o conhecimento e a compreensão sobre a teleconsulta de enfermagem.

Método

Delineamento do estudo

Trata-se de uma revisão de escopo guiada pelas recomendações do Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual (JBI)11. O protocolo de pesquisa foi registrado no Open Science Framework (OSF) (https://osf.io/tpvbg/) e a extensão Systematic Reviews and Meta-Analyses for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) foi utilizada para reportar os resultados da análise de escopo12.

Para a realização da revisão foram consideradas as seguintes etapas: Fase 1 - Critérios de elegibilidade; Fase 2 - Fontes de informação e busca na literatura; Fase 3 - Seleção de fontes de evidência; Fase 4 - Extração de dados; e Fase 5: Análise e apresentação dos dados.

Fase 1 - Critérios de elegibilidade

Os critérios de elegibilidade foram baseados principalmente nos componentes da estratégia PCC, que serviram de base para a construção da questão norteadora, a saber: População (P): refere-se aos enfermeiros; Conceito (C): teleconsulta de enfermagem; Contexto (C): Atenção Primária à Saúde. Assim, definiu-se a seguinte questão: Quais são as habilidades dos enfermeiros para a teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde?

Foram considerados como critérios de inclusão: estudos publicados na íntegra, disponíveis eletronicamente, sem restrição de tempo e de idioma, cuja pesquisa apresente as habilidades dos enfermeiros para a teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Excluíram-se editoriais, cartas ao editor, vídeos, sites, notícias, preprints e resumos.

Fase 2 - Fontes de informação e busca na literatura

Para traçar a estratégia de busca foram utilizadas as seguintes etapas: extração, conversão, combinação, construção e uso (Figura 1)13. As palavras foram escolhidas a partir dos termos presentes na estratégia PCC, por meio de busca nos tesauros da área da saúde como Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Embase Subject Headings (Emtree).

Figura 1
Estratégia de busca. Fortaleza, CE, Brasil, 2023

Para tornar a busca o mais sensível possível, foram utilizados os descritores primários “Remote consultation”, “Nursing Care” e “Primary Health Care”, nos idiomas português e inglês. Para ampliar a busca e fazer um melhor direcionamento dos achados, foram utilizados termos sinônimos e os operadores booleanos OR e AND, adaptando os termos de acordo com a especificidade de cada base.

A estratégia de pesquisa e todo o processo de elaboração do presente trabalho adotou a metodologia de revisão sistemática de escopo proposta pelo Instituto Joanna Briggs11. Dessa forma, uma estratégia de pesquisa de três passos foi utilizada: I) Pesquisa inicial limitada nos bancos de dados MEDLINE/PubMed, seguida de uma análise das palavras nos títulos, resumos e termos de indexação usados para descrever o artigo; II) segunda pesquisa usando todas as palavras-chave e termos de indexação identificados nas bases de dados incluídas; e III). As referências de todos os artigos e relatórios encontrados na pesquisa foram analisadas para identificar estudos adicionais.

As bases de dados utilizadas foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Cochrane Library, Web of Science, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Excerpta Medica Database (EMBASE), SciVerse Scopus (SCOPUS) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Além disso, incluiu-se literatura cinzenta.

As evidências da gray literature foram investigadas no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Google Acadêmico, pesquisas em sites de órgãos oficiais, manuais de instituições internacionais e nacionais, diretrizes e livros.

A busca e a seleção dos estudos ocorreram no período de fevereiro a abril de 2023.

Fase 3 - Seleção de fontes de evidência

Após a busca nas fontes de informação, os estudos foram exportados para o aplicativo Rayyan (Rayyan Systems Inc, Cambridge, MA, USA) para remoção de documentos duplicados e seleção dos estudos. Na seleção dos estudos, dois avaliadores independentes analisaram os títulos e os resumos, seguindo critérios estabelecidos para inclusão. Os textos completos dos estudos potencialmente relevantes passaram por uma análise minuciosa pelos avaliadores, mantendo os mesmos critérios de inclusão. Em casos de dúvidas ou discordâncias, um terceiro revisor especialista na área do objeto de estudo emitia seu parecer.

Fase 4 - Extração de dados

Para a extração dos dados, utilizou-se um instrumento padronizado elaborado previamente pelos autores, contendo informações sobre a caracterização dos estudos (título do artigo; autor(es); ano de publicação; origem/país de realização do estudo; idioma; base de dados; periódico; referência; objetivo ou questão de investigação; metodologia/métodos/tipo de estudo; população e amostra; principais resultados).

Fase 5 - Análise e apresentação dos dados

Para a compilação e apresentação dos resultados foi elaborado um quadro com as principais características dos estudos, bem como uma análise temática qualitativa foi realizada para fornecer uma visão geral da literatura sobre as habilidades dos enfermeiros para teleconsulta de enfermagem na APS.

Aspectos éticos

Por se tratar de uma pesquisa com dados secundários, de domínio público e disponíveis na literatura, não houve a necessidade de apreciação ética. Contudo, cabe destacar que foram respeitados os direitos autorais com correta citação e referenciamento dos estudos.

Resultados

Primeiramente identificou-se 2068 publicações. Após a aplicação dos critérios de inclusão e leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 1912 estudos potencialmente elegíveis, e posteriormente 1028 para serem analisados na íntegra. Desses, 23 constituíram a amostra do estudo. Para a descrição das buscas e a seleção dos estudos, utilizou-se o Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA) (Figura 2).

Figura 2
Fluxograma da busca nas bases de dados. Fortaleza, CE, Brasil, 2023

Os estudos identificados pertenciam em sua maioria a países do continente europeu (n=13), advindos do Reino Unido (n=5), Espanha (n=3), Suécia (n=2), Holanda (n=2) e Escócia (n=1), e de países da América (n=8), especificamente do Brasil (n=5), Canadá (n=2) e Estados Unidos (n=1). Além disso, identificou-se produções do continente asiático (n=2), especificamente de Singapura (n=1) e da Índia (n=1).

Quanto ao delineamento dos estudos, a maior parte possuía abordagens qualitativas dos tipos: pesquisas descritivas (n= 9); relato de experiência (n=1); estudo de caso (n=1); e estudo teórico-reflexivo (n= 1). O restante das produções era de abordagem quantitativa e consistia em: ensaio clínico randomizado (n=2); coorte (n=3); e transversal (n=2). Além disso, foram identificadas três diretrizes. Na amostra final não foram incluídas dissertações e teses, pois não respondiam à questão de pesquisa.

No que concerne ao período de publicação, trata-se de artigos recentes. Houve predominância de estudos publicados nos últimos três anos (2020-2022), que totalizaram 17 produções. No período de 2012 a 2016, identificou-se quatro estudos. Já os outros dois artigos datavam de 2007 e 2009. Tais resultados reforçam o fato de que se trata de uma temática de interesse em ascensão nos últimos anos. A síntese dos artigos identificados encontra-se descrita na Figura 3.

Figura 3
Caracterização dos artigos identificados na revisão. Fortaleza, CE, Brasil, 2023

A Figura 4 apresenta os objetivos dos estudos e os principais resultados referentes à caracterização da teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde.

Figura 4
Síntese descritiva dos estudos incluídos na revisão de escopo. Fortaleza, CE, Brasil, 2023

Diante dos resultados, foi possível identificar diferentes tipos de habilidades necessárias para a teleconsulta de enfermagem, bem como evidências sobre as potencialidades e as barreiras da teleconsulta na APS e aspectos operacionais do processo de enfermagem na teleconsulta. Do ponto de vista qualitativo, para melhor compreensão e organização dos resultados, estes foram subdivididos em três categorias temáticas: Habilidades para teleconsulta de enfermagem na APS, Potencialidades e barreiras da teleconsulta de enfermagem na APS e Processo de enfermagem na teleconsulta. A Figura 5 apresenta as categorias temáticas.

Figura 5
Categorias temáticas da revisão de escopo. Fortaleza, CE, Brasil, 2023

Discussão

Os achados são apresentados e discutidos em três categorias temáticas: Habilidades para teleconsulta de enfermagem na APS, Potencialidades e barreiras da teleconsulta de enfermagem na APS e Processo de enfermagem na teleconsulta.

Habilidades para teleconsulta de enfermagem na APS

Para se garantir a qualidade dos cuidados de saúde através da teleconsulta de enfermagem, os estudos apontam a necessidade de um conjunto de habilidades, dentre elas destacam-se: habilidades de comunicação, clínica, tecnológica, ética e aquelas relacionadas à infraestrutura do ambiente da teleconsulta18),(21)-(24),(36.

A comunicação foi evidenciada como a principal habilidade para a realização da teleconsulta. A qualidade da interação entre profissional e paciente durante a teleconsulta é fundamental para aspectos de segurança, eficácia, experiência do paciente e, potencialmente, para resultados de saúde17),(20),(27. As evidências apontam que a comunicação precisa ser suficiente para identificar os sintomas do paciente e avaliar suas necessidades de saúde, sendo esta uma tarefa ainda mais difícil quando se trata de uma chamada por áudio, pois a falta de informações visuais e a necessidade de confiar apenas nas informações verbais aumentam a preocupação dos enfermeiros20),(27)-(28),(35.

Outra habilidade apontada como necessária é a clínica, pois a teleconsulta requer do enfermeiro raciocínio clínico para a implementação de um processo de enfermagem bem delineado, de forma remota20),(27),(36. A habilidade clínica refere-se à capacidade de interpretar as respostas humanas de modo preciso para selecionar as intervenções apropriadas e avaliar o resultado alcançado, e envolve o conhecimento clínico e experiências prévias do profissional18),(21.

Destaca-se a importância da habilidade clínica para o processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados, que culmina com a tomada de decisão sobre os diagnósticos de enfermagem e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados36.

É necessário que o enfermeiro tenha habilidade tecnológica para a realização da teleconsulta, devendo conhecer noções básicas de informática, saber manusear dispositivos tecnológicos (celular, notebook, tablet), ser capaz de verificar a funcionalidade dos equipamentos de comunicação e de treinar pacientes para o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)21),(28.

Ter habilidades e atitudes eticamente corretas como honestidade, confidencialidade, e integridade pessoal e profissional são indispensáveis durante a teleconsulta de enfermagem. O enfermeiro deve assegurar a privacidade do paciente em quaisquer circunstâncias, e garantir a confidencialidade das informações obtidas por meio da relação terapêutica18),(26),(31.

O enfermeiro deve garantir a privacidade e a proteção das informações, sendo o seu desrespeito uma violação da dignidade dos pacientes18),(26),(31. A teleconsulta implica em riscos maiores de violação de dados do que o atendimento presencial, nesse sentido, é indispensável atender às normativas vigentes, com destaque para a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), nº 13.709/2018, que está em vigor desde 2020 no Brasil e vem forçando mudanças nos processos e tecnologias de cuidado37.

A preparação do ambiente onde será realizada a teleconsulta de enfermagem é essencial para garantir a qualidade da consulta, devendo o enfermeiro possuir tal habilidade. Se preparado adequadamente, é possível reduzir a distância social e estabelecer maior vínculo com o paciente, tendo em vista que barreiras típicas de um ambiente de saúde, como mesa e maca de exame, não existem no cenário de uma teleconsulta, aumentando a qualidade da comunicação e a confiança entre profissionais de saúde e pacientes21)-(22),(24.

É essencial que, antes de iniciar a teleconsulta, seja verificada a qualidade da conexão e o funcionamento correto do áudio e/ou vídeo, para que tais fatores não comprometam a realização da consulta22),(24),(31. O enfermeiro deve estar preparado para casos de falha na conexão de internet, devendo manter uma atitude proativa na resolução de problemas técnicos21),(31.

Potencialidades e barreiras da teleconsulta de enfermagem na APS

As evidências científicas apontam o potencial da teleconsulta de enfermagem na APS, principalmente por facilitar o acesso em áreas remotas. No entanto, para que seja realizada de forma segura e eficaz, é necessário identificar quais pacientes podem ser assistidos por essa modalidade de cuidado. Os estudos abordam a teleconsulta de enfermagem em diferentes linhas de cuidado na APS, como acompanhamento de pacientes com COVID-19, diabetes mellitus, hipertensão arterial, infecção do trato respiratório, infecções sexualmente transmissíveis, insuficiência cardíaca, avaliação de feridas, saúde mental, saúde da pessoa idosa, e saúde da criança14)-(15),(19)-(20),(22)-(25),(27)-(30),(32)-(36.

Estudo realizado nos Estados Unidos evidenciou que a teleconsulta de enfermagem, ao ser utilizada para fornecer gerenciamento individualizado de cuidados com o diabetes, tem efeitos semelhantes no controle glicêmico quando comparada à consulta presencial14. Outro estudo realizado no Reino Unido apontou que a teleconsulta de enfermagem por telefone funcionou bem para revisões de condições crônicas, sendo necessário o atendimento presencial apenas para avaliação de aspectos físicos25.

Face às potencialidades e disseminação da teleconsulta na APS, observa-se sua aplicabilidade em pacientes com queixas e demandas diversas. Apesar das diferentes abordagens, identificou-se em comum entre os estudos que a teleconsulta de enfermagem na APS tem sido satisfatória, proporcionando melhor condição clínica ao paciente.

Fatores como falta de acesso à TIC e/ou à internet, gravidade do quadro clínico, ou a não adesão do paciente à consulta remota impedem sua realização22)-(24),(33. A falta de acesso às TIC é prevalente entre a população, sendo esta uma das barreiras para a implementação da teleconsulta, por isso deve-se verificar previamente se o paciente dispõe de recursos tecnológicos suficientes e adequados para a realização da teleconsulta15),(21)-(24),(26),(33),(36.

É vedado ao enfermeiro a realização de teleconsulta para atendimento de situações de urgência ou emergência8. Na ocasião de identificação de sinais de alerta, não se deve prosseguir com o atendimento, mas orientar a busca por um serviço de emergência23)-(24),(33. É responsabilidade do enfermeiro conhecer a Rede de Atenção à Saúde (RAS) disponível no território do paciente que está sendo atendido, para que, na ocorrência de qualquer necessidade de encaminhamento, possa orientar o serviço adequado para cada situação8.

Por ser uma modalidade de atendimento considerada recente, é comum o paciente optar por não aderir à teleconsulta, desse modo, o termo de consentimento do paciente é apontado como um requisito para a realização da teleconsulta22)-(24),(36. De acordo com a Resolução do COFEN nº 696/2022, que dispõe sobre a atuação da Enfermagem na Saúde Digital, normatizando a Telenfermagem, é imprescindível o consentimento do usuário/paciente envolvido ou do seu responsável legal, e que seja realizada por sua livre decisão, sendo passível de desistência a qualquer tempo e, consequentemente, a retirada do consentimento6.

Processo de enfermagem na teleconsulta

A teleconsulta deve seguir o mesmo método de execução utilizado na consulta de Enfermagem presencial, considerando o Processo de Enfermagem, incluindo as etapas: avaliação de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e evolução de enfermagem7),(38.

Durante a avaliação de enfermagem, é recomendado que os questionamentos para a coleta de dados sejam feitos por meio de perguntas abertas e coletadas, preferencialmente, com o paciente, sendo solicitado o seu consentimento em caso de necessidade de incluir o familiar/cuidador. É preciso evitar perguntas projetadas para sim ou não, para que não pareça uma lista de verificação e não impossibilite a interação entre paciente e enfermeiro. Além disso, o uso de perguntas que induzam o paciente para uma resposta específica deve ser evitado, a fim de permitir melhor avaliação clínica17),(21)-(22),(35.

O fato de que paciente e profissional não compartilhem um ambiente físico impossibilita o exame físico direto e limita a avaliação19. Apesar disso, os estudos apontam que por meio da teleconsulta por vídeo é possível realizar a inspeção do paciente e avaliar alguns aspectos: identificar alterações na pele, presença de edema, aparência/aspecto geral, frequência respiratória, irritação ocular, força muscular e mobilidade, e presença de sangramento intenso14),(19),(24.

No que se refere ao tipo de chamada para a realização da teleconsulta de enfermagem, alguns dos estudos apontaram que a escolha deve ser feita de acordo com a condição clínica do paciente. Recomenda-se que alguns critérios sejam considerados, por exemplo, pacientes com casos de menor complexidade clínica geralmente podem ser atendidos por telefone15),(26. Já a chamada por vídeo é mais adequada para pacientes com maior complexidade e com presença de comorbidades, bem como para pacientes com deficiência auditiva23),(26.

Após a realização da avaliação de enfermagem, são necessárias a identificação de diagnósticos de enfermagem e a definição de um plano de cuidados para o paciente. Quando capacitado, o enfermeiro é capaz de realizar uma teleconsulta de enfermagem de qualidade, identificando diagnósticos acurados e problemas de enfermagem, com o uso de perguntas sabiamente intencionais, e a proposição de intervenções pertinentes para se atingir os resultados esperados36.

A evolução de enfermagem compreende a avaliação dos resultados alcançados de enfermagem e saúde da pessoa, família, coletividade e grupos especiais. Esta etapa permite a análise e a revisão de todo o Processo de Enfermagem38. Os estudos evidenciam que a evolução de enfermagem deve ser feita de forma detalhada e com clareza, descrevendo as etapas do processo de enfermagem22)-(24),(27),(36.

O processo de monitoramento reflexivo da teleconsulta é recomendado para analisar a condução da mesma, visando aperfeiçoar as próximas consultas, sendo importante identificar as principais falhas que podem ter comprometido a qualidade da consulta, desde a análise dos recursos tecnológicos como também aspectos relacionados à conduta do profissional diante do caso21.

Observou-se que poucos estudos abordam o processo de enfermagem durante a teleconsulta, e que, quando abordado, é feito de forma desassociada, ou seja, citando apenas alguma das etapas. Diante disso, é necessário que novos estudos sejam desenvolvidos com enfoque na sistematização da assistência de enfermagem utilizando as novas tecnologias. É também fundamental que os profissionais sejam treinados para aplicar a sistematização da assistência de enfermagem de forma remota.

A teleconsulta é uma Prática Avançada de Enfermagem (PAE) que demanda envolvimento suficiente do profissional enfermeiro para conhecer o paciente como indivíduo, por meio da aplicação de um instrumento desenvolvido e embasado em um modelo teórico que utilize taxonomias padronizadas e que seja adequado à condução da teleconsulta36.

Desse modo, para que a experiência de teleconsulta se torne, de fato, realidade na APS e no SUS, é necessário um investimento massivo, tanto na garantia de acesso à internet nas unidades de saúde, quanto na obtenção de computadores e telefones, fundamentais para o estabelecimento de uma comunicação satisfatória.

Apesar do seu potencial de utilização, na maioria das vezes a teleconsulta é considerada uma oferta adicional, suplementar, não sendo utilizada pelas instituições de saúde para prestar assistência. Portanto, estimular a inserção do seu uso na prática clínica de forma rotineira, em especial na APS, e na formação dos futuros profissionais de saúde, é fundamental para atingir uma utilização adequada.

Esta revisão apontou evidências científicas de vários países cuja APS se organiza de formas diferentes, de acordo com aspectos econômicos, sociais, políticos e a partir da compreensão local do processo saúde-doença. No contexto europeu, o conceito de atenção primária pode ser entendido como um nível de atenção entre cuidado informal e cuidado hospitalar. Em contrapartida, em alguns países da América a APS refere-se a um conjunto específico de atividades de serviços de saúde voltados à população pobre. Nos países asiáticos, a reformulação da APS vem acontecendo de forma mais recente, visando um sistema acessível e equitativo.

As contribuições deste estudo para a área da Enfermagem e saúde fundamentam-se na repercussão da teleconsulta de enfermagem nos últimos anos, principalmente em decorrência da pandemia. Estudos como este são incentivos à reflexão dos novos cenários de cuidado que o enfermeiro deve atuar, além de instigar a implementação da teleconsulta na APS.

Como limitação, pode-se citar a análise e a síntese dos dados realizadas apenas de forma descritiva. A combinação de dados de diferentes tipos de estudos é um processo desafiador que pode acarretar viés na elaboração dos resultados da revisão. Apesar das limitações, esta revisão possui como ponto de destaque o rigor metodológico requerido pelo JBI e o mapeamento de evidências sobre a teleconsulta de enfermagem.

Conclusão

A teleconsulta de enfermagem na atenção primária é uma forma emergente de prestar assistência à saúde. Quando resolvidas as dificuldades técnicas e organizacionais, pode economizar tempo e recursos para pacientes e profissionais, alcançando níveis satisfatórios de resolução de problemas, sem a necessidade de deslocamento às Unidades Básicas de Saúde. No entanto, para sua implementação é necessária a capacitação dos enfermeiros quanto às seguintes habilidades: comunicação, clínica, tecnológica, ética e aquelas relacionadas à infraestrutura do ambiente da teleconsulta.

Identificou-se a necessidade de competências profissionais para lidar com a realização da teleconsulta de enfermagem, o que demanda um processo de educação permanente que perpasse os espaços de formação acadêmica, até a prática profissional do enfermeiro.

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    A publicação deste artigo na Série Temática “Saúde digital: contribuições da enfermagem” se insere na atividade 2.2 do Termo de Referência 2 do Plano de Trabalho do Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil. Artigo extraído da dissertação de mestrado “Desenvolvimento de protocolo para teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde”, apresentada à Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

Editado por

  • Editora Associada:
    Maria Lúcia Zanetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    12 Dez 2023
  • Aceito
    23 Maio 2024
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