RESUMO
Apoiado nas categorias de campo e capital científico de Bourdieu, o presente trabalho busca situar o núcleo de saberes e práticas, aqui denominado alimentação coletiva, dentro do campo da Alimentação e Nutrição, bem como apresentar elementos que mostram que os agentes atuantes nesse núcleo reconhecem como insuficiente seu quantum de capital científico para manter posições mais distintas no campo. Percebendo-se desprivilegiados no campo científico, parte desses agentes busca redirecionar suas atividades, tradicionalmente voltadas para o mercado de trabalho, com o fito de participar de programas de pós-graduação, já que estes se configuram como local institucionalmente reconhecido da pesquisa científica. Esboça-se um movimento no sentido de aproximar mais esse núcleo do mundo da pesquisa. A partir dessa discussão, busca-se refletir sobre a imagem de ciência que ancora a pesquisa na alimentação coletiva e os desafios que se colocam ante as condições atualmente estabelecidas para a prática científica no Brasil. Problematiza-se, neste ensaio, o enquadramento no modelo hegemônico de pesquisa, calcado nas ciências da natureza. Questiona-se a adoção de uma única forma de pesquisar no âmbito da alimentação coletiva que, frente ao seu caráter multifacetado, demanda abordagens pluriepistêmicas.
Palavras-chave:
Alimentação coletiva; Serviços de alimentação; Conhecimento; Ciência.