Resumo
O presente trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento das espécies de Icacinaceae ocorrentes na Reserva Ducke. O estudo tem por base a análise morfológica de materiais depositados em herbários e revisão de literatura. Três espécies pertencentes a dois gêneros foram registradas: Casimirella rupestris, Pleurisanthes emarginata e P. parviflora. Casimirella rupestris é falcilmente diferenciada das espécies de Pleurisanthes por apresentar ramos cobertos por tricomas estrelados e inflorescência em panícula (vs. ramos glabros ou puberulentos em Pleurisanthes), enquantos as espécies de Pleurisanthes se diferenciam entre si pela margem da folhas (denticulada em P. emarginata vs. inteira em P. parviflora) e ápice da folha (rotunda em P. emarginata vs. acuminada-unguiculada em P. parviflora). Chave para identificação, descrições, ilustrações, dados sobre habitat, fenologia e distribuição geográfica das espécies são apresentados.
Palavras-chave: Amazônia; Casimirella; inventário florístico; Pleurisanthes; taxonomia
Abstract
This study aims to improve the knowledge of the Icacinaceae species found in Reserva Ducke. It is based on morphological analysis of herbaria collections and literature compilation. Three species which belongs to two genera were recorded: Casimirella rupestris, Pleurisanthes emarginata and P. parviflora. Casimirella rupestris differs from Pleurisanthes by its stems with stellate trichomes and paniculate inflorescence (vs. globrous or puberulent stems and “spigate” inflorescente in Pleurisanthes), while Pleurisanthes species differs from each other by the leaf margin (denticulate in P. emarginata vs. entire in P. parviflora) and leaf apex (rotund in P. emarginata vs. acuminate-unguiculate in P. parviflora). An identification key, descriptions, illustrations, habitat information, phenology, and species distribution are also provided.
Key words: Amazon; Casimirella; floristic inventories; Pleurisanthes; taxonomy
Introdução
Em sua atual circunscrição (excluindo os gêneros Dendrobangia Rusby, Emmotum Desv. ex Ham. e Poraqueiba Aubl.; Kårehed 2001; Stull et al. 2015), Icacinaceae apresenta 22 gêneros e ca. de 215 espécies com distribuição na região neotropical e nos trópicos do velho mundo (Potgieter & Duno 2016). No Brasil, a família é representada por três gêneros e 11 espécies, onde ocorrem na maioria das regiões do país, exceto na Região Sul (Amorim & Stefano 2018). Os gêneros Casimirella Hassl. e Pleurisanthes Baill. são dois dos quatro representantes neotropicais da família e têm a Floresta Amazônica (Pleurisanthes) e Cerrado (Casimirella) como centros de diversidade (Potgieter & Duno 2016; Duno-De-Stefano & Amorim 2015).
Na Reserva Ducke, a família está representada por uma espécie de Casimirella e duas de Pleurisanthes. A família pode ser reconhecida por serem lianas lenhosas com folhas simples, alternas e ausência de estípulas, pelas flores diminutas e inflorescências em panículas (Casimirella) ou espigas (Pleurisanthes). As flores podem variar entre 4-5-meras, com ovário súpero, estilete reduzido e estigma capitado ou indiferenciado.
Material e Métodos
Para a realização deste trabalho, foram analisadas amostras coletadas na Reserva Ducke, um remanescente de floresta amazônica com 100 km2 de área, situado na cidade de Manaus (Hopkins 2005). As coletas nesta área foram iniciadas na década de 50 e posteriormente se intensificaram nos anos 80 e 90 devido ao “Projeto Flora da Reserva Ducke” (Hopkins 2005). As amostras estudadas estão depositadas na coleção do herbário INPA (acrônimo segundo Thiers, continuamente atualizado) e foram base para a elaboração de um guia prático para o reconhecimento das famílias botânicas e um checklist com cerca de 2.000 espécies registradas para a área (Ribeiro et al. 1999). Nos anos de 2005 a 2007 houve um esforço de diversos pesquisadores para monografar as famílias botânicas da Reserva Ducke (e.g., Pirani 2005; Forzza 2007). E a partir de 2018, um novo esforço para dar continuidade às monografias, foi retomado (Martins et al. 2018; Amorim et al. 2020; Araújo et al. in press). A análise do material botânico para este estudo foi realizada com a ajuda de um estereomicroscópio e a terminologia botânica utilizada nas descrições está de acordo com Harris & Harris (2001).
Resultados e Discussão
Icacinaceae
Lianas lenhosas; raízes tuberosas presentes ou ausentes; ramos jovens angulados ou cilíndricos, glabros, puberulentos ou cobertos por tricomas estrelados vermelho-amarronzados. Folhas, simples, alternas, membranáceas, cartáceas ou coriáceas, elípticas, ovadas, obovadas ou rombóideas, simples e alternas, ápice rotundo, agudo, acuminado ou acuminado-unguiculado, margem inteira ou denticulada, base cuneada, rotunda ou raro assimétrica; faces adaxial e abaxial glabras, puberulentas ou coberta por tricomas estrelados; venação broquidódroma, nervura primária sulcada, impressa ou proeminente na face adaxial, 4-10 pares de nervuras secundárias; estípulas ausentes; pecíolo articulados ou não, puberulentos ou com tricomas esparsos. Inflorescências axilares, supra-axilares, extra-axilares ou caulifloras, espiciformes ou paniculadas, puberulentas ou com tricomas estrelados esparsos; brácteas triangulares ou ovadas, puberulentas, pedicelos puberulentos; flores bissexuadas, diclamídeas, actinomorfas, 4-5-meras; cálice gamossépalo, sépalas lanceoladas, puberulentas; corola dialipétala, pétalas elípticas a ovado-oblongas, puberulentas, ápice agudo ou prolongado em uma pequena ponta inflexa; estames com filetes cilíndricos, alternos às pétalas, eretos, porção terminal encurvada (em Casimirella), conectivo apiculado e reflexo (em Casimirella), sem disco; ovário súpero, 1-locular; estilete-1, reduzido ou séssil; estigma capitado ou indiferenciado. Fruto drupa, globoso a obovóide ou elipsóide, puberulento ou farináceo. Semente solitária.
- Chave de identificação dos gêneros de Icacinaceae na Reserva Ducke
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1. Ramos cobertos por tricomas estrelados vermelho-amarronzados; folhas com pecíolos não articulados; inflorescências paniculadas; fruto farináceo 1. Casimirella
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1’. Ramos glabros ou puberulentos, tricomas estrelados ausentes; folhas com pecíolos articulados; inflorescências espiciformes; fruto puberulento 2. Pleurisanthes
1. Casimirella Hassl.
Lianas lenhosas, ramos jovens angulados, cobertos por tricomas estrelados vermelho-amarronzados; raízes tuberosas. Folhas pecioladas, pecíolos não articulados. Inflorescências paniculadas, coberta por tricomas estrelados esparsos. Flores articuladas na base; ovário 1-locular; estilete-1, reduzido; estigma capitado. Fruto globoso a obovóide, farináceo.
Gênero neotropical com sete espécies (Howard 1992). No Brasil ocorrem quatro espécies (Howard 1992; Amorim 2018a), onde duas são encontradas na Floresta Amazônica [Casimirella ampla (Miers) R.A. Howard e C. rupestris (Ducke) R.A. Howard] e as demais são restritas para áreas de Cerrado e Pantanal na região Centro-Oeste do país [C. diversifolia R.A. Howard e C. lanata R.A. Howard] (Amorim 2018a).
1.1. Casimirella rupestris (Ducke) R.A. Howard, Brittonia 44: 171 1992.
Humirianthera rupestris Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio 4: 118. 1925.Fig. 1a
a. Casimirella rupestris – ramo em flor. b. Pleurisanthes emarginata – detalhe da folha. c-d. Pleurisanthes parviflora – c. detalhe da folha; d. detalhe do ápice acuminado-unguiculado. (a. Rodrigues 5032; b. Ribeiro 1352; c,d. Procópio 16).
Figure 1
a. Casimirella rupestris – branch in flower. b. Pleurisanthes emarginata – detail of leaf. c-d. Pleurisanthes parviflora – c. detail of leaf; d. detail of the acuminate-unguiculate apex. (a. Rodrigues 5032; b. Ribeiro 1352; c,d. Procópio 16).
Lianas lenhosas; ramos cobertos por tricomas estrelados vermelho-amarronzados. Folhas 6,5-15 × 2,6-8 cm, membranáceas a cartáceas, elípticas a obovadas ou rombóideas, ápice rotundo a agudo ou acuminado, acúmen 0,5-0,7 cm compr., margem inteira, base cuneada; face adaxial glabra, face abaxial coberta por tricomas estrelados; venação primária impressa na face adaxial, 4-6 pares de venação secundária; pecíolo 0,5-0,9 cm compr., puberulento. Inflorescências axilares ou extra-axilares, paniculadas, eixo primário 2-6 cm compr., tricomas estrelados esparsos; brácteas e pedicelos puberulentos; flores 5-meras, sépalas ca. 1 mm compr., lanceoladas; pétalas 2-3 mm compr., elípticas a ovado-oblongas, puberulentas, ápice prolongado em uma pequena ponta inflexa; estames 2-3 mm compr., filetes cilíndricos, eretos, porção terminal encurvada, conectivo apiculado e reflexo; ovário 1-locular; estilete-1, reduzido, recurvado; estigma capitado. Fruto 3,5-4,5 × 2,8-3,5 cm, globoso a obovóide, farináceo. Semente solitária.
Material examinado: 19.X.1994, fl., M.A.S. Costa et al. 14 (G, IAN, INPA, K); 18.X.1994, fl., M.A.S. Costa et al. 12 (INPA, K, MG, MO, NY, RB, SP, U); 9.IV.1995, fr., J.M. Britto et al. 1598 (G, IAN, INPA, K, MBM, MO, NY, RB, SP, U, US); 9.IV.1963, fl., W. Rodrigues & D. Coêlho 5032 (INPA).
Casimirella rupestris se diferencia das espécies do gênero Pleurisanthes por apresentar ramos e face abaxial das folhas com tricomas estrelados, além da inflorescência paniculada.
Espécie endêmica da Amazônia brasileira e conhecida para os estados do Amazonas e Pará (Howard 1992; Amorim 2018a). Ocorre em mata de terra firme, floresta de vertente e capoeiras sobre solos arenosos e argilosos. Apesar de ter registro para vários hábitats da reserva, pode ser considerada uma espécie rara devido aos poucos exemplares coletados, um na década de 60 e três na metade da década de 90. Nome local: Batata-Mairá
Registro de flores em abril e outubro; frutos em abril.
2. Pleurisanthes Baill.
Lianas lenhosas; ramos jovens cilíndricos, glabros ou puberulentos. Folhas pecioladas, pecíolos articulados. Inflorescências espiciformes, puberulentas. Flores não articuladas; ovário 1-locular; estilete-1, reduzido ou séssil; estigma capitado ou indiferenciado. Fruto elipsoide.
Gênero neotropical com sete espécies. Ocorre na Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Guianas, Suriname e Brasil, onde a maior parte das espécies ocorre na Amazônia [Pleurisanthes artocarpi Baill., P. emarginata Tiegh., P. flava Sandwith, P. parviflora (Ducke) Howard], uma com distribuição disjunta entre Amazônia e Floresta Atlântica [P. simpliciflora Sleumer] e outra restrita para a Floresta Atlântica [P. brasiliensis (Val.) Tiegh.] (de Roon 1994; Amorim et al. 2013, 2014; Amorim 2018b).
- Chave de identificação das espécies de Pleurisanthes na Reserva Ducke
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1. Folhas com margem denticulada, ápice rotundo; flores 4-meras; estilete séssil; estigma capitado 2.1. Pleurisanthes emarginata
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1’. Folhas com margem inteira, ápice acuminado-unguiculado; flores 5-meras; estilete 1 mm compr.; estigma indiferenciado 2.2. Pleurisanthes parviflora
2.1. Pleurisanthes emarginata Tiegh., Bull. Soc. Bot. France 44: 117. 1897.Fig. 1b
Lianas lenhosas; ramos jovens glabros. Folhas 10-13 × 6-8,6 cm, coriáceas, elípticas a ovadas, ápice rotundo, margem denticulada, base cuneada a rotunda, raro assimétrica; face adaxial glabra, face abaxial puberulenta; venação primária proeminente na face adaxial, 6-8 pares de venação secundária; pecíolo 1,2-1,5 cm compr., puberulento. Inflorescências axilares ou supra-axilares, espiciformes, eixo primário 6-10 cm compr., puberulentas; brácteas ca. 1 mm compr., ovadas, puberulentas; flores 4-meras, sépalas ca. 1 mm compr., lanceoladas, puberulenta; pétalas ca. 3 mm compr., elípticas, ápice agudo, puberulentas; estames-5, alternos às pétalas, filetes cilíndricos, eretos, sem disco; ovário 1-locular; estilete séssil; estigma capitado. Fruto não observado. Semente não observada.
Material examinado: 22.VII.1994, fl., J.E.L.S. Ribeiro et al. 1352 (INPA, K, MG, NY).
Pleurisanthes emarginata se diferencia de P. parviflora por apresentar folhas com margem denticulada, ápice rotundo e flores 4-meras (vs. folhas com margem inteira, ápice acuminado-unguiculado e flores 5-meras em P. parviflora). Por sua vez, as espécies de Pleurisanthes se diferenciam de Casimirella rupestris por apresentar ramos e face abaxial da folha glabros ou puberulentos e inflorescência em espiga (vs. apresentar ramos e face abaxial da folha com tricomas estrelados e inflorescência paniculada em C. rupestris).
Espécie encontrada na Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Equador e Brasil, onde é restrita para a Amazônia e ocorre nos estados do Amazonas e Pará (de Roon 1994; Amorim 2018b). Ocorre em mata de vertente e florestas de platô sobre solos argilosos. É uma espécie rara na reserva e pouco conhecida de maneira geral. Um exemplo disto está nas poucas amostras coletadas e o desconhecimento da morfologia do seu fruto, já que apenas indivíduos com flor foram coletados desde a publicação da mesma (B.S. Amorim, observação pessoal).
Registro de flores em julho.
2.2. Pleurisanthes parviflora (Ducke) Howard, J. Arnold Arbor. 21: 482. 1940.Fig. 1c,d
Lianas lenhosas; ramos jovens puberulentos. Folhas 7-19 × 3-9,2 cm, cartáceas, elípticas a obovadas, ápice acuminado-unguiculado, acúmen 0,7-1 cm compr., margem inteira, base cuneada; face adaxial glabra, face abaxial glabra a puberulenta; venação primária sulcada na face adaxial, 8-10 pares de venação secundária; pecíolo 1-2 cm compr., tricomas esparsos. Inflorescências axilares, supra-axilares ou caulifloras, espiciformes, eixo primário 3-11 cm compr., puberulentas; brácteas ca. 1 mm compr., triangulares, puberulentas; flores 5-meras, sépalas ca. 1 mm compr., lanceoladas, puberulentas; pétalas 2 mm compr., elípticas, ápice agudo, puberulentas; estames-5, alternos às pétalas, filetes cilíndricos, eretos; ovário 1-locular; estilete-1, ca. 1 mm compr.; estigma indiferenciado. Fruto 1,1 × 0,8 cm, elipsoide, liso, puberulento. Semente solitária.
Material examinado: 18.XII.1997, fl., M.A.D. Souza et al. 494 (IAN, INPA, K, MBM, SPF, UEC, VEN); 1.XI.1996, fl., L.C. Procópio et al. 16 (INPA, K, MG, MO, NY, SP, RB, U, UB); 13.XII.1995, fr., J.M. Brito et al. 18 (INPA, NY); 14.XI.1995, fr., 17.X.1995, M.A.D. Souza et al. 152 (INPA); fl., M.A.D. Souza & P.A.C.L. Assunção 118 (INPA, K, MG, G, S, UB, W); 8.X.1995, fl., C.D. Leme et al. 109 (INPA, SPF).
Pleurisanthes parviflora se diferencia de P. emarginata por apresentar folhas com margem inteira, ápice acuminado-unguiculado e flores 5-meras (vs. folhas com margem denticulada, ápice rotundo e flores 4-meras em P. parviflora). Por sua vez, as espécies de Pleurisanthes se diferenciam de Casimirella rupestris por apresentar ramos e face abaxial da folha glabros ou puberulentos e inflorescência em espiga (vs. apresentar ramos e face abaxial da folha com tricomas estrelados e inflorescência paniculada em C. rupestris).
Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Brasil, onde é restrita da Amazônia e ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima (de Roon 1994; Amorim 2018b). Ocorre em floresta de vertente, floresta de baixio, floresta de platô sobre solos arenosos e argilosos. É mais freqüente na reserva quando comparada com as demais espécies da família. Ocorre em uma variedade maior de habitats e apresenta um maior número de representantes coletados, isto também se reflete com as coletas de Pleurisanthes parviflora para a Amazônia (B.S. Amorim observação pessoal).
Registro de flores de setembro a dezembro; frutos em novembro, dezembro.
Agradecimentos
Este trabalho foi realizado sob o auxílio da CAPES e CAPES/Pró-Amazônia Projeto n. 52 na forma das bolsas de Pós-doutorado concedidas aos autores. Os autores também agradecem a Michael Hopkins e Mariana Mesquita, o acesso ao material depositado no herbário INPA; e a Regina Carvalho, as ilustrações.
Lista de exsicatas
Brito JM 18 (2.2.), 1598 (1.1.). Costa MAS 14 (1.1.), 12 (1.1.). Procópio LC 16 (2.2.). Leme CD 109 (2.2.). Rodrigues W 5032(1.1.). Ribeiro JELS 1352 (2.1.). Souza MAD 109 (2.2.), 152 (2.2.), 118 (2.2.), 494 (2.2.).
Referências
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
07 Fev 2020 -
Data do Fascículo
2020
Histórico
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Recebido
25 Fev 2018 -
Aceito
25 Ago 2018