Propõe-se um estudo iconográfico e literário do trabalho sazonal como ciclo produtivo, entre Antiguidade e Idade Média Tardia. Procurou-se estabelecer laços entre iconografias e economia e sociedade que as produziram. A representação auspiciosa prevalece, no panorama histórico das iconografias ligadas à previsão e à esperança de abundância. No âmbito da sociedade medieval elas estão fortemente atreladas ao tema da mudança das estações, da passagem cíclica temporal, do percurso de nascimento, morte e ressurreição. As representações dos trabalhos e das ocupações dos meses se transformam, e essa transformação é, muito mais que um reflexo, uma reflexão da sociedade sobre espaço e sobre atores do ciclo de produção alimentar. A Antiguidade legou à Idade Média uma variedade ampla de imagens fundamentadas, tanto na noção de personificação como de referências para as atividades ligadas aos ciclos sazonais, legado que será avaliado e modificado com base na nova experiência religiosa e social que permeia o período de maior presença dos ciclos dos meses ilustrados pelas atividades de produção do campo.
Iconografia; Ideologia; Imaginário; Literatura; Produção alimentar