Este artigo pretende discutir o texto seminal de Melanie Klein, Inveja e gratidão (1957), no intuito de articulá-lo com os fenômenos da esperança, desesperança, criatividade e destrutividade. Na leitura realizada, observamos que a inveja é um solo fértil para o crescimento da desesperança e destrutividade. Enquanto a capacidade de ter gratidão pode levar o indivíduo a ser esperançoso e ter uma vida criativa, o contrário seria possível? Ser invejoso e ao mesmo tempo ter criatividade e esperança? Com base no dualismo pulsional freudiano, do qual Klein não abriu mão na construção da sua metapsicologia, respondemos que sim, primordialmente a partir da introjeção do objeto bom, que possibilita a elaboração da inveja, elemento que enfatizaremos a partir da figura do analista no processo clínico. Para elucidarmos cada um desses elementos, iremos utilizar o conto “A legião estrangeira” de Clarice Lispector (1999)Lispector, C. (1999). A legião estrangeira. In A legião estrangeira. Rocco. como fio condutor ao longo de todo o texto.
Palavras-chave:
Inveja; gratidão; esperança; desesperança; criatividade; destrutividade