Caracterização dos estudos de avaliação antropométrica de crianças brasileiras assistidas em creches

Pedraza, Dixis Figueroa; Menezes, Tarciana Nobre de

doi:10.1016/j.rppede.2016.01.002

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Revista Paulista de Pediatria

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Sumário

• Rev. paul. pediatr. 34 (2) • Apr-Jun 2016 • https://doi.org/10.1016/j.rppede.2016.01.002 copiar

Caracterização dos estudos de avaliação antropométrica de crianças brasileiras assistidas em creches

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo:

Traçar um panorama da informação disponível sobre a avaliação antropométrica de crianças brasileiras assistidas em creches.

Fontes de dados:

Pesquisa bibliográfica nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO de estudos publicados de 1990 a 2013 nos idiomas português e inglês. Foi utilizada a seguinte estratégia de busca: (estado nutricional OR antropometria OR desnutrição OR sobrepeso) AND creches. No caso da busca no MEDLINE o descritor Brazil também foi usado.

Síntese dos dados:

Verificou-se que os 33 estudos incluídos apresentaram comparabilidade do ponto de vista metodológico. Os estudos, no seu conjunto, caracterizaram-se por sua natureza restritiva, concentração geográfica e dispersão dos resultados em relação ao tempo. Considerando os estudos publicados a partir de 2010, observam-se baixas prevalências de desnutrição aguda e taxas expressivas de déficit de estatura e de sobrepeso.

Conclusões:

Apesar das limitações, considerando os estudos mais recentes que utilizaram as curvas de crescimento OMS (2006), sugere-se que o perfil antropométrico de crianças brasileiras assistidas em creches caracteriza-se por um processo de transição nutricional com prevalências expressivas de sobrepeso e de baixa estatura. Ressalta-se a necessidade do desenvolvimento de um inquérito multicêntrico para delimitar de forma mais precisa o estado nutricional antropométrico atual das crianças brasileiras que frequentam creches.

Palavras-chave
Antropometria; Crianças; Creches; Revisão sistemática

Autor, ano	Localidade	Método de avaliação	Padrão de referência	Prevalências (%)
Silva et al., 2000¹¹11 Silva MV, Ometto AM, Furtuoso MC, Pipitone MA, Sturion GL. Acesso à creche e estado nutricional das crianças brasileiras: diferencas regionais, por faixa etária e classe de renda. Rev Nutr. 2000;13:193-9.	Brasil	NR	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 5,4
				E/I<−2Z: 12,6
				P/E<−2Z: 1,3
Rodrigues et al., 2011¹²12 Rodrigues VC, Mendes BD, Gozzi Aline Sandrini F. Santana RG, Matioli G. Deficiência de ferro, prevalência de anemia e fatores associados em crianças de creches públicas do oeste do Paraná, Brasil. Rev Nutr. 2011;24:407-20.	Cascavel (PR)	Lohman et al., 1988	OMS, 2006	P/I<−2Z: 2,3
				P/E<−2Z: 0,4
				P/E>+2Z: 9,8
Dallabona et al., 2010¹³13 Dallabona A, Cabral SC, Hofelman DA. Variáveis infantis e maternas associadas à presenca de sobrepeso em crianças de creches. Rev Paul Pediatr. 2010;28:304-13.	Balneário Camboriú (SC)	NR	OMS, 2006	IMC/I<−2Z: 2,6
				IMC/I>+1Z: 29,6
				IMC/I>+2Z: 9,5
Corso et al., 2004¹⁴14 Corso AC, Viteritte PL, Peres MA. Prevalência de sobrepeso e sua associação com a área de residência em crianças menores de 6 anos de idade matriculadas em creches públicas de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2004;7:201-9.	Florianópolis (SC)	NR	NCHS, 1977	E/I<−2Z: 8,7
				P/E<−2Z: 1,1
				P/E>+2Z: 8,6
Rocha et al., 2008¹⁵15 Camillo CC, Amancio OM, Vitalle MS, Braga JA, Juliano Y. Anemia ferropriva e estado nutricional de crianças de creches de Guaxupé. Rev Assoc Med Bras. 2008;54:154-9.	Belo Horizonte (MG)	OMS, 1995	CDC/NCHS, 2000	P/I<−2Z: 5,5
				E/I<−2Z: 4,2
				P/E<−2Z: 5,0
Camilo et al., 2008¹⁶16 Rocha DS, Lamounier JA, Capanema FD, Franceschini SC, Norton RC, Costa AB, et al. Estado nutricional e prevalência de anemia em crianças que frequentam creches em Belo Horizonte, Minas Gerais. Rev Paul Pediatr. 2008;26:6-13.	Guaxupé (MG)	Jelliffe, 1968	NCHS, 1977	E/I<−2Z: 3,3
Castro et al., 2005¹⁷17 Castro TG, Novaes JF, Silva MR, Costa NM, Franceschini SC, Tinoco AL, et al. Caracterização do consumo alimentar, ambiente socioeconômico e estado nutricional de pré-escolares de creches municipais. Rev Nutr. 2005;18:321-30.	Viçosa (MG)	Jelliffe, 1968	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 0,0
				E/I<−2Z: 3,5
				P/E<−2Z: 0,0
				P/E>+2Z: 4,6
Tuma et al., 2005¹⁸18 Tuma RC, Costa TH, Schimitz BA. Avaliação antropométrica e dietética de pré-escolares em três creches de Brasília, Distrito Federal. Rev Bras Saude Mater Infant. 2005;5:419-28.	Brasília (DF)	Jelliffe, 1968	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 2,2
				E/I<−2Z: 4,8
				P/E<−2Z: 0,4
				P/E>+2Z: 6,1
Santos, 1999¹⁹19 Santos MF. Perfil antropométrico de crianças de 01 a 07 anos de idade do município de Capitão Poco-Pará-Brasil. Rev Para Med. 1999;13:38-41.	Capitão Poço (PA)	FAO/OMS, 1985	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 53,0
				E/I<−2Z: 55,0

Autor, ano	Localidade	Método de avaliação	Padrão de referência	Prevalências (%)
Pedraza et al., 2013²⁰20 Figueroa Pedraza D, Rocha AC, Sousa CP. Crescimento e deficiências de micronutrientes: perfil das crianças assistidas no núcleo de creches do governo da Paraíba, Brasil. Cienc Saude Colet. 2013;18:3379-90.	Paraíba	OMS, 1995	OMS, 2006	E/I<−2Z: 7,4
				P/E<−2Z: 1,1
				P/E>+2Z: 6,2
Sousa et al., 2012²¹21 Souza MM, Figueroa Pedraza D, Menezes TN. Estado nutricional de crianças assistidas em creches e situação de (in)segurança alimentar de suas famílias. Cienc Saude Colet. 2012;17:3425-36.	João Pessoa (PB)	OMS, 1995	OMS, 2006	E/I<−2Z: 7,6
				P/E<−2Z: 1,6
				P/E>+2Z: 6,4
Pedraza et al., 2011²²22 Figueroa Pedraza D, Rocha AC, Queiroz EO, Sousa CP. Estado nutricional relativo ao zinco de crianças que frequentam creches do estado da Paraíba. Rev Nutr. 2011;24:539-52.	Paraíba	OMS, 1995	OMS, 2006	E/I<−2Z: 7,7
Sousa et al., 2011²³23 Sousa CP, Sousa MP, Rocha AC, Figueroa Pedraza D. Perfil epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: Rev Soc Bras Alim Nutr. 2011;36:111-26.	Paraíba	OMS, 1995	OMS, 2006	E/I<−2Z: 5,8
				P/E<−2Z: 0,4
				P/E>+2Z: 3,8
Azevedo et al., 2010²⁴24 Sales de Azevedo MM, Cabral PC, Diniz AS, Fisberg M, Fisberg RM, Arruda IK. Deficiência de vitamina A em pré-escolares da cidade do Recife, nordeste do Brasil. Arch Latinoam Nutr. 2010;60:36-41.	Recife (PE)	NR	OMS, 2006	P/I<−2Z: 2,5
				E/I<−2Z: 8,6
				P/E<−2Z: 1,5
Barreto et al., 2007²⁵25 Barreto AC, Brasil LM, Maranhão HS. Sobrepeso: uma nova realidade no estado nutricional de pré-escolares de Natal, RN. Rev Assoc Med Bras. 2007;53:311-6.	Natal (RN)	NR	CDC/NCHS, 2000	IMC/I≥p85: 19,7
				IMC/I ≥ p95: 7,1
Cavalcanti et al., 2003²⁶26 Cavalcanti CL, Gonçalves VB, Valenca AM, Cavalcanti AL, Vieira RK. Estado nutricional de pré-escolares e valor nutricional da merenda escolar oferecida em creches públicas da Paraíba-PB. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2003;3:68-77.	12 municípios da Paraíba (PB)	NR	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 6,9

Autor, ano	Localidade	Método de avaliação	Padrão de referência	Prevalências (%)
Nascimento et al., 2012²⁷27 Nascimento VG, Silva JP, Bertoli CJ, Abreu LC, Valenti VE, Leone C. Prevalência de sobrepeso em crianças pré-escolares em creches públicas: um estudo transversal. São Paulo Med J. 2012;130:225-9.	Taubaté	Lohman et al., 1988	OMS, 2006	E/I<−2Z: 2,9
				IMC/I<−2Z: 0,9
				IMC/I>+1Z: 28,9
				IMC/I>+2Z: 8,9
Almeida et al., 2007²⁸28 Almeida CA, Ramos AP, João CA, João CR, Ricco RG, Dutra-de-Oliveira JE. Jardinópolis sem anemia primeira fase: avaliação antropométrica e do estado nutricional de ferro. Rev Paul Pediatr. 2007;25:254-7.	Jardinópolis	NR	CDC/NCHS, 2000	P/I<−2Z: 1,6
				E/I<−2Z: 0,5
				P/E<−2Z: 4,3
				P/E>+2Z: 2,2
Silva, 2004²⁹29 Silva MV. A frequência à creche influencia o estado nutricional infantil? Nutrire: Rev Soc Bras Alim. 2004;27:1-17.	Piracicaba	NR	NCHS, 1977	E/I<−2Z: 7,0
Silva et al., 2000³⁰30 Silva EM, Miranda CT, Puccini RF, Nóbrega FJ. Day care centres as an institution for health promotion among needy children: an analytical study in São Paulo, Brazil. Public Health. 2000;114:385-8.	Embu	NR	NCHS, 1977	Desnutridas (critério de Gómez para crianças <24 meses e critério de Waterlow para crianças ≥24 meses): 13,3
Silva e Sturion, 1998³¹31 Silva MV, Sturion GL. Frequência à creche e outros condi-cionantes do estado nutricional infantil. Rev Nutr. 1998;11: 58-68.	Piracicaba	NR	NCHS, 1977	E/I<−2Z: 5,1
				P/E<−2Z: 1,3
Antonio et al., 1996³²32 Antonio MA, Morcillo AM, Piedrabuena AE, Carniel EF. Avaliação nutricional das crianças matriculadas nas quatorze creches municipais de Paulínia, SP. Rev Paul Pediatr. 1996;14: 12-7.	Paulínia	Jelliffe, 1966;	NCHS, 1977	Desnutridas (critério de Gómez): 21,0
		Marshall, 1977;
		Cameron, 1978

Autor, ano	Método de avaliação	Padrão de referência	Prevalências (%)
Toloni et al., 2009³³33 Toloni MH, Konstantyner T Taddei JA. Fatores de risco para perda ponderal de crianças frequentadoras de berçários em creches do município de São Paulo. Rev Paul Pediatr. 2009;27:53-9.	NR	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 4,4
Fujimori et al., 2007³⁴34 Fujimori E, Palombo CN, Schoeps FA, Duarte LS. Perfil nutricional e de morbidade de crianças atendidas em uma creche pública. REME. 2007;11:357-62.	Ministério da Saúde, 2001	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 0,7
			E/I<−2Z: 2,1
			P/E<−2Z: 2,7
			P/E>+2Z: 0,7
Bueno e Fisberg, 2006³⁵36 Zöllner CC, Fisberg RM. Estado nutricional e sua relação com fatores biológicos, sociais e demográficos de crianças assistidas por creches da Prefeitura do Município de São Paulo. Rev Bras Saude Matern Infant. 2006;6:319-28.	Habicht et al., 1974	OMS, 2006; CDC/NCHS, 2000; IOTF, 2000	P/E>+2Z: 6,2
			IMC/I≥p85: 22,5
			IMC/I≥p95: 9,3
Zöllner e Fisberg, 2006³⁶36 Zöllner CC, Fisberg RM. Estado nutricional e sua relação com fatores biológicos, sociais e demográficos de crianças assistidas por creches da Prefeitura do Município de São Paulo. Rev Bras Saude Matern Infant. 2006;6:319-28.	Lohman et al., 1988;	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 3,1
	Habicht et al., 1974		E/I<−2Z: 5,2
			P/E<−2Z: 0,9
			P/E>+2Z: 5,0
Fisberg et al., 2004³⁷37 Fisberg RM, Marchioni DM, Cardoso MR. Estado nutricional e fatores associados ao déficit de crescimento de crianças frequentadoras de creches públicas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2004;20:812-7.	Habicht, 1974; Lohman et al., 1998	NCHS, 1977	E/I<−2Z: 7,0
			P/E<−2Z: 0,9
Bueno et al., 2003³⁸38 Bueno MB, Marchioni DM, Fisberg RM. Evolução nutricional de crianças atendidas em creches públicas no Município de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2003;14: 165-70.	Habicht et al., 1974	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 2,9–1,7
			E/I<−2Z: 7,1–3,1
			P/E<−2Z: 0,2–0,5
			P/E>+2Z: 5,7–6,9
Prado et al., 2002³⁹39 Prado SR, Sigulem DM, Juliano Y, Cury MC. Razão de risco de morbidade e estado nutricional em crianças de creche. Rev Paul Pediatr. 2002;20:84-9.	NR	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 1,5
Taddei et al., 2000⁴⁰40 Taddei JA, Cannon MJ, Warner L, Souza P Vitalle S, Palma D, et al. Nutritional gains of underprivileged children attending a day care center in S. Paulo City, Brazil: a nine month follow-up study. Rev Bras Epidemiol. 2000;3:29-37.	NR	NCHS, 1977	P/I<−1Z: 29,8–15,2
			E/I<−1Z: 50,0–44,8
			P/E<−1Z: 10,1–3,4
Souza e Taddei, 1998⁴¹41 Souza PC, Taddei JA. Efeito da frequência à creche nas condições de saúde e nutrição de pré-escolares residentes em favelas da periferia de São Paulo, 1996. Rev Paul Pediatr. 1998;16:143-50.	NR	NCHS, 1977	P/I<−2Z: 2,8–1,4
			E/I<−2Z: 12,4–6,9
			P/E<−2Z: 1,4–0,0
			Desnutridas (critério de Gómez): 31,0–17,2
Siviero et al., 1997⁴²42 Siviero AA, Anti SM, Bandeira CM, Russeff MM, Fisberg M. Intervenção e orientação nutricional no acompanhamento de crianças desnutridas em creches de São Paulo. Rev Paul Pediatr. 1997;15:7-13.	NR	Marcones et al., 1982,	P/I<−2Z: 2,8–1,2
		Marques et al., 1982	E/I<−2Z: 4,4–3,3
		e NCHS, 1977	P/E<−2Z: 0,4–0,3

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[1] * Autor para correspondência. E-mail:dixisfigueroa@gmail.com (D. Figueroa Pedraza).