RESUMO
Moitas de vegetação separadas por areia ocorrem freqüentemente nas planícies costeiras brasileiras. Condições abióticas nas áreas entre moitas são estressantes para o estabelecimento vegetal. Na restinga de Maricá, bromélias são freqüentes dentro e na borda das moitas, sendo mais raras nas áreas entre moitas. Lança-se a hipótese de que a raridade de plântulas de bromélias nas áreas entre moitas seja devida à alta mortalidade durante a fase de semente ou plântula. Neste estudo, foram acessados potenciais fatores limitantes para a germinação e sobrevivência de três espécies de bromélias terrestres: Neoregelia cruenta, Aechmea nudicaulis e Vriesia neoglutinosa. Foram analisadas a viabilidade das sementes, o balanço hídrico sob ciclos de seca e hidratação, a germinação sob diferentes potenciais hídricos e a susceptibilidade das plântulas a altas temperaturas, dessecação e soterramento. As sementes não se mostraram dormentes e apresentaram germinabilidade acima de 70%, mesmo após exposição a 60ºC e à dessecação. Sob maiores temperaturas (> 27ºC), as sementes perderam água mais rapidamente do que embeberam. Ciclos de seca e hidratação e potenciais hídricos negativos (> -0,4 MPa) reduziram a germinabilidade. O reduzido fornecimento hídrico é provavelmente o fator limitante para a germinação de sementes de bromélias na restinga de Maricá. As plântulas foram extremamente sensíveis às altas temperaturas e ao soterramento, não conseguindo emergir quando a profundidade excedeu 10 mm. Sugere-se que a distribuição variável de chuvas, a baixa capacitância hídrica do solo e as altas temperaturas inibem a germinação e o estabelecimento de plântulas em condições de restinga. Conseqüentemente, as bromélias não parecem capazes de agir como pioneiras nas áreas entre moitas da restinga de Maricá.
Palavras-chave:
plântula; crescimento; temperatura; restinga