RESUMO
Objetivo:
Embora a necropsia seja considerada o exame padrão-ouro de diagnóstico, observa-se declínio em sua realização, enquanto cresce o número de eventos adversos na saúde, dos quais 17% são erros diagnósticos. O estudo objetivou estimar a prevalência do erro de diagnóstico, com base no diagnóstico anatomopatológico, em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP).
Métodos:
Estudo de corte transversal, retrospectivo, de 31pacientes que foram a óbito entre 2004 e 2014. Os diagnósticos foram comparados para verificar se houve concordância de diagnóstico principal (CDP) e diagnóstico da causa da morte (DCM), classificados de acordo com os critérios de Goldman.
Resultados:
De 3.117 pacientes, 263 foram a óbito. Em 38 casos foi realizada autopsia (14,4%) e 31 foram incluídos no estudo. Observou-se decréscimo de 67% no número de autopsias em dez anos. Concordância absoluta entre os diagnósticos (classe V) foi observada em 18 casos (58,0%) e discordância (classe I), em 11 (35,4%). Observou-se maior dificuldade no diagnóstico de doenças agudas e de evolução fatal rápida, como as miocardites. Sete pacientes foram admitidos em estado geral grave, indo a óbito nas primeiras 24 horas de internação.
Conclusões:
A necropsia não só permite a identificação de erros diagnósticos, como também a oportunidade de se aprender com o erro. Os resultados enfatizam a importância desse exame para a elucidação diagnóstica e a construção de uma base de informações sobre os principais diagnósticos envolvidos em pacientes que evoluem rapidamente para o óbito em UTIP, aumentando o grau de suspeição pela equipe da Unidade.
Palavras-chave:
Necropsia; Erros de diagnóstico; Pediatria; Cuidados críticos