RESUMO
Objetivo
Verificar a prevalência de sobrepeso em indígenas Sateré-Mawé maiores de 18 anos de idade, residentes na cidade de Parintins (AM), Brasil, identificando as variáveis associadas.
Métodos
Um inquérito domiciliar foi realizado em 2017 na cidade de Parintins e identificou novos domicílios em cada entrevista, alcançando o universo censitário. Foram elegíveis os autodeclarados Sateré-Mawé maiores de 18 anos e residentes há mais de um ano na cidade. O sobrepeso foi considerado para valores de índice de massa corporal ≥25 kg/m2 ou ≥27 kg/m2 para os maiores de 60 anos de idade. Coletou-se informações domiciliares sobre bolsa família, bem como individuais como falar a língua indígena, anos morando na cidade e na terra indígena, renda, trabalho, escolaridade, estado civil, nível de atividade física no lazer e no deslocamento e tempo assistindo televisão na semana. Foi utilizado o modelo logístico hierarquizado, calculando a razão de chances e intervalo de confiança (95%).
Resultados
Participaram do estudo 174 pessoas no total, sendo que 42% deles estavam com sobrepeso. Falar a língua Sateré-Mawé, a quantidade de anos residindo na cidade, trabalhar fora de casa e ser casado tiveram efeito positivo no desfecho, porém perderam significância no modelo final. Somente atividade física insuficiente no deslocamento (OR=2,24 IC 95%=1,01-4,98) e a faixa etária dos 30 a 59 anos (OR=8,79 IC 95%=3,41-22,64) mantiveram-se significativas.
Conclusão
Esforços para dar visibilidade à situação de saúde das populações indígenas urbanas no Brasil são necessários. A fraca infraestrutura de transporte na cidade parece favorecer a atividade física no deslocamento como necessidade, além da idade, já comumente associada ao sobrepeso.
Palavras-chave
Saúde de populações indígenas; Inquéritos nutricionais; Estado nutricional; Sobrepeso; Área urbana