Resumos
Objetivo: descrever a percepção da dor musculoesquelética na população e como o estado de confinamento (adotado como medida de controle do contágio pela COVID-19) tem interferido na mesma, bem como identificar os fatores sociodemográficos, ocupacionais, físicos e psicossociais envolvidos.
Método: estudo observacional, transversal e analítico, com amostragem probabilística aleatória simples, realizado com residentes na Espanha, maiores de 18 anos, durante o período de confinamento, para tanto, foi realizada uma enquete ad-hoc com 59 itens.
Resultados: foram recebidas 3.247 respostas. Dor musculoesquelética persistente ou episódios significativos da mesma aumentaram em 22,2% durante o confinamento. A localização principal foi a coluna vertebral (49,5%). Os fatores relacionados foram a diminuição da atividade física, o aumento da posição sentada e o uso de dispositivos eletrônicos. O impacto psicológico do confinamento também esteve relacionado à percepção de dor musculoesquelética.
Conclusão: o estado de confinamento acarreta aumento na percepção da dor musculoesquelética. A identificação de um perfil populacional particularmente sensível, bem como dos fatores relacionados, permite estabelecer abordagens multidisciplinares na promoção da saúde.
Descritores: Dor; Quarentena; Pandemias; Infecções por Coronavirus; Fatores de Risco; Enfermagem Domiciliar
Objective: to describe the perception of musculoskeletal pain in the population and how the state of confinement (adopted as a measure to control contagion by COVID-19) has interfered with it, as well as identifying the sociodemographic, occupational, physical, and psychosocial factors involved.
Method: an observational, cross-sectional and analytical study, with simple random probabilistic sampling, aimed at residents in Spain over 18 years old during the confinement period. An ad hoc survey was conducted, consisting in 59 items.
Results: a total of 3,247 surveys were answered. Persistent musculoskeletal pain or significant episodes thereof increased 22.2% during confinement. The main location was the spine (49.5%). The related factors were decreased physical activity, increased seated position, and use of electronic devices. The psychological impact of confinement was also related to the perception of musculoskeletal pain.
Conclusion: the state of confinement causes an increase in the perception of musculoskeletal pain. The identification of a particularly sensitive population profile, as well as that of the related factors, allows establishing multidisciplinary approaches in health promotion.
Descriptors: Pain; Quarantine; Pandemics; Coronavirus Infections; Risk Factors; Home Health Nursing
Objetivo: describir la percepción de dolor musculoesquelético en la población y cómo el estado de confinamiento (adoptado como medida de control de contagio por COVID-19) ha interferido en la misma, así como identificar los factores sociodemográficos, laborales, físicos y psicosociales implicados.
Método: estudio observacional, transversal y analítico, con muestreo probabilístico aleatorio simple, dirigido a residentes en España, mayores de 18 años durante el periodo de confinamiento. Se realizó una encuesta ad-hoc compuesta por 59 ítems.
Resultados: se cumplimentaron 3247 encuestas. El dolor musculoesquelético persistente o los episodios significativos del mismo se incrementaron un 22,2% durante el confinamiento. La principal localización fue el raquis (49,5%). Los factores relacionados fueron la disminución de la actividad física, el aumento de la posición sentada y del uso de dispositivos electrónicos. El impacto psicológico del confinamiento también se relacionó con la percepción de dolor musculoesquelético.
Conclusión: el estado de confinamiento provoca un incremento en la percepción de dolor musculoesquelético. La identificación de un perfil poblacional especialmente sensible, así como la identificación de los factores relacionados, permite establecer abordajes multidisciplinares en la promoción de la salud.
Descriptores: Dolor; Cuarentena; Pandemias; Infecciones por Coronavirus; Factores de Riesgo; Cuidados de Enfermería en el Hogar
Introdução
A dor musculoesquelética tem alta prevalência na população e algumas de suas manifestações, como a lombalgia ou cervicalgia, estão entre as principais causas de incapacidade em todo o mundo(1-3). Sua prevenção e tratamento constituem um importante desafio social e de saúde devido à deterioração que gera na qualidade de vida, aos custos de mão de obra que acarreta e aos cuidados de saúde necessários às pessoas que dela sofrem(4-5).
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a danos reais ou potenciais aos tecidos. Está sujeita à subjetividade de quem a sofre(6), sendo multifatorial, razão pela qual requer uma abordagem biopsicossocial e interdisciplinar(7). Múltiplos elementos podem estar envolvidos na dor musculoesquelética, desde danos aos tecidos do aparelho locomotor que desencadeiam a dor nociceptiva, até outros de natureza neuropática ou psicossocial, estes últimos influenciam a percepção e experiência da dor. A cronificação da experiência dolorosa pode levar a um fenômeno de sensibilização central e alodinia(8).
Para minimizar a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2, conter a progressão da doença COVID-19 e fortalecer o sistema de saúde pública, o Governo da Espanha em 14 de março de 2020, de acordo com o Real Decreto 463/2020(9), declarou o Estado de Alarme em todo o território espanhol. Entre as medidas de contenção adotadas estava a limitação da circulação de pessoas nos espaços públicos, situação que foi rigorosamente mantida até a entrada em vigor do “Plano de Desescalada” aprovado em 28 de abril de 2020. Considerando esse estado de confinamento prolongado, vários elementos podem favorecer o aparecimento de episódios de dores musculoesqueléticas ou aumentá-los se já estiverem presentes.
Por um lado, a inatividade física, causa atrofia dos músculos esqueléticos e dos tecidos conjuntivos de suporte(10-11), sendo sugerida uma relação patognomônica entre a gravidade da atrofia muscular e o desenvolvimento, por exemplo, de dor lombar(11). Por outra parte, o sedentarismo e a imobilidade são fatores que aumentam a rigidez dos tendões, fáscias, ligamentos e músculos. A rigidez muscular também tem sido relacionada à dor em distúrbios como lombalgia e cervicalgia(12-13). Outro efeito negativo associado ao sedentarismo diz respeito ao prejuízo da estimulação somatossensorial do aparelho locomotor. A estimulação proprioceptiva deficiente favorece o desenvolvimento de distonias(14-15) e alterações no controle neuromuscular, situações que podem produzir excesso de tensão muscular, restrições à mobilidade articular, sobrecargas e dores(16). Além disso, como consequência do estilo de vida sedentário, o peso corporal tende a aumentar, o que também condiciona a percepção da dor. Sabe-se que o tratamento sintomático de pessoas com sobrepeso é mais prolongado do que o de eutróficos(17), além de requerer doses analgésicas maiores(6). Durante o confinamento, ocorreram mudanças nos hábitos e comportamentos alimentares caracterizados principalmente pelo aumento na ingestão de produtos hipercalóricos(18), promovendo um aumento no índice de massa corporal (IMC)(19).
Outros fatores que desencadeiam as dores musculoesqueléticas são os hábitos de postura inadequados. O teletrabalho e o modelo de lazer baseado no consumo de conteúdo multimídia e no uso de dispositivos móveis favorecem a manutenção de posições pouco ergonômicas durante períodos sustentados, podendo causar sobrecargas e dores(20).
Por outro lado, a realização de exercícios extemporâneos ou atividades esportivas, situação generalizada durante o confinamento, como alternativa à atividade física habitual(21), pode constituir outra situação geradora de sobrecargas, lesões e dores. As recomendações e orientações voltadas para a manutenção da condição física foram muito numerosas neste período, de modo que grande parte das pessoas passou a realizar atividades sem o devido condicionamento ou ultrapassando suas capacidades funcionais(22).
Por fim, fatores de natureza psicológica, como ansiedade ou catastrofização, também modificam negativamente a percepção da dor(23-25). O confinamento tornou necessário conciliar o cuidado familiar, o teletrabalho e as tarefas domésticas, realidade incomum e complexa para muitas famílias e que tem conseguido aumentar os níveis de ansiedade e estresse tanto na população infantil quanto na adulta. A essa situação soma-se, por um lado, o alto grau de incerteza econômica e ocupacional(26-27) e, por outro, o medo e a insegurança gerados por conviver com uma crise de saúde de magnitude planetária, cujos dados epidemiológicos globais são alarmantes. O medo de retomar a interação social e os hábitos anteriores à pandemia também podem aumentar o estresse, a ansiedade e a depressão na população(28).
Por tudo isso, o objetivo deste estudo foi descrever a percepção da dor musculoesquelética na população e o modo como o estado de confinamento (adotado como medida de controle do contágio pela COVID-19) tem interferido na mesma, bem como identificar os fatores sociodemográficos, ocupacionais, físicos e psicossociais envolvidos.
Método
Estudo observacional, transversal e analítico, com amostragem probabilística aleatória simples, realizado na Espanha. O período de recrutamento e estudo de campo com a divulgação e posterior resposta à pesquisa foi do dia 1 ao 11 de maio de 2020.
A população estudada foi constituída por pessoas maiores de 18 anos residentes na Espanha. Os critérios de seleção adotados foram os seguintes: pessoas maiores de 18 anos residentes na Espanha, com acesso a dispositivo eletrônico com internet (computador, tablet, celular, etc.) e que consentiram voluntariamente participar do estudo após serem convidadas a colaborar respondendo a um questionário (entre os dias 1 e 11 de maio de 2020) enviado por meio de instituições públicas e privadas à população em geral, depois de aproximadamente 2 meses de confinamento domiciliar estabelecido em todo o território espanhol (iniciado em 14 de março de 2020).
A informação foi agrupada em três blocos: dados sociodemográficos, dor e fatores relacionados (físicos e psicológicos) antes e durante o período de confinamento; variáveis sociodemográficas: idade, sexo, peso, altura, estado civil, nacionalidade, comunidade autônoma de residência, nível de escolaridade, situação profissional, nível de renda, local de trabalho, espaço fora da casa e número de pessoas com quem vivem; dor e fatores relacionados (antes e/ou durante o período de confinamento): percepção de saúde do sistema musculoesquelético, sofrimento do sistema musculoesquelético, duração da dor, localização da dor, intensidade da dor (atual, média semanal, pior dor), interferência da dor em outras atividades, estratégias para o enfrentamento da dor, fisioterapia e/ou assistência de enfermagem, horas diárias de uso de aparelhos eletrônicos, horas diárias na posição sentada, tempo de atividade esportiva, tipo de atividade esportiva, frequência na realização de atividades esportivas, sensação de esforço durante a atividade esportiva, percepção de inquietação ou impaciência, percepção de fadiga, percepção sobre a concentração, percepção de irritabilidade/cansaço, percepção de distúrbios do sono e preocupação com esses sintomas.
O instrumento de medida utilizado para a realização do estudo foi um questionário online anônimo composto por 59 questões elaboradas ad hoc, por meio da plataforma Formulários Google. Foi elaborado integralmente pelos pesquisadores, em função da especificidade da situação a ser estudada, embora tenha sido previamente adaptado para garantir tanto a compreensão das questões e respostas incluídas quanto o tempo médio necessário para o seu preenchimento. O questionário final foi distribuído nas redes sociais (principalmente WhatsApp, Twitter, Facebook e Instagram) e na International Nursing Network, INN (Rede Internacional de Enfermagem), sendo enviado por e-mail para as Faculdades Profissionais de Enfermagem e Fisioterapia da Espanha. Também foi publicado pelo Serviço de Saúde Cantábrico na APP SCSalud. Ademais, foi publicado um comunicado de imprensa no site da revista Enfermería en Desarrollo incentivando seus leitores a responderem o questionário e encaminhá-lo aos seus contatos.
A coleta de dados foi realizada com base nas variáveis do estudo a partir das respostas indicadas nos questionários recebidos.
O cálculo do tamanho da amostra baseou-se na população total espanhola com mais de 18 anos (39.047.503 pessoas), registrada em 1 de janeiro de 2020 no Instituto Nacional de Estatística da Espanha, considerando um erro Tipo I <5% e um nível de confiança de 95%; desta forma, foi necessário, no mínimo, com 2.401 participantes.
Os dados foram analisados por meio do programa IBM SPSS v.22. As variáveis contínuas foram descritas por meio de medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio padrão), ao passo que as variáveis categóricas foram descritas por meio de tabelas de frequência absoluta e relativa. Foram comparadas as características basais apresentadas pelos participantes do estudo, antes e durante o confinamento, de acordo com as variáveis de gravidade e complicações. A comparação das variáveis categóricas foi realizada pelo teste Qui-quadrado e das variáveis contínuas pelo teste t de Student. Os intervalos de confiança de 95% foram determinados utilizando métodos padrão.
O estudo foi aprovado pelo CEI-CEIm da Cantábria (Código 2020.195). As Normas de Boas Práticas Clínicas e a legislação vigente em matéria de pesquisa biomédica (Lei 14/2007, de 3 de julho, sobre Pesquisa Biomédica) foram atendidas em todos os momentos. O tratamento, comunicação e transferência de dados pessoais de todos os participantes realizou-se de acordo com o disposto na regulamentação aplicável (Regulamento (UE) 2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016, de Proteção de Dados (RGPD) e Lei Orgânica 3/2018, de 5 de dezembro, Proteção de Dados Pessoais e garantia dos direitos digitais).
Resultados
No total, foram recebidas 3.247 respostas. As características sociodemográficas dos participantes estão representadas na Tabela 1.
Em relação ao sistema musculoesquelético, apenas 48,5% dos entrevistados consideraram bom o estado de saúde anterior ao confinamento. Por sua vez, 47,2% referiram dor constante ou episódios significativos antes desse período, sendo 57,7% deles com duração superior a 6 meses, com localização mais comum na coluna vertebral (51,2%) e nos membros inferiores. 63,5% dos participantes perceberam que a situação de confinamento piorou o estado de saúde musculoesquelético, atribuindo-o à diminuição da atividade física ou esportiva regular em 80,6% dos casos. Durante o período de confinamento, o percentual de participantes que relatou dor constante ou episódios significativos aumentou em 22,2%, entretanto, os valores percentuais de sua localização mais comum permaneceram semelhantes: coluna (49,5%) e membro inferior (Tabela 2).
Estimativas das frequências da principal localização da dor percebida antes e durante a situação de confinamento (n=3247). Espanha, 2020
Dentre os entrevistados, 35,1% referiram intensidade de dor entre 5-7 pontos Escala Visual Analógica (EVA)(29) (dor moderada-intensa) no momento de responder ao questionário, com média de dor semelhante em 36,6% e intensidade máxima de 7-9 pontos (intensa -muito intenso) em 38,9% dos participantes.
Durante a situação de confinamento, o tempo de uso de dispositivos eletrônicos aumentou, bem como o tempo em que os entrevistados permaneceram sentados, enquanto o de atividade física foi reduzido, aumentando apenas o modo anaeróbio, que passou de 8,9% para 13,1 %. Apesar de tudo, a realização de exercícios com características aeróbias continuou predominando (30,4%). A atividade esportiva passou a ser realizada com maior constância ao longo da semana, porém com menor duração e intensidade. A Tabela 3 apresenta os dados relacionados aos fatores físicos estudados antes e durante o confinamento.
Estimativas das frequências dos fatores físicos associados antes e durante a situação de confinamento (n=3247). Espanha, 2020
Os participantes que relataram dor antes do confinamento consideraram que ela não interferia em nenhuma de suas atividades (37,1%) e, se interferia, limitava principalmente a prática de esportes (36,9%), trabalho (25,9%) ou realização de tarefas domésticas (25,3%). As principais estratégias utilizadas para o enfrentamento da dor foram o tratamento medicamentoso (analgésicos, relaxantes musculares etc.) em praticamente todos os respondentes (97,6%), o atendimento em consulta especializada (45,7%) ou alongamento (44,0%) ou prática de atividade esportiva (35,4%), isoladamente ou em combinação, enquanto uma minoria buscou aconselhamento para o tratamento da dor na Internet ou em livros de autoajuda (1,5%). A dor durante o confinamento interferiu principalmente no desempenho das tarefas domésticas (38,9%) e no desempenho de atividades esportivas (28,4%), utilizando o alongamento (54,0%) como estratégias de enfrentamento e uso de drogas (50,6%) isoladamente ou em combinação, ao passo que apenas uma minoria buscou orientação para o manejo da dor na Internet ou em livros de autoajuda (3,5%) ou foi a consulta com especialista (4,4%).
Por outro lado, cabe salientar que 35,6% dos participantes afirmaram que antes do confinamento experimentavam regularmente inquietação ou impaciência, 33,0% tensão muscular, 29,7% fadiga ou cansaço e 28,2% alterações no sono. Ademais, 32,3% dos entrevistados não relataram nenhum sintoma que se apresentasse de forma regular. Ademais, dos 67,7% que regularmente apresentavam algum sintoma antes do confinamento, 28,8% não estavam preocupados com a questão de se os sintomas iriam desaparecer, em comparação com 43,0% que estavam um pouco preocupados e 25,3% que estavam moderadamente preocupados. Nesse sentido, o percentual de participantes que alegou sofrer de sintomas psicossociais regulares durante o confinamento, além da dor, aumentou significativamente (p <0,05), chegando a um percentual de 88,0% do total de entrevistados. Por sua vez, o número de pessoas que percebeu piora sintomática aumentou em todos os sintomas analisados (Tabela 4), aumentando, consequentemente, a preocupação com o desaparecimento desses sintomas.
Estimativas das frequências da percepção dos sintomas psicossociais derivados da situação de confinamento (n=3247). Espanha, 2020
Em relação à consulta de fisioterapia, antes do confinamento, 14,5% dos entrevistados compareciam regularmente e 32,1% acudiam de forma pontual. Durante o confinamento, apenas 14,8% destes compareceram com a frequência habitual e 65,2% não compareceram em nenhum momento. Por outra parte, 3,6% dos participantes compareciam à consulta de enfermagem regularmente antes do confinamento e 10,9% pontualmente. Destes, 57,9% compareceram à consulta de enfermagem durante o confinamento com a frequência habitual.
Considerando os dados apresentados na Tabela 5, a relação entre as variáveis estudadas e a dor antes e durante o confinamento é estatisticamente significativa (p <0,05). Por sua vez, observa-se a existência de correlação positiva entre a dor durante o confinamento e todos os fatores sociodemográficos, físicos e psicossociais estudados (Tabela 5).
Estimativas das frequências, correlações e significação estatística entre a dor e os fatores sociodemográficos, físicos e psicossociais segundo os indivíduos agrupados em fatores presentes antes e durante o confinamento (n=3247). Espanha, 2020
Discussão
Os entrevistados eram maioritariamente mulheres (71,6%), com média de idade de 43,75 anos (Desvio Padrão [DP] = 12,71), de nacionalidade espanhola (97,9%) e com IMC médio de 25,91 (DP = 10,64) - no limite inferior de excesso de peso. Em geral, os participantes tinham companheiro, possuíam estudos universitários e encontravam-se ocupacionalmente ativos antes do confinamento, exercendo sua atividade profissional fora de casa. Para facilitar a discussão, os dados anteriores ao confinamento e os correspondentes a esse período serão analisados de forma independente.
Dor musculoesquelética anterior ao confinamento e fatores associados. Os resultados obtidos em relação à principal localização da dor musculoesquelética convergem com os dados epidemiológicos publicados até o momento, que colocam a dor lombar e a cervical entre as dez doenças de maior incidência na população mundial(30). Os locais menos sintomáticos foram o tórax, abdômen e cabeça. Ressalta-se que, em mais da metade dos casos, a dor era crônica, ou seja, com duração superior a 6 meses(31) e de alta intensidade. Esses dados mostram um problema frequentemente subestimado(32-33). É notável o baixo percentual de indivíduos que, apesar de conviverem com sintomas graves, procuram profissionais de Fisioterapia ou Enfermagem para receber tratamento ou consultar sobre as doenças. A dor crônica é especialmente acentuada na população idosa, na qual a incidência é muito elevada(34-35). Os dados obtidos neste estudo coincidem com essa realidade, refletindo um maior impacto da dor musculoesquelética nas faixas etárias avançadas (acima de 65 anos).
Dentre os indicadores sociodemográficos que mostram relação com a dor musculoesquelética percebida antes do confinamento, destacam-se: gênero, sendo as mulheres as que padeciam dor de forma mais frequente; idade e IMC, que são diretamente proporcionais à dor percebida e ao nível de estudos e salário. Ter uma alta formação acadêmica, bem como uma alta renda, permite, por um lado, gerenciar de forma eficiente as informações em saúde, bem como utilizar coberturas de saúde não subsidiadas. Ambos os elementos podem justificar a minimização do impacto da dor musculoesquelética neste segmento da população. Por outro lado, os trabalhos não qualificados apresentam um nível de carga e exigência física mais elevado do que os qualificados, o que pode gerar um impacto musculoesquelético negativo. No entanto, algumas características próprias dos empregos altamente qualificados, como estilo de vida sedentário ou estresse, podem ser consideradas igualmente prejudiciais para o sistema musculoesquelético(36).
No que diz respeito à relação entre dor e atividade física, os resultados obtidos indicam que manter um nível regular de atividade constitui uma estratégia eficaz no manejo da dor(37). Além disso, o treinamento de alta intensidade foi mais eficaz no controle da dor do que o treinamento leve. É possível que indivíduos capazes de implementar treinamento de alta intensidade tenham adaptações alostáticas que aumentem sua resistência ao estresse físico(38), embora uma carga de treinamento muito intensa possa causar danos cumulativos ao sistema musculoesquelético(39).
Na população analisada, foi constatada a presença de inúmeros fatores psicossociais favorecendo o desenvolvimento de sintomas musculoesqueléticos: inquietação, impaciência, irritabilidade, falta de concentração, fadiga e distúrbios do sono. Esses elementos estão claramente relacionados à dor usual nessa população. Fatores contextuais de cunho psicossocial são valorizados no manejo da dor musculoesquelética, passando a ser considerados “bandeiras amarelas” sobre as quais deve incidir a assistência social à saúde(8). Em certas condições, como em casos de dor lombar crônica inespecífica, o tratamento cognitivo-comportamental passou a ser proposto como uma linha terapêutica prioritária(40).
Evolução da dor durante o confinamento e fatores associados. Em termos gerais, a incidência de dores musculoesqueléticas aumentou durante o período de confinamento, permanecendo as regiões do corpo principalmente afetadas inalteradas. Do ponto de vista sociodemográfico, os participantes que viviam em união estável foram os mais afetados, principalmente as mulheres. Em muitos casos, o esforço de conciliar as obrigações profissionais e as tarefas domésticas tem se somado ao cuidado contínuo dos filhos, familiares dependentes, apoio nos deveres de casa, bem como à necessidade de compartilhar espaços físicos e recursos eletrônicos com os membros da família. Do ponto de vista de gênero, essa situação recai basicamente sobre as mulheres, reforçando-se a lacuna existente(41). É provável que essa situação, ao invés de influir diretamente sobre a carga física, tenha desencadeado ou aumentado os estressores psicológicos claramente relacionados à percepção da dor.
Em relação à atividade física e esportiva, a dor musculoesquelética percebida durante o confinamento mostra uma associação clara com o aumento, em primeiro lugar, do uso de dispositivos eletrônicos (mais de 8 horas por dia); em segundo lugar, permanecendo na posição sentada (mais de 8 horas por dia) e, finalmente, pouca prática esportiva (menos de 1 hora por dia). Esses elementos podem ser considerados indicadores de sedentarismo(42), condição que causa, entre outros distúrbios, atrofia muscular e dos tecidos esqueléticos de suporte, aumento da rigidez miofascial, déficits somatossensoriais e, ligado a esses fatores, as dores musculoesqueléticas(43). Durante o confinamento, a prática de atividades anaeróbicas e disciplinas como Yoga ou Pilates aumentou, ao passo que a prática de atividades aeróbicas diminuiu.
Vale ressaltar o benefício de ter jardim ou terraço em casa em relação à percepção de dores musculoesqueléticas. Um espaço com estas características incita a manter um regime adequado de atividade física, oferecendo mais possibilidades do que os espaços fechados e reduzidos, promovendo um impacto positivo na dor e na qualidade de vida, sem esquecer outros benefícios psicológicos ou emocionais.
Geralmente, as estratégias utilizadas para combater a dor musculoesquelética durante o confinamento têm consistido em tratamentos farmacológicos. Isso pode ser devido às dificuldades em se deslocar para fora de casa para receber outros tipos de tratamentos, em decorrência das restrições de mobilidade, conforme demonstrado pela diminuição das consultas de fisioterapia ou enfermagem neste período. A estratégia não farmacológica mais utilizada foi o alongamento muscular seguido da aplicação de frio ou calor. Isso indica, por um lado, o aumento da percepção de tensão muscular nos participantes, o que pode estar relacionado a fatores psicológicos, como estresse ou distúrbios do sono, bem como ao aumento de comportamentos sedentários e manutenção de posturas prolongadas(44-45); por outro lado, à percepção da inflamação, que deriva no recurso terapêutico da crioterapia. Esses processos inflamatórios não traumáticos podem ser decorrentes da adoção de determinadas posturas por muito tempo, por exemplo, a posição sentada(46). No entanto, não se pode descartar a origem traumática dessas condições, pois em inúmeras ocasiões as atividades esportivas passaram a ser praticadas em casa, inspiradas em recomendações genéricas de redes sociais ou programas de televisão(47). É possível que o indivíduo não esteja suficientemente condicionado para este tipo de exercício ou que as recomendações básicas para uma boa prática sem risco de lesões não tenham sido seguidas.
O aparecimento, em alguns casos, e o aumento em outros, de sintomas psicológicos na população estudada durante o confinamento é muito acentuado, isto é, a influência que tanto a pandemia quanto o confinamento a ela associado tiveram na estabilidade emocional e no comportamento das pessoas(18). Investigações durante surtos infecciosos anteriores revelaram repercussões psicológicas na população(47). Os sentimentos de perda de controle e de estar preso, inerentes ao confinamento, provavelmente intensificam os sintomas substancialmente(48). Devemos salientar ainda, como incontornáveis, a instabilidade e incerteza a nível ocupacional (a grande maioria dos participantes foi obrigada a realizar o teletrabalho, sofrendo alguma regulamentação contratual ou sendo demitido), bem como a necessidade de conciliar as obrigações ocupacionais no domicílio/atividades escolares e recreativas para todos os membros do núcleo familiar. Em muitos casos, isso deveria se somar à insuficiência ou obsolescência dos equipamentos de informática e da cobertura da Internet, o que só aumentaria os níveis de tensão e estresse percebido.
Entre as limitações do estudo estão a dispersão da amostra e o predomínio do sexo feminino. No entanto, o elevado número de respostas obtidas permite definir inúmeras características da população espanhola que habitualmente percebe a dor musculoesquelética, bem como a influência que o confinamento teve sobre ela.
O presente estudo fornece novas evidências sobre a alta prevalência de dor musculoesquelética na população saudável, bem como sua complexa multifatorialidade. Foi comprovado que muitos dos fatores causais envolvidos no surgimento ou agravamento desse tipo de sintomatologia estão inerentemente presentes em um estado de confinamento domiciliar como o que ocorreu durante a pandemia de COVID-19, em 2020.
Os resultados obtidos neste estudo possibilitam a adaptação de estratégias de promoção e prevenção à saúde a partir de uma perspectiva biopsicossocial que, em última instância, melhora a qualidade de vida da população. Assim, poderiam ser extrapolados internacionalmente, entre populações com características semelhantes, visto que a pandemia continua exigindo medidas de confinamento, mais ou menos restritivas, em nível global, para conter a disseminação do vírus.
Conclusão
O confinamento tem causado o aumento da percepção da dor lombar e cervical em mulheres, principalmente acima de 65 anos, com a diminuição da intensidade e da duração da atividade física aeróbica e aumento no uso de aparelhos eletrônicos, sendo fatores relacionados o aumento da permanência na posição sentada e piora dos sintomas psicossociais.
A definição de um perfil populacional especialmente sensível ao impacto do confinamento na percepção da dor musculoesquelética, bem como a identificação dos fatores causais envolvidos nessa percepção, permitirá o estabelecimento de abordagens multidisciplinares na promoção da saúde.
Agradecimentos
Nosso agradecimento a Pedro Herrera Carral, em nome da equipe da Subdireção de Atenção do Serviço de Saúde da Cantábria, pelo apoio técnico-científico prestado.
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Editado por
-
Editor Associado: César Calvo-Lobo
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
28 Jun 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
-
Recebido
11 Set 2020 -
Aceito
06 Dez 2020