Acessibilidade / Reportar erro

Myrtaceae flowering strategies in a gallery forest, Chapada Diamantina, Brazil

Resumo

As plantas tropicais exibem quase todos os tipos de respostas fenológicas conhecidas, variando de eventos quase contínuos aos explosivos breves, e de total sincronia à completa assincronia. Essa ampla variedade de padrões fenológicos está relacionada à alta biodiversidade e às diferentes interações com fatores abióticos e bióticos, como as interações planta-polinizador. Portanto, mudanças nesses fatores influenciam a fenologia das plantas e diferenças nas respostas fenológicas podem impactar o sucesso reprodutivo da espécie a aptidão das plantas. Analisou-se a variação interespecífica na ecologia reprodutiva (fenologia da floração, briologia floral, sistemas reprodutivos e polinização) de 10 espécies de Myrtaceae em floresta ciliar, na Chapada Diamantina, Brasil. Avaliaram-se os padrões e estratégias de floração, considerando a frequência e duração da fenofase a partir de observações mensais e de acordo com a escala semiquantitativa de Fournier; também analisaram-se a biologia floral, visitantes florais e conduziram-se experimentos de polinização (autopolinização autônoma, autopolinização manual, polinização cruzada manual e polinização natural/aberta) e calcularam-se os índices de autoincompatibilidade (SII) e autogamia (AI). A maioria das espécies apresentou floração anual, com duração de 1 a 5 meses, alta sincronia e estratégia do tipo pulsed-bang (i.e., floração massiva concentrada em poucos dias intercalados por um intervalo de tempo). Os padrões se repetiram entre espécies congêneres, exceto em Myrcia spp., em que metade das espécies foi classificada como “pulsed bang” e as demais apresentaram estratégia “big bang”. A estratégia de floração parece estar relacionada com o padrão de desenvolvimento das inflorescências, produção dos botões, duração e sincronia da floração dos indivíduos. Abelhas foram consideradas os polinizadores. A maioria das espécies foram auto-incompatíveis e alogâmicas. Em geral, as espécies ofertaram grandes quantidades de flores em pequenos intervalos temporais, favorecendo cruzamentos entre indivíduos com sincronia precisa.

Palavras-chave:
fenologia da floração; variação interespecífica; floresta montana; biologia reprodutiva

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br