RESUMO
Objetivo
O objetivo do estudo foi avaliar a disponibilidade de alimentos e a situação de (In)Segurança Alimentar e Nutricional em famílias de agricultores fornecedores do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal com famílias de agricultores fornecedores do Programa Nacional de Alimentação no período de 2011 a 2016 em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar foi aplicada ao responsável pela compra e produção de refeições na família para avaliação da Insegurança Alimentar. Analisou-se o aspecto nutricional por meio da dosagem de hemoglobina para verificação de anemia entre os membros da família e utilizando-se o inquérito de disponibilidade domiciliar de alimentos, o que permitiu analisar a quantidade de calorias disponíveis para consumo, assim como a procedência e o tipo do alimento.
Resultados
Avaliaram-se 27 famílias, totalizando 91 indivíduos. Com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, constatou-se que 25,9% das famílias encontravam-se em situação de Insegurança Alimentar, sendo todas consideradas de Insegurança Alimentar leve. Quando avaliada a disponibilidade calórica, 11,0% das famílias estavam inseguras. Em contrapartida, 59,0% das famílias apresentaram disponibilidade calórica per capita alta (>3.000 calorias). Do total das famílias, 14,8% possuíam mais de 50,0% das calorias disponíveis para consumo advindas de produção própria. Os alimentos mais produzidos para autoconsumo foram os vegetais in natura, que são os mais fornecidos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar. Além disso, a principal fonte de quilocalorias das famílias eram alimentos in natura e minimamente processados. A presença de anemia em pelo menos 1 morador foi detectada em 29,6% dos domicílios, havendo correlação negativa entre o valor de hemoglobina (g/dL) e a pontuação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.
Conclusão
Verifica-se que a maioria das famílias de agricultores fornecedores do Programa Nacional de Alimentação Escolar encontra-se em situação de Insegurança Alimentar, tanto pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, quanto pela disponibilidade domiciliar de alimentos. Contudo, não se pode desconsiderar o percentual de famílias inseguras, uma vez que esse quadro pode levar a outros agravantes. Logo, faz-se necessária a constante avaliação da situação familiar de (in)Insegurança Alimentar e incentivar a produção para autoconsumo para que esta contribua para a disponibilidade e a qualidade alimentar. Por isso a relevância de programas que fortaleçam a produção e comercialização de alimentos da agricultura familiar.
Palavras-chave
Segurança alimentar e nutricional; Zona rural; Alimentação escolar