RESUMO
Objetivo:
Estimar as tendências da taxa de mortalidade e da idade média de morte e identificar os fatores sociodemográficos associados ao óbito precoce em pacientes com doença falciforme (DF).
Métodos:
Estudo ecológico e transversal realizado com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os eventos de óbitos de pacientes residentes no estado de São Paulo de 1996 a 2015, que continham pelo menos um Código Internacional de Doenças para DF, em qualquer campo do atestado de óbito. As tendências foram estimadas por meio da regressão linear simples. Para a identificação dos fatores associados ao óbito precoce, foram realizadas análises de sobrevida, por meio da regressão de Cox simples e múltipla.
Resultados:
A taxa de mortalidade, padronizada pela idade, por milhão de habitantes, aumentou 0,080 ao ano (R²=0,761; p<0,001). Quando os eventos foram estratificados por idade do óbito, naqueles que ocorreram com 20 anos ou mais, o aumento foi de 0,108 ao ano (R²=0,789; p<0,001) e, nos que ocorreram antes de 20 anos, foi de 0,023 ao ano (R²=0,188; p=0,056). A idade média ao morrer aumentou 0,617 ano por ano (R²=0,835; p<0,001). Os fatores associados ao óbito precoce identificados no modelo múltiplo foram: sexo masculino (hazard ratio — HR=1,30), raça branca (HR=1,16), morte dentro do hospital (HR=1,29) e moradia na Grande São Paulo (HR=1,13).
Conclusões:
Houve aumento da taxa de mortalidade e da idade média de óbito com DF nas duas últimas décadas estudadas. Os fatores sociodemográficos sexo, raça, local de ocorrência e município de residência estiveram associados com a faixa etária do óbito.
Palavras-chave:
Doença falciforme; Mortalidade; Dados demográficos; Análise de sobrevida; Indicadores de desenvolvimento; Atestado de óbito