RESUMO
Objetivo:
Descrever o conhecimento dos médicos pediatras e residentes de pediatria a respeito do significado da morte segundo as religiões mais prevalentes no Brasil.
Métodos:
Estudo transversal em que foi aplicado um questionário aos médicos pediatras e residentes de um hospital pediátrico de nível terciário da cidade de São Paulo, SP, Brasil, sobre o conhecimento e as experiências acerca de religiões de pacientes paliativos.
Resultados:
Ao todo, 116 médicos responderam ao questionário, 98 (84,5%) religiosos, definidos como seguidores de algum dogma espiritual existente no mundo, e 18 (15,5%) não religiosos. Do total, 97 (83,6%) considera-se apto a lidar com os cuidados espirituais de pacientes católicos, 49 (42,2%) de pacientes protestantes e 92 (79,3%) de pacientes espíritas em processo de morte. Médicos religiosos utilizaram menos os serviços de capelania do que médicos não-religiosos (risco relativo - RR 2,54; p=0,043; intervalo de confiança de 95% - IC95% 1,21-5,34). Dos entrevistados, 111 (96%) acreditam que a espiritualidade é benéfica na aceitação do processo de morte, resposta associada à religiosidade dos médicos (RR 1,18; p=0,026; IC95% 0,95-1,45). Ainda, 106 (91,4%) dos entrevistados desconhecem a religião de seus pacientes. A mesma quantidade de participantes considera os pediatras, em geral, despreparados para lidar com o aspecto espiritual da morte, e esses dados não estão ligados à manifestação de religiosidade.
Conclusões:
Apesar de a maioria dos médicos pediatras e residentes se dizer apta a lidar com as religiões mais prevalentes no Brasil e afirmar que a espiritualidade é benéfica durante o processo de morte, pouca importância é dada à identidade espiritual de seus pacientes, o que pode dificultar uma abordagem adequada ao seu processo de morte.
Palavras-chave:
Religião; Espiritualidade; Cuidados paliativos; Criança