Nas filosofias antigas e cristãs o “preocupação consigo mesmo” (Michel Foucault prescreve que o sujeito deve transformar-se no seu ser para ser capaz da verdade e então apto ao conhecimento. Ele deve ser o terapeuta de si mesmo para acessar verdadeiramente ao conhecimento da verdade. Ora, nossa concepção moderna do saber supõe que qualquer conhecimento que implique o sujeito se revela não científica e se encontra desqualificada em sua racionalidade e progressivamente em sua ética enquanto guia das condutas humanas. Esta “desintricação” das regiões do conhecimento e da “preocupação consigo mesmo” e do sujeito ético produz um espaço vazio, um déficit tal que a Ciência, com a ajuda do Direito, vai tentar sanar com por exemplo os modelos reducionistas, “o homem neuronal” ou mais recentemente “homem comportamental”, indo de encontro ao DSM e aos TCC. Restabelecer os direitos da “preocupação consigo mesmo” evitaria os perigos desta paixão pela ordem que normatiza os comportamentos tornando-os conformes às leis sociais e éticas em vigor.
Conhecimento; médico; “preocupação consigo mesmo”; sujeito; terapêutica; verdade