RESUMO
Objetivo
Apesar das repercussões da discriminação pelo peso serem reconhecias nas iniquidades em saúde, sua relação com outras características identitárias ainda é pouco compreendida. Investigamos o quanto a experiência de discriminação relacionada ao peso corporal está vinculada a fatores sociodemográficos e aspectos identitários.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, baseado em amostra representativa dos graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina. As informações sobre percepção de discriminação foram obtidas com a Escala de Discriminação Explícita, em sua versão reduzida. Dados socioeconômicos e demográficos também foram coletados.
Resultados
Os resultados demonstraram que 22,8% dos respondentes perceberam ter sido discriminados por “ser gordo ou magro” ao longo da vida. Esse tratamento diferencial esteve mais fortemente vinculado à percepção de discriminação por “apresentar determinado comportamento” ou “modo de se vestir”. No modelo de regressão ajustado, a discriminação percebida por “ser gordo ou magro” foi maior para a faixa etária de 23 a 27 anos; para os respondentes cujos chefes do domicílio tinham até o ensino médio completo; e para aqueles com excesso de peso e autoavaliação de saúde “ruim”.
Conclusão
A discriminação percebida por “ser gordo ou magro” esteve relacionada a importantes características e condições que se associam com o estigma e a patologização da gordura corporal. Tais achados devem ser considerados em abordagens mais inclusivas de combate à incorporação de injustiças sociais.
Palavras-chave
Mensuração das desigualdades em saúde; Enquadramento interseccional; Preconceito de peso; Viés de peso; Estigma do peso