Resumos
OBJETIVO: Verificar o consumo da bebida café segundo a quantidade ingerida e os métodos de preparo, e sua associação com o perfil lipídico sérico de hipertensos e diabéticos. MÉTODOS: Foram coletados, por meio de entrevista, dados demográficos, de estilo de vida e de consumo alimentar, aferidas medidas antropométricas e colhido sangue para análise de perfil lipídico sérico. Análise descritiva, testes t de Student, qui-quadrado e de correlação linear de Pearson foram utilizados com 5% de probabilidade de erro experimental. RESULTADOS: Foram avaliados 182 indivíduos hipertensos e diabéticos tipo 2, consumidores de café, distribuídos em dois grupos segundo o método de preparo da bebida: à brasileira e fervido. Os grupos foram semelhantes quanto aos dados demográficos, antropométricos, de estilo de vida, de consumo alimentar e de perfil lipídico sérico. A quantidade per capita de pó utilizado no método à brasileira e no fervido foi de M=7,52, DP=4,99g e M=7,91, DP=5,87g, respectivamente. O volume ingerido e a frequência de consumo dos indivíduos do grupo à brasileira foi de M=517,3, DP=402,7mL e M=2,14, DP=1,06 vezes/dia, e para os consumidores de café fervido, M=513,4, DP=409,8mL e M=2,2, DP=0,94 vezes/dia. Não houve associação significativa entre a quantidade ingerida da bebida café e o perfil lipídico sérico. CONCLUSÃO: Não houve associação entre o consumo de café à brasileira ou fervido e o perfil lipídico sérico, possivelmente em função da quantidade consumida e/ou da diluição utilizada. Se, por um lado, os resultados não permitem desestimular o consumo da bebida na quantidade ingerida pela população estudada, como medida de prevenção cardiovascular, por outro lado autorizam concluir que há necessidade de avançar nessa linha de investigação.
Café; Cafestol; Colesterol; Dislipidemias; Kaweol; Lipídeos séricos
OBJECTIVE: This study determined the amount of coffee consumed, the preparation methods and the association between coffee intake and the serum lipid profile of diabetics and hypertensive individuals. METHODS: Interviews were done to collect demographic and lifestyle data and food intake. Blood was collected to determine serum lipid profiles and anthropometric characteristics were measured. Descriptive analysis and the Student's t-test, chi-square test and Pearson's linear correlation were used with p£0.05 to establish statistical significance. RESULTS: A total of 182 hypertensive and type-2 diabetic individuals who consumed coffee were evaluated and categorized according to the preparation method: Brazilian or boiled. The population had similar demographics, anthropometrics, lifestyles, food habits and serum lipid profiles. The per capita amount of powder ingested when the Brazilian preparation method (uses a filter) was used compared with boiling was M=7.52, SD=4.99g and M=7.91, SD=5.87g, respectively. In both groups, those levels were obtained in accordance with the estimated daily intake volume of the drink. The volume ingested by individuals in the "Brazilian" group and intake frequency were: M=517.3, SD=402.7mL and M=2.14, SD=1.06 times/day and in the "boiled" group: M=513.4, SD=409.8mL, and M=2.2 SD=0.94 times/day. There was no significant association between coffee intake and serum lipid profile. CONCLUSION: There was no association between coffee intake and serum lipid profile in the studied population, possibly because of the amount consumed and/or dilution used. If, on the one hand, the results do not allow us to discourage consumption in the amounts consumed by the studied population as a way to prevent cardiovascular disease, on the other hand, it is clear that this line of research requires further investigation.
Coffee; Cafestol; Cholesterol; Dyslipidemias; Kahweol; Serum lipid
ORIGINAL
Consumo de café segundo métodos de preparo da bebida e associação com perfil lipídico sérico em hipertensos e diabéticos1
Intake of different coffee preparations and its association with the serum lipid profile of diabetics and hypertensive individuals
Fabiana Accioly de LimaI,II; Sandra Mary Lima VasconcelosI,II; Antônio Euzébio Goulart Sant'anaIII; Terezinha da Rocha AtaídeI; Cristhiane Maria Bazílio de OmenaII,III; Maria Emília da Silva MenezesII,III; Cyro Rêgo Cabral JúniorI
IUniversidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em Nutrição. Maceió, AL, Brasil
IIUniversidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Laboratório de Nutrição em Cardiologia. Campus A. C. Simões, BR 104 Norte, km 97, Tabuleiro dos Martins, 57072-970, Maceió, AL, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: S.M.L. VASCONCELOS. E-mail: <sandra-mary@hotmail.com>
IIIUniversidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia, Instituto de Química e Biotecnologia. Maceió, AL, Brasil
RESUMO
OBJETIVO: Verificar o consumo da bebida café segundo a quantidade ingerida e os métodos de preparo, e sua associação com o perfil lipídico sérico de hipertensos e diabéticos.
MÉTODOS: Foram coletados, por meio de entrevista, dados demográficos, de estilo de vida e de consumo alimentar, aferidas medidas antropométricas e colhido sangue para análise de perfil lipídico sérico. Análise descritiva, testes t de Student, qui-quadrado e de correlação linear de Pearson foram utilizados com 5% de probabilidade de erro experimental.
RESULTADOS: Foram avaliados 182 indivíduos hipertensos e diabéticos tipo 2, consumidores de café, distribuídos em dois grupos segundo o método de preparo da bebida: à brasileira e fervido. Os grupos foram semelhantes quanto aos dados demográficos, antropométricos, de estilo de vida, de consumo alimentar e de perfil lipídico sérico. A quantidade per capita de pó utilizado no método à brasileira e no fervido foi de M=7,52, DP=4,99g e M=7,91, DP=5,87g, respectivamente. O volume ingerido e a frequência de consumo dos indivíduos do grupo à brasileira foi de M=517,3, DP=402,7mL e M=2,14, DP=1,06 vezes/dia, e para os consumidores de café fervido, M=513,4, DP=409,8mL e M=2,2, DP=0,94 vezes/dia. Não houve associação significativa entre a quantidade ingerida da bebida café e o perfil lipídico sérico.
CONCLUSÃO: Não houve associação entre o consumo de café à brasileira ou fervido e o perfil lipídico sérico, possivelmente em função da quantidade consumida e/ou da diluição utilizada. Se, por um lado, os resultados não permitem desestimular o consumo da bebida na quantidade ingerida pela população estudada, como medida de prevenção cardiovascular, por outro lado autorizam concluir que há necessidade de avançar nessa linha de investigação.
Termos de indexação: Café. Cafestol. Colesterol. Dislipidemias. Kaweol. Lipídeos séricos.
ABSTRACT
OBJECTIVE: This study determined the amount of coffee consumed, the preparation methods and the association between coffee intake and the serum lipid profile of diabetics and hypertensive individuals.
METHODS: Interviews were done to collect demographic and lifestyle data and food intake. Blood was collected to determine serum lipid profiles and anthropometric characteristics were measured. Descriptive analysis and the Student's t-test, chi-square test and Pearson's linear correlation were used with p£0.05 to establish statistical significance.
RESULTS: A total of 182 hypertensive and type-2 diabetic individuals who consumed coffee were evaluated and categorized according to the preparation method: Brazilian or boiled. The population had similar demographics, anthropometrics, lifestyles, food habits and serum lipid profiles. The per capita amount of powder ingested when the Brazilian preparation method (uses a filter) was used compared with boiling was M=7.52, SD=4.99g and M=7.91, SD=5.87g, respectively. In both groups, those levels were obtained in accordance with the estimated daily intake volume of the drink. The volume ingested by individuals in the "Brazilian" group and intake frequency were: M=517.3, SD=402.7mL and M=2.14, SD=1.06 times/day and in the "boiled" group: M=513.4, SD=409.8mL, and M=2.2 SD=0.94 times/day. There was no significant association between coffee intake and serum lipid profile.
CONCLUSION: There was no association between coffee intake and serum lipid profile in the studied population, possibly because of the amount consumed and/or dilution used. If, on the one hand, the results do not allow us to discourage consumption in the amounts consumed by the studied population as a way to prevent cardiovascular disease, on the other hand, it is clear that this line of research requires further investigation.
Indexing terms: Coffee. Cafestol. Cholesterol. Dyslipidemias. Kahweol. Serum lipid.
INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, com 90% da sua produção baseada nas espécies Coffea arabica e Coffea canephora, variedade robusta. Além da sua importância econômica, o café é a bebida mais consumida no mundo ocidental e no Brasil, hábito mantido por tradição familiar1. Quanto à composição química, o grão de café arábica apresenta maiores concentrações de carboidratos, lipídeos e proteínas comparado ao robusta, que exibe teores mais elevados de compostos fenólicos e de cafeína2. A fração lipídica do grão de café é composta de triglicérides, ácidos graxos esterificados com diterpenos, ésteres de esteróis, esteróis e tocoferóis. Na matéria insaponificável do óleo de café, destacam-se o cafestol e o kahweol, diterpenos relatados como causadores de dislipidemias e com ação antioxidante e quimioprotetora3-6.
Há uma variação no teor dos diterpenos entre as espécies de café: no café arábica, o teor de kahweol é de cerca de 3g/kg e o de cafestol, de cerca de 6g/kg de peso seco do grão; na espécie robusta, a quantidade de kahweol é menor que 0,5g/kg de peso seco do grão e de cafestol, em torno de 7g/kg de peso seco3,4. Assim, em ambas as espécies o diterpeno predominante é o cafestol. O café arábica puro tem um custo muito elevado, de modo que o café comumente encontrado no mercado, de preço acessível e, portanto, mais consumido pela população, é resultado de uma mistura entre as espécies arábica e robusta, em proporção não informada nos rótulos do produto. Assim, o café de consumo popular possui um teor mais elevado de cafestol.
Os diterpenos são substâncias lipídicas, pentacíclicas, estáveis a altas temperaturas (185ºC a 250ºC) e suportam mais de 10 minutos em processo de fervura7. Considerando que o processo de torrefação pode chegar a 230°C e que o ponto de ebulição da água é de 100°C, é de se supor que os diterpenos suportam tais temperaturas, sendo encontrados na bebida café8.
A bebida café apresenta mais de 800 compostos de várias classes já identificados2,9, alguns dos quais muito citados na literatura por estarem associados com a saúde humana, como a cafeína com a elevação da pressão arterial, os diterpenos cafestol e kahweol com as dislipidemias, e os ácidos clorogênicos com a proteção contra a formação da placa ateromatosa.
Existem diferentes maneiras de se preparar a infusão, as quais variam conforme a tradição de cada país. No Brasil, os métodos de preparo mais comuns são café fervido ou estilo escandinavo (sem filtração do pó), filtrado (filtro de papel) e café à brasileira (filtro de pano), além do uso do café instantâneo ou solúvel10.
Em estudos, foi verificada a influência do modo de preparo sobre o perfil lipídico sérico. Alguns trabalhos encontraram elevações nas taxas plasmáticas de colesterol total e Low Density Lipoprotein Cholesterol (LDL-C) com o consumo do café não filtrado ou fervido11,12, enquanto outras pesquisas não verificaram elevação lipídica com o consumo de café filtrado em filtro de papel11-14. Recentemente foi publicado um estudo com o método de preparo tipicamente brasileiro, o café à brasileira, resultando em nenhum efeito sobre o perfil lipídico sérico e efeito protetor sobre a peroxidação lipídica15.
Um dos possíveis mecanismos do aumento das frações lipídicas séricas LDL-C e Very Low Density Lipoprotein cholesterol (VLDL-C) é o efeito inibidor dos diterpenos cafestol e kahweol na via das Sterol Regulatory Element Binding Proteins (SREBP), proteínas reguladoras de ligação de esteroides, importantes reguladoras da biossíntese de colesterol em humanos, uma vez que são fatores de transcrição dos genes da Hidroxi Metil Glutaril Coenzima A redutase (HMG-CoA redutase), LPL (lipase lipoproteica) e dos receptores de LDL (B/E). A diminuição da atividade da SREBP pode resultar em diminuição na síntese do colesterol, menor catabolismo de VLDL e supressão da atividade do receptor B/E, encontrado nos hepatócitos, aumentando LDL e VLDL séricas16.
O presente trabalho teve como objetivo verificar o consumo da bebida café segundo a quantidade ingerida e os métodos de preparo utilizados por uma população de hipertensos e diabéticos, e estudar a associação entre a ingestão de café, nos diferentes métodos de preparo, e o perfil lipídico sérico dessa população.
MÉTODOS
Dados demográficos (sexo, idade), antropométricos (Índice de Massa Corporal - IMC, Circunferência da Cintura - CC), de perfil lipídico sérico (colesterol total, triglicérides, LDL-C e HDL-C), de estilo de vida (tabagismo, sedentarismo) e de consumo alimentar (ingestão de energia e nutrientes) foram obtidos da pesquisa "Hábitos alimentares e estado nutricional de hipertensos e diabéticos: uma contribuição às ações de controle de fator de risco cardiovascular do HIPERDIA - MS do município de Flexeiras/AL" - Projeto PPSUS/CNPq/FAPEAL/SESAU (2005-2007), em que foram estudados 494 indivíduos. Para o presente estudo foram incluídos 182 indivíduos consumidores de café que completaram o protocolo de coleta na íntegra. O município de Flexeiras, localizado na zona da mata alagoana, apresentava em 2005 uma população de 11.941 habitantes, com 803 hipertensos e diabéticos cadastrados no Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao diabetes Mellitus do Ministério da Saúde (HIPERDIA - MS), acompanhados pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Os dados antropométricos foram analisados considerando os seguintes critérios: IMC de adultos17 e de idosos18, segundo classificação para excesso de peso (sobrepeso que aqui será denominado pré-obesidade e obesidade) para adultos acima de 24,9kg/m2 e idosos acima de 27kg/m2; adiposidade abdominal (AA) para CC ≥80cm para mulheres e CC ≥94cm para homens19.
O perfil lipídico sérico foi obtido mediante recomendação de jejum de 12 horas, suspensão de atividade física vigorosa e de ingestão de álcool, nas 24 e 72 horas que antecederam o exame, respectivamente19. Os pacientes foram orientados quanto ao protocolo de preparo para o exame bioquímico e os resultados foram analisados segundo a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose19.
O consumo de energia e nutrientes, levantado por meio de inquérito dietético recordatório de 24 horas, foi analisado por meio do software Virtual Nutri®(energia, carboidratos, proteínas, lipídeos totais, vitamina C, vitamina E, potássio, zinco e selênio) e utilização manual da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos -TACO20 (colesterol e lipídeos insaturados). A ingestão de energia e nutrientes foi comparada entre grupos. Adicionalmente, a ingestão de energia foi avaliada segundo os intervalos de referência de distribuição aceitável dos macronutrientes (AMDR - Acceptable Macronutrient Distribution Ranges), considerando para carboidratos, proteínas e lipídeos os intervalos respectivos de 45-65%, 10-35% e 20-35%21.
Foram excluídos do estudo os pacientes que faziam uso de medicação hipolipemiante.
Quanto a estimativa do consumo de café, a forma de preparo da bebida café, a marca comercial utilizada, a diluição, a quantidade ingerida e a frequência de consumo foram informações obtidas do questionário estruturado do PPSUS. Empregou-se manual de registro fotográfico para identificação dos utensílios utilizados.
Os dados demográficos, de estilo de vida, antropométricos, de perfil lipídico sérico e dietéticos foram analisados pelo teste t de Student, após verificação da existência de normalidade dos resíduos (teste de Kolmogorov-Smirnov) e da homogeneidade das variâncias dos mesmos (teste de Levene). Para as variáveis categóricas, utilizou-se o teste do qui-quadrado de Pearson. Em ambas as análises verificou-se a existência ou não de diferença significativa, com 5% de probabilidade de erro experimental. Realizou-se a análise de correlação linear simples de Pearson e de Spearman, respectivamente, ao mesmo nível de significância de erro experimental.
RESULTADOS
Foram avaliados 182 indivíduos consumidores de café, com idade entre 39 e 94 anos (Média - M= 60,64, Desvio-Padrão - DP= 11,46 anos), dos quais 149 hipertensos (81,86%), 23 hipertensos e diabéticos (12,63%) e 10 diabéticos (5,49%); 90 (49,45%) adultos e 92 (50,55%) idosos; 128 (70,32%) mulheres e 54 (29,67%) homens; 71 (39,01%) sedentários e 47 (25,82%) fumantes.
A população distribuiu-se equitativamente quanto ao modo de preparo do café: 92 (50,54%) utilizavam café coado em coador de pano (à brasileira) e 90 (49,45%) utilizavam o método café fervido, ou seja, sem filtração. Em ambos os grupos houve predomínio de consumo de duas marcas comerciais de pó de café torrado e moído.
Quanto ao consumo da bebida, a quantidade média de pó utilizada para preparação foi de M=15,56, DP=7,20g per capita/dia, sendo a proporção mais utilizada a de 20g de pó de café (2 colheres de sopa) para 1 litro de água. O volume diário ingerido do café foi de M=515,4, DP=405,2mL, com frequência de consumo de duas vezes/dia (M=2,19, DP=0,99), sendo para os consumidores de café coado M=517,3, DP=402,7mL e M=2,14 DP=1,06 vezes/dia e para os consumidores de café fervido M=513,4, DP=409,8mL e M=2,2, DP=0,94 vezes/dia, respectivamente.
Dados demográficos, de estilo de vida, antropométricos e bioquímicos de ambos os grupos identificados segundo métodos de preparo do café estão apresentados na Tabela 1, na qual se verifica semelhança entre os mesmos. Na avaliação do estado nutricional foram elevadas as frequências de excesso de peso (pré-obesidade e obesidade) e de adiposidade abdominal em ambos os sexos. As frequências de dislipidemias (Hipercolesterolemia isolada, Hipertrigliceridemia isolada, Hiperlipidemia mista e HDL baixo) também foram semelhantes entre os grupos. Os dados de ingestão de energia e nutrientes não diferiram entre os grupos estudados (Tabela 2).
A quantidade per capita de pó utilizado na infusão do café filtrado em coador de pano e no fervido foi de M=7,52, DP=4,99g e M=7,91 DP=5,87g, respectivamente. Em ambos os grupos, esses teores foram obtidos com base no volume estimado de ingestão diária da bebida referida por cada indivíduo.
A Tabela 3 apresenta os dados da análise de correlação linear de Pearson entre a quantidade de pó de café presente na bebida e o perfil lipídico sérico (colesterol total, triglicérides, LDL-C e HDL-C) segundo os métodos de preparo coado e fervido, verificando-se que não houve associação significativa em nenhum dos grupos.
DISCUSSÃO
O café é a bebida mais consumida no Brasil e no mundo ocidental, e a associação do seu consumo com a saúde humana tem sido muito estudada, principalmente como fator de risco cardiovascular, com base nos efeitos do café sobre a elevação da pressão arterial (efeito agudo da cafeína), dos níveis séricos de homocisteína e de colesterol22,23, sendo este último o foco deste estudo. Diversos trabalhos apontam associação positiva entre a hiper-homocisteinemia, níveis séricos reduzidos de vitaminas do complexo B e consumo de café, atribuindo ao efeito diurético da cafeína a excreção desses nutrientes23-26, embora com resultados divergentes27. A homocisteína provoca danos ao endotélio vascular, plaquetas e fatores de coagulação, o que a torna um fator de risco independente para doença coronariana, cerebrovascular e periférica28,29. No entanto, o foco deste estudo é a associação do consumo do café com lipídeos séricos.
A bebida café, considerada hábito cultural da população brasileira, pode ser preparada sob diversas formas, sendo o método tipicamente brasileiro (filtrado em coador de pano) e o método fervido (decantado, mais simples e de baixo custo) aqueles utilizados pela população deste estudo.
Os grupos populacionais investigados, aqui estabelecidos segundo os métodos de preparo da bebida café (café à brasileira e café fervido), eram semelhantes entre si quanto aos dados demográficos, de estilo de vida, antropométricos, dietéticos e bioquímicos, portanto, comparáveis no que diz respeito à variável estudada.
A ausência de associação significativa entre a quantidade ingerida da bebida café e o perfil lipídico sérico, assim como de diferença estatística entre os dados bioquímicos dos dois grupos, poderia ser atribuída à quantidade da bebida consumida pelos indivíduos: M=517,3mL, DP=402,7mL para o grupo coado e M=513,4mL, DP=409,8mL, para o grupo fervido por dia, volumes considerados compatíveis com um "consumidor moderado"10,14,30,31. Essa quantidade, associada à alta diluição empregada pela população estudada, provavelmente não foi suficiente para interferir no perfil lipídico sérico, uma vez que, em estudos que verificaram associação positiva, esta foi observada com um volume ingerido/dia a partir de cerca de 750mL (5 xícaras de 150mL), quando o indivíduo já é considerado um "grande bebedor de café"10,14,30.
Uma possível associação entre o consumo da bebida café conforme o método de preparo, e alterações do perfil lipídico sérico tem sido muito discutida no meio científico, particularmente com a preparação da bebida através do método fervido. As diferenças apresentadas possivelmente se devem ao fato de o café fervido ter maior concentração dos diterpenos em razão da alta temperatura atingida durante o preparo e ao tempo de contato entre o grão e a água31,32. Uma meta-análise de 14 estudos sobre a associação entre o consumo de café sob diferentes métodos de preparo, e o perfil lipídico sérico de indivíduos verificou uma relação causal entre ingestão de café fervido e aumento de colesterol sérico14. Dusseldorp et al.12 , estudando 64 pacientes com um consumo diário de 6 xícaras de 150mL, observaram após 14 semanas um aumento de 16mg/dL de colesterol total e LDL-C. Urger & Katan5 relataram um aumento no colesterol total de 5mg/dL com a ingestão de 10mg de cafestol, e de 0,9mg/dL com a ingestão de 10mg de kahweol. Por outro lado, outros estudos não encontraram alterações no perfil lipídico sérico15,33,34.
Os diterpenos cafestol e kahweol também apresentam propriedades antioxidantes, sendo responsáveis por induzir a produção da enzima hepática de ação detoxificante Glutationa S-Transferase (GST), importante contra o estresse oxidativo, cânceres e outras doenças degenerativas4,7,35.
A cafeína, a mais conhecida substância presente no café, também apresenta atividade antioxidante, em virtude de seus metabólitos ácido 1-metilúrico e 1-metilxantina exercerem efeito preventivo da oxidação da LDL36,37. Estudos in vivo e in vitro relacionam a atividade antioxidante da cafeína na peroxidação lipídica, sendo tal propriedade atribuída aos polifenóis resultantes do seu metabolismo38,39.
A propriedade antioxidante do café vem sendo muito discutida em função do conteúdo elevado de compostos fenólicos na bebida, os quais apresentam atividade sobre a oxidação da LDL37. No estudo de Costa et al.15, o consumo moderado de café (250mL/dia), filtrado em filtro de papel ou em coador de pano, exerceu efeito protetor sobre a peroxidação lipídica avaliada através do método FOX2 (Ferrous Oxidation in Xylenol Orange Assay), utilizado para mensurar as concentrações de hidroperóxido plasmático. Não foi verificado nenhum efeito da ingestão do café sobre os lipídeos séricos nem sobre as enzimas hepáticas, o que levou os autores a concluir que na bebida café há substâncias com atividade antioxidante.
Estudos clínicos e epidemiológicos têm discutido a importância de substâncias fenólicas, encontradas em alimentos de origem vegetal, para a prevenção de doenças cardiovasculares 40,41.
Os eventos clínicos responsáveis pela formação da placa de ateroma estão diretamente relacionados à oxidação lipídica da LDL. A progressão da lesão está associada com a ativação de genes que induz à calcificação arterial, com mudanças e predisposição à ruptura de plaquetas com a infiltração monocitária42.
As substâncias fenólicas ácidos clorogênicos são os principais antioxidantes do café. A bebida é considerada uma das maiores fontes de antioxidantes da dieta, apresentando quantidades de ácidos clorogênicos que variam, em média, de 70 a 350mg/xícara de 200mL30, de 200 a 550mg/xícara de 200mL43 e 396mg/xícara de 180mL44, de acordo com diferentes estudos. Os ácidos clorogênicos são polifenóis formados a partir da esterificação do ácido quínico com os ácidos ferúlico e p-cumárico e cafeico, sendo este último a substância com maior capacidade antioxidante44,45. O possível papel protetor dos ácidos clorogênicos está relacionado à sua capacidade de incorporação à LDL, impedindo assim a sua oxidação ou promovendo na LDL já oxidada uma resistência a oxidações adicionais. O ácido cafeico é rapidamente absorvido e metabolizado, apresentando uma alta capacidade antioxidante, ao inibir, in vitro, a oxidação da LDL43,45. Nardini et al.45 encontraram aumento significativo na resistência da LDL à oxidação, associado à incorporação dos ácidos cafeico, ferúlico e p-cumárico à LDL, 30 a 60 minutos após o consumo de 200 mL da bebida café (12g de pó), sendo o resultado mais expressivo observado após 60 minutos. Um resultado similar foi encontrado com a ingestão de 450mL de café (24g de pó) durante 7 dias de estudo, verificando-se uma diminuição significativa da oxidação lipídica46.
Assim, além do consumo moderado da bebida pelos pacientes do presente estudo e da alta diluição por eles praticada, o que diminui a possibilidade de efeito hiperlipemiante, deve-se considerar o efeito protetor do café, resultante da atividade antioxidante dos ácidos clorogênicos, da cafeína e dos próprios diterpenos. Dessa forma, nas condições adotadas pela população em estudo, o consumo de café possivelmente não é hiper-lipemiante. No entanto, a despeito do exposto, é necessário estudar outros efeitos do café, como sua associação positiva com a hiper-homocisteinemia, importante fator de risco cardiovascular.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos mostraram que na população estudada não houve associação entre a ingestão de café à brasileira ou fervido e o perfil lipídico sérico, o que pode ser atribuído à quantidade consumida, bem como à diluição utilizada. Se, por um lado, os resultados não permitem desestimular o consumo da bebida na quantidade ingerida pela população estudada, como medida de prevenção cardiovascular, por outro lado autorizam concluir que há necessidade de avançar nessa linha de investigação.
PERSPECTIVAS
Em paralelo a esta pesquisa, e como desdobramento dela, já foram iniciados ensaios para estudo experimental, objetivando a quantificação das substâncias (diterpenos e ácidos clorogênicos) presentes no café consumido pela população estudada. O protocolo inclui a utilização das marcas comerciais de café consumidas pela população, a reprodução em laboratório dos métodos de preparo utilizados, assim como das diluições adotadas. Essa quantificação requer o desenvolvimento de um desenho metodológico, cuja otimização quanto a técnica e procedimentos está em processo. Nesse sentido, abre-se uma perspectiva concreta, em curto prazo, de busca de respostas às novas perguntas surgidas, tais como: "quanto de cafestol e kahweol é consumido?", "qual a ingestão estimada de ácidos clorogênicos a partir do café?", "qual é a relação disso com os resultados obtidos?", entre outras indagações.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), pela concessão da bolsa de Mestrado. Ao Laboratório de Pesquisas em Recursos Naturais e Laboratório de Eletroquímica do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas, pela realização das análises químicas. À Secretaria de Saúde do Município de Flexeiras (AL), pela realização da pesquisa através do HIPERDIA/MS. À Profa. Dra. Marta de Toledo Benassi e ao Doutorando Rafael Carlos Eloy Dias, da Universidade Estadual de Londrina (PR), pela disponibilização da metodologia para extração do diterpeno.
COLABORADORES
F.A. LIMA realizou a coleta de dados e a análise experimental e participou da redação do artigo. S.M.L. VASCONCELOS orientou o trabalho, definiu a estrutura e liderou a redação do artigo. A.E.G. SANT'ANA, T.R. ATAIDE, C.M.B. OMENA e E.M.S. MENEZES contribuíram na análise experimental do estudo. C.R. CABRAL JR. orientou o planejamento e as análises estatísticas.
Recebido em: 11/1/2009
Versão final reapresentada em: 1/7/2010
Aprovado em: 12/8/2010
Referências bibliográficas
- 1 Brasil. Associação Brasileira da Indústria do Café. [acesso 2007 out 22]. Disponível em: <http://www.abic.com.br/>
- 2. Monteiro MC, Trugo LC. Determinação de compostos bioativos em amostras comerciais de café torrado. Quím Nova. 2005; 28(4):637-41.
- 3. Speer K, Kolling-Speer I. The lipid fraction of the coffee bean. Braz J Plant Phys. 2006; 18(1):201-16.
- 4. Kurzrock T, Speer K. Diterpenes and diterpeno esters in coffe. Food Rev Inter. 2001; 17(4):433-50.
- 5. Urget R, Katan MB. The cholesterol-rasing factor from coffee beans. An Rev Nutr. 1997; 17(11):305-24.
- 6. Lee KJ, Jeong HG. Protective effects of kahweol and cafestol against hydrogen peroxide-induced oxidative stress and DNA damage. Toxicol Letters. 2007; 173(2):80-7.
- 7. Masten S, Tice R. Cafestol and kahweol: review of toxicological literature. North Corolina: Integ Lab Syst; 1999. p.2-39.
- 8. Dias RCE. Discriminação de espécies de café (Coffea arábica e Coffea canephora) em diferentes graus de torra [mestrado]. Londrina: Universidade Estadual de Londrina; 2005.
- 9. Moreira RFA, Trugo LC, De Maria CAB. Componentes voláteis do café torrado. Parte II: compostos alifáticos, alicíclicos e aromáticos. Quím Nova. 2000; 23(2):195-203.
- 10. Nakasato M, Giogi DMA, Isosaki M. Mitos e verdades sobre o café e doenças do coração. Rev SOCESP. 2001; 11(6):13-20.
- 11. Zock PL, Katan MB, Merkus MP, Dusseldorp MV, Harryan JL. Effect of a lipid-rich fraction from boiled coffee on serum cholesterol. Lancet. 1990; 335(8700):1235-37.
- 12. Dusseldorp MV, Katan MB, Vliet TV, Demacker PNM, Stalenhoef AFH. Cholesterol-raising factor from boiled coffee does not pass a paper filter. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 1991; 11:586-93.
- 13. Wei M, Macera CA, Homung CA, Blair SN. The impact of changes in coffee consumption on serum cholesterol. J Clin Epidemiol. 1995; 48(10):1189-96.
- 14. Jee SH, He J, Appel LJ, Whelton PK, Suh II, Klag MJ. Coffee consumption and serum lipids: a meta-analysis of randomized controlled clinical trials. Am J Epidemiol. 2001; 153(3):353-62.
- 15. Costa RP, Izar MCO, Elias MC, Ihara SSM, Santos AO, Pinto LESA, et al Moderate comsumption of drip paper-filtered or boiled and cotton-filtered coffee does not affect lipid profile, and improves lipid peroxidation in patients with primary hypercholesterolemia. Int J Atheroscler. 2006; 1(2): 149-55.
- 16. De Ross B, Katan MB. Possible mechanisms underlyind the cholesterol-raising effect of the coffee diterpene cafestol. Curr Opin Lipidol. 1999; 10(1):41-5.
- 17 World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization; 1995. WHO Technical Report Series, 854.
- 18. Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Orientações bá-sicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde para o sistema de vigilância alimentar e nutricional [versão preliminar]. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
- 19 Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2007; 88(Suppl 1): S2-S19.
- 20. Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação. Tabela brasileira de composição de alimentos [versão II]. Campinas: Flamboyant; 2006.
- 21 Institute of Medicine. Dietary References Intakes for energy carbohydrate, fiber, fatty, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington: National Academy Press; 2002.
- 22. Gotteland M, De Pablo S. Algunas verdades sobre el café. Rev Chil Nutr. 2007; 34(2):105-115.
- 23. Ulvik A, Vollset SE, Hoff G, Ueland PM. Coffee consumption and circulating B-vitamins in healthy middle-aged men and women. Clin Chem. 2008; 54:91489-96.
- 24. Christensen B, Mosdol A, Retterstol L, Landaas S, Thelle DS. Abstention from filtered coffee reduces the concentrations ofplasma homocysteine and serum cholesterol: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2001; 74(3):302-7.
- 25. Grubben MJ, Boers GH, Blom HJ, Broekhuizen R, De Jong R, Rijt LV, et al. Unfiltered coffee increases plasma homocysteine concentrations inhealthy volunteers: a randomized trial. Am J Clin Nutr. 2000; 71(2):480-4.
- 26. Nygard O, Refsum H, Ueland PM, Stensvold I, Nordrehaug JE, Kvale G, et al Coffee an consumption and plasma total homocysteine: the Hordaland homocysteine study. Am J Clin Nutr. 1997; 65(1): 136-43.
- 27. Verhoef P, Pasman WJ, Van Vliet T, Urgert R, Katan MB.Contribution of caffeine to the homocysteine-raising effect of coffee: a randomized controlled trial in humans. Am J Clin Nutr. 2002; 76(6):1244-8.
- 28. Pintó Sala XP. La homocisteína en la prevención de las enfermedades cardiovasculares. JANO. 2004; 67(1541):1749-52.
- 29. Uehara SK, Baluz K, Rosa G. Possíveis mecanismos trombogênicos da hiper-homocisteinemia e o seu tratamento nutricional. Rev Nutr. 2005; 18(6): 743-51. doi: 10.1590/S1415-52732005000600005.
- 30. Higdon JV, Frei B. Coffee and health: a review of recent human research. Crit Rev Food Sci Nutr. 2006; 46(2):101-23.
- 31. Aro A, Tuomilehto J, Kostiainen E, Usitalo U, Pietinen P. Boiled coffee increases serum low density lipoprotein concentration. Metabolism. 1987; 36(11): 1027-30.
- 32. Bonna K, Arnesen E, Thekken DS, Forde OH. Coffee and cholesterol: is it all in the brewing? The Tromso Heart Study. Br Med J. 1988; 297(6656):1103-4.
- 33. Haffner SM, Knapp JA, Stern MP, Hazuda HP, Rosenthal M, Franco LJ. Coffee consumption, diet, and lipids. Am J Epidemiol. 1985; 122(1):1-12.
- 34. Lancaster T, Muir J, Silagy C. The effect of coffee on serum lipids and blood pressure in a UK population. J R Soc Med. 1994; 87(9):506-7.
- 35. Schilter BI, Perrin CC, Huggett AC. Placental glutathione S-transferase (GST-P) induction as a potential mechanism for the anti-carcinogenic effect of coffee-specif components cafestol and kahweol. Carcinogenesis. 1996; 17(11):2377-84.
- 36. Lee C. Antioxidant ability of caffeine and is metabolites based on the study of oxygen radical absorbing capacity and inhibition of LDL peroxidation. Clin Chim Acta. 2000; 295(1-2): 141-54.
- 37. Dórea JG, Costa THM. Is coffee a functional food? BJN. 2005; 93(6):773-82.
- 38. Devasagayam TPA, Kamat JP, Mohan H, Kesavan PC. Caffeine as an antioxidant: inhibition of lipid peroxidation induced by reactive oxygen species. Biochim Biophys Acta. 1996; 1282(1):63-70.
- 39. Daglia M, Papetti A, Gregotti C, Berte F, Gazzani G. In vitro antioxidant and ex vivo protective activities of Green and roasted coffee. J Agric Food Chem. 2000; 48(5):1449-54.
- 40. Hu FB, Willett WC. Optimal diets for prevention of coronary heart disease. JAMA. 2002; 288(20): 2569-78.
- 41. Hu FB. Plant-based foods and prevention of cardiovascular disease: an overview. Am J Clin Nutr. 2003; 78(Suppl 1):S544-S51.
- 42. Berliner JA, Navab M, Fogelman AM, Frank JS, Demer LL, Edwars PA, et al Atherosclerosis: basic mechanisms. Oxidation, inflammation, and genetics. Circulation. 1995; 91(9):2488-96.
- 43. Natella F, Nardini M, Belelli F, Scaccini C. Coffee drinking induces incorporation of phenolic acids into LDL and increases the resistance of LDL to ex vivo oxidation in humans. Am J Clin Nutr. 2007; 86(3):604-9.
- 44. Bonita JF, Mandarano M, Shuta D, Vinson J. Coffee and cardiovascular disease: in vitro, cellular, animal, and human studies. Pharmacol Res. 2007; 55(3):187-98.
- 45. Nardini M, Cirillo E, Natella F, Scaccini C. Absorption of phenolic acids in humans after coffee consumption. J Agric Food Chem. 2002; 50(20): 5735-41.
- 46. Yukawa GS, Mune M, Otani H, Tone Y, Liang XM, Iwahashi H. Effects of coffee consumption on oxidative susceptibility of low-density lipoproteins and serum lipid levels in humans. Biochemistry. 2004; 69(1):70-74.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
19 Maio 2011 -
Data do Fascículo
Fev 2011
Histórico
-
Recebido
11 Jan 2009 -
Revisado
01 Jul 2010 -
Aceito
12 Ago 2010