RESUMO
Foram identificados padrões florísticos e estruturais relacionados à degradação pelo uso antrópico da caatinga a partir da seleção de comunidades vegetais em três ambientes: degradado, medianamente degradado e conservado. As plantas foram amostradas em três estratos verticais: lenhosas altas (altura ≥ 3 m), lenhosas baixas (50 cm ≤ alt. < 3 m) e regeneração (alt. < 50 cm). Foram estimadas riqueza, densidade e diversidade, e analisadas as curvas densidade-espécie e espécies-área. Como efeito da degradação, a vegetação apresentou menor número de espécies no estrato das lenhosas baixas: foram três espécies no ambiente degradado e 10 no conservado. Diversidade e densidade também foram menores no ambiente degradado (0,56 e 2.328 ind/ha), do que no conservado (1,32 e 26.557 ind/ha). Dominaram o estrato das lenhosas baixas Malvastrum coromandellianum no ambiente degradado, e Cordia leucocephala e Croton mucronifolius no conservado. Não se detectou influência da degradação no estrato da regeneração, exceto pelo menor número de espécies no ambiente degradado, estimado pelo modelo espécie-área. São condições favoráveis ao desenvolvimento desse estrato: maior densidade dos estratos superiores e maior espessura do horizonte A do solo.
Palavras-chave:
desertificação; diversidade de espécies; curva espécies-área; estratos verticais; Nordeste
ABSTRACT
Floristic and structural patterns related to anthropic degradation of the caatinga were identified based on the selection of plant communities in three situations: degraded, moderately degraded, and non-degraded. Plants were sampled from three vertical strata: upper woody (height ≥ 3 m), lower woody (50 cm ≤ height < 3 m), and regeneration (height < 50 cm). Richness, density, and diversity were estimated, and speciesdensity and species-area curves were analyzed. A decrease in the number of species was one of the effects of degradation: among the stratum of the lower woody plants, the number was three in the degraded area and 10 in the non-degraded area. Diversity and density were also lower in the degraded area (0.56 and 2,328 ind/ha) compared to the non-degraded area (1.32 and 26,557 ind/ha). Malvastrum coromandellianum dominated the lower woody stratum in the degraded area, while Cordia leucocephala and Croton mucronifolius were dominant in non-degraded area. Influence from degradation was not detected in the regeneration stratum, except for the smaller number of species in the degraded environment that was estimated by the species-area model.
Key words:
desertification; species diversity; species-area curve; vertical strata; Northeast
Texto completo disponível apenas em PDF.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Universidade Federal Rural de Pernambuco pelas instalações e custeio das expedições de campo; aos especialistas do Instituto de Pesquisas Agropecuária de Pernambuco (IPA), da Universidade Federal Rural de Pernambuco, e da Universidade Federal de Pernambuco, pela ajuda na identificação botânica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Alcoforado-Filho, F. G.; Sampaio, E. V. S. B. & Rodal, M. J. N. 2003. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica 14(2): 287-303.
- Andrade, M. C. O. 1999. Atlas escolar de Pernambuco. GRAFSET, João Pessoa, 112p.
- Andrade, L. A.; Pereira, I. M.; Leite, U. T. & Barbosa, M. R. V. 2005. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Revista Cerne 11(3): 253-262.
- Araújo, E. L.; Sampaio, E. V. S. B. & Rodal, M. J. N. 1995. Composição florística e fitossociológica de três áreas de caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia 55(4): 595-607.
- Araújo, A.; Santos, M. F. A. V.; Meunier, I. & Rodal, M. J. N. 2002. Desertificação e seca: contribuição da ciência e da tecnologia para a sustentabilidade do semiárido do Nordeste do Brasil. Gráfica e Editora do Nordeste, Recife, 63p.
- Cronquist, A. 1981. An integrated system of classification of flowering plants. Columbia University Press, New York, 1262p.
- Galindo, I. C. L. 2007. Relações solovegetação em áreas sob processo de desertificação no estado de Pernambuco. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 232p.
- Giulietti, A. M.; Harley, R. M.; Queiroz, L. P.; Barbosa, M. R. V.; Bocage-Neta, A. L. & Figueiredo, M. A. 2002. Espécies endêmicas da caatinga. In: Sampaio, E. V. S. B.; Giulietti, A. M.; Virgínio, J. & Gamarra-rojas, C. F. L. Vegetação e flora da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste - APNE, Centro Nordestino de Informações sobre Plantas - CNIP, Recife. Pp. 103-118.
- Jacomine, P. K. T. 1996. Solos sob caatingas - características e uso agrícola. In: Alvarez, V. H.; Fontes, L. E. F. & Fontes, M. P. F. O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. SBCS, UFV, DPS, Viçosa. Pp. 95-111.
- Lovejoy, T. E. 1988. Diverse considerations. In: Wilson, E. O. & Peter, F. M. Biodiversity. Nacional Academy Press, Washington. Pp. 421-427.
- Magurran, A.E. 1989. Diversidad ecológica y su medición. Vedrà, Barcelona, 200p.
- Maracajá, P. B.; Batista, C. H. F.; Sousa, A. H. & Vasconcelos, W. E. 2003. Levantamento florístico e fitosociológico do estrato arbustivo-arbóreo de dois ambientes na Vila Santa Catarina, Serra do Mel, RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra 3(2): 25-32.
- Margalef, R. 1994. Dynamic aspects of diversity. Journal of Vegetation Science 5: 451-456.
- Martins, F. R. & Santos, F. A. M. 2000. Técnicas usuais de estimativa da biodiversidade. Revista Holos (edição especial). Pp. 236-267.
- Miranda, J. D.; Padilla, F. M. & Pugnaire, F. I. 2004. Sucesión y restauración en ambientes semiáridos. Ecosistemas 2004/1 (http//www.aeet.org/ecosistemas/041/investigacion4.htm).
» http//www.aeet.org/ecosistemas/041/investigacion4.htm - Muller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Measuring species quantites. In: Aims and methods of vegetation ecology. John Wiley & Sons, New York. Pp. 67-92.
- Pereira, I. M.; Andrade, L. A.; Costa, J. R. M. & Dias, J. M. 2001. Regeneração natural em um remanescente de caatinga sob diferentes níveis de perturbação, no Agreste Paraibano. Acta Botanica Brasilica 15(30): 413-426.
- Pereira, I. M.; Andrade, L. A.; Sampaio, E. V. S. B. & Barbosa, M. R. V. 2003. Useeffects on structure and flora of caatinga. Biotropica 35: 154-165.
- Raven, P. H.; Evert, R. F. & Curtis, H. 1978. Desenvolvimento inicial do organismo vegetal. In: Biologia Vegetal. Guanabara Dois, Rio de Janeiro. Pp. 420-427.
- Rodal, M. J. N.; Lins e Silva, A. C. B.; Pessoa, L. M. & Cavalcanti, A. D. C. 2005. Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco. In: Araújo, F. S.; Rodal, M. J. N. & Barbosa, M. R. V. Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga: Suporte a estratégias regionais de conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 140-166.
- Rodríguez, A. R.; Mora, J. L.; Arbelo, C. & Bordon, J. 2005. Plant succession and soil degradation in desertified area (Fuerteventura, Canary Islands, Spain). Catena 59:117-131.
- Sampaio, E. V. S. B. 2002. Uso das plantas da caatinga. In: Sampaio, E. V. S. B.; Giulietti, A. M.; Virgínio, J. & Gamarra-Rojas, C. F. L. Vegetação e flora da caatinga. Associação Plantas do Nordeste - APNE, Centro Nordestino de Informações sobre Plantas - CNIP, Recife. Pp. 49-90.
- Sampaio, E. V. S. B.; Sampaio, Y.; Vital, T.; Araújo, S. B. & Sampaio, G. R. 2003. Desertificação no Brasil: conceitos, núcleos e tecnologias de recuperação e convivência. Ed. Universitária da UFPE, Recife, 202p.
- Santana, J. A. S. & Souto, J. S. 2006. Diversidade e estrutura fitossociológica da caatinga na Estação Ecológica do Seridó-RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra 6(2): 232-242.
- Santos, M. F. A. V.; Ribeiro, M. R. & Sampaio, E. V. S. B. 1992. Semelhanças vegetacionais em sete solos da caatinga. Pesquisa Agropecuária Brasileira 27: 305-314.
- Santos, M. F. A. V.; Gutiérrez, E.; Vallejo, R; Meunier, I. J. & Cillero, D. 2003. Diversidade da vegetação pós-incêndio em terraços abandonados e ladeiras não cultivadas em Valença, Espanha. Revista Árvore 27(3): 399-405.
- Vasconcelos, R. 2002. Estimativa de perdas econômicas provocadas pela desertificação na região do semi-árido. In: Teuchler, H. & Moura, S. M. Quanto vale a caatinga? Fundação Konrad Adenauer, Fortaleza. Pp. 45-67.
- Williamson, M. 1988. Relationship of species number to area, distance and other variables. In: Myers, A. A. & Giller, P. S. Analytical biogeography. London. Pp. 92-115.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Apr-Jun 2009
Histórico
-
Recebido
Jul 2008 -
Aceito
Fev 2009